
Com a sua vitória sobre Lyoto Machida na noite passada do UFC 175, Weidman bateu dois dos lutadores mais finos da história do MMA, um por um. E não aconteceu porque eles foram arrogantes ou porque o tempo deles passou, aconteceu porque eles foram anulados de forma sistemática e efetivamente derrotados.
Se você tem lido meus artigos sobre Lyoto Machida, você se lembrará de que o estilo de Machida sempre consiste em forçar aquele segundo passo e criar espaço para colisão. Se ele consegue fazer um adversário se projetar demais - pisando duas vezes, correndo até ele -, consegue gerar potência terrível, capaz de terminar uma luta.
Na verdade, essa é a primeira vez que vimos Machida diante de um lutador que sabe naturalmente como cortar o cage. Parece estranho, não é verdade? Bom, até o momento, francamente, não há muitos caras por aí no MMA que sabem como fazer isso. Weidman deu um passo de cada vez, se apoiou no quadril e se preparou para se esquivar caso algum golpe fosse respondido. Ele colocou Machida contra a grade várias e várias vezes, e este gastou grande parte da luta tentando confundir Weidman com a direção para a qual ele pretendia circular.
É muito bom fazer essa troca de direções contra a grade, e sinal de conhecimento do jogo de grade, mas se é tudo o que você está fazendo, você está lutando de maneira defensiva e não está marcando pontos nas papeletas.

Na maior parte do tempo, Machida tentou controlar a mão da frente de Weidman enquanto circulava para fora. Essa é a técnica favorita de Giorgio Petrosyan, o mestre do pivot.

O outro grande perigo é não poder chutar bem quando se anda para trás. Chutar requer projeção do peso do corpo para a frente, direto ao alvo, e o deixa sustentado em uma perna só. Se você faz tudo isso perto da grade, enquanto o adversário anda para a frente, você está brincando com o fogo. Quando Machida chutou Weidman no momento que este o pressionava, o chute entrou, mas Machida teve de se defender de uma entrada de queda perigosa e gastar muitas energias para permanecer em pé.



No terceiro round, quando Weidman pisou para tentar derrubar, ele obteve grande sucesso. Eu afirmei outra vez que simplesmente não há muito material de vídeo do Weidman, mas quanto mais eu vejo dele, mais eu percebo as pequenas assinaturas que ele deixa nas trocas de socos. Essa mão direita dobrada (lembra dela?) para o takedown ao encostarem na grade é uma obra-prima.

No quarto round, Weidman comeu alguns chutes depois de estar andando para a frente por 15 minutos. Por um momento seus pés deixaram de acompanhar os movimentos por causa do gás. Se você estivesse somente reparando nos dois, você não teria percebido que a mesma luta estava acontecendo, mas em aberto por causa do fator de posicionamento no cage. Não havia cage nas costas de Machida, não havia nada para puni-lo caso ele errasse golpes e havia bastante espaço para ele se movimentar.
Foi neste quarto round que Machida conectou seus contragolpes de costume com grande precisão.

Após balançar Weidman com duas esquerdas, Machida conectou mais chutes no corpo enquanto ele conseguia recuar Weidman para a grade pela primeira vez. O que você deve ter percebido durante a luta é que ambos os lutadores estavam jogando vários chutes de raspão no corpo com a bola do pé (koshi em japonês).

Eu venho dizendo que estes são o futuro do esporte desde que Katsunori Kikuno bateu Eddie Alvarez em pé há alguns anos. Agora caras como Yancy Medeiros, Kyoji Horiguchi, James Krause e mais um monte de lutadores estão tentando estes chutes sistematicamente, e eles estão abafando adversários que simplesmente não esperam por isso.
Depois de um momento de sucesso no soar do gongo do quarto round, Machida de repente percebeu que ele poderia pisar no momento em que Weidman esboçava um chute, da mesma maneira que Weidman vinha fazendo entradas de queda quando Machida chutava. Nas quatro ou cinco vezes seguintes que Weidman chutou, ele foi respondido com contragolpes fortes.


Quando os dois sabem derrubar, golpear e usar bem fintas de mão, a luta de mão se torna muito mais importante. Os dois tiraram grande proveito disso, e trabalharam o clinche de muay thai e os joelhos, mas Weidman saiu na frente ao balançar Machida com a mesma cotovelada brilhante que ele usou para nocautear Mark Muñoz.
Weidman arrancou uma vitória difícil na decisão através do seu excelente jogo de pernas, da tremenda pressão que aplicou, e do seu queixo inegavelmente duro. Machida teve uma ótima performance e é difícil vê-lo não traçar outro caminho para o cinturão na forma em que se apresentou, embora ele precise fazer sérias alterações no jogo dele para impedir Weidman de desmontá-lo por três rounds de novo.
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