Hoje a Itália está revendo os seus estádios, pois o público está caindo vertiginosamente. Os problemas estruturais são quase sempre o mesmo: visão ruim porque quase sempre tem pista de atletismo, arquibancadas descobertas e sem possibilidade de estruturar para confortos - como lanchonetes e etc. E até os vestiários são precários em grande estádios. Este ano uma obra de emergência foi feita no San Paolo, porque o presidente do Napoli, Aurelio de Laurentiis, disse estar com vergonha de receber o Real Madrid. Aliás, ele tá tentando a todo custo modernizar o San Paolo, mas o prefeito de Nápoles travava toda hora o processo, principalmente por causa da... PISTA DE ATLETISMO. Mas parece que agora vai, entraram em acordo e a pista vai pro saco.
Essa coisa de "pista" é bizarro. O Delle Alpi tinha pouco público porque a distância do setor norte (se não me engano) era MUITO distante. E desde a sua construção, sem brincadeira, houveram menos de 5 eventos de atletismo no estádio.
Por que estádios tão "velhos" e estruturas de "coliseuzinhos"? Copa de 90! O timing foi péssimo, pois em seguida a Copa tudo mudou. Era uma época de reformulação do futebol na Europa, em especial com o nascimento da PL e de outra mentalidade dos clubes. Curiosamente, o primeiro foi o Parken, na Dinamarca, que pode ser considerado o primeiro com conceito Arena, em 1992:
Depois ainda vieram o Riverside, do Boro, e um dos mais famosos do mundo que ditou o padrão: Amsterdam Arena.
Voltando a Itália, os estádios lá foram reformados na metade pro final da decada de 80, onde o novo conceito de arquitetura e estrutura ainda não tinham sido concebidos. Muito menos noções de marketing como name rights e utilização de espaços do estádio para diversas comercializações. Daí o conceito "melhor viver na aba da prefeitura do que construir um próprio". E a falta de terreno pesou, também. Italianos não viam com bons olhos construir estádios em outra cidade. Por isso, voltando ao Napoli, eles lutaram tanto pelo San Paolo, para não ter que construir fora de Nápoles - bobeira, o Bayern manda no Allianz, que fica em um distrito distante de Frottmaning.
Logo, nas reformas e construções, a FIGC (a CBF de lá) recorreu ao comitê olímpico para ter verbas, e qual foi a exigência? Pistas de atletismo. Fora erros de logísticas bizarros dos italianos, como o San Nicola, em Bari:
60 mil lugares para um município com um time que sua sangue para levar de 5 a 10 mil por jogo, kkkkkk.
Hoje a Itália tá vendo a cagada e delay que pagou, e só agora, após a Juventus mostrar na prática o quanto é importante um estádio próprio, que Roma, Fiorentina e Milan estão correndo atrás. Udinese, à lá Botafogo, arrendou uma concessão do Friuli - e Napoli fará o mesmo no San Paolo. Interessante como ficarão Lazio e Inter. O primeiro tem o Olímpico de Roma, baita elefante. A Inter deve continuar com o Giuseppe Meazza, que não atende à várias possibilidades de exploração. Mas ao menos começaram a se movimentar. Ainda bem, pois até em países Sul americanos o nível de muitos estádios já deixam muitos da Itália no chinelo.