Radinho, charanga e até freezer na torcida: Goyta-Cano, clássico raiz que você respeita
Enviado: 06 Jul 2017 15:57
Radinho, charanga e até freezer na torcida: Goyta-Cano, clássico raiz que você respeita
O futebol respirou na noite desta quarta-feira. Depois de 14 anos, o Goyta-Cano, maior clássico do interior do estado do Rio de Janeiro, voltou a decidir uma partida de mata-mata. Desta vez, na Série B1 do Carioca com vitória do Azulão da Rua do Gás por 2 a 1, no Aryzão. Datado de 1914, o centenário duelo é uma dessas fortalezas que resistem ao moderno. Aqui, nostalgia faz parte e é um dos pontos altos do jogo. Goyta-Cano é, antes de mais nada, um autentico exemplar do futebol raiz.
O GloboEsporte.com foi até Campos dos Goytacazes para sentir o clima do clássico e listou seis fatos MORALIZADORES que atestam o selo raiz do embate. Tem de tudo, para todos os gostos. Um verdadeiro ode ao futebol antigo com doses cavalares de rivalidade e emoção dentro de campo e nas arquibancadas.
Esquenta de respeito e churrasquinho preço JUSTO
Um clássico de verdade começa muito antes do apito, não é verdade? No Goyta-Cano, claro, não é diferente. Rolou até aquele churrasco de respeito na "padoca" perto da entrada do estádio para rapaziada, inclusive, para a equipe de reportagem. Menos, óbvio, para a torcida adversária. Membros de uma organizada do Goytacaz sempre queimam uma carne antes dos jogos.
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Porém, quem ficou de fora do churrasco dos amigos também não ficou na mão. No entorno do Aryzão, diversas barraquinhas vendiam o tradicional espetinho. Até aí, normal, acontece em todos os lugares. Entretanto, desafio a encontrarem um preço mais JUSTO que esse: três unidades de todos os sabores (carne, frango, coração e salsichão) por apenas CINCO REAIS. Ou seja, cada um saiu por módico R$ 1,66. Ah, e para a chama não apagar, um belíssimo secador de cabelo na mão do dono da barraquinha.
Tradicional charanga
Em acelerado processo de extinção mundo afora, a tradicional charanga resiste ao tempo no Goyta-Cano. O grupo Pisa Show é responsável pela trilha sonora nos jogos do Goytacaz, no Aryzão. Com oito integrantes atualmente, são mais de 30 anos embalando as arquibancadas. E muita música. Desde clássicos das marchinhas de Carnaval até hits populares no meio esportivo.
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Conforto adequado
Esqueça as poltronas acolchoadas das arenas modernas, no Aryzão, 80% do estádio a arquibancada ainda é de concreto. Mas isso não quer dizer que não exista confronto, depende apenas do seu objetivo. Se a meta for tomar aquela cervejinha sem filas e sem deixar o seu lugar, em determinado ponto da arquibancada nem precisa levantar. Um freezer (!) foi levado para dentro da torcida. Os donos do maquinário, que são torcedores, até ficaram receosos com uma possível proibição, mas deu tudo certo e todos sorriram ao fim.
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Não basta assistir ao jogo, é preciso também ouvir os comentários dos cronistas do rádio. E pode até existir celulares e aplicativos com som digital e fones de ouvidos, mas o radinho de pilha é e sempre será imortal. Enquanto houver uma arquibancada de concreto e um clássico de interior, ele vai existir. A reportagem do GloboEsporte.com flagrou pelo menos dois torcedores com os ouvidos colados ao aparelho entre os mais de cinco mil presentes ao Aryzão na noite desta quarta-feira.
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Nada de venda pela internet
Quem tinha a intenção de comparecer ao estádio do Aryzão precisou colocar os pés nas ruas. Não há venda pela internet, somente em pontos físicos. E, como não poderia faltar, entre os locais de venda está a tradicional banca de jornais. Gostamos.
Povão na arquibancada
O Aryzão não possui nenhum setor vip, apenas as sociais com cadeiras de ferro. Os ingressos tinham preço único de R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Valores populares que abrem espaço nas arquibancadas para todas as classes sociais. Houve até quem tenha utilizado a bicicleta para chegar ao estádio. O Goyta-Cano é também uma festa do povo de Campos dos Goytacazes. E melhor: sem segregação.
A procura foi tão grande que os ingressos esgotaram com antecedência. Não houve venda na porta do estádio. Aliás, cerca de 150 torcedores com entradas foram impedidos de entrar no estádio. A diretoria do Goyta colocou a culpa na conta do Grupamento Especial de Policiamento de Estádios (Gepe). Em nota, o Gepe justificou problemas nas catracas de acesso e motivos de segurança para não permitir a entrada de um maior número de torcedores.
Próximo passo
Com o resultado do Goyta-Cano, o Azulão da Rua do Gás terá pela frente o Audax na decisão da Taça Santos Dumont. Na tarde também desta quarta-feira, a Laranja derrotou o Duque de Caxias por 2 a 0. A final será neste sábado, às 15h, em Moça Bonita.
O que é o Goyta-Cano
Realizado desde 1914, o Goyta-Cano surgiu antes mesmo da rivalidade nos gramados entre Flamengo e Vasco. Considerado o maior clássico do interior do Rio de Janeiro, o confronto entre as duas equipes de Campos dos Goytacazes é sempre um marco para a cidade, que também é a maior do interior do estado. Ao longo dos 103 de existência do confronto, as duas equipes já se enfrentaram em competições nacionais, mas, desde 2013, ano em que o Cano foi rebaixado, são adversários somente na Segundona do Rio. O jogo desta quarta-feira foi especial, pois deu fim a um jejum de 14 anos sem uma partida de mata-mata entre os dois times.
Fonte: http://globoesporte.globo.com/rj/serra- ... eita.ghtml
