BM8 escreveu:
Concordo!
Mas o sistema de gestão de presença existe apenas para organizar as escolas com 200, 300 a 500 alunos. É difícil você memorizar a fisionomia de alguém dentro dessa quantidade de alunos. Até pelo motivo de uma escola ter diversos horários de aula e os alunos poderem frequentar qualquer horário.
Não é bem assim BM8. O sistema de gestão de presença é usada em várias equipes hoje em dia, e em todas as GB, não só as que tem 200, 300 ou 500 alunos. Aliás, quantas academias no mundo tem mais de 200 alunos? Digo 200 treinando no mesmo tatame sob a orientação do mesmo professor.
Eu quando dava aula tinha mais 2 marrons que me auxiliavam. Cheguei a ter 120 alunos, e tratava cada um deles pelo nome. E exigia que meus instrutores fizessem o mesmo. Não tinha esse negócio de "fera", "campeão", porra nenhuma. Tinha que chamar pelo nome. Se algum aluno me falasse no treino que tinha uma prova importante na semana que vem, ou que o pai estava doente, ou estava sentindo dor no ombro, ou que tinha que fazer uma palestra no dia seguinte, após o treino eu anotava tudo isso e no treino seguinte eu perguntava: e aí, como foi a prova? Seu pai melhorou? E esse ombro, como é que tá?
Tudo isso para criar um relacionamento com o cara que fosse além do tatame era esse tipo de atitude que prendia o cara. E fazia isso com TODOS os 120 alunos. Nunca precisei de planilha nem cartão, nem nada disso. E se algum aluno se sentisse "esquecido" na época da graduação, se achasse que merecia trocar de faixa, eu dava toda liberdade de me falarem e submetia o cara a um exame. SE ele passasse, mudava de faixa tb. Poucas vezes isso foi necessário, e quando aconteceu, geralmente o aluno não merecia mudar de faixa e se conformava.
Fazia tudo isso e volta e meia dava um esporro em uns e outros no treino, principalmente no treino de competição. Vai dar um grito com um aluno hoje no tatame, o cara não volta nunca mais. Meus amigos que treinavam no Carlson falavam dos famosos esporros dele, podia ser a qualquer momento e em qualquer um que estivesse fazendo merda.
Quanto a esse sistema de organização das aulas, com conteudo definido e padronizado, quem me explicou foi o Renzo. Ele me disse que tinha bolado esse sistema, pq tinha constatado que de cada hora de treino, o aluno passava 36 minutos à toa, e apenas 24 realmente treinando. Então ele desenvolveu o sistema de aulas que hoje é padrão na GB, na época ele ainda estava com o CArlinhos.
O aquecimento é leve mas trabalha todo o corpo, já segue sem interrupção para as técnicas do dia, e no final tem o tempo reservado para os rolas, tudo meio que cronometrado e numa intensidade não muito elevada. isso fez com que as aulas fossem mais dinâmicas e mais gente aguentasse fazer. Ele padronizou tb o conteúdo, e fez tb esse sistema de graus. Para ele, que tem uma academia com 1400 alunos foi uma sacada sensacional. Tanto que o modelo hoje é replicado no mundo todo por várias equipes. A maioria dos professores que segue esse sistema GB de ensino está muito satisfeito, pq realmente o número de alunos cresceu bastante.
Daí eu perguntei para ele: Mestre, e a galera que compete? Como fica com esse treino que nao é exigente? Ele falou que a equipe de competição tem que treinar em outro horário, separado dos alunos "normais". Perfeito, concordo com tudo. Para ele, que tem uma equipe formada, e para as equipes mais antigas que já tem um time de competição isso se aplica facilmente.
Mas aí o cara vai e abre uma academia em Arapiracolândia do Oeste, onde ninguém nunca ouviu falar de jiu-jitsu. A academia começa a encher, trabalhando com esse modelo de gestão. Treinando dessa maneira mais branda, quando essa equipe vai formar competidores? É o que eu vejo em algumas GB de amigos meus, simplesmente só tem praticantes que não competem.
Nada contra, cada um tem um objetivo ao treinar jiu-jitsu e todos devem ser respeitados. Mas vejo esse fato como a origem desse afrouxamento nos critérios para graduação, com essa enxurrada de graus e faixas. Por mais que esse sistema de gestão seja bem construído, nunca alguém me convencerá que após "x" aulas o aluno necessariamente deve pegar um grau, isso para mim é inadmissível. Porra, independente do cara mostrar que realmente sabe, só por ele ter ido aos treinos tem que pegar grau? ou adulto usar faixa de criança????