By Pedro Portuga
Mahamed Aly é um dos mais recentes faixas pretas e uma grande promessa do Jiu-Jitsu Mundial. Jovem carioca vencedor de peso e absoluto marrom no último Campeonato Mundial da IBJJF. Em conversa descontraída com o BJJForum fala do seu passado, do presente e do que quer para o seu futuro.
Mahamed embora esta seja um pergunta demasiado evidente diz-nos: como ganhaste o teu nome?
O meu nome foi uma homenagem ao Muhammad Ali. Deu uma abrasileirada e saiu desse jeito.
Com que idade e onde começaste a praticar artes marciais?
Comecei comecei a treinar com quinze anos cara na verdade treinei uns meses kickboxing e depois comecei a treinar jiu-jitsu.
Muitos não sabem mas tu és membro da Team Nogueira. Como aconteceu essa aproximação aos irmãos Nogueira?
Fui treinar na Team Nogueira em 2011 só depois de uns 2 anos de treino…eu acho… Eu era faixa azul e o Rodrigo e o Rogério estavam a precisar de sparrings de wrestling e jiu para o ufc 140 que o Rodrigo lutou com o Frank Mir e o Rogério com o Tito Ortiz.
Pouco tempo após um momento trágico na tua vida Minotauro voltou a ajudar-te fala-nos desse episódio
Eu morava no Gardênia que ficava mais ou menos uma hora da academia… e minha mãe se mudou para um lugar que ficava 2 horas e meia da academia… ai conversei com o Rodrigo e ele me deu um quarto para morar num apartamento que ele tinha que ficavam outros atletas da Team Nogueira ai fiquei lá por uns dois anos.
Que papel tem hoje em dia os irmãos Nogueira na tua vida?
Hoje eu estou ficando mais nos estados unidos, na verdade ano passado só fiquei 4 meses no Brasil e esse ano se eu não me engano fiquei um mês só no Brasil ou 2 então é assim a gente tem amizade, as vezes converso com eles por whatsapp, eu estou torcendo por eles, eles vão lutar agora mas profissionalmente falando hoje eles não estão tão mais presentes na minha vida.
Entrando na parte esportiva quais são os teus maiores títulos?
Fui 3 vezes Campeão Brasileiro de Wrestling na Categoria até 96 kg de Cadetes e Juniores Campeão Mundial de Jiu Jitsu 3 vezes..Campeão Europeu 3 vezes campeão do Pan sem quimono Campeão Sul Americano Campeão Brasileiro sem quimono.
Desde algum tempo para cá tens feito a tua preparação para os maiores campeonatos nos EUA na Team Lloyd Irvin, como surgiu essa oportunidade?
Meu Relacionamento com o Lloyd começou em 2013 quando eu vim lutar o mundial ele me viu lutando e gostou ai a gente começou a falar no Facebook , mas eu não pensava em vir para cá (estados unidos) a depois o Erberth que era meu conhecido tava vindo para cá e surgiu a idéia na minha cabeça de vir também depois do coro que eu tomei lá em Abu dhabi para o Meregali eu fiquei mais empolgado em vir e foi a melhor decisão que tomei na minha carreira, treinei fui campeão mundial naquele ano, e de lá para cá as coisas só tem melhorado.
Depois de alguns incidentes grande parte da comunidade do Jiu Jitsu ficou a olhar de forma desconfiada para o professor Lloyd Irvin, fala-nos um pouco da tua relação com ele e a forma como ele vos faz chegar ao sucesso.
O Lloyd é como se fosse um pai, ele consegue tirar motivação de tu quando acho que você tem mais para dar e ele te pausa quando você está muito acelerado. Eu na verdade já tive muitas vezes numa de querer chegar e treinar muito, mais do que o meu corpo aguentava e ele dizer não, por hoje já deu podes ir embora e me barrar do treino. Ele é muito inteligente em relação à isso, se ele colocar um treino muito forte de manhã, com certeza o treino da noite vai ser mais tranqüilo. Na época do camp ele manda a gente fazer aquela crio-sauna, que é uma sauna de -100 graus, coloca a gente para fazer massagem. Ele é um cara muito experiente, ele já teve tudo o que é tipo de lesão, então ele entende de lesão. Quando você sente alguma dor ele olha e vê sua reação e ai fala que você não treina ou fala vai fazer um drill ou vai fazer um aeróbio, entendeu? Se você machuca uma perna, ele vai usar sua outra perna, se tu tens dois braços e machucares um vais usar o outro e assim vai. Mas se ele por algum motivo achar que não deves treinar ele fala. Já ouvi muita gente falar que ele era meio psicopata mas não é. O cara é muito gente boa e ele tem experiência com tudo, atletas do UFC top 10, atletas de judô olímpico, atletas de wrestling olímpico, tem experiência com futebol, marketing, ele é um cara muito inteligente, muito mente aberta.
Quais as principais diferenças que encontras na preparação de atletas no Brasil e nos Estados Unidos? Essas condições foram fundamentais para o teu duplo ouro no ultimo Mundial? Como é a vossa rotina de treinos?
A grande diferença aqui cara é a mentalidade do gringo, do americano que é aquela parada de treinar muito físico, o técnico no Brasil a gente rola muito, a gente tem mais liberdade para fazer a parada, é mais saudável o cotidiano mas quando chegas aqui nos Estados Unidos é mais estressante, muito drill , 2 a 3 horas de drill, chegas até a fazder 4 horas de drill, muito físico, 2 horas de físico coisa que eu jamais ia imaginar na minha vida, muito wrestling forte aqui você é obrigado a fazer força até com faixa azul, o faixa azul treinando contigo, se você não fizer força o cara vai-te atropelar, entendeu? Então você a aprende a fazer técnica com força, coisa que eu precisava, eu sempre fui muito arte suave.
No teu quimono usas orgulhosamente um patch com 3% o que significa?
De um ano para cá muita gente tem me perguntado pelo 3%! 3% é uma marca que existe, mas acima de qualquer coisa é uma filosofia. A nosssa idéia, a minha idéia é fazer partes dos poucos, mesmo antes de usar a marca, eu sempre quis fazer parte dos poucos , se você para parar ver numa categoria que tem dez pessoas vai ter um campeão só, se tiver cem pessoas, um campeão só, quatro caras no pódio no máximo, então é isso, fazer parte dos poucos, fazer o que ninguém faz, ir onde ninguém foi, chegar onde ninguém chegou essa é a minha mentalidade, a forma com eu vivo.
Ao contrario de algumas promessas tens pautado a tua ascensão com bastante humildade, não inventas desculpas para as tuas derrotas e chegas até a valorizar as vitorias do teus adversários. Quais as derrotas que mais te marcaram e porquê?
Com relação as derrotas, isso faz parte dos 3% também, da filosofia, o que tem tudo a ver com o que eu sempre pensei sabe, eu não preciso de desculpa para a derrota. Se eu perder, eu perdi. Eu tenho que mudar aquilo que eu fiz, na academia, na minha vida, na minha mentalidade, no meu treino. É isso que eu tenho que mudar. Não o fato, o fato não vai ser mudado nunca. Eu acho que as minhas derrotas me ajudaram, me ajudaram para caramba, tanto quanto às vitorias. A vida de qualquer pessoa vai ter derrotas independente se tu és padeiro, advogado, médico, polícia. A gente não tem que mascarar nossas derrotas. A gente tem que falar, mas também a gente não pode ter orgulho de perder, independente de perder para o Meregali, para o Buchecha, para o Anderson Silva, para o Kobe Bryant, para quem quer que seja, você não pode se acomodar com a derrota Nunca! Mas você tem que reconhecer quando ela chega, acho que isso faz parte da mentalidade do lutador, porque a gente representa uma arte marcial, só isso já faz a gente um atleta diferente dos outros, o artista marcial ltem que se preocupar em ter respeito, falar a verdade, ter uma postura diferenciada e eu me preocupo muito com isso.
Neste momento estás exclusivamente dedicado ao Jiu-Jítsu? Quais o teus planos para o futuro? Quando te veremos a estrear no MMA?
Com relação á minha carreira o que eu tenho hoje na cabeça é Jiu Jitsu, eu respiro jiu jitsu hoje, na verdade larguei a minha família, larguei tudo, só para realizar o sonho de ser campeão mundial na faixa roxa. Aí quando eu fui na roxa eu vi que era para ser campeão peso e absoluto e não fui. Deixei para lá essa parada de lutar MMA por enquanto, aí eu fui campeão peso e absoluto (marrom) e vi que dava para ser na Preta, eu tenho a certeza que dá para ser campeão mundial na preta e é isso que tenho buscado para mim . Além de muito wrestling, muita força, que é o que eu vejo hoje no MMA. Principalmente na minha categoria, eu vejo que eles se marcam pelo físico deles porque a técnica é boa, os caras são técnicos para caramba, todos tem um back ground bom. Falando de top 10 do UFC todo mundo teve um em determinado esporte, e acho que esse é o caminho hoje, eu acho que esse é o caminho, eu acho que MMA não é um esporte para um criança de 10 anos sonhar ser campeão do UFC. Não. Eu acho que o cara que pensa assim já está um passo atrás porque os americanos já estão aqui treinando wrestling durante 10 a 15 anos antes de fazerem a primeira luta amadora( MMA), então é o que eu tenho feito, evoluir o meu wrestling, a minha força, o meu jiu jitsu, a minha mentalidade e aminha experiência antes de pensar em MMA. Estou muito feliz lutando jiu jitsu, quero viver muitas experiências ainda, falta muita coisa para eu ganhar no jiu ainda, que é o que eu acho que tem para mim agora.
Antes de terminarmos a quem gostarias de agradecer?
Cara, eu gostaria de agradecer as pessoas que me acompanham , a maioria não me conhece e propaga essa imagem que eu gosto muito. Todo mundo fala que eu sou bem humilde, que eu sou gente boa e tal, a maioria das pessoas não me conhece e propagam isso. Eu acho bom. Agradeço a quem manda mensagens me incentivando a treinar mais, a continuar assim , agradeço a todo mundo. muito obrigado. As pessoas que estão junto de mim, eu agradeço todo dia, então não preciso ficar toda hora batendo nessa tecla. Agradeço também a você cara por lembrar de mim. Obrigadão!
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BJJF Entrevista: Mahamed Aly
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