Lutador brasileiro comemora facilidade de corte de peso em sua segunda luta pelo UFC e fala em descer para a divisão dos meio-médios
O bicampeão mundial de jiu-jítsu Antônio Braga Neto volta ao octógono neste sábado contra Clint Hester, no "UFC: Swanson x Stephens", em San Antonio, no Texas (EUA). Mas, mal chegou à cidade, o lutador já teve que se virar no "jeitinho brasileiro", pois teve as malas extraviadas pela companhia aérea.
- Eu cheguei aqui há uma semana e a empresa aérea continuam não localizando a minha mala, eu já estou dando-a como perdida. A minha sorte é que eu carrego o protetor bucal sempre no bolso, mas perdi shorts, luva, todo o material de treino, suplemento…Trouxe umas camisas do patrocinador, perdi todas. Então eu queria falar, se alguém pegou minha mala, devolve aí poxa! Nunca é tarde (risos). Mas brincadeiras à parte, o UFC cuida da gente, então eles me ajudaram. Hoje eu tenho roupa do Ultimate, estou bem vestido, não posso reclamar de nada. Infelizmente esses imprevistos acontecem, mas são coisas que eu deixo de lado e que não vão me influenciar em nada. Eu estou bem focado no que eu quero, que é lutar e acabar com a luta o quanto antes - disse, bem-humorado, em entrevista ao Combate.com.
A mania de andar com o protetor bucal sempre no bolso é antiga e remete à estreia de Braga Neto no MMA. O brasileiro teve uma longa caminhada para chegar até o UFC. Aos quatro anos de idade, iniciou os treinos de jiu-jítsu. Aos 10, saiu de Manaus para morar em Porto Velho, Rondônia. Aos 15 anos, voltou a Manaus e, aos 17 se mudou para o Rio de Janeiro buscando seguir carreira no MMA. Foi aos 18 anos de idade que ele teve a oportunidade de fazer a sua primeira luta como profissional nas artes marciais mistas.
- Eu ando com o protetor no bolso porque quando fiz a minha primeira luta de MMA eu não estava com o protetor. Foi uma luta inesperada no evento Top Fighter, no Rio de Janeiro, eles fizeram um desafio para dois lutadores que quisessem fazer uma luta ali na hora, que não tivessem experiência e quisessem uma oportunidade. Eu não tinha feito nenhuma luta ainda, mas isso foi logo que eu cheguei ao Rio, eu morava em uma comunidade e eu vinha juntando dinheiro para alugar um apartamento melhor. Aí, com aquele dinheiro mais o que eu já tinha eu já conseguiria sair da favela. O Gordo, meu mestre, estava do meu lado e disse que não tinha ninguém ali para me bater. Então eu subi no ringue e desafiei qualquer um que estava ali para fazer a minha estreia e foi assim a minha primeira luta de MMA. Desde então eu não largo o meu protetor não. Ele vai comigo para todo lugar para eu ter certeza de que sempre vou estar preparado - disse, completando:
- Eu tinha 18 anos quando isso aconteceu e foi na mesma época em que fui graduado à faixa-preta de jiu-jítsu. Antes, eu havia sido campeão mundial em todas as faixas - azul, roxa, marrom, peso e absoluto. Foi uma coisa que na história do jiu-jítsu nunca tinha acontecido. Sou muito sortudo por tudo isso e sou muito grato ao esporte. Eu falo inglês, já viajei o mundo competindo, as coisas estão acontecendo dessa forma agora no UFC e eu quero, futuramente, ajudar crianças, trabalhar com projetos filantrópicos, devolver um pouco o que o esporte me proporcionou. Então, independente do que acontecer no UFC, eu já sou muito feliz, entrego o meu futuro nas mãos de Deus, mas o meu objetivo no Ultimate é ser campeão.
Para se virar sem o material extraviado na viagem, o amazonense recorreu a outro brasileiro, o amigo Rodrigo Pinheiro, dono de uma academia na região e atual parceiro de treinos de Diego Brandão. Nesta quarta-feira, ele utilizou a infra-estrutura da academia e fez a alegria de um fã mirim ao treinar com ele durante a sua passagem pelo local. Confiante, o atleta explica que se dedicou muito para essa volta ao octógono, onde não pisa desde que finalizou Anthony Smith em sua estreia no Ultimate, em junho do ano passado:
- Eu estou treinando desde o começo do ano. As pessoas que me acompanham sabem que eu sofri uma série de lesões da minha última luta para cá. Eu saí daquele duelo contra o Anthony com o nariz e a costela machucados, quando me recuperei voltei a treinar e tive uma ruptura parcial no supra do ombro e isso me impediu de treinar quase o ano passado todo. Voltei a treinar em janeiro e, desde então, estou focado para voltar a lutar bem no UFC. Fiz meu camp todo em Manaus, na minha cidade natal, e estou muito feliz por estar morando lá. Eu tinha expectativa só de fortalecer meu jiu-jítsu e a preparação física que era a minha base, mas chegando lá encontrei um cara no boxe, que é o Cássio - o “Selvagem do Amazonas. Para quem não conhece, ele já venceu até o Minotouro no boxe e é o único cara do Amazonas que já teve resultado significante em todos os campeonatos que disputou. Em Manaus, também tem uma equipe de wrestling muito boa, com um treinador cubano e o meu professor Valdecir, que foi sete vezes campeão brasileiro e é da seleção brasileira atualmente. Então estou muito bem servido em todos os aspectos, até mesmo melhor do que eu esperava em Manaus. Ainda estou perto da minha família e dos meus amigos. Mas também fiz a parte final do camp no Rio. Fui à Team Nogueira, ao Gordo, agora estou aqui em San Antonio treinando com o Rodrigo Pinheiro, com o Diego Brandão, que é um dos meus amigos de Manaus. A semana da luta tem sido uma das mais felizes. É só alegria.
Braga Neto também comemora a facilidade com que está enfrentando o processo de desidratação pré-duelo. Desde que se recuperou da lesão no ano passado, ele cortou o sal e o açúcar de seu cardápio. Nesta quarta-feira, a três dias da pesagem, o atleta estava apenas três quilos acima do limite da categoria dos médios (84 kg).
- Foi uma coisa que aconteceu naturalmente, o meu peso desceu muito e hoje eu estou com 87 kg, mas comendo melhor do que eu vinha comendo em casa. Eu acho que o trabalho foi feito, estou com expectativas muito boas para, até quem sabe, na minha próxima luta baixar para os 77 kg e poder abreviar o caminho ao cinturão. Eu sempre tirava seis quilos de um dia para o outro. Ontem, em um treino de uma hora eu perdi quatro quilos e meio. Depois da luta ainda não sei o que eu vou fazer para hidratar. Estou vivendo uma coisa nova e batendo peso com uma facilidade tão grande, acho que só tenho motivos para comemorar. Fiz a minha estreia no UFC ano passado e estou vendo essa minha primeira luta internacional aqui nos EUA como uma nova estreia. Além disso, fui contemplado para lutar no card principal. Então são vários sonhos se tornando realidade ao mesmo tempo. Muita gente pergunta se eu estou nervoso, mas essa é a prova mesmo que eu nasci para fazer isso, porque eu estou tão feliz e amarradão de tudo o que está acontecendo comigo, que eu não vejo a hora de entrar para lutar, de fechar aquele octógono e fazer o meu trabalho, mostrar ao mundo de onde eu vim e aonde eu quero chegar.
Adversário do brasileiro, o americano Clint Hester está invicto há seis lutas na carreira e tenta, neste sábado, chegar à sua quarta vitória no UFC. Mas Braga Neto acredita que estudou bem o oponente e está preparado para derrotar o adversário tanto em pé quanto no chão. Ele também promete cair para a trocação:
- O Clint é um cara que vem de três vitórias no UFC, ele foi da casa do TUF, então tem uma experiência maior dentro do Ultimate. É um cara que, pelo que analisei, é um trocador, tem um condicionamento físico bom, vai do começo ao fim no mesmo ritmo, mas suas derrotas são todas por finalização. Então eu acho que se ele já foi finalizado por alguém, esse é o caminho para mim também. Acho que o jogo casou bem para mim. A gente que luta jiu-jítsu, para lutar 15 minutos é muito fácil. E a experiência que a gente adquire na arte suave te prepara para tudo. Eu já fiz 12 lutas de jiu-jítsu em um dia, então o que são 15 minutos? As pessoas falam que tem soco, pontapé e tal, mas eu falo para vocês que nada é pior do que o treinamento. A gente faz um treinamento árduo de quatro, seis horas diárias e onde a gente apanha e, no dia seguinte, apanha também. Então chegar agora para lutar por três rounds não vai ser pior do que eu treinei. Eu fiz uma série de exames, tive um acompanhamento médico e fisiológico para lutar e eu vejo essa necessidade de trocar porrada mesmo, de ir para cima e vocês podem esperar que o Braga Neto vai trocar porrada sim e eu estou preparado para representar o Brasil, Manaus, Rio de Janeiro, Porto Velho, Floripa e todos os lugares por onde passei.
Com Antônio Braga Neto x Clint Hester no card principal, o Combate transmite o "UFC: Swanson x Stephens" ao vivo e na íntegra com exclusividade no próximo sábado, a partir de 20h30 (horário de Brasília), e o Combate.com acompanha em Tempo Real, com transmissão em vídeo ao vivo da primeira luta, entre Anthony Hamilton e Oleksiy Oliynyk. Na véspera, sexta-feira, canal e site exibem a pesagem do evento ao vivo a partir de 18h.
Confira o card completo:
UFC: Swanson x Stephens
28 de junho de 2014, em San Antonio (EUA)
CARD PRINCIPAL
Peso-pena: Cub Swanson x Jeremy Stephens
Peso-médio: Kelvin Gastelum x Nicholas Musoke
Peso-médio: Andrew Craig x Cezar Mutante
Peso-pena: Ricardo Lamas x Hacran Dias
Peso-médio: Clint Hester x Antônio Braga Neto
Peso-leve: Joe Ellenberger x James Moontasri
CARD PRELIMINAR
Peso-leve: Carlos Diego x Colton Smith
Peso-galo: Cody Gibson x Johnny Bedford
Peso-médio: Andy Enz x Marcelo Guimarães
Peso-mosca: Ray Borg x Shane Howell
Peso-pesado: Anthony Hamilton x Oleksiy Oliynyk
Fonte: http://sportv.globo.com/site/combate/no ... racao.html
