Eu entendo o que você diz e respeito.LAWYER escreveu:
Renco Pardoel? Paul Varelans?? Keith Hakcney??? O cartel de Marco não é isso tudo, na boa... Vocês gostam do estilo dele e isso eu respeito, mas porque desmerecer o que Rickson fez no Japão? Marco perdeu pro Otsuka, velho, na boa... Mas isso é tudo bobagem, Hans, não vou entrar nessa... Fica parecendo aquele filme que o De Niro quer acertar as contas com o Stallonne, os dois já velhinhos...
Eu vivi outro tempo, bicho, um Rio de Janeiro menor em termos de população, assunto, tudo... Conhecia os dois e acompanhei esse assunto de perto, de dentro de academia. Marco era respeitado? Era! Rickson era respeitado? Todos o chamavam de Professor! E o cara tinha 25 anos!
Marco era do tae-kwon-do, fazia capoeira, (essa história de boxe tailandês surgiu depois, e era na verdade um kick-boxing), treinou jiu-jitsu (e por isso ganhou a alcunha de creonte) e luta livre e não era tão grande nessa época. Era alto, mas não tão grande...
Rickson treinava Jiu-Jitsu, obviamente, com os melhores (ou os únicos?). Foi aluno direto do Pai, dos tio Carlson, Reylson, etc, mas principalmente do Rolls, que o levou para o Judô e para a Luta Olímpica. Treinava boxe também, então essa história de estilo único não é totalmente verdade...
Agora, falar de profissionalismo naquela época????? Anos 80???? A rigor, não era permitido nem lutar, cara. Éramos todos filiados à CBP, Confederação Brasileira de Pugilismo! Isso era um migué pra cima da lei, que não regulamentava artes marciais...
Tudo, absolutamente tudo, toda a rivalidade, começava na rua, em disse-me-disse, em fofoquinha de academia... Não há como se falar em profissionalismo na época! Fazer um evento de lutas, então? Se não se colocasse algumas regras, como conseguir a autorização pra fazer??? Os 3 eventos de vale-tudo dos 80 no Rio demoraram ANOS para serem feitos, pelas dificuldades absurdas impostas por generais, coronéis, dirigentes esportivos, então falar que Marco era profissional e Rickson um brigador de rua soa totalmente fora do contexto pra mim, o contexto da época, reitero.
Todos queriam lutar, brigar, o que fosse. E porque? FOME! Necessidade de por dinheiro na mesa! O Jiu-Jitsu estava definhando por causa do karate, do tae-kwon-do, etc! Os Gracie precisavam desesperadamente de lutar. Nos anos 80 devia ter uns 300 caras que faziam Jiu-Jitsu no Rio (eu acho que eu conhecia todos), e como atrair gente pro Jiu-Jitsu? Pra luta-livre? Seguinte: teu professor de karate quer lutar comigo? É agora! Você faz capoeira? Quer dar um treino comigo, valendo tudo? Na sua academia, ou na minha??? E assim as coisas foram acontecendo.
O episódio do Boqueirão foi marcante, lendário, mas você vê que nem o Brunocila estava de santo na história. Nego queria ver o pau quebrar, porque no dia seguinte a história se espalhava e as academias ganhavam mais 10, 15 alunos, já era muita coisa... Eu respeito os caras. Conheci eles, eram valentes e corajosos, mas todo mundo era nesse tempo, não eram só os tops que saíam na mão nas ruas do Rio, mas também não dá pra passar a vida falando sobre "o que não aconteceu"...
Eu ainda sei de muita coisa que aconteceu nos bastidores, minha cabeça é um inferno, mas isso tudo não tem mais nenhuma importância e acaba diminuindo o que os caras construíram. Que cada um escreva a sua biografia!
Inclusive lhe parabenizo pela nobre atitude de compartilhar tal conhecimento conosco. Considero um dos usuários mais agregadores aqui deste forum.
No entanto, minha opinião já foi postada.
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