NSAC quer ter "conduta exemplar" em punições
Enviado: 14 Jun 2014 16:17
NSAC quer ter "conduta exemplar" em punições de Wanderlei e Sonnen
Comissão Atlética define futuro dos lutadores em audiência pública nesta terça-feira e afirma não reconhecer isenção de Belfort para uso de TRT
Por Evelyn Rodrigues
De Las Vegas (EUA)
A Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC) vai discutir em audiência pública, na próxima terça-feira, o futuro de Wanderlei Silva e Chael Sonnen. Enquanto o brasileiro terá que se explicar por não ter se submetido ao teste surpresa solicitado pela entidade, o americano pretende apelar sobre o resultado de seu exame, que indicou o uso de substâncias proibidas em seu organismo. Originalmente, Wand e Sonnen se enfrentariam no UFC 175, marcado para o dia 05 de julho em Las Vegas, mas como o “Cachorro Louco” não se submeteu ao exame surpresa, ele acabou sendo retirado do card e substituído por Vitor Belfort. O duelo foi posteriormente cancelado depois que o americano foi pego no antidoping.
Nesta sexta-feira, o Combate.com visitou a sede da NSAC em Las Vegas, nos EUA, e conversou com o diretor executivo do órgão, Bob Bennett, o vice-procurador geral da entidade, Christopher Eccles, e o consultor médico, Dr. Timothy Trainor, para esclarecer algumas dúvidas sobre o caso desses três lutadores. Apesar de os comissários não poderem dar detalhes sobre o que será discutido na audiência dessa terça-feira, foi possível perceber que a entidade será dura nas punições:
O novo diretor executivo da Comissão Atlética de Nevada, Bob Bennett (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Queremos ter uma conduta exemplar. Nós somos o órgão regulador do esporte em Nevada e trabalhamos com os promotores, que destinam um montante significante de dinheiro para administrar esses testes. Então os próprios promotores de eventos trabalham em parceria conosco, para que não tenhamos um atleta se utilizando de substâncias que melhoram o seu desempenho e obtendo uma vantagem competitiva que não é justa. Nós realmente estamos trabalhando em benefício dos lutadores e eles sabem disso. Os atletas sabem o que podem e o que não podem fazer e é o nosso trabalho fazer com que as leis e regulamentos sejam cumpridos - declara o diretor executivo do órgão.
Além de Wand e Sonnen, Vitor Belfort também deveria comparecer à audiência, pois estava em processo de licenciamento por conta do duelo contra o americano. Com o cancelamento da luta, no entanto, a entidade retirou Belfort da agenda, mas afirmou que se reunirá com ele no próximo mês para avaliar seu caso separadamente. A NSAC, no entanto, deu um aperitivo do que deve ser discutido na audiência que tratará do licenciamento do “Fenômeno”. Isso porque, o brasileiro fazia uso de TRT (Terapia de Reposição de Testosterona) e tinha permissão para se submeter ao tratamento concedida pela Comissão Atlética Brasileira de MMA. A NSAC, no entanto, afirma que a isenção só teria validade no Brasil. Testado em fevereiro de 2014, em um exame surpresa durante um evento na cidade de Las Vegas, o lutador apresentou elevados níveis de testosterona.
- Nós somos a Comissão Atlética do Estado de Nevada e você tem que obter um TUE (Isenção para Uso da Terapia) conosco antes de se submeter a qualquer tratamento. Nós temos que aprovar o uso daquela substância banida pela WADA para o seu uso por razões médicas. Nesse caso a que você se refere, isso nunca foi aprovado pelo Estado de Nevada. O TUE obtido no Brasil não tem validade global. Eu realmente não quero entrar em nenhum detalhe sobre o caso do Sr Belfort, ele é um grande lutador e veio até a Comissão, então nós gostaríamos de ser justos e objetivos. A nossa audiência para falar sobre ele ainda não tem dia marcado, mas deve acontecer na nossa próxima reunião em julho. Nesse momento, não seria justo da nossa parte falar sobre qualquer situação específica - afirmou Bennett.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Combate.com: Como é o processo para se obter uma licença em Nevada?
Bob Bennett: Todas as informações sobre o processo de licença estão detalhadas no nosso website. O atleta tem que fazer uma série de exames e, assim que a licença for concedida, ela tem validade de um ano calendário. Então, se você conseguir a licença em julho, por exemplo, ela vai expirar no dia 31 de dezembro daquele ano. Todo ano você pode reaplicar para a renovação da licença. O processo pode ser iniciado no nosso website, que detalha como renovar a licença anualmente. Mas é importante ressaltar que o atleta pode aplicar para a licença a qualquer momento durante o ano calendário, mesmo que eles não tenham luta marcada nos próximos meses.
Dr. Timothy Trainor: Os requerimentos médicos são bem específicos. O Estado de Nevada licencia lutadores de boxe, MMA e kickboxing, além de promotores, juízes e empresários. Mas com relação aos atletas, há sim requerimentos específicos, que envolvem por exemplo tomografia computadorizada, raio X do peito e exames de sangue, de HIV e hepatite.
Quanto tempo geralmente demora esse processo de licenciamento?
Dr. Timothy Trainor: Depende do atleta. Os exames levam, em média, de uma a duas semanas para ficarem prontos e, como nós não o direcionados para nenhum médico ou instituição em especial, tudo depende do lutador. Depois de obterem os resultados, os atletas entregam os documentos à nossa Comissão, eu os analiso, pois sou o consultor médico aqui, e se tudo estiver ok com as aplicações e sem contra-indicação para eles competirem, isso será encaminhado para a os cinco delegados do nosso Estado, que irão aprovar ou negar a licença. A Comissão se reúne uma vez por mês, às vezes mais de uma vez por mês, mas todo o processo pode durar de um a dois meses para que a licença seja obtida.
Os lutadores têm um prazo para dar entrada na solicitação de licença?
Dr. Timothy Trainor: Por exemplo, se um atleta está planejando lutar em um card no dia 4 de julho, ele teria que submeter todos esses exames e informações à nossa Comissão pelo menos com um mês de antecedência. Isso, no cenário ideal, pois a Comissão se reúne uma vez por mês. Se essa pessoa quer competir nessa data e nos entrega os documentos no dia 1 de julho, não há tempo suficiente, pois a Comissão pode não se reunir. Não há um tempo pré-determinado, mas o quanto antes o lutador enviar todas as informações necessárias melhor para ele. Como o Bob disse, uma licença é válida por um ano e, se o atleta planeja lutar em Nevada e quer receber a licença, o mais fácil seria submeter toda a papelada para aprovação em janeiro, pois ele estaria licenciado pelo ano todo.
Bob Bennett: Nós podemos emitir uma licença até um dia antes da luta. Nós não gostamos disso, mas isso já aconteceu, foi uma exceção. Estou dizendo isso para explicar que nós gostamos de colaborar e acomodar todos os lutadores.
Christopher Eccles: O ideal seria que o lutador aplicasse o mais rápido possível para que nós possamos avisá-lo se houver ou não algum problema. Além disso, a Comissão tem dois funcionários que falam espanhol e português, então se você está tendo dificuldades em entender alguma coisa, nós temos um telefone, nos ligue e peça ajuda que nós vamos buscar um intérprete para te atender e ajudar a sanar as suas dúvidas.
Como funcionam os testes antidoping? Com que frequência os lutadores podem ser testados?
Bob Bennett: Nós estamos no negócio de lutas. Nós regulamos o esporte e queremos que as pessoas venham aqui e lutem quantas vezes os promotores puderem promover seus cards. Quando as pessoas falam sobre teste surpresa trata-se de um termo impróprio, porque eles não são verdadeiramente surpresa. A prioridade número um da NSAC é a saúde e a segurança de todos os lutadores e nós fazemos tudo o que está ao nosso alcance para proteger esses lutadores. Nós temos aqui o NRS 467 (Estatuto Revisado de Nevada), que é acessível a qualquer lutador, promotor ou empresário, e temos os NAC 467 (Código Adminstrativo de Nevada), que também detalha tudo o que fazemos, quais drogas são proibidas, o que é permitido e o que não é. E, provavelmente o mais importante, nós seguimos o protocolo WADA ( Agência Mundial Antidoping), com normas internacionais. Nesses três documentos, está bem explicado o que nós podemos e não podemos aceitar quando realizamos esses testes. Então, não é um teste surpresa. Todos os lutadores sabem o que é legal e o que não é. É responsabilidade deles se eles se arriscam a tomar uma droga proibida e, em seguida, nós decidimos testá-los. Todos os lutadores são testados antes da luta e, então, nós selecionamos aleatoriamente alguns lutadores para o teste pós-luta. Nós geralmente testamos antes e depois do combate os atletas das duas principais lutas da noite.
Christopher Eccles: A Comissão pode testá-lo a qualquer momento. Você tem que se submeter a qualquer teste que a Comissão requisitar, seja ele sangue ou urina. Se você está preocupado se está tomando alguma substância, você tem que revelar isso à Comissão, tem que nos falar tudo o que você estiver tomando. Nós temos um site, temos email, temos telefone. Você precisa nos informar se tiver tomando qualquer coisa que é proibida, porque a Comissão pode testá-lo a qualquer momento e nós vamos fazer isso. Por isso temos os testes aleatórios, que não são feitos em dia de competição, e nós não podemos entrar em mais detalhes sobre como eles são feitos, porque temos que nos certificar que estamos fazendo um programa antidoping efetivo com o objetivo de proteger os lutadores e seus adversários e a integridade do esporte.
Vice-procurador da NSAC, Christopher Eccles, o diretor executivo Bob Bennett e o consultor médico, Timothy Trainor (Foto: Evelyn Rodrigues)
Um lutador que ainda não deu entrada nos documentos para obter a licença em Nevada pode ser testado mesmo sem estar licenciado?
Dr. Timothy Trainor: Por exemplo, se você é um lutador que está planejando competir no estado de Nevada no dia 20 de novembro e estamos em julho, mas o promotor da luta já mencionou que pretende te chamar para lutar no dia 20 de novembro, por mais que você não tenha uma licença no nosso estado, é público, todo mundo, e não apenas nós da Comissão, sabe que você vai participar dessa luta. Então, número um: você precisa aplicar para a licença. Número dois: você já expressou vontade de lutar nesse card e, nesse ponto, se a Comissão decidir que você poder ser testado aleatoriamente, isso vai acontecer. É claro que, se é alguém que não planeja lutar em Nevada e que não está licenciado, então não temos porque testá-lo. Nós não queremos testar alguém que não faz ideia se vai lutar em breve aqui ou não.
A NSAC sempre seguiu o protocolo da Agência Mundial de Antidoping (WADA)? Houve alguma mudança recente nos testes antidoping?
Dr. Timothy Trainor: Sim, nós sempre seguimos o protocolo da WADA, que é a entidade que regulamenta outros esportes, inclusive os esportes olímpicos. A lista da WADA de substâncias que são banidas é pública, está divulgada na internet. Os lutadores são responsáveis por tudo o que eles ingerem ou colocam em seus corpos, sejam bebidas, injeções, pílulas, qualquer coisa. Nós tentamos explicar isso para eles e para os promotores. Se você não sabe o que está tomando, você não deveria tomar. Se você não sabe o que é essa substância, for testado e o teste der positivo, nós teremos que puni-lo. E é muito comum os lutadores dizerem à Comissão, depois de terem testado positivo, que não sabiam o que tomaram ou que não sabia que aquela era uma substância banida. Sinceramente, esta não é a resposta correta. Você é responsável por qualquer coisa que você coloque em seu corpo. Se você é um lutador e não sabe o que está tomando, eu diria para você não tomar ou para você procurar um médico e descobrir o que é. Você também pode nos ligar e, como consultor médico da NSAC, eu sempre recebo emails perguntando: “Será que posso tomar isso?”. Isso é perfeito, é o que queremos. Nós estamos aqui para contribuir com o desenvolvimento do esporte. Aproveitando, quero ressaltar que receber uma licença para competir em Nevada não é um direito. É como dirigir. Você não pode sair por aí dirigindo só porque você quer, você precisa tirar a carteira de motorista para fazer isso. E se você é cego, não será licenciado. E se você dirigir assim mesmo, será preso. É a mesma coisa aqui, isso não é um direito e é por isso que o esporte é regulamentado. Só porque você respira e vive isso não significa que você deveria ser licenciado para competir no MMA. Eu acho que algumas pessoas não entendem que isso é um processo que objetiva tornar o esporte o mais seguro possível para todos os envolvidos. Nós sabemos que há riscos inerentes ao MMA, como em qualquer outro esporte, mas isso não é um direito. Você tem que passar por um processo e se você não atender aos requisitos de segurança e de não ter uma vantagem desleal com relação aos demais competidores, então você não será licenciado.
O que fez com que a NSAC optasse por banir a Terapia de Reposição de Testosterona?
Bob Bennett: Primeiro, só quero esclarecer que, como a licença para lutar, o documento que concede a isenção para uso do TRT, o chamado TUE (Isenção para Uso da Terapia), também tinha que ser renovado anualmente, pois expirava todo dia 31 de dezembro. Então todos os TUEs que permitiam o uso de TRT no Estado de Nevada expiraram no dia 31 de dezembro do ano passado e, em fevereiro deste ano, nós optamos por não mais conceder esse tipo de isenção a nenhum atleta, por isso que o tratamento foi oficialmente banido. E, se não estou enganado, durante a audiência que proibiu de vez o TRT, ninguém teve alguma objeção à proibição do tratamento, depois que os efeitos positivos e negativos da terapia foram explicados. Naquela audiência pública, muitas pessoas tiveram a oportunidade de expressar a sua opinião e de contestar e ninguém fez isso. Na verdade, o que aconteceu foi que outras Comissões passaram a seguir o nosso exemplo e a banir a terapia, que foi o caso da Comissão Brasileira de MMA. Nós só queremos que isso seja justo, tem que ser uma competição justa para os lutadores, para que o melhor atleta vença.
Dr. Timothy Trainor: Se você olhar para a lista da WADA, testosterona está na lista de substâncias proibidas e sempre foi. Eu não acho que as pessoas entendem que testosterona é a mesma coisa que qualquer esteróide anabólico ou substância utilizada para melhoria de desempenho. Dito isso, o problema todo com o TRT tomou essa dimensão nos últimos quatro anos. Inicialmente, aqui em Nevada, nós liberamos algumas isenções, acredito que cinco no total, durante esse período. E a razão pela qual nós concedemos essas isenções é que nós não queríamos discriminar alguém que, potencialmente, precisava daquela terapia. O problema é que a prevalência de hipogonadismo, o número de casos dessa doença, não é tão alto, mas nós estávamos recebendo cada vez mais solicitações, muito mais do que nós esperávamos. Por exemplo, todo mundo sabe sobre diabetes, porque você provavelmente tem um amigo ou um familiar que tem essa doença. Diabetes é uma doença muito comum e o tratamento para ela, a insulina, está na lista de substâncias proibidas da WADA. Eu trabalho aqui há 7 anos e nós nunca recebemos uma solicitação de uso de insulina para um diabético. O que eu estou querendo dizer é que isso não faz sentido. Se você pensar no número de pessoas nesse mundo que é diabético e quantas pessoas têm hipogonadismo, a média não é nem um pouco próxima. Diabetes é muito mais comum. Fora isso, uma das causas de se ter baixos níveis de testosterona em qualquer pessoa é se você usou drogas de aumento de redimento no passado. Então, o problema para a nossa Comissão é que nós não queremos recompensar alguém que trapaceou no passado e que agora tem baixos níveis de testosterona e isso foi um dos motivos que levou a nossa Comissão a banir o TRT. Se você está com baixo nível de testosterona, talvez você não deva mais competir no esporte.
Dana White afirmou essa semana que os lutadores que faziam uso de TRT deveriam ter tido um período de adaptação depois da proibição do TRT no esporte. Qual a recomendação da NSAC?
Dr. Timothy Trainor: Do ponto de vista médico, se alguém estava fazendo uso de TRT, primeiro de tudo, ele tem que se consultar com o seu médico. E se ele quer aplicar para uma licença em Nevada, certamente o atleta precisa parar a terapia imediatamente. A minha recomendação como médico é que ele espere pelo menos seis meses para voltar a competir. Se ele quer ter certeza de que não terá um teste positivo, em seis meses ele deve estar como organismo limpo. Tecnicamente, até em menos de seis meses, mas, de novo, a minha recomendação seria pare o tratamento, espere seis meses e não anuncie que vai lutar em Nevada, porque senão você estará sujeito a um teste aleatório. Você precisa realmente estar fora do radar por seis meses, fora da mídia e dos holofotes e só anunciar que pretende lutar de novo depois de ser liberado pelo seu médico. Esse é o caminho mais seguro para alguém que estava fazendo uso dessa terapia ter um recorde limpo e sem questionamentos.
Bob Bennett: Se TRT foi proibido e você vai tomar outra substância proibida para sair do tratamento, você vai ser pego.
Christopher Eccles: Se alguém estiver usando uma substância proibida ou não sabe ao certo se está usando, é preciso contactar a comissão o quanto antes. Nada mudou no tocante à lista da WADA ou às proibições da Comissão no uso dessas drogas. Se a pessoa precisa parar de tomar uma substância proibida e foi orientada por um médico a utilizar outra ou diversas substâncias que também são proibidas, ela ainda precisa conversar con a Comissão, pedir orientação ao Dr Timothy e discutir se esse tratamento é apropriado ou não.
Sabemos que vocês não podem falar sobre os casos do Wanderlei e do Sonnen porque eles estarão na agenda dessa terça-feira, mas o Vitor Belfort foi retirado da programação. Como fica o caso dele? Tem algo que vocês podem comentar a respeito?
Bob Bennett: Nós somos a Comissão Atlética do Estado de Nevada e você tem que obter um TUE conosco antes de se submeter a qualquer tratamento. Nós temos que aprovar o uso daquela substância banida pela WADA para o seu uso por razões médicas. Nesse caso a que você se refere, isso nunca foi aprovado pelo estado de Nevada. O TUE obtido no Brasil não tem validade global. Eu realmente não quero entrar em nenhum detalhe sobre o caso do Sr Belfort, ele é um grande lutador e veio até a Comissão, então nós gostaríamos de ser justos e objetivos. A nossa audiência para falar sobre ele ainda não tem dia marcado, mas deve acontecer na nossa próxima reunião em julho. Nesse momento, não seria justo da nossa parte falar sobre qualquer situação específica.
Dr. Timothy Trainor: Vou fazer um comentário e é isso. No caso específico do Sr Belfort, ele não tinha uma solicitação de isenção de uso de terapia no Estado de Nevada para fazer uso de testosterona. Fim de história, isso é um fato. Nós já dissemos essa é uma substância proibida na lista da WADA e ele não tinha permissão do nosso estado para fazer uso da terapia.
Christopher Eccles: Todos esses lutadores que você mencionou estão na nossa agenda, independente de ser a de terça-feira, e nós não podemos comentar sobre os casos deles especificamente porque eles serão discutidos pelos delegados da Comissão. Mas é importante explicar que esses três lutadores tinham diferentes condições: um estava licenciado, o outro estava aplicando para a licença e o terceiro não foi licenciado. Eu não posso falar sobre as consequências legais para eles, mas eles podem se consultar com um advogado e se defender antes da discussão da Comissão. E, como eles estavam em diferentes condições legais, a Comissão deve ter diferentes maneiras de lidar com cada um dos casos. E se você quer saber o que podemos fazer e quais são as opções de punição para cada um deles, então você terá que acompanhar a audiência pública.
Fonte: http://sportv.globo.com/site/combate/no ... onnen.html
Comissão Atlética define futuro dos lutadores em audiência pública nesta terça-feira e afirma não reconhecer isenção de Belfort para uso de TRT
Por Evelyn Rodrigues
De Las Vegas (EUA)
A Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC) vai discutir em audiência pública, na próxima terça-feira, o futuro de Wanderlei Silva e Chael Sonnen. Enquanto o brasileiro terá que se explicar por não ter se submetido ao teste surpresa solicitado pela entidade, o americano pretende apelar sobre o resultado de seu exame, que indicou o uso de substâncias proibidas em seu organismo. Originalmente, Wand e Sonnen se enfrentariam no UFC 175, marcado para o dia 05 de julho em Las Vegas, mas como o “Cachorro Louco” não se submeteu ao exame surpresa, ele acabou sendo retirado do card e substituído por Vitor Belfort. O duelo foi posteriormente cancelado depois que o americano foi pego no antidoping.
Nesta sexta-feira, o Combate.com visitou a sede da NSAC em Las Vegas, nos EUA, e conversou com o diretor executivo do órgão, Bob Bennett, o vice-procurador geral da entidade, Christopher Eccles, e o consultor médico, Dr. Timothy Trainor, para esclarecer algumas dúvidas sobre o caso desses três lutadores. Apesar de os comissários não poderem dar detalhes sobre o que será discutido na audiência dessa terça-feira, foi possível perceber que a entidade será dura nas punições:
O novo diretor executivo da Comissão Atlética de Nevada, Bob Bennett (Foto: Evelyn Rodrigues)
- Queremos ter uma conduta exemplar. Nós somos o órgão regulador do esporte em Nevada e trabalhamos com os promotores, que destinam um montante significante de dinheiro para administrar esses testes. Então os próprios promotores de eventos trabalham em parceria conosco, para que não tenhamos um atleta se utilizando de substâncias que melhoram o seu desempenho e obtendo uma vantagem competitiva que não é justa. Nós realmente estamos trabalhando em benefício dos lutadores e eles sabem disso. Os atletas sabem o que podem e o que não podem fazer e é o nosso trabalho fazer com que as leis e regulamentos sejam cumpridos - declara o diretor executivo do órgão.
Além de Wand e Sonnen, Vitor Belfort também deveria comparecer à audiência, pois estava em processo de licenciamento por conta do duelo contra o americano. Com o cancelamento da luta, no entanto, a entidade retirou Belfort da agenda, mas afirmou que se reunirá com ele no próximo mês para avaliar seu caso separadamente. A NSAC, no entanto, deu um aperitivo do que deve ser discutido na audiência que tratará do licenciamento do “Fenômeno”. Isso porque, o brasileiro fazia uso de TRT (Terapia de Reposição de Testosterona) e tinha permissão para se submeter ao tratamento concedida pela Comissão Atlética Brasileira de MMA. A NSAC, no entanto, afirma que a isenção só teria validade no Brasil. Testado em fevereiro de 2014, em um exame surpresa durante um evento na cidade de Las Vegas, o lutador apresentou elevados níveis de testosterona.
- Nós somos a Comissão Atlética do Estado de Nevada e você tem que obter um TUE (Isenção para Uso da Terapia) conosco antes de se submeter a qualquer tratamento. Nós temos que aprovar o uso daquela substância banida pela WADA para o seu uso por razões médicas. Nesse caso a que você se refere, isso nunca foi aprovado pelo Estado de Nevada. O TUE obtido no Brasil não tem validade global. Eu realmente não quero entrar em nenhum detalhe sobre o caso do Sr Belfort, ele é um grande lutador e veio até a Comissão, então nós gostaríamos de ser justos e objetivos. A nossa audiência para falar sobre ele ainda não tem dia marcado, mas deve acontecer na nossa próxima reunião em julho. Nesse momento, não seria justo da nossa parte falar sobre qualquer situação específica - afirmou Bennett.
Confira abaixo a entrevista na íntegra:
Combate.com: Como é o processo para se obter uma licença em Nevada?
Bob Bennett: Todas as informações sobre o processo de licença estão detalhadas no nosso website. O atleta tem que fazer uma série de exames e, assim que a licença for concedida, ela tem validade de um ano calendário. Então, se você conseguir a licença em julho, por exemplo, ela vai expirar no dia 31 de dezembro daquele ano. Todo ano você pode reaplicar para a renovação da licença. O processo pode ser iniciado no nosso website, que detalha como renovar a licença anualmente. Mas é importante ressaltar que o atleta pode aplicar para a licença a qualquer momento durante o ano calendário, mesmo que eles não tenham luta marcada nos próximos meses.
Dr. Timothy Trainor: Os requerimentos médicos são bem específicos. O Estado de Nevada licencia lutadores de boxe, MMA e kickboxing, além de promotores, juízes e empresários. Mas com relação aos atletas, há sim requerimentos específicos, que envolvem por exemplo tomografia computadorizada, raio X do peito e exames de sangue, de HIV e hepatite.
Quanto tempo geralmente demora esse processo de licenciamento?
Dr. Timothy Trainor: Depende do atleta. Os exames levam, em média, de uma a duas semanas para ficarem prontos e, como nós não o direcionados para nenhum médico ou instituição em especial, tudo depende do lutador. Depois de obterem os resultados, os atletas entregam os documentos à nossa Comissão, eu os analiso, pois sou o consultor médico aqui, e se tudo estiver ok com as aplicações e sem contra-indicação para eles competirem, isso será encaminhado para a os cinco delegados do nosso Estado, que irão aprovar ou negar a licença. A Comissão se reúne uma vez por mês, às vezes mais de uma vez por mês, mas todo o processo pode durar de um a dois meses para que a licença seja obtida.
Os lutadores têm um prazo para dar entrada na solicitação de licença?
Dr. Timothy Trainor: Por exemplo, se um atleta está planejando lutar em um card no dia 4 de julho, ele teria que submeter todos esses exames e informações à nossa Comissão pelo menos com um mês de antecedência. Isso, no cenário ideal, pois a Comissão se reúne uma vez por mês. Se essa pessoa quer competir nessa data e nos entrega os documentos no dia 1 de julho, não há tempo suficiente, pois a Comissão pode não se reunir. Não há um tempo pré-determinado, mas o quanto antes o lutador enviar todas as informações necessárias melhor para ele. Como o Bob disse, uma licença é válida por um ano e, se o atleta planeja lutar em Nevada e quer receber a licença, o mais fácil seria submeter toda a papelada para aprovação em janeiro, pois ele estaria licenciado pelo ano todo.
Bob Bennett: Nós podemos emitir uma licença até um dia antes da luta. Nós não gostamos disso, mas isso já aconteceu, foi uma exceção. Estou dizendo isso para explicar que nós gostamos de colaborar e acomodar todos os lutadores.
Christopher Eccles: O ideal seria que o lutador aplicasse o mais rápido possível para que nós possamos avisá-lo se houver ou não algum problema. Além disso, a Comissão tem dois funcionários que falam espanhol e português, então se você está tendo dificuldades em entender alguma coisa, nós temos um telefone, nos ligue e peça ajuda que nós vamos buscar um intérprete para te atender e ajudar a sanar as suas dúvidas.
Como funcionam os testes antidoping? Com que frequência os lutadores podem ser testados?
Bob Bennett: Nós estamos no negócio de lutas. Nós regulamos o esporte e queremos que as pessoas venham aqui e lutem quantas vezes os promotores puderem promover seus cards. Quando as pessoas falam sobre teste surpresa trata-se de um termo impróprio, porque eles não são verdadeiramente surpresa. A prioridade número um da NSAC é a saúde e a segurança de todos os lutadores e nós fazemos tudo o que está ao nosso alcance para proteger esses lutadores. Nós temos aqui o NRS 467 (Estatuto Revisado de Nevada), que é acessível a qualquer lutador, promotor ou empresário, e temos os NAC 467 (Código Adminstrativo de Nevada), que também detalha tudo o que fazemos, quais drogas são proibidas, o que é permitido e o que não é. E, provavelmente o mais importante, nós seguimos o protocolo WADA ( Agência Mundial Antidoping), com normas internacionais. Nesses três documentos, está bem explicado o que nós podemos e não podemos aceitar quando realizamos esses testes. Então, não é um teste surpresa. Todos os lutadores sabem o que é legal e o que não é. É responsabilidade deles se eles se arriscam a tomar uma droga proibida e, em seguida, nós decidimos testá-los. Todos os lutadores são testados antes da luta e, então, nós selecionamos aleatoriamente alguns lutadores para o teste pós-luta. Nós geralmente testamos antes e depois do combate os atletas das duas principais lutas da noite.
Christopher Eccles: A Comissão pode testá-lo a qualquer momento. Você tem que se submeter a qualquer teste que a Comissão requisitar, seja ele sangue ou urina. Se você está preocupado se está tomando alguma substância, você tem que revelar isso à Comissão, tem que nos falar tudo o que você estiver tomando. Nós temos um site, temos email, temos telefone. Você precisa nos informar se tiver tomando qualquer coisa que é proibida, porque a Comissão pode testá-lo a qualquer momento e nós vamos fazer isso. Por isso temos os testes aleatórios, que não são feitos em dia de competição, e nós não podemos entrar em mais detalhes sobre como eles são feitos, porque temos que nos certificar que estamos fazendo um programa antidoping efetivo com o objetivo de proteger os lutadores e seus adversários e a integridade do esporte.
Vice-procurador da NSAC, Christopher Eccles, o diretor executivo Bob Bennett e o consultor médico, Timothy Trainor (Foto: Evelyn Rodrigues)
Um lutador que ainda não deu entrada nos documentos para obter a licença em Nevada pode ser testado mesmo sem estar licenciado?
Dr. Timothy Trainor: Por exemplo, se você é um lutador que está planejando competir no estado de Nevada no dia 20 de novembro e estamos em julho, mas o promotor da luta já mencionou que pretende te chamar para lutar no dia 20 de novembro, por mais que você não tenha uma licença no nosso estado, é público, todo mundo, e não apenas nós da Comissão, sabe que você vai participar dessa luta. Então, número um: você precisa aplicar para a licença. Número dois: você já expressou vontade de lutar nesse card e, nesse ponto, se a Comissão decidir que você poder ser testado aleatoriamente, isso vai acontecer. É claro que, se é alguém que não planeja lutar em Nevada e que não está licenciado, então não temos porque testá-lo. Nós não queremos testar alguém que não faz ideia se vai lutar em breve aqui ou não.
A NSAC sempre seguiu o protocolo da Agência Mundial de Antidoping (WADA)? Houve alguma mudança recente nos testes antidoping?
Dr. Timothy Trainor: Sim, nós sempre seguimos o protocolo da WADA, que é a entidade que regulamenta outros esportes, inclusive os esportes olímpicos. A lista da WADA de substâncias que são banidas é pública, está divulgada na internet. Os lutadores são responsáveis por tudo o que eles ingerem ou colocam em seus corpos, sejam bebidas, injeções, pílulas, qualquer coisa. Nós tentamos explicar isso para eles e para os promotores. Se você não sabe o que está tomando, você não deveria tomar. Se você não sabe o que é essa substância, for testado e o teste der positivo, nós teremos que puni-lo. E é muito comum os lutadores dizerem à Comissão, depois de terem testado positivo, que não sabiam o que tomaram ou que não sabia que aquela era uma substância banida. Sinceramente, esta não é a resposta correta. Você é responsável por qualquer coisa que você coloque em seu corpo. Se você é um lutador e não sabe o que está tomando, eu diria para você não tomar ou para você procurar um médico e descobrir o que é. Você também pode nos ligar e, como consultor médico da NSAC, eu sempre recebo emails perguntando: “Será que posso tomar isso?”. Isso é perfeito, é o que queremos. Nós estamos aqui para contribuir com o desenvolvimento do esporte. Aproveitando, quero ressaltar que receber uma licença para competir em Nevada não é um direito. É como dirigir. Você não pode sair por aí dirigindo só porque você quer, você precisa tirar a carteira de motorista para fazer isso. E se você é cego, não será licenciado. E se você dirigir assim mesmo, será preso. É a mesma coisa aqui, isso não é um direito e é por isso que o esporte é regulamentado. Só porque você respira e vive isso não significa que você deveria ser licenciado para competir no MMA. Eu acho que algumas pessoas não entendem que isso é um processo que objetiva tornar o esporte o mais seguro possível para todos os envolvidos. Nós sabemos que há riscos inerentes ao MMA, como em qualquer outro esporte, mas isso não é um direito. Você tem que passar por um processo e se você não atender aos requisitos de segurança e de não ter uma vantagem desleal com relação aos demais competidores, então você não será licenciado.
O que fez com que a NSAC optasse por banir a Terapia de Reposição de Testosterona?
Bob Bennett: Primeiro, só quero esclarecer que, como a licença para lutar, o documento que concede a isenção para uso do TRT, o chamado TUE (Isenção para Uso da Terapia), também tinha que ser renovado anualmente, pois expirava todo dia 31 de dezembro. Então todos os TUEs que permitiam o uso de TRT no Estado de Nevada expiraram no dia 31 de dezembro do ano passado e, em fevereiro deste ano, nós optamos por não mais conceder esse tipo de isenção a nenhum atleta, por isso que o tratamento foi oficialmente banido. E, se não estou enganado, durante a audiência que proibiu de vez o TRT, ninguém teve alguma objeção à proibição do tratamento, depois que os efeitos positivos e negativos da terapia foram explicados. Naquela audiência pública, muitas pessoas tiveram a oportunidade de expressar a sua opinião e de contestar e ninguém fez isso. Na verdade, o que aconteceu foi que outras Comissões passaram a seguir o nosso exemplo e a banir a terapia, que foi o caso da Comissão Brasileira de MMA. Nós só queremos que isso seja justo, tem que ser uma competição justa para os lutadores, para que o melhor atleta vença.
Dr. Timothy Trainor: Se você olhar para a lista da WADA, testosterona está na lista de substâncias proibidas e sempre foi. Eu não acho que as pessoas entendem que testosterona é a mesma coisa que qualquer esteróide anabólico ou substância utilizada para melhoria de desempenho. Dito isso, o problema todo com o TRT tomou essa dimensão nos últimos quatro anos. Inicialmente, aqui em Nevada, nós liberamos algumas isenções, acredito que cinco no total, durante esse período. E a razão pela qual nós concedemos essas isenções é que nós não queríamos discriminar alguém que, potencialmente, precisava daquela terapia. O problema é que a prevalência de hipogonadismo, o número de casos dessa doença, não é tão alto, mas nós estávamos recebendo cada vez mais solicitações, muito mais do que nós esperávamos. Por exemplo, todo mundo sabe sobre diabetes, porque você provavelmente tem um amigo ou um familiar que tem essa doença. Diabetes é uma doença muito comum e o tratamento para ela, a insulina, está na lista de substâncias proibidas da WADA. Eu trabalho aqui há 7 anos e nós nunca recebemos uma solicitação de uso de insulina para um diabético. O que eu estou querendo dizer é que isso não faz sentido. Se você pensar no número de pessoas nesse mundo que é diabético e quantas pessoas têm hipogonadismo, a média não é nem um pouco próxima. Diabetes é muito mais comum. Fora isso, uma das causas de se ter baixos níveis de testosterona em qualquer pessoa é se você usou drogas de aumento de redimento no passado. Então, o problema para a nossa Comissão é que nós não queremos recompensar alguém que trapaceou no passado e que agora tem baixos níveis de testosterona e isso foi um dos motivos que levou a nossa Comissão a banir o TRT. Se você está com baixo nível de testosterona, talvez você não deva mais competir no esporte.
Dana White afirmou essa semana que os lutadores que faziam uso de TRT deveriam ter tido um período de adaptação depois da proibição do TRT no esporte. Qual a recomendação da NSAC?
Dr. Timothy Trainor: Do ponto de vista médico, se alguém estava fazendo uso de TRT, primeiro de tudo, ele tem que se consultar com o seu médico. E se ele quer aplicar para uma licença em Nevada, certamente o atleta precisa parar a terapia imediatamente. A minha recomendação como médico é que ele espere pelo menos seis meses para voltar a competir. Se ele quer ter certeza de que não terá um teste positivo, em seis meses ele deve estar como organismo limpo. Tecnicamente, até em menos de seis meses, mas, de novo, a minha recomendação seria pare o tratamento, espere seis meses e não anuncie que vai lutar em Nevada, porque senão você estará sujeito a um teste aleatório. Você precisa realmente estar fora do radar por seis meses, fora da mídia e dos holofotes e só anunciar que pretende lutar de novo depois de ser liberado pelo seu médico. Esse é o caminho mais seguro para alguém que estava fazendo uso dessa terapia ter um recorde limpo e sem questionamentos.
Bob Bennett: Se TRT foi proibido e você vai tomar outra substância proibida para sair do tratamento, você vai ser pego.
Christopher Eccles: Se alguém estiver usando uma substância proibida ou não sabe ao certo se está usando, é preciso contactar a comissão o quanto antes. Nada mudou no tocante à lista da WADA ou às proibições da Comissão no uso dessas drogas. Se a pessoa precisa parar de tomar uma substância proibida e foi orientada por um médico a utilizar outra ou diversas substâncias que também são proibidas, ela ainda precisa conversar con a Comissão, pedir orientação ao Dr Timothy e discutir se esse tratamento é apropriado ou não.
Sabemos que vocês não podem falar sobre os casos do Wanderlei e do Sonnen porque eles estarão na agenda dessa terça-feira, mas o Vitor Belfort foi retirado da programação. Como fica o caso dele? Tem algo que vocês podem comentar a respeito?
Bob Bennett: Nós somos a Comissão Atlética do Estado de Nevada e você tem que obter um TUE conosco antes de se submeter a qualquer tratamento. Nós temos que aprovar o uso daquela substância banida pela WADA para o seu uso por razões médicas. Nesse caso a que você se refere, isso nunca foi aprovado pelo estado de Nevada. O TUE obtido no Brasil não tem validade global. Eu realmente não quero entrar em nenhum detalhe sobre o caso do Sr Belfort, ele é um grande lutador e veio até a Comissão, então nós gostaríamos de ser justos e objetivos. A nossa audiência para falar sobre ele ainda não tem dia marcado, mas deve acontecer na nossa próxima reunião em julho. Nesse momento, não seria justo da nossa parte falar sobre qualquer situação específica.
Dr. Timothy Trainor: Vou fazer um comentário e é isso. No caso específico do Sr Belfort, ele não tinha uma solicitação de isenção de uso de terapia no Estado de Nevada para fazer uso de testosterona. Fim de história, isso é um fato. Nós já dissemos essa é uma substância proibida na lista da WADA e ele não tinha permissão do nosso estado para fazer uso da terapia.
Christopher Eccles: Todos esses lutadores que você mencionou estão na nossa agenda, independente de ser a de terça-feira, e nós não podemos comentar sobre os casos deles especificamente porque eles serão discutidos pelos delegados da Comissão. Mas é importante explicar que esses três lutadores tinham diferentes condições: um estava licenciado, o outro estava aplicando para a licença e o terceiro não foi licenciado. Eu não posso falar sobre as consequências legais para eles, mas eles podem se consultar com um advogado e se defender antes da discussão da Comissão. E, como eles estavam em diferentes condições legais, a Comissão deve ter diferentes maneiras de lidar com cada um dos casos. E se você quer saber o que podemos fazer e quais são as opções de punição para cada um deles, então você terá que acompanhar a audiência pública.
Fonte: http://sportv.globo.com/site/combate/no ... onnen.html