Sharivan escreveu: ↑06 Nov 2020 11:26
Perfeito! Só um adendo: vivemos, mais do que nunca, num mundo de aparências; o tino ou talento comercial tem prevalecido em cima disso. Não por acaso, marcas e produtos que focam basicamente em estética e consigam alcançar o público, seja pela acessibilidade em virtude do preço ou mesmo por conta de um forte apelo comercial, tendem a obter sucesso. Conforme o seu próprio exemplo, o forte da
Chilli Beans não é a qualidade em si, mas, simplesmente, o fato de serem acessíveis em termos de preço e disponibilidade (praticamente qualquer shopping-center do Brasil tem uma lojinha da marca!), o que aliado ao fato de oferecerem produtos esteticamente interessantes, acaba por conquistar o mercado. A mulherada de bobeira no shopping, vê um óculos, relógio ou uma bolsa bonita num preço convidativo e com a possibilidade de parcelar... Ainda mais sabendo que é um produto "de marca", pô, é venda na certa! Na música a lógica não muda, e estilos como funk e sertanejo universitário investem tudo nas suas produções: videoclipes visualmente chamativos, com forte apelo sexual e ostentação; ritmos simplórios e repetitivos que "grudam" no cérebro em meio a letras rídiculas, que "ganham" o povão justamente pela falta de vergonha e sua simplicidade (leia-se: pobreza artística). O acerto desse pessoal consiste em dar ao povo o que o povo quer, por mais que o gosto da massa seja extremamente duvidoso.
Concordo com o adendo. Foi cirúrgico. As pessoas querem merda e eles oferecem. Casamento perfeito de demanda e oferta.
Eu lembro que na época de agência (foram duas décadas de mercado publicitário) a gente tava numa discussão mais ou menos assim: na nossa mesa era ponto pacífico que a programação da TV Cultura era melhor que a Globo. Mas quem tinha mais ibope era a Globo. Aí uns defendiam que a Globo dava o que povo queria, outros que o povo não tinha escolha, porque a Globo enfiava coisa de baixo nível cultural goela abaixo.
Eis que veio o argunento definitivo: Luiz Fernando Carvalho tinha lançado Hoje é Dia de Maria. Uma série bonita, bem construída, direção fina, sucesso de crítica. O relatório de audiência que a gente recebeu da Kantar (na época acho que era só Ibope o nome) mostrava o seguinte: baixa audiência.
Então é isso que tu falou, não adianta, as pessoas querem coisas fáceis, são pobres culturalmente falando, gostam de produto bosta.
Consequentemente vende se bosta e fica por isso mesmo.
É essa a regra do jogo.