VagabondMusashi escreveu:
Luke no IV:
se fosse lá em casa tinha tomado uma chinelada na boca
Pra mim essa cena é uma das maiores da história do cinema... o ápice do "show, don't tell". Amargura, ambição, solidão, frustração, tudo tá aí.
Luke no VI:
Já um guerreiro, herói, e há muito longe do caminho de Jedi bonzinho.... como o colega falou, a roupa preta diz bastante
"Liberte o Han ou eu vou matar você e todo mundo"
O arco do Luke, Han, Leia foi sim fantástico. O do Anakin -nos filmes- foi bisonho
Essa cena do Luke contemplando o horizonte, com tema de John Williams inspirado em Morricone, é realmente sensacional, tem o espírito que fez a fama da saga.
Ao colocar seus personagens fora da nossa história, "há muito tempo, numa galáxia muito distante", George Lucas encontrou uma forma lúdica de mostrar a essência dos dramas humanos, criando toda uma mitologia inspirada na de nossos ancestrais, como escreveu Joseph Campbell no livro O poder do mito.
Penso que um dos problemas da trilogia prequel é o pedágio exagerado ao tal universo expandido. Nessa época, Lucas já se sentia meio que refém da legião de nerds que têm a franquia como verdadeira religião. A narrativa, que era simples, tornou-se complexa. E os personagens, até por falta de tempo psicológico na tela, pela enorme quantidade de acontecimentos, seguiram o caminho inverso, ficando mais rasos ou confusos.
De lá pra cá, os estudos sobre dramaturgia para entretenimento de massas evoluíram muito. Ainda que não seja uma ciência exata, tem muita gente boa dedicada a decupar as fórmulas de sucesso, com fins de interpretação e reprodução, que estão na essência da nossa indústria cultural. No caso do Despertar da Força, ficou clara a intenção de recuperar as premissas mitológicas e morais originais do universo Star Wars, em detrimento de um certo gueto de iniciados que tinha meio que sequestrado a franquia, com a trilogia prequel e o universo extendido. Para mim, "fã das antigas", essa é uma boa notícia
