Azarias escreveu:
Não quero colocar fogo na discussão, mas sei que vou sofrer intolerância por parte dos muito "tolerantes".
Entendo tanto quem apoia a união entre pessoas do mesmo sexo, e que se baseiam no princípio da igualdade, como também entendo quem não apoia, e que se baseiam numa noção de moralidade e valores oriundos da instituição matrimonial tradicional.
Porém, sobre o incesto, a proibição baseada em "evitar problemas genéticos na procriação" não faz qualquer sentido, pois casais homossexuais compostos apenas por homens - ou apenas por mulheres - não procriariam. Lembre que homossexuais não procriam, mas o casamento é apenas um contrato social, e a procriação não é requisito obrigatório à união. Além disso, para casais heterossexuais em que o homem ou a mulher são estéreis, ou foi feita a laqueadura/vasectomia, ou que simplesmente decidirem não ter filhos, também não faria qualquer sentido se impor tais limitações.
Como um segundo argumento, temos que o casamento entre primos não é proibido, apesar de ser cientificamente comprovado que há uma maior incidência de problemas genéticos na prole oriunda desse tipo de união.
Sobre o casamento entre mais de duas pessoas (com uniões entre três, quatro, dez pessoas...), dizer que seria difícil de conseguir a aprovação não faz nenhum sentido, pois, se o casamento é apenas um contrato social, é importante lembrar que contratos podem ser bilaterais ou plurilaterais. Não se poderia proibir contratos plurilaterais, se os bilaterais são permitidos (a não ser que o casamento seja algo mais que um mero contrato...). Além do mais, a dificuldade em aprovar não deveria ser motivo para que seja apoiada/obstaculizada uma específica conduta.
Resumindo:
a) quem acredita que não há problema no casamento de pessoas do mesmo sexo não deveria ser preconceituoso com pessoas da mesma família que decidam se casar, como mãe e filho, pai e filha, irmão e irmã... se o casamento é apenas um contrato, é preconceito impedir que pessoas maiores - e que se amam - de constituir família, mesmo que não seja a família tradicional;
b) se a família tradicional (homem, mulher e sua prole) é conceito anacrônico, dogmático e preconceituoso, não pode haver proibição de casamento entre mais de duas pessoas, pois os contratos podem ser bilaterais ou plurilaterais.
Tenho uma notícia para você (não vc, Lex Babyface, falo de uma forma geral), cidadão brasileiro intelectual, escorreito e mente aberta (e brilhante/brilhosa!): se vc é favorável ao casamento de pessoas do mesmo sexo e acha errado que que pessoas maiores, e que se amam, mesmo que sejam mãe e filho, possam se casar, vc não passa de um preconceituoso.
Se não puder se sentir preconceituoso, talvez seja a hora de perceber que é menos intelectual, escorreito e mente aberta (e brilhante/brilhosa!) do que imagina...
É justamente por isso Azarias, homossexuais nao podem reproduzir, logo, nao há dano a um filho eventual, já que nao há como homossexuais conceberem um filho ao nao ser por adoçao ou barriga de aluguel. No casamento incestuoso heterossexual há o risco desse dano, e esse sempre foi o principal motivo de sua proibiçao.
O que poderia-se fazer nesse caso, seria a liberaçao deste tipo de casamento, com a proibiçao de procriaçao. Na verdade, é uma discussao um tanto inócua para o momento, já que nao há perspectivas próximas disso, mas de forma alguma eu me oporia, como pensei que já tivesse deixado claro.