Alguns apontamentos.... Os judeus da diáspora de fato usavam a septuaginta, mas todas as versões da septuragina que possuímos datam da eram cristã. Ninguém sabe ao certo quais livros exatamente faziam parte da versão grega. Ainda, a septuagina nunca funcionou como um cânone judeu. Eles traduziram diversos livros que julgavam ter valor histórico ou espiritual, não necessariamente Escritura. Muitos estudiosos do cânon dizem que a invenção do códice levou alguns autores cristãos primitivos a interpretar erroneamente que todos os livros judaicos traduzidos para o grego eram considerados escrituras, pois eles ficavam num mesmo codex, o que não ocorria no caso dos rolos (em que os livros ficavam separados).café c/ leite escreveu: ↑12 Mar 2020 02:10É a questão da Septuaginta VS Texto massorético. A vulgata dos católicos, se não me engano, foi traduzida do hebraico e pegou alguns dos deuterocanônicos da Septuaginta. Os protestantes só usam a versão hebraica do massorético.
Já os cristãos ortodoxos usam somente a Septuaginta, com todos os livros deuterocanônicos. Na liturgia ortodoxa grega o texto é utilizado no original, em grego koine.
Sobre o que os judeus usavam e o que vale, primeiro tem que entender que haviam os judeus palestinos e os judeus da diáspora, esses últimos traduziram a Septuaginta, em Alexandria, no século III A.c.
Os judeus palestinos realmente não tinham os livros deuterocanônicos, mas os judeus da diáspora, mais numerosos e espalhados por todo o mediterrâneo, utilizavam a Septuaginta e foi essa que foi transmitida para os primeiros cristãos, inclusive a maioria das referências ao Velho Testamento que aparecem no Novo Testamento foram retiradas da Septuaginta, não da versão em hebraico.
A hipótese de que havia um canone alexandrino (septuaginta) diferente do canone palestino é hoje amplamente rejeitada, pois não temos qualquer autor judeu antigo tratando os deuterocanônicos como Escritura. Um exemplo notável é Filo de Alexandria (o filósofo judeu alexandrino) que não menciona qualquer dos deutero como Escritura, tendo ainda citado quase todos os outros livros como Escritura. Outra testemunha importante é o historiador Flavio Josefo, que também conhecia os judeus alexandrinos, e atestou que o cânon judaico não era objeto de polêmicas, assinalando o cânon do texto massorético. Orígenes, no séc. II, diz o mesmo. Jerônimo (o tradutor da vulgata citada por você), que era erudito no hebraico, dizia o mesmo.