Mas eu acredito nisso mesmo, Armlock. Se tomamos como referência a humanidade inteira, da alvorada do homem até hoje, estes valores são todos relativos, como você muito bem explicou.armlock escreveu: Po Marcial... releia com cuidado o que voce escreveu. Voce praticamente abriu a porta para relativizar qualquer coisa.![]()
Na historia da humanidade, datando back para o tempo onde a vida media era vinte e poucos anos, o comportamento natural era o cruzamento com as meninas assim que elas se tornassem ferteis. E geralmente, nao por namoradinhos, mas pelos homens maduros mais dominantes nos grupos. Nada diferente dos outros mamiferos. E isso perdurou ate nao muito tempo atras.
Isso permitia-lhes dar a luz e criar varios filhos antes de morrer, de doenca, inanicao, violencia, etc, ainda muitissimo jovem em comparacao aos dias de hoje.
Da mesma forma, era comum inbreeding (acasalamento entre parentes), cruzamento com outras especies (neanderthal e Cro-Magnon, etc) e outros comportamentos "experimentais". Isso sempre existiu e sempre existira...
Porque? Quanto a questao, eu vou ser ainda mais controverso (e nem vi o video)... Eu sempre disse que comportamento sexual eh algo inerente a pessoa. Ou voce sente desejo e excitacao olhando para um(a): mulher, homem, crianca, cachorro, cavalo, bode, corpo morto, etc ou nao sente. Se sente, nao eh porque alguem lhe mandou sentir ou disse que sentir era permitido, mas por causa de uma resposta fisiologica do seu cerebro.
Se voce criminalizar seja la qual for o ato, por exemplo sentir atracao por mulheres casadas, seu corpo nao vai deixar de reagir da mesma forma. Voce vai simplemente, como disseste em outro post, coibir sua reacao e tentar esconde-la (no mesmo famoso armario dos gays) Da mesma forma, se eu disser que agora gays podem casar, quem nao sente atracao pelo mesmo sexo nao vai passer a sentir. Apenas quem sente, seja la em que nivel, vai poder parar de esconde-la.
A questao de criminalizar um comportamento eh apenas uma decisao que uma sociedade deve fazer de forma a coibir comportamentos naturais ou nao que sejam de alguma forma considerados danosos ou prejudiciais aos seus individuos. Agora nesse sentido as pessoas precisam entender que alguns comportamentos (em geral) podem ser realmente prejudiciais a estabilidade, seguranca ou saude da populacaol (roubar, matar, incesto etc), apenas uma heranca de convencoes religiosas (exemplo: divorcio, pesquisas em celula tronco, etc) ou um mixto dos dois (exemplo: aborto..)
Indo alem um pouco, no finado forum, ja houve discussoes interessantes, infelizmente perdidas agora, sobre qual o efeito que deveria ter no Sistema juridico/legal as progressivas descobertas da neuroscience, que mostram cada vez mais que o seu cerebro se porta de forma quase deterministica e que a sua consciencia eh um "pos processador" (meu termo) para os seus processos de decisao. Se eventualmente for demonstrado, como as coisas parecem se encaminhar, que dado um momento fixo no tempo/espaco voce nao tem mais do que uma escolha possivel, entao isso eventuamente tera que causar uma enorme revisao no processo legal de todo mundo.
Obviamente, isso ainda esta muitissimo longe de acontecer, mas eh uma perspectiva interssante com a qual talvez daqui a 5 ou 6 geracoes, nossos descendentes estejam tendo que lidar.
Mas se tomamos como referência a consciência humana de um indivíduo apenas, perceberemos que alguns valores devem ser 'absolutos', refletindo seu lugar no mundo e seu papel histórico.
É claro que se trata de uma questão complexa, tanto quanto estes conceitos que estamos debatendo. 'Absoluto', 'relativo', 'referência', são conquistas da linguagem que dispomos há pouco tempo.
Tentando resumir o pensamento, acredito que toda nossa inteligência e capacidade de projeção no passado (e no futuro, caso dos visionários) não serve de álibi para nosso comportamento hoje.
Com certeza, essas conquistas do espírito humano podem servir para compreendermos nossos antepassados e até mesmo outros povos de nossa época, enterrando um 'absolutismo tout court'.
Mas usadas em prol da legitimação de comportamentos que não devem ser tolerados por cada consciência num lugar específico, servem ao anacronismo e promovem a injustiça que julgam combater.