Dutch escreveu:
Mestre, mas como aferir raça? As cotas para universidades já demonstram uma fragilidade extraordinária, mas como não é um emprego, isto não gera muito apelo. As cotas de 20% para os concursos federais já está começando a gerar problemas, vide o fórum da Polícia Federal. E sobre o Rio Branco, eu conheço um cara que entrou recentemente que não pode, sob nenhum aspecto, ser considerado negro.
Reconheço o problema (não sou maluco), mas entendo que a solução via cotas raciais (e não sociais) não é a solução, mas sim a criação de um outro problema.
Pô, você me conhece pessoalmente, sabe que eu sou branquelo azedo, mas meu pai foi classificado, quando fez a inscrição no Colégio Naval, como pardo. Há um documento oficial que diz que meu pai é pardo. Se eu fizesse concurso público para cotas (cotas são para negros e pardos), eu poderia me autodeclarar pardo, tomar posse, apensar o documento junto ao meu assentamento funcional e, se alguém questionasse, levaria essa pessoa à delegacia mais próxima.
A diferença é que eu não preciso disso e tenho vergonha na cara, mas percebe o tamanho do pepino?
Salve Dutch, concordo com voce que cota social é melhor que a racial, foca mais no problema em si. Mas cota para classe econômica como sugere o Aquatico é muito mais dificil de se implementar e fiscalizar. E no Brasil um monte de ideias boas naufragam ou são desperdiçadas por serem de difícil implementação. Ideias boas todos têm, não precisa ser gênio para te-las. O genial no estado brasileiro não é ter ideias boas, é saber implementar e executar as ideia que tem.
Sobre a questão das cotas sociais e raciais, uma cota social que para mim seria a melhor de todas seria a cota na universidade para quem fizer escola pública. Isso geraria externalidades inúmeras e tenderia no fim a beneficiar todos os estudantes de escola pública, porque empurraria a classe média para a escola pública, que é quem brigaria e forçaria o estado a fornecer escola publica de qualidade. Escola pública de qualidade beneficiaria todo mundo, inclusive os que não vão para faculdade. Mas essa ideia de cota para todos os alunos da escola publica já foi para o brejo! Como essa ideia está descartada, melhor ter cota racial do que não ter cota nenhuma, até porque a chance de a cota racial atingir os mais pobres é grande, conforme o número que apresentei acima
Sobre a cota do Rio Branco, eles dão bolsa de estudo para negro se preparar para o concurso. Sou a favor de cotas para formação. Qualquer chance de melhorar o nivelamento de formação vale a pena. E como a maior parte dos negros vem tendo desvantagens para se formar melhor desde que nasceram, políticas de corte radical como cotas vão ajudar a tentar renivela-los em termos de formação. Agora para executar, formular e implementar politicas publicas e gerenciar projetos estatais não vejo muito sentido ter cotas. Um trabalho não vai ser melhor executado por causa da cor e da raça de ninguem, mas sim por outros criterios. Então esses outros critérios são os que devem selecionar o servidor publico que vai formular, implementar e monitorar politicas para todo o país.