Sagramor escreveu:
Cara, acho que você está navegando em uma discussão semântica. Existe uma definição coloquial para crença, que é ligada à Fé, crer em verdades sem a necessidade de evidências. E existe uma definição de crença como objeto epistemológico. Isso não é incomum, a palavra "teoria" também tem significados diferentes de forma coloquial e científica.
Achei que você estava utilizando o termo de forma coloquial, então argumentei com base nisso. Mas crença no sentido científico nada mas é do que sinônimo de hipótese ou proposições.
Estou ciente dessas definições. Teoria em ciência tem um status mais 'plus', digamos.

No tocante ao cristianismo, na própria Bíblia tem cartas de Paulo que diferenciam de crer (no sentido de fé) e acreditar (sentido coloquial). Usei o sentido coloquial, porque achei o mais adequado para explicar meu ponto de vista e por saber que os leitores (pelo menos a maioria) não têm tanta familiaridade com os temos. Inclusive eu teria que me policiar e rever o texto para não deixar passar.
Sagramor escreveu:
Vou fazer outra observação: em nenhum momento comentei aqui para dar opinião sobre o achado específico do tópico. Como eu já disse em outro post, um artigo ou descoberta científica só significa alguma coisa se acompanhada da revisão por pares, da devida falseabilidade e etc. Até lá, são hipóteses. O que fico chateado é o combate ao conhecimento científico utilizando obscurantismo e dialética.
Não sei se seu negrito tem alguma relação com algo que escrevi. Se foi, peço que me mostre, por favor. Como respondi a outro forista, minha intenção nunca foi 'combater o conhecimento científico' sem a utilização de discussões que envolvam o próprio conhecimento científico. Você nunca me verá dizendo algo como "a evolução não existiu, porque Deus criou tudo conforme sua espécie, segundo a Bíblia!" Isso é matéria de fé e é nisso que creio, mas não faz sentido utilizar tal argumento numa conversa como a nossa. Portanto, se escrevi algo que tenha te deixado chateado, por favor me avise. Posso ter sido mal interpretado.
Sagramor escreveu:
O problema é exatamente utilizar o sentido comum da palavra. Você é um lusófono, para você conceitos representados por uma palavra podem corresponder a todo um conjunto de outras palavras em outras linguagens (acho que um exemplo clássico é "saudade"). A matemática também é uma linguagem, que produz seus próprios conceitos. Como a matemática pode não ser alcançável a todos, criam-se abstrações em linguagem natural para representar conceitos matemáticos. Recomendo ler o Tractatus Logico-Philosophicus, do Wittgenstein, para entender essa questão de linguagem e realidade.
Você poderia escrever diversos ensaios filosóficos sobre o "Nada". Assim como você pode escrever vários ensaios filosóficos sobre a definição de "Deus". Você arrisca escolher qual dessas definições corresponde à realidade? Você vai recusar uma teorização sobre uma dessas definições só porque ela não é a que mais te agrada? Como você vai saber se a sua definição é a correta?
Pode ser que a tentativa de teorização científica ainda não tenha alcançado a essência mas você nunca pode alegar que ela não reflete o conceito "real". É como dizer que as fórmulas sobre eletromagnetismo não estão corretas porque a definição de magnetismo dos filósofos pré-socráticos era outra. Hoje, é fácil ligar o conceito de "magnetismo" com a teorização de Maxwell. Mas antes, você poderia alegar que foi criado um novo conceito de "magnetismo", apenas para caber na formulação. Eu tenho muito respeito à Filosofia, que é a base do pensamento racional. Mas nem tudo que está nela corresponde à realidade científica, apenas à cognição.
Entendo, meu caro, mas se alguém traz um novo conceito, por que não criar uma nova palavra para associar a este conceito? Por que pegar uma palavra existente e ressignificá-la, tornando, propositalmente, seu sentido mais amplo e, consequentemente, impedindo a discussão? Nada que não é nada, vácuo quântico... são tantas hipóteses. O objetivo é um só - na minha opinião - criar um argumento filosófico onde há uma lacuna. Com o tempo e a necessidade do ser humano em buscar respostas, aquele argumento filosófico ganha uma importância que não deveria ter, pelo menos nesse caso, onde não há base alguma. Especulação, conjectura, elucubração... chame do que quiser, mas isso não é ciência, uma vez que não há como criar condições para submeter tal tentativa de teorização ao crivo do método científico. Particularmente, enquanto cristão, CREIO que o Big Bang, seja lá o que esse nome abranja, é o modo que Deus usou para a criação. Portanto, sou obrigado a concordar com o Krauss em parte. Ele levanta a hipótese de que o nada não é necessariamente um nada. Que havia algo. Eu também CREIO que havia algo, mas a discussão aí é outra.
Abraço