Médica é espancada covardemente por grupo em confusão por som alto
Enviado: 03 Jun 2020 08:27
Abrigada na residência de parentes desde segunda-feira, a médica Ticyana D'Azambuja, de 35 anos, não pretende mais voltar a morar no Grajaú, na Zona Norte do Rio, depois de ter sido agredida por cinco pessoas, que seriam frequentadoras de uma "festa do corona", realizada neste sábado, numa casa vizinha à dela, na Rua Marechal Jofre. A anestesista decidiu se mudar, por acreditar que não tem mais como continuar morando no local.
-Na primeira noite ainda tive coragem de dormir sozinha. Mas depois da denúncia e da proporção que ela tomou eu agora estou com medo. Infelizmente vou ter que sair da minha casa que tanto amo e que montei com muito carinho e amor. É uma casinha de boneca. Eu lamento muito ter de sair da minha casa, mas estou com medo. Vai ser prudente (a mudança). Seria imprudente continuar ali. É perigoso até para a minha paz de espírito.
Leia também: Imagens mostram agressões relatadas por médica no Grajaú
Por iniciativa de moradores do bairro, foi convocada uma passeata para esta quarta-feira, a partir das 16h, com saída da Praça Edmundo Rego em direção ao endereço onde ocorreu a festa. Os manifestantes vão levar cartazes e flores para denunciar a violência sofrida pla médica. Ticyana contou que além das manifestações de carinho de desconhecidos na Internet, desde que o seu caso veio a tona por meio de uma postagem em tom de desabafo e pedido de socorro numa rede social, também foi procurada por integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, da Defensora Pública do Estado e de profissionais como psicólogos e fisioterapeutas.
- Minha vida ficou de pernas pro ar, mas psicologicamente estou muito estável. Depois do jeito que eu estava no domingo de manhã, me sentindo abandonada e sem fé na humanidade eu vi surgir uma onda de carinho e de amor, numa corrente do bem tão bonita que está me ajudando. Muita gente que nem conheço vem dizer que está orando por mim e que nada de mal vai me atingir. Cada uma dessas pessoas me faz sentir que a gente tem voz. Me sinto muito amparada nesse momento - disse a médica, que agradeceu também o acolhimento que recebeu na 20º DP (Vila Isabel), onde foi ouvida na segunda-feira.
Ticyana morava sozinha no imóvel, que é alugado, desde setembro. Mas, residia no bairro há seis anos. Ela tem um filho de dois anos, cuja guarda é compartilhada com o pai, do qual é separado há um ano e meio. Devido a pandemia e como ela atua em três hospitais na linha de frente do coronavírus ficou combinado entre os dois que o menino ficaria com o pai nesse período só visitando a mãe em seus poucos momentos de folga do trabalho.
Além do vizinho também agredido com um soco ao tentar ajudá-la, Ticyana, que reclamou da omissão dos Bombeiros de um quartel vizinho, contou que uma voz de socorro veio de onde ela menos esperava. Uma frequentadora da festa pediu que parassem com as agressões, por achar que era covardia o que estava acontecendo. Nesse momento se agarrou às pernas da mulher, sem se importar de onde estava vindo o apoio. Sobre o que passou, afirmou que não deseja a ninguém. Nem aos agressores.
- Foi um momento de terror. Quero é isso não seja esquecido para que nunca mais se repita. A gente não combate o mal com o mal, a barbárie com a barbárie. Eu quero justiça e não vingança.
A médica contou que teve o joelho esquerdo quebrado e as mãos pisoteadas. As festas nessa casa, segundo seu relato na internet, acontecem há vários meses, mas se intensificaram justamente quando começou a quarentena com a recomendação de distanciamento social para evitar o avanço da Covid-19. Ela contou que fez diversas vezes denúncias à polícia, que só compareceu ao local no dia da agressão. Sobre o joelho, disse que é possível ter que operar, mas ainda depende do resultado de uma tomografia. Esses problemas vão mantê-la afastada do trabalho.
Nesta segunda-feira, a médica esteve na 20ª DP (Vila Isabel), onde registrou a ocorrência e prestou depoimento. Um homem suspeito de ser responsável pela festa na casa no Grajaú se apresentou na delegacia e também foi ouvido e liberado em seguida. A médica foi personagem numa matéria do GLOBO sobre as dificuldades dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à Covid-19. Na época, contou sua experiência no Hospital municipal Ronaldo Gazzola, em Acari, na Zona Norte. Atualmente trabalha no atendimento a pacientes do coronavírus no Hospital Pedro Ernesto, numa unidade privada de Niterói e no Hospital de Campanha Lagoa-Barra.
-Na primeira noite ainda tive coragem de dormir sozinha. Mas depois da denúncia e da proporção que ela tomou eu agora estou com medo. Infelizmente vou ter que sair da minha casa que tanto amo e que montei com muito carinho e amor. É uma casinha de boneca. Eu lamento muito ter de sair da minha casa, mas estou com medo. Vai ser prudente (a mudança). Seria imprudente continuar ali. É perigoso até para a minha paz de espírito.
Leia também: Imagens mostram agressões relatadas por médica no Grajaú
Por iniciativa de moradores do bairro, foi convocada uma passeata para esta quarta-feira, a partir das 16h, com saída da Praça Edmundo Rego em direção ao endereço onde ocorreu a festa. Os manifestantes vão levar cartazes e flores para denunciar a violência sofrida pla médica. Ticyana contou que além das manifestações de carinho de desconhecidos na Internet, desde que o seu caso veio a tona por meio de uma postagem em tom de desabafo e pedido de socorro numa rede social, também foi procurada por integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, da Defensora Pública do Estado e de profissionais como psicólogos e fisioterapeutas.
- Minha vida ficou de pernas pro ar, mas psicologicamente estou muito estável. Depois do jeito que eu estava no domingo de manhã, me sentindo abandonada e sem fé na humanidade eu vi surgir uma onda de carinho e de amor, numa corrente do bem tão bonita que está me ajudando. Muita gente que nem conheço vem dizer que está orando por mim e que nada de mal vai me atingir. Cada uma dessas pessoas me faz sentir que a gente tem voz. Me sinto muito amparada nesse momento - disse a médica, que agradeceu também o acolhimento que recebeu na 20º DP (Vila Isabel), onde foi ouvida na segunda-feira.
Ticyana morava sozinha no imóvel, que é alugado, desde setembro. Mas, residia no bairro há seis anos. Ela tem um filho de dois anos, cuja guarda é compartilhada com o pai, do qual é separado há um ano e meio. Devido a pandemia e como ela atua em três hospitais na linha de frente do coronavírus ficou combinado entre os dois que o menino ficaria com o pai nesse período só visitando a mãe em seus poucos momentos de folga do trabalho.
Além do vizinho também agredido com um soco ao tentar ajudá-la, Ticyana, que reclamou da omissão dos Bombeiros de um quartel vizinho, contou que uma voz de socorro veio de onde ela menos esperava. Uma frequentadora da festa pediu que parassem com as agressões, por achar que era covardia o que estava acontecendo. Nesse momento se agarrou às pernas da mulher, sem se importar de onde estava vindo o apoio. Sobre o que passou, afirmou que não deseja a ninguém. Nem aos agressores.
- Foi um momento de terror. Quero é isso não seja esquecido para que nunca mais se repita. A gente não combate o mal com o mal, a barbárie com a barbárie. Eu quero justiça e não vingança.
A médica contou que teve o joelho esquerdo quebrado e as mãos pisoteadas. As festas nessa casa, segundo seu relato na internet, acontecem há vários meses, mas se intensificaram justamente quando começou a quarentena com a recomendação de distanciamento social para evitar o avanço da Covid-19. Ela contou que fez diversas vezes denúncias à polícia, que só compareceu ao local no dia da agressão. Sobre o joelho, disse que é possível ter que operar, mas ainda depende do resultado de uma tomografia. Esses problemas vão mantê-la afastada do trabalho.
Nesta segunda-feira, a médica esteve na 20ª DP (Vila Isabel), onde registrou a ocorrência e prestou depoimento. Um homem suspeito de ser responsável pela festa na casa no Grajaú se apresentou na delegacia e também foi ouvido e liberado em seguida. A médica foi personagem numa matéria do GLOBO sobre as dificuldades dos profissionais que atuam na linha de frente do combate à Covid-19. Na época, contou sua experiência no Hospital municipal Ronaldo Gazzola, em Acari, na Zona Norte. Atualmente trabalha no atendimento a pacientes do coronavírus no Hospital Pedro Ernesto, numa unidade privada de Niterói e no Hospital de Campanha Lagoa-Barra.