2020 Tenso News: China X India: Militares Indianos morrem em confronto com chineses
Enviado: 16 Jun 2020 11:08
NOVA DÉLHI — Três soldados indianos foram mortos durante um “confronto violento” com militares chineses nos Himalaias, disse nesta terça-feira o Exército da Índia. Estas foram as primeiras mortes registradas em confrontos na região fronteiriça em décadas, em meio ao acirramento das tensões entre os vizinhos com arsenais nucleares, que vem ocorrendo desde o início de maio.
As mortes aconteceram no vale do rio Galwan, em Ladakh, onde a disputa fronteiriça é intensa, mas sem mortes em conflito desde 1975. Segundo a imprensa indiana, um militar de alta patente estaria entre as vítimas e ao menos 34 soldados estariam desaparecidos. Os detalhes do incidente, no entanto, ainda são desconhecidos.
Um porta-voz da Chancelaria chinesa, Zhao Lijian, não confirmou as mortes, mas afirmou que os militares do seu país foram “provocados e atacados” e que soldados indianos cruzaram duas vezes a fronteira entre os dois países. Representantes do governo indiano, por sua vez, disseram que “autoridades militares de ambos os lados estão se encontrando para aliviar a situação”.
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As históricas tensões regionais voltaram a se acirrar em maio, quando os chineses enviaram suas tropas para três pontos estratégicos da fronteira, dois deles em Ladakh, região estratégica entre o Tibete e a Caxemira paquistanesa. Segundo a imprensa indiana, os chineses teriam ocupado uma área no vale do rio Galwan, por onde passa uma rodovia estratégica para Délhi. Outro ponto de disputa diz respeito ao lago glacial Pangong Tso, a mais de 4 mil metros de altitude.
Disputa histórica
Nas últimas semanas, segundo relatos da imprensa indiana, soldados entraram em confronto usando pedras e pedaços de madeira, deixando dezenas de feridos. Regulados por protocolos, as patrulhas fronteiriças são proibidas de portar armas de fogo na região.
A disputa territorial na região dos Himalaias vem desde a década de 1950, quando a Índia concedeu asilo ao Dalai Lama após uma rebelião contra o governo chinês no Tibet em 1959. Três anos depois, os dois países entraram em guerra quando a China criou objeções à imposição de guardas na fronteira, estabelecida pelo Império Britânico em 1914.
A China reivindica cerca de 90 mil km2 na região Oeste dos Himalaias e outros 38 mil km2 no Leste. Novos confrontos foram registrados em 1967 e 1987, mas o cenário era majoritariamente pacífico nas últimas décadas, com cinco tratados assinados entre Délhi e Pequim entre 1993 e 2013, conforme os dois países vinham sua economia crescer e a China tornou-se a maior parceira comercial de Pequim.
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Relações frágeis
As tensões se acirraram desde então, com conflitos armados em 2013 e 2017, mas são majoritariamente esporádicos, frente ao inverno brutal da região. O incidente desta vez, no entanto, parece ser diferente, com especialistas afirmando que as mortes podem complicar as frágeis relações regionais.
Os presidentes Narendra Modi e Xi Jinping vêm tentando demonstrar um relacionamento amigável, mas as tensões vêm aumentando frente à hostilidade americana com Pequim, acompanhada de uma aproximação estratégica da Índia. No mês passado, Trump chegou a se oferecer para atuar como mediador entre Délhi e Pequim, mas a proposta foi rejeitada por ambos os lados.
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Desde os confrontos locais em 2017, a Índia assinou tratados de armas com os Estados Unidos e vêm intensificando a construção de rodovias nas regiões em disputa. Em 2019, removeu a autonomia administrativa da disputada Caxemira, majoritariamente muçulmana, ação repudiada tanto por Islamabad quanto por Pequim, que na ocasião acusou Délhi de “continuar a minimizar sua soberania territorial”.
A China, por sua vez, vem há décadas intensificando sua infraestrutura nas fronteiras, inclusive em áreas disputadas entre a Índia e o Paquistão. Em paralelo, torna-se mais assertiva no que diz respeito a seus interesses territoriais, aumentando sua presença militar no Mar do Sul da China e tentando impor uma lei de segurança mais restrita em Hong Kong, por exemplo.
fonte: https://oglobo.globo.com/mundo/confront ... s-24481911
As mortes aconteceram no vale do rio Galwan, em Ladakh, onde a disputa fronteiriça é intensa, mas sem mortes em conflito desde 1975. Segundo a imprensa indiana, um militar de alta patente estaria entre as vítimas e ao menos 34 soldados estariam desaparecidos. Os detalhes do incidente, no entanto, ainda são desconhecidos.
Um porta-voz da Chancelaria chinesa, Zhao Lijian, não confirmou as mortes, mas afirmou que os militares do seu país foram “provocados e atacados” e que soldados indianos cruzaram duas vezes a fronteira entre os dois países. Representantes do governo indiano, por sua vez, disseram que “autoridades militares de ambos os lados estão se encontrando para aliviar a situação”.
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Disputa histórica
Nas últimas semanas, segundo relatos da imprensa indiana, soldados entraram em confronto usando pedras e pedaços de madeira, deixando dezenas de feridos. Regulados por protocolos, as patrulhas fronteiriças são proibidas de portar armas de fogo na região.
A disputa territorial na região dos Himalaias vem desde a década de 1950, quando a Índia concedeu asilo ao Dalai Lama após uma rebelião contra o governo chinês no Tibet em 1959. Três anos depois, os dois países entraram em guerra quando a China criou objeções à imposição de guardas na fronteira, estabelecida pelo Império Britânico em 1914.
A China reivindica cerca de 90 mil km2 na região Oeste dos Himalaias e outros 38 mil km2 no Leste. Novos confrontos foram registrados em 1967 e 1987, mas o cenário era majoritariamente pacífico nas últimas décadas, com cinco tratados assinados entre Délhi e Pequim entre 1993 e 2013, conforme os dois países vinham sua economia crescer e a China tornou-se a maior parceira comercial de Pequim.
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A China, por sua vez, vem há décadas intensificando sua infraestrutura nas fronteiras, inclusive em áreas disputadas entre a Índia e o Paquistão. Em paralelo, torna-se mais assertiva no que diz respeito a seus interesses territoriais, aumentando sua presença militar no Mar do Sul da China e tentando impor uma lei de segurança mais restrita em Hong Kong, por exemplo.
fonte: https://oglobo.globo.com/mundo/confront ... s-24481911