Um dia eu levantei da cama (Provavelmente outubro 2016) e quando fui pro banheiro senti uma dor no pé direito. Parecia que o tempo todo eu pisava numa pedrinha. Como eu tava fazendo MUITA atividade física essa época, e na noite anterior tinha corrido uns 4km (O que pra mim é bastante), eu achei que era só dar um tempo na corrida mesmo. Mas a dor continuou e continuou até eu procurar um ortopedista.
Me receitou uma fisio daquelas bem mequetrefes (Choquinho e gelo) e anti inflamatório. Vinte dias depois a dor só aumentava e eu já tinha dificuldades no treino de Jiu. Um dia inventei de treinar Muay Thai e quando chutei o saco de pancada (Eu tinha uma bomba de direita, sem metidez mesmo, só saudade) eu senti uma dor muito estranha no peito do pé e aquela hora eu pensei que tinha algo bem errado comigo.
Resolvi procurar um ortopedista especialista em pé, sempre tive a pisada pronada e chata. O cara apostou em Inflamação no tibial posterior e pediu um Ultrassom que apontou líquido na região do tendão. Mesma coisa de Fisio e remédio, dor só aumentando a cada dia, isso já era Dezembro de 2016.
Temporada de trabalho. Calor de 40ºC e eu trabalhando de bota de borracha o dia inteiro. Colocar e tirar elas me fazia chorar. Eu chegava em casa e colocava meu pé num balde de gelo pra tentar passar a dor. Nessa fase eu já tomava 2 tramadol, 1 Celixcocibe e nos dias piores codeína. Por diversos dias eu pensei em me matar, eu tava fisica e moralmente esgotado, sem jiu jitsu a dois meses bem quando eu ia pegar a Roxa.
Como a situação só piorou, o médico pediu uma ressonância. Ali por Fevereiro de 17 saiu o resultado. O cara olhou, fez uma cara torta e falou "Vou te encaminhar pro oncologista" Eu tinha uma mancha de lesão no cuneiforme medial, e meu 4º metatarso tava partido ao meio de tanto mancar.
Fiquei uns 2 meses de muleta enquanto fazia mais exames. Chegando no oncologista ele pediu uma biópsia e não acusou malignidade. O plano seria o seguinte:
Como o cisto era muito grande, eu faria uma semana antes uma embolização arterial nele, para diminuir o sangramento, e então seria feito uma curetagem no cisto com posterior enxerto ósseo.
Pra tudo isso vai eletrocardiograma, anestesista, etc, tudo de muleta, tudo com dor, tomando caminhões de remédio por dia.
Fiz os dois procedimento e bem, se um dia eu estiver numa rua deserta e cruzar com esse médico eu vou matar ele como mataria uma pernilongo, talvez com um pouco mais de maldade, ele tem casa onde eu moro então eu não perco a esperança.
Deu tudo errado. Ele havia me dito que faria um enxerto com peça de osso, mas ele usou toneladas de cimento ósseo que se usa pra enxerto de mandíbula (Hidroxiapatita de cálcio). Sabe no que isso resultou? Cimento ósseo vazando por cerca de 15 pontos. Cada vez que eu trocava o curativo aquilo ficava vazando, secava as bandagens e começava a pressionar e machucar a pele.
Isso sem contar outros episódios doloridos como o pós operatório que eu acordei uma cirurgia dessa proporção com uma dose mínima de dipirona pra segurar a dor. Deu 3 da manhã meu pé parecia que ia explodir e a enfermeira tendo que ir no setor de emergência do hospital achar um médico disponivel pra olhar pra mim e dizer "Dá uma codeína aí".
Ou outro em que uma pedra dessa material ficou presa entre o osso lateral e minha pele e meu corpo ficou tentando expulsar, causando uma inflamação. Um dia eu enchi o saco daquilo, comprei iodo, gillete e um pedaço de borracha, fiz um torniquete no pé, mordi uma camiseta e abri eu mesmo aquilo tudo até conseguir puxar as pedras com uma pinça. Foi um alívio tremendo.
Cerca de 4 meses depois da cirurgia, eu estava retornando a andar mas parecia que aquela sensação de dor pós operatório não passava nunca.
Exame feito e eu tava com um cisto maior ainda, agora avançando sobre os outros ossos
Quando questionei o médico ele disse que ia ter que fazer o procedimento de novo, biópsia, embolização e mesma cirurgia. E se não desse certo ia refazendo até ter que amputar. Eu só não bati nele esse dia por dois motivos: Eu tinha dor pra caralho no pé e eu só queria encontrar um lugar seguro pra chorar. Eu só levantei, olhei ele nos olhos, virei as costas e bati a porta. Nunca mais o vi na vida.