Era como se a Fase Vermelha não houvesse sido decretada aos finais de semana por João Doria (PSDB). Apesar das restrições, as praias de Santos, no litoral de São Paulo, ficaram cheias neste que foi o primeiro domingo ensolarado com as novas regras mais restritas. A diferença é que as pessoas deixaram de se concentrar na faixa de areia seca — por conta da proibição de uso de cadeiras e guarda-sóis — e se aglomeraram na faixa de areia úmida, à beira-mar, onde era impossível transitar sem esbarrarem uns nos outros.
As cidades da Baixada Santista se encontram, atualmente, na fase laranja durante os dias úteis. Nos finais de semana, feriados e a partir das 20h nos dias úteis, elas passam para a fase vermelha. Os quiosques da orla, por exemplo, só podem atender pedidos por delivery, sem consumo ou retirada de produtos no local. O uso de máscaras pelos banhistas é obrigatório.
As restrições atingem também as atividades físicas e esportivas, tornando permitidas apenas as individuais (corrida e caminhadas). Barracas de alimento e vendedores ambulantes estão proibidos de funcionar; assim como se torna proibido o consumo de bebidas alcoólicas e refeições ao longo de toda a orla.
A multa para quem descumprir o Código de Postura do Município varia de R$ 1,5 mil a R$ 12 mil, segundo a prefeitura. A fiscalização na orla é realizada pela Guarda Civil Municipal (GCM).
Alheios a tudo isso, paulistanos e turistas vindos de outras regiões do Estado escolheram as praias de Santos como parada de descanso e lazer neste domingo. A maioria, dispensando o uso de máscaras e proteções faciais. E, nas proximidades do Canal 2, sentados em cadeiras e com guarda-sóis montados como se fosse um dia comum.
A Prefeitura de Santos afirmou à reportagem que a fase vermelha vale aos finais de semana para todo o estado e que o município decretou regras ainda mais rígidas do que as vigentes no Plano SP.
Neste sábado (30) e domingo (31), a Guarda Civil Municipal (GCM) realizou 1.795 orientações a banhistas sobre o uso da faixa de areia, 595 orientações sobre a obrigatoriedade sobre o uso da máscara, e aplicou três multas pelo não uso da máscara. Vale lembrar que a multa (de R$ 100,00) só é aplicada se a pessoa não tem o item consigo e/ou se recusa a usá-lo.
Foi exatamente num trecho entre a Avenida Bernardino de Campos e a Avenida Ana Costa que a reportagem do avistou uma viatura da GCM, parando ao lado dos turistas e solicitando que fechassem os guarda-sóis. Em nenhum momento os ocupantes do veículo desceram ou pediram que as pessoas recolhessem suas cadeiras, esteiras ou usassem máscaras.
Um ambulante que comercializava bebidas irregularmente no momento da chegada dos guardas fugiu correndo. Já os banhistas, ao serem abordados, apenas fechavam seus guarda-sóis, esperando a viatura se afastar e os abriam novamente.
"Vieram pedir para a gente fechar o nosso guarda-sol porque poderia dar problema", contou o comerciante paulistano Hamilton Prone.
Eu acho que é exagero tudo isso. Para quê? Já escolhemos ficar aqui, na parte seca, para mostrar que estávamos isolados. E eles vêm e pedem pra gente fechar o guarda-sol? De que adianta isso? O resultado pode ser uma insolação, já que não vamos sair da praia, vamos permanecer aqui nas cadeiras."
Hamilton Prone, comerciante
Sem a presença costumeira dos ambulantes de alimentos e bebidas, e apesar das restrições, os banhistas se viraram como puderam, levando latinhas de cerveja em caixas de isopor e alimentos em sacolas térmicas.
Alguns levaram até caixas de som e animaram os banhistas ao redor, que dançavam ao som de clássicos do Funk carioca. Todos aproveitando o domingão da fase vermelha, como o paraibano Eduardo Gomes dos Santos, que mora e trabalha em São Paulo como segurança.
"Esse negócio de covid aí não é como todo mundo fala, não. Olha eu, aqui, sem máscara. Não pega nada, não. Todo mundo é livre para usar ou não a máscara, ninguém pode me obrigar. Isso aí é só uma gripezinha, é só tomar remédio e cuidar em casa", afirmou, ecoando o discurso adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde o início da pandemia.
"Por que a gente pode se aglomerar num ônibus mas não pode curtir a praia? Que raio de lei é essa? Eu posso me matar no trabalho, mas aqui não posso? Quer saber? Vamos todos morrer mesmo, então eu vou é aproveitar", prosseguiu.
Dizem aí que o vírus é invisível, que a gente não vê. Só que pecado também é invisível, a gente não vê. Mas Deus é quem vê e sabe de tudo. Isso tudo é mentira dos governadores para nos manterem presos, Deus sabe disso."
Eduardo Gomes dos Santos, segurança
Nós temos que mostrar para esses maiorais, para esse Dória (governador de São Paulo, responsável pelo Plano SP), que nós não somos escravos. Somos um povo livre. Como diz o presidente, vamos todos morrer um dia, mas não precisamos viver presos como esses governantes querem. Existem tantas outras doenças aí! H1N1, dengue... Por que cismaram com essa covid?"
Solange Avena Prone, empresária
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https://noticias.uol.com.br/saude/ultim ... rmelha.htm
https://outline.com/YPvmSz
Abri agora o UOL pra ler notícia e tomei um susto. Vejam as fotos da reportagem, chuto que uns 90% da população aí está acima do peso... O que ocorre? Achei que por ser cidade de praia a galera fosse se cuidar mais. Fora a burrice em relação ao Covid...