Policiais apreendiam a droga, faziam a escolta até o RJ e depois negociavam com facção
Enviado: 23 Out 2023 12:47
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Imagens exclusivas das câmeras de segurança flagraram passo a passo da ação criminosa feita por agentes do Estado. O caminhão frigorífico com 16 toneladas de maconha saiu do Mato Grosso do Sul, passou por São Paulo e, quando entrou no estado do Rio de Janeiro, foi parado por dois carros da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas com pelo menos cinco agentes.
“Eles foram para poder abordar essa carga com essa intenção de escoltar e, posteriormente, acabaram desenvolvendo esse desvio de conduta. Logo em seguida, já passaram a negociar tanto com quem estava transportando essa carga, o proprietário da carga, quanto depois, negociaram também o destino final, a entrega”, afirma o delegado da Polícia Federal Júlio Danilo, coordenador-geral de Repressão a Drogas e Facção Criminosa.
Esse mesmo carregamento de maconha também estava no radar do Serviço de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal. Em um posto policial na BR-116, na Rodovia Presidente Dutra, já próximo da cidade do Rio de Janeiro, o caminhão e os dois carros da Polícia Civil foram parados e, mais uma vez, tudo foi registrado pelas câmeras de segurança.
Nas imagens, obtidas com exclusividade pelo Fantástico, o caminhão aparece escoltado com uma viatura da Polícia Civil na frente e outra atrás. Ao passar por um posto da PRF, com oito agentes de plantão, a primeira viatura recebe um aviso para encostar. O mesmo acontece com o caminhão. Segundo a PRF, quando perguntados sobre o carregamento, os policiais civis informam que a carga já está apreendida e que o motorista está preso.
O comboio segue pela estrada como em uma operação padrão e, por onde passa, as câmeras registram o crime em tempo real. Uma das câmeras do pedágio registra o rosto de um policial: Alexandre da Costa Amazonas.
Depois do pedágio, o destino era a Cidade da Polícia, onde ficam as delegacias especializadas do Rio de Janeiro. Lá, segundo a investigação, começaria uma negociação com a principal facção criminosa do estado para o resgate da droga. Horas depois, o motorista do caminhão seria liberado.
Toda essa história criada pelos policiais civis do Rio de Janeiro começou a ser desmontada depois que o motorista resolveu fazer o mesmo trajeto de volta para Campo Grande, com o mesmo caminhão, e encontrou a mesma Polícia Rodoviária Federal que tinha certeza de que ele havia sido preso por tráfico de drogas.
Desta vez, veículo e condutor foram levados para a sede da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro. Os agentes fizeram uma perícia e encontraram vestígios da carga de maconha. O motorista prestou depoimento e contou detalhes de tudo que aconteceu.
A investigação ficou com a Polícia Federal. Em dois meses, a PF identificou parte dos envolvidos. O Ministério Público Estadual denunciou quatro policiais civis e um advogado que ajudou na negociação para liberar a droga. Todos foram presos nesta quinta-feira (19).
E onde foram parar as 16 toneladas de maconha que estavam no caminhão? Segundo as investigações, nas mãos da principal facção carioca, que pagou R$ 300 mil pelo resgate da droga. A PF descobriu que a carga era de um traficante do Complexo do Alemão. Nas conversas com os policiais civis, o bandido faz um lance para o resgate: R$ 300 mil e o nome do informante da polícia.
Proposta aceita. O motorista contou, em depoimento, que os agentes da civil saíram da Cidade da Polícia escoltando o caminhão com dois carros e uma caminhonete, e foram encontrar o advogado que participava da negociação. De lá, seguiram com a carga para a Favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio.
O motorista disse que ficou no caminhão enquanto a mercadoria era descarregada e que demoraram cerca de três horas para tirar tudo. Só na madrugada do outro dia, ele foi liberado. A apreensão da droga nunca chegou a ser registrada na Polícia Civil.
Imagens exclusivas das câmeras de segurança flagraram passo a passo da ação criminosa feita por agentes do Estado. O caminhão frigorífico com 16 toneladas de maconha saiu do Mato Grosso do Sul, passou por São Paulo e, quando entrou no estado do Rio de Janeiro, foi parado por dois carros da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas com pelo menos cinco agentes.
“Eles foram para poder abordar essa carga com essa intenção de escoltar e, posteriormente, acabaram desenvolvendo esse desvio de conduta. Logo em seguida, já passaram a negociar tanto com quem estava transportando essa carga, o proprietário da carga, quanto depois, negociaram também o destino final, a entrega”, afirma o delegado da Polícia Federal Júlio Danilo, coordenador-geral de Repressão a Drogas e Facção Criminosa.
Esse mesmo carregamento de maconha também estava no radar do Serviço de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal. Em um posto policial na BR-116, na Rodovia Presidente Dutra, já próximo da cidade do Rio de Janeiro, o caminhão e os dois carros da Polícia Civil foram parados e, mais uma vez, tudo foi registrado pelas câmeras de segurança.
Nas imagens, obtidas com exclusividade pelo Fantástico, o caminhão aparece escoltado com uma viatura da Polícia Civil na frente e outra atrás. Ao passar por um posto da PRF, com oito agentes de plantão, a primeira viatura recebe um aviso para encostar. O mesmo acontece com o caminhão. Segundo a PRF, quando perguntados sobre o carregamento, os policiais civis informam que a carga já está apreendida e que o motorista está preso.
O comboio segue pela estrada como em uma operação padrão e, por onde passa, as câmeras registram o crime em tempo real. Uma das câmeras do pedágio registra o rosto de um policial: Alexandre da Costa Amazonas.
Depois do pedágio, o destino era a Cidade da Polícia, onde ficam as delegacias especializadas do Rio de Janeiro. Lá, segundo a investigação, começaria uma negociação com a principal facção criminosa do estado para o resgate da droga. Horas depois, o motorista do caminhão seria liberado.
Toda essa história criada pelos policiais civis do Rio de Janeiro começou a ser desmontada depois que o motorista resolveu fazer o mesmo trajeto de volta para Campo Grande, com o mesmo caminhão, e encontrou a mesma Polícia Rodoviária Federal que tinha certeza de que ele havia sido preso por tráfico de drogas.
Desta vez, veículo e condutor foram levados para a sede da Polícia Rodoviária Federal do Rio de Janeiro. Os agentes fizeram uma perícia e encontraram vestígios da carga de maconha. O motorista prestou depoimento e contou detalhes de tudo que aconteceu.
A investigação ficou com a Polícia Federal. Em dois meses, a PF identificou parte dos envolvidos. O Ministério Público Estadual denunciou quatro policiais civis e um advogado que ajudou na negociação para liberar a droga. Todos foram presos nesta quinta-feira (19).
E onde foram parar as 16 toneladas de maconha que estavam no caminhão? Segundo as investigações, nas mãos da principal facção carioca, que pagou R$ 300 mil pelo resgate da droga. A PF descobriu que a carga era de um traficante do Complexo do Alemão. Nas conversas com os policiais civis, o bandido faz um lance para o resgate: R$ 300 mil e o nome do informante da polícia.
Proposta aceita. O motorista contou, em depoimento, que os agentes da civil saíram da Cidade da Polícia escoltando o caminhão com dois carros e uma caminhonete, e foram encontrar o advogado que participava da negociação. De lá, seguiram com a carga para a Favela de Manguinhos, na Zona Norte do Rio.
O motorista disse que ficou no caminhão enquanto a mercadoria era descarregada e que demoraram cerca de três horas para tirar tudo. Só na madrugada do outro dia, ele foi liberado. A apreensão da droga nunca chegou a ser registrada na Polícia Civil.