A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

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ZarakiAoshi
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A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por ZarakiAoshi » 02 Mar 2015 22:37

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Em 19 de fevereiro, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda dos governos de Lula e de Dilma Rousseff, estava na lanchonete do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, quando foi hostilizado por uma mulher, com o apoio de outras pessoas ao redor. Os gritos: “Vá pro SUS!”. Entre eles, “safado” e “fdp”. Mantega era acompanhado por sua esposa, Eliane Berger, psicanalista. Ela faz um longo tratamento contra o câncer no hospital, mas o casal estava ali para visitar um amigo. O episódio se tornou público na semana passada, quando um vídeo mostrando a cena foi divulgado no YouTube.

Entre as várias questões importantes sobre o momento atual do Brasil – mas não só do Brasil – que o episódio suscita, esta me parece particularmente interessante:

“Que passo é esse que se dá entre a discordância com relação à política econômica e a impossibilidade de sustentar o lugar do outro no espaço público?”.

A pergunta consta de uma carta escrita pelo Movimento Psicanálise, Autismo e Saúde Pública (MPASP), que encontrou na cena vivida por Guido e Eliane ecos do período que antecedeu a Segunda Guerra, na Alemanha nazista, quando se iniciou a construção de um clima de intolerância contra judeus, assim como contra ciganos, homossexuais e pessoas com deficiências mentais e/ou físicas. O desfecho todos conhecem. Em apoio a Guido e Eliane, mas também pela valorização do Sistema Único de Saúde (SUS), que atende milhões de brasileiros, o MPASP lançou a hashtag #VamosTodosProSUS.


Pode-se aqui fazer a ressalva de que a discordância vai muito além da política econômica e que o ex-ministro petista encarnaria na lanchonete de um dos hospitais privados mais caros do país algo bem mais complexo. Mas a pergunta olha para um ponto preciso do cotidiano atual do Brasil: em que momento a opinião ou a ação ou as escolhas do outro, da qual divergimos, se transforma numa impossibilidade de suportar que o outro exista? E, assim, é preciso eliminá-lo, seja expulsando-o do lugar, como no caso de Guido e Eliane, seja eliminando sua própria existência – simbólica, como em alguns projetos de lei que tramitam no Congresso, visando suprimir direitos fundamentais dos povos indígenas ou de outras minorias; física, como nos crimes de assassinato por homofobia ou preconceito racial.

O que significa, afinal, esse passo a mais, o limite ultrapassado, que tem sido chamado de “espiral de ódio” ou “espiral de intolerância”, num país supostamente dividido (e o supostamente aqui não é um penduricalho)? De que matéria é feita essa fronteira rompida?

A descoberta de que aquele vizinho simpático com quem trocávamos amenidades no elevador defende o linchamento de homossexuais tem um impacto profundo
A resposta admite muitos ângulos. Na minha hipótese, entre tantas possíveis, peço uma espécie de licença poética à filósofa Hannah Arendt, para brincar com o conceito complexo que ela tão brilhantemente criou e chamar esse passo a mais de “a boçalidade do mal”. Não banalidade, mas boçalidade mesmo. Arendt, para quem não lembra, alcançou “a banalidade do mal” ao testemunhar o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém, e perceber que ele não era um monstro com um cérebro deformado, nem demonstrava um ódio pessoal e profundo pelos judeus, nem tampouco se dilacerava em questões de bem e de mal. Eichmann era um homem decepcionantemente comezinho que acreditava apenas ter seguido as regras do Estado e obedecido à lei vigente ao desempenhar seu papel no assassinato de milhões de seres humanos. Eichmann seria só mais um burocrata cumprindo ordens que não lhe ocorreu questionar. A banalidade do mal se instala na ausência do pensamento.

A boçalidade do mal, uma das explicações possíveis para o atual momento, é um fenômeno gerado pela experiência da internet. Ou pelo menos ligado a ela. Desde que as redes sociais abriram a possibilidade de que cada um expressasse livremente, digamos, o seu “eu mais profundo”, a sua “verdade mais intrínseca”, descobrimos a extensão da cloaca humana. Quebrou-se ali um pilar fundamental da convivência, um que Nelson Rodrigues alertava em uma de suas frases mais agudas: “Se cada um soubesse o que o outro faz dentro de quatro paredes, ninguém se cumprimentava”. O que se passou foi que descobrimos não apenas o que cada um faz entre quatro paredes, mas também o que acontece entre as duas orelhas de cada um. Descobrimos o que cada um de fato pensa sem nenhuma mediação ou freio. E descobrimos que a barbárie íntima e cotidiana sempre esteve lá, aqui, para além do que poderíamos supor, em dimensões da realidade que só a ficção tinha dado conta até então.

Descobrimos, por exemplo, que aquele vizinho simpático com quem trocávamos amenidades bem educadas no elevador defende o linchamento de homossexuais. E que mesmo os mais comedidos são capazes de exercer sua crueldade e travesti-la de liberdade de expressão. Nas postagens e comentários das redes sociais, seus autores deixam claro o orgulho do seu ódio e muitas vezes também da sua ignorância. Com frequência reivindicam uma condição de “cidadãos de bem” como justificativa para cometer todo o tipo de maldade, assim como para exercer com desenvoltura seu racismo, sua coleção de preconceitos e sua abissal intolerância com qualquer diferença.

Foi como um encanto às avessas – ou um desencanto. A imagem devolvida por esse espelho é obscena para além da imaginação. Ao libertar o indivíduo de suas amarras sociais, o que apareceu era muito pior do que a mais pessimista investigação da alma humana. Como qualquer um que acompanha comentários em sites e postagens nas redes sociais sabe bem, é aterrador o que as pessoas são capazes de dizer para um outro, e, ao fazê-lo, é ainda mais aterrador o que dizem de si. Como o Eichmann de Hannah Arendt, nenhum desses tantos é um tipo de monstro, o que facilitaria tudo, mas apenas ordinariamente humano.

Ao permitir que cada indivíduo se mostrasse sem máscaras, a internet arrancou da humanidade a ilusão sobre si mesma
Ainda temos muito a investigar sobre como a internet, uma das poucas coisas que de fato merecem ser chamadas de revolucionárias, transformaram a nossa vida e o nosso modo de pensar e a forma como nos enxergamos. Mas acho que é subestimado o efeito daquilo que a internet arrancou da humanidade ao permitir que cada indivíduo se mostrasse sem máscaras: a ilusão sobre si mesma. Essa ilusão era cara, e cumpria uma função – ou muitas – tanto na expressão individual quanto na coletiva. Acho que aí se escavou um buraco bem fundo, ainda por ser melhor desvendado.

Como aprendi na experiência de escrever na internet que não custa repetir o óbvio, de forma nenhuma estou dizendo que a internet, um sonho tão estupendo que jamais fomos capazes de sonhá-lo, é algo nocivo em si. A mesma possibilidade de se mostrar, que nos revelou o ódio, gerou também experiências maravilhosas, inclusive de negação do ódio. Assim como permitiu que pessoas pudessem descobrir na rede que suas fantasias sexuais não eram perversas nem condenadas ao exílio, mas passíveis de serem compartilhadas com outros adultos que também as têm. Do mesmo modo, a internet ampliou a denúncia de atrocidades e a transformação de realidades injustas, tanto quanto tornou o embate no campo da política muito mais democrático.

Meu objetivo aqui é chamar a atenção para um aspecto que me parece muito profundo e definidor de nossas relações atuais. A sociedade brasileira, assim como outras, mas da sua forma particular, sempre foi atravessada pela violência. Fundada na eliminação do outro, primeiro dos povos indígenas, depois dos negros escravizados, sua base foi o esvaziamento do diferente como pessoa, e seus ecos continuam fortes. A internet trouxe um novo elemento a esse contexto. Quero entender como indivíduos se apropriaram de suas possibilidades para exercer seu ódio – e como essa experiência alterou nosso cotidiano para muito além da rede.

Finalmente era possível “dizer tudo”, e isso passou a ser confundido com autenticidade e liberdade
É difícil saber qual foi a primeira baixa. Mas talvez tenha sido a do pudor. Primeiro, porque cada um que passou a expressar em público ideias que até então eram confinadas dentro de casa ou mesmo dentro de si, descobriu, para seu júbilo, que havia vários outros que pensavam do mesmo jeito. Mesmo que esse pensamento fosse incitação ao crime, discriminação racial, homofobia, defesa do linchamento. Que chamar uma mulher de “vagabunda” ou um negro de “macaco”, defender o “assassinato em massa de gays”, “exterminar esse bando de índios que só atrapalham” ou “acabar com a raça desses nordestinos safados” não só era possível, como rendia público e aplausos. Pensamentos que antes rastejavam pelas sombras passaram a ganhar o palco e a amealhar seguidores. E aqueles que antes não ousavam proclamar seu ódio cara a cara, sentiram-se fortalecidos ao descobrirem-se legião. Finalmente era possível “dizer tudo”. E dizer tudo passou a ser confundido com autenticidade e com liberdade.

Para muitos, havia e há a expectativa de que o conhecimento transmitido pela oralidade, caso de vários povos tradicionais e de várias camadas da população brasileira com riquíssima produção oral, tenha o mesmo reconhecimento na construção da memória que os documentos escritos. Na experiência da internet, aconteceu um fenômeno inverso: a escrita, que até então era uma expressão na qual se pesava mais cada palavra, por acreditar-se mais permanente, ganhou uma ligeireza que historicamente esteve ligada à palavra falada nas camadas letradas da população. As implicações são muitas, algumas bem interessantes, como a apropriação da escrita por segmentos que antes não se sentiam à vontade com ela. Outras mostram as distorções apontadas aqui, assim como a inconsciência de que cada um está construindo a sua memória: na internet, a possibilidade de apagar os posts é uma ilusão, já que quase sempre eles já foram copiados e replicados por outros, levando à impossibilidade do esquecimento.

O fenômeno ajuda a explicar, entre tantos episódios, a resposta de Washington Quaquá, prefeito de Maricá e presidente do PT fluminense, uma figura com responsabilidade pública, além de pessoal, às agressões contra Guido Mantega. Em seu perfil no Facebook, ele sentiu-se livre para expressar sua indignação contra o que aconteceu na lanchonete do Einstein nos seguintes termos: “Contra o fascismo a porrada. Não podemos engolir esses fascistas burguesinhos de merda! (...) Vamos pagar com a mesma moeda: agrediu, devolvemos dando porrada!”.

O outro, se não for um clone, só existe como inimigo
O ódio, e também a ignorância, ao serem compartilhados no espaço público das redes, deixaram de ser algo a ser reprimido e trabalhado, no primeiro caso, e ocultado e superado, no segundo, para ser ostentado. E quando me refiro à ignorância, me refiro também a declarações de não saber e de não querer saber e de achar que não precisa saber. Me arrisco a dizer que havia mais chances quando as pessoas tinham pudor, em vez de orgulho, de declarar que acham museus uma chatice ou que não leram o texto que acabaram de desancar, porque pelo menos poderia haver uma possibilidade de se arriscar a uma obra de arte que as tocasse ou a descobrir num texto algo que provocasse nelas um pensamento novo.

Sempre se culpa o anonimato permitido pela rede pelas brutalidades ali cometidas. É verdade que o anonimato é uma realidade, que há os “fakes” (perfis falsos) e há toda uma manipulação para falsificar reações negativas a determinados textos e opiniões, seja por grupos organizados, seja como tarefa de equipes de gerenciamento de crise de clientes públicos e privados. Tanto quanto há campanhas de desqualificação fabricadas como “espontâneas”, nas quais mentiras ou boatos são disseminados como verdades comprovadas, causando enormes estragos em vidas e causas.

Mas suspeito que, no que se refere ao indivíduo, a notícia – boa ou má – é que o anonimato foi em grande medida um primeiro estágio superado. Uma espécie de ensaio para ver o que acontece, antes de se arriscar com o próprio RG. Não tenho pesquisa, só observação cotidiana. Testemunho dia a dia o quanto gente com nome e sobrenome reais é capaz de difundir ódio, ofensas, boatos, preconceitos, discriminação e incitação ao crime sem nenhum pudor ou cuidado com o efeito de suas palavras na destruição da reputação e da vida de pessoas também reais. A preocupação de magoar ou entristecer alguém, então, essa nem é levada em conta. Ao contrário, o cuidado que aparece é o de garantir que a pessoa atacada leia o que se escreveu sobre ela, o cuidado que se toma é o da certeza de ferir o outro. O outro, se não for um clone, só existe como inimigo.

Na eleição de 2014, descobriu-se que os bárbaros eram até ontem os aliados na empreitada da civilização
O problema, quando se aponta os “bárbaros”, e aqui me incluo, é justamente que os bárbaros são sempre os outros. Neste sentido, a eleição de 2014, da qual derivou a tese, para mim bastante questionável, do “Brasil partido”, bagunçou um bocado essa crença. Não foi à toa que amizades antigas se desfizeram, parentes brigaram e até amores foram abalados, que até hoje há gente que se gostava que não voltou a se falar. As redes sociais, a internet, viraram um campo de guerra, num nível maior do que em qualquer outra eleição ou momento histórico. Só que, desta vez, os bárbaros eram até ontem os aliados na empreitada da civilização.

Descobriu-se então que pessoas com quem se compartilhou sonhos ou pessoas que se considerava éticas – pessoas do “lado certo” – eram capazes de lançar argumentos desonestos – e que sabiam ser desonestos – e até mentiras descaradas, assim como de torturar números e manipular conceitos. Eram capazes de fazer tudo o que sempre condenaram, em nome do objetivo supostamente maior de ganhar a eleição. Os bárbaros não eram mais os outros, os de longe. Desta vez, eram os de perto, bem de perto, que queriam não apenas vencer, mas destruir o diferente ou o divergente, eu ou você. O bárbaro era um igual, o que torna tudo mais complicado.

Não se sai imune desse confronto com a realidade do outro, a parte mais fácil. Não se sai impune desse confronto com a realidade de si, este um enfrentamento só levado adiante pelos que têm coragem. Como sabemos, enquanto for possível e talvez mesmo quando não seja mais, cada um fará de tudo para não se enxergar como bárbaro, mesmo que para isso precise mentir para si mesmo. É duro reconhecer os próprios crimes, assim como as traições, mesmo as bem pequenas, e as vilanias. Mas, no fundo, cada um sabe o que fez e os limites que ultrapassou. O que aconteceu na eleição de 2014 é que os bons e os limpinhos descobriram algumas nuances a mais de sua condição humana, e descobriram o pior: também eles (nós?) não são capazes de respeitar a opinião e a escolha diferente da sua. Também eles (nós?) não quiseram debater, mas destruir. De repente, só havia “haters” (odiadores). De novo: desse confronto não se sai impune. A boçalidade do mal ganhou dimensões imprevistas.

A experiência poderosa de se mostrar sem recalques transcendeu e influenciou a vida para além das redes
Seria improvável que a experiência vivida na internet, na qual o que aconteceu nas eleições foi apenas o momento de maior desvendamento, não mudasse o comportamento quando se está cara a cara com o outro, quando se está em carne e osso e ódio diante do outro, nos espaços concretos do cotidiano. Seria no mínimo estranho que a experiência poderosa de se manifestar sem freios, de se mostrar “por inteiro”, de eliminar qualquer recalque individual ou trava social e de “dizer tudo” – e assim ser “autêntico”, “livre” e “verdadeiro” – não influenciasse a vida para além da rede. Seria impossível que, sob determinadas condições e circunstâncias, os comportamentos não se misturassem. Seria inevitável que essa “autorização” para “dizer tudo” não alterasse os que dela se apropriaram e se expandisse para outras realidades da vida. E a legitimidade ganhada lá não se transferisse para outros campos. Seria pouco lógico acreditar que a facilidade do “deletar” e do “bloquear” da internet, um dedo leve e só aparentemente indolor sobre uma tecla, não transcendesse de alguma forma. Não se trata, afinal, de dois mundos, mas do mesmo mundo – e do mesmo indivíduo.

A mulher que se sentiu “no direito” de xingar Guido Mantega e por extensão Eliane Berger, e tornar sua presença na lanchonete do hospital insuportável, assim como as pessoas que se sentiram “no direito” de aumentar o coro de xingamentos, possivelmente acreditem que estavam apenas exercendo a liberdade de expressão como “cidadãos de bem indignados com o PT”, uma frase corriqueira nos dias de hoje, quase uma bandeira. Ao mandar Guido e Eliane para outro lugar – e não para qualquer lugar, mas “pro SUS” – devem acreditar que o Sistema Único de Saúde é a versão contemporânea do inferno, para a qual só devem ir os proscritos do mundo. Possivelmente acreditem também que o espaço do Hospital Israelita Albert Einstein deve continuar reservado para uma gente “diferenciada”. Em nenhum momento parecem ter enxergado Guido e Eliane como pessoas, nem se lembrado de que quem está num hospital, seja por si mesmo, seja por alguém que ama, está numa situação de fragilidade semelhante a deles. O direito ao ódio e à eliminação do outro mostrou-se soberano: aquele que é diferente de mim, eu mato. Ou deleto. Simbolicamente, no geral; fisicamente, com frequência assustadora.

Mas, claro, nada disso é importante. Nem é importante a greve dos caminhoneiros ou a falta de água na casa dos mais pobres. Tampouco a destruição de estátuas milenares pelo Estado Islâmico. Essencial mesmo é o grande debate da semana que passou: descobrir se o vestido era branco e dourado – ou preto e azul. Até mesmo sobre tal irrelevância, a selvageria do bate-boca nas redes mostrou que não é possível ter opinião diferente.

Já demos um passo além da banalidade. Nosso tempo é o da boçalidade.

palashb
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por palashb » 02 Mar 2015 22:48

Quando comparou a Alemanha nazista pré-guerra já deu pra parar de ler.

Mordechai
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Mordechai » 02 Mar 2015 23:08

É impressionante como esses fdps banalizam o que foi o nazismo, comparando qualquer merdinha que ocorre.


Jimmy Luckless
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Jimmy Luckless » 02 Mar 2015 23:57

Li três paragrafos e meu estomago ameaçou empurrar todo o jantat de volta, então melhor parar.

No mais, covardia desumana news.
Chris Weidman, o melhor que está tendo no momento!!

ZarakiAoshi
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por ZarakiAoshi » 02 Mar 2015 23:57

Mestre escreveu:Excelente texto.

Isso, aliás, lembra-me o espanto que eu senti na época das eleições, quando eu presenciava uma completa unanimidade, entre os advogados da equipe que coordeno, quanto à vontade de votar no Aécio. Era possível notar um efeito manada incrível, uma completa ausência de pensamento crítico. Existia uma quase idolatria pelo Aécio e um verdadeiro ódio contra a Dilma e contra os eleitores desta. O dia todo, a qualquer hora, proferiam-se ofensas à presidente. Não foram poucas as vezes em que ela era chamada de "vagabunda", "ordinária", "maldita". O Lula era o "retirante", o "cangaceiro", o "agitador". Outras tantas vezes, as pessoas lamentavam que o câncer não tinha matado a ambos. Os "malditos nordestinos", "estúpidos", "indolentes" e "aproveitadores", também eram ofendidos o tempo todo. Os ódios de classe e regional imperavam de forma banal, natural, até mesmo entre os dois estagiários que, pasmem, tinham ascendência nordestina.

O que mais assombrou as pessoas foi quando, indagado, disse que jamais votaria no Aécio, embora também não votasse na Dilma ou na Marina. As pessoas não compreendiam como isso poderia acontecer. Uma advogada chegou a afirmar que não entendia como eu não votaria no Aécio, já que isso era "o que todas as pessoas de bem fariam". Quando indagados quanto ao motivo de votarem num, e não noutra, ninguém soube me dar argumentos minimamente razoáveis. Tudo o que ouvi, novamente, foi um amontoado de ofensas à Dilma e aos eleitores "favelados" e "vagabundos".

Fica claro, para mim, que a polarização política que se estabeleceu tornou o discurso, de ambos os lados, cada vez mais simplório, acrítico, automatizado, raso, repleto de ad hominem. Vez ou outra alguém tenta decorar algum argumento repetido pelos "formadores de opiniões" de sempre. Quando há muita paixão e pouca razão envolvidas, vemos aflorar preconceitos, intolerâncias, incompatibilidades inconciliáveis. Pouco argumento, muito ódio. E esse ódio se banaliza, a ponto de se achar natural a ofensa a quem pensa diferente e de se ver vitimização onde há, apenas, uma pessoa pedindo para que sua opinião seja respeitada.

O exemplo do joãotavares ilustra bem, em um nível restrito (internet não é serious business), o ponto do texto. Uma pena que poucos lerão até o fim.

Eu já postei sabendo que gente como os primeiros que postaram apareceriam. Mas se servir pra alguém que realmente queira ler, já vale.



No mais, se você realmente comparou situação x com nazismo, sinto muito, você não entendeu. Força um pouquinho mais.

Mordechai
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Mordechai » 03 Mar 2015 00:00

Jimmy Luckless escreveu:Li três paragrafos e meu estomago ameaçou empurrar todo o jantat de volta, então melhor parar.

No mais, covardia desumana news.
Assim que acabei o texto fiquei com essa mesmíssima impressão!
Defensores de bandidos news!

ZarakiAoshi
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por ZarakiAoshi » 03 Mar 2015 00:02

E digo mais, essa falta de empatia humana pra mim é um sinal muito ruim, pra dizer o mínimo.

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Anônimo
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Anônimo » 03 Mar 2015 00:09

Foi um ato de extrema falta de educação, mas não associo ao fascismo. Se o Collor fosse a um hospital na época do impeachment, seria esculachado tbm. O eleitor aplaude o candidato com o bolso e a economia está em crise. O Mantega vivia dizendo que a economia iria crescer 4% ao ano e um bando de trouxas acreditava. Talvez a raiva venha daí.

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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Flaalmendra » 03 Mar 2015 00:13

palashb escreveu:Quando comparou a Alemanha nazista pré-guerra já deu pra parar de ler.
Tb

Fico imaginando oq tem a ver o probre dos ciganos, judeus e homossexuais que nunca fizeram mal a Alemanha (eu acho q nao fizeram, pelo menos diretamente), com uma cara q fudeu diretamente com o povo brasileiro?

Mas agora q vi q era PCdoB

Agora me admira o Mestre espantado com tamanha agressividade com a Dilma! O PT e a esquerda sempre foram assim
Editado pela última vez por Flaalmendra em 03 Mar 2015 00:19, em um total de 1 vez.

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Shin
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Shin » 03 Mar 2015 01:01

Parte da origem do ódio ao PT é justamente esse coitadismo extremo e esse diversionismo intelectual. Mas eles continuam fazendo o mesmo.

O episódio com o Mantega foi desagradável e até desnecessário mas é reflexo do escárnio continuo do PT - é dele próprio, como ministro da Fazenda - à opinião pública. O povo brasileiro se sente desrespeitado todos os dias com os discursos do PT frente a toda e qualquer acusação.

Se essa divisão que se vê hoje no país existe de fato, não tem outra razão que não o empenho do próprio partido em criá-la. Há muito tempo eles fomentam o ódio contra quem os crítica. Finalmente hoje se vê que a parcela crescente da população que se vê atacada continuamente pelo próprio governo resolveu reagir.

Episódios como esse acontecem em qualquer democracia consolidada mas aposto que lá ninguém a compara ao Nazismo - que, por sinal, foi um dos abusos intelectuais mais asquerosos do coitadismo petista que eu já tive o desprazer de ler.

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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por brunolobo » 03 Mar 2015 01:19

COMPLETAMENTE entendível esse ódio a esse sujeito, assim como para qualquer outro membro desse governo inacreditavelmente corrupto. mas fazer o que, se vitimizar (e defender bandido) é algo naturalíssimo dessa "esquerda moderna".

ZarakiAoshi
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por ZarakiAoshi » 03 Mar 2015 02:55

Não levem pro lado PT/Anti-PT. É mais "ser babaca ou não".

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RFAbdo
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por RFAbdo » 03 Mar 2015 04:58

Nem li o texto todo, mas de antemão digo que sou a favor do uso de alguma violência contra políticos em certas circunstâncias.

Jose_
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Re: A boçalidade do mal - A espiral do ódio.

Mensagem por Jose_ » 03 Mar 2015 05:36

Não dá pra negar que a Dilma e o Lula são alvos de ódio irracional e dependendo da roda onde você anda até pega mal não chegar chamando a Dilma de vaca.Tem muita gente passando do limite. Complicado nessa história é que são duas pessoas longe de serem santas.

O Lula passou a vida fazendo luta de classes, não fica cinco minutos sem reclamar dazelite.
A Dilma, por força do cargo, só abre a boca pra falar que tá tudo bem e o que não tá é culpa do FHC. O modus operandi do PT sempre foi muito belicoso.Talvez a maioria da população nem seja contra o roubo, já que nunca foi na história do Brasil, mas contra o discurso(nunca antes na história do país, se pegam a gente roubando é porque eu deixo, eu roubo mas o FHC roubou mais e outros).

Também político no Brasil é um bicho tão fdp que talvez até mereça um tratamento mais bruto,para todos os partidos.

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