A "sorte" de morrer de câncer
Enviado: 06 Mar 2015 14:04
Oliver Sacks e a sorte de morrer de câncer
Se você pudesse escolher como gostaria de morrer, que tipo escolheria? Para facilitar a decisão, eis quatro causas comuns de morte de idosos (eu espero que você não opte por morrer jovem):
1) Quedas e acidentes.
2) Demência, depois dos 80 ou 90 anos.
3) Falência de órgãos.
4) Câncer.
O médico Richard Smith, ex-editor do British Journal of Medicine, criou em janeiro um pequeno alvoroço na Inglaterra ao afirmar que, dos quatro tipos acima, o câncer é de longe a opção mais digna. “A morte por câncer é a melhor”, diz ele. “Você pode dizer adeus, refletir sobre sua vida, deixar últimas mensagens, talvez visitar lugares especiais pela última vez, ouvir suas músicas favoritas, ler poemas queridos, e preparar, de acordo com suas crenças, o encontro com seu criador, ou desfrutar esquecimento eterno.”
É a oportunidade que o escritor e neurologista Oliver Sacks está aproveitando. Num artigo comovente no New York Times de ontem, ele avisa a todos que deve morrer em breve, pois foi diagnosticado com câncer terminal no fígado, e agradece pela vida que teve. O texto é de chorar:
Não posso negar que estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Eu amei e fui amado; doei muito e retribuí; li e viajei e refleti e escrevi. Eu tive uma boa relação com o mundo, a relação especial de escritores e leitores.
Acima de tudo, eu fui uma criatura sensível, um animal pensante neste planeta maravilhoso, e isso já é um enorme privilégio e aventura.
Uma despedida como essa não seria possível em outros tipos de morte. Quem é vítima de um acidente tem uma morte repentina, não pode dar adeus ou investir numa conciliação há muito tempo adiada. A morte por demência costuma chegar só depois de longos anos depois da perda total de consciência. A falência de órgãos causa uma morte hospitalar, rodeada de médicos. Sobra o câncer terminal. “Fique longe de oncologistas superambiciosos”, diz o médico Smith, “e vamos parar de gastar bilhões tentando curar o câncer, pois isso provavelmente nos levará a uma morte muito mais horrível”.
Quem diria: o câncer, para muita gente uma sentença, uma prova inequívoca da má sorte, talvez seja nossa melhor opção.
Fonte: Blog do Leandro Narloch
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Tava dando uma olhada nos tópicos da primeira página e os assuntos vão desde a depressão de foristas a terrorista jogando pessoas de prédios apenas por serem gays ou servindo filho cozido pra mãe comer. Enfim, o assunto 'morte/dor/sofrimento' tem sido quase que uma constante nas discussões da galera. Por isso quis compartilhar o texto, que, na minha opinião, traz uma visão mais amena daquilo que hoje pensamos ser o que de pior pode nos acontecer.
E aí?
Se você pudesse escolher como gostaria de morrer, que tipo escolheria? Para facilitar a decisão, eis quatro causas comuns de morte de idosos (eu espero que você não opte por morrer jovem):
1) Quedas e acidentes.
2) Demência, depois dos 80 ou 90 anos.
3) Falência de órgãos.
4) Câncer.
O médico Richard Smith, ex-editor do British Journal of Medicine, criou em janeiro um pequeno alvoroço na Inglaterra ao afirmar que, dos quatro tipos acima, o câncer é de longe a opção mais digna. “A morte por câncer é a melhor”, diz ele. “Você pode dizer adeus, refletir sobre sua vida, deixar últimas mensagens, talvez visitar lugares especiais pela última vez, ouvir suas músicas favoritas, ler poemas queridos, e preparar, de acordo com suas crenças, o encontro com seu criador, ou desfrutar esquecimento eterno.”
É a oportunidade que o escritor e neurologista Oliver Sacks está aproveitando. Num artigo comovente no New York Times de ontem, ele avisa a todos que deve morrer em breve, pois foi diagnosticado com câncer terminal no fígado, e agradece pela vida que teve. O texto é de chorar:
Não posso negar que estou com medo. Mas meu sentimento predominante é de gratidão. Eu amei e fui amado; doei muito e retribuí; li e viajei e refleti e escrevi. Eu tive uma boa relação com o mundo, a relação especial de escritores e leitores.
Acima de tudo, eu fui uma criatura sensível, um animal pensante neste planeta maravilhoso, e isso já é um enorme privilégio e aventura.
Uma despedida como essa não seria possível em outros tipos de morte. Quem é vítima de um acidente tem uma morte repentina, não pode dar adeus ou investir numa conciliação há muito tempo adiada. A morte por demência costuma chegar só depois de longos anos depois da perda total de consciência. A falência de órgãos causa uma morte hospitalar, rodeada de médicos. Sobra o câncer terminal. “Fique longe de oncologistas superambiciosos”, diz o médico Smith, “e vamos parar de gastar bilhões tentando curar o câncer, pois isso provavelmente nos levará a uma morte muito mais horrível”.
Quem diria: o câncer, para muita gente uma sentença, uma prova inequívoca da má sorte, talvez seja nossa melhor opção.
Fonte: Blog do Leandro Narloch
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Tava dando uma olhada nos tópicos da primeira página e os assuntos vão desde a depressão de foristas a terrorista jogando pessoas de prédios apenas por serem gays ou servindo filho cozido pra mãe comer. Enfim, o assunto 'morte/dor/sofrimento' tem sido quase que uma constante nas discussões da galera. Por isso quis compartilhar o texto, que, na minha opinião, traz uma visão mais amena daquilo que hoje pensamos ser o que de pior pode nos acontecer.
E aí?