
Os policiais, que faziam um patrulhamento pela Avenida Bartolomeu de Gusmão, logo localizaram os meninos. Eles foram levados para a 17ª DP (São Cristóvão), onde a ocorrência foi registrada. A delegada Bárbara Lomba, titular da delegacia, disse que "casos como esse não surpreendem":
- Apesar da pouca idade, infelizmente casos como esse não surpreendem.
Segundo ela, a vítima contou em depoimento que estava na rua quando os garotos apareceram, de bicicleta. De acordo com o relato da mulher, o menino mais novo arrancou seu colar e o passou para o mais velho.
A delegada responsável pela ocorrência, Kelly Goularte, contou que o menor de 6 anos já havia sido anteriormente pelo mesmo crime: furto. Da primeira vez, foi encaminhado diretamente ao Conselho Tutelar. Como desta segunda vez ele estava com o outro garoto, que é vizinho dele no Morro do Tuiuti, os policiais conseguiram localizar a família. A mãe foi então buscá-lo por volta das 21h30m.
De acordo com Kelly, a mãe do menino reagiu com agressividade à detenção dele: "Vocês estão esculachando meu filho. Ele não merecia estar aqui".
- Ela estava revoltada por ele ter sido levado à delegacia - contou a delegada.
Ainda segundo a policial, o menino de 12 anos parecia estar arrependido do crime e chorando. Ele contou que não sabia que o outro puxaria o cordão.
- Segundo ele, depois que recebeu o cordão, ficou nervoso e o jogou num bueiro - disse Kally, adiantando que o garoto mais velho não tinha passagens anteriores pela delegacia.
O cordão foi recuperado pelos policiais.
Caso será acompanhado
O Conselho Tutelar foi encarregado de acompanhar o caso do menino de 6 anos. Já o garoto de 12 também foi entregue a um parente, que assinou um termo na 17ª DP se responsabilizando a apresentá-lo no Juizado da Infância e da Adolescência.
Em entrevista à rádio CBN, o major Márcio Rodrigues, comandante da UPP da Mangueira, comentou o assunto:
- Não é uma ocorrência corriqueira, mas infelizmente acontece. É uma ocorrência que nenhum policial sonha em fazer. Os policiais militares ficaram abismados com aquela cena. Eles ficaram estarrecidos com a idade dessa criança. Eu percebi o desânimo neles.
PMs serão repreendidos por foto
A foto em que as crianças aparecem de costas, feita na delegacia, foi divulgada pela própria Polícia Militar. A delegada Kelly Goularte disse que não sabia a respeito da imagem e frisou que não autoriza fotos de pessoas detidas, sejam menores ou maiores de idade.
- Vou conversar com os PMs e repreendê-los - disse ela.
Fonte: http://extra.globo.com/casos-de-policia ... 19193.html" onclick="window.open(this.href);return false;

— Ele é levado mesmo. Nunca esteve numa escola. Pra gente, não foi surpresa. Fica na rua o dia inteiro e chega ir à praia sozinho. Já trouxe outros dois cordões para cá — disse um vizinho de X.
Y. é descrito pela mãe, uma cozinheira, como um menino calmo, que ano passado concluiu o 6º ano. Segundo ela , o garoto foi corrigido e teve dificuldades para dormir.
— Eu conversei e corrigi meu filho em casa. Ele chorou muito desde que saiu da delegacia. Me prometeu que não fará mais uma coisa desta. Nenhuma mãe que ver o filho passar por isso. Ele está proibido de andar com o X. — disse a cozinheira.
A mãe de Y. revelou porque seu filho ainda não está estudando em 2015:
— Ele estudava numa escola que só vai até o 6º ano. Foi transferido para uma escola do bairro do Caju. Lá é longe. Estou tentando algo mais perto.
Vítima do assalto, a cortadora de roupas Ana Cláudia de Araújo, de 40 anos, diz que não desconfiou dos garotos por eles serem novos demais:
— Eu saí do trabalho com a minha sobrinha em direção à estação de trem. Em frente à Quinta da Boa Vista, vi que os dois meninos vinham andando de bicicleta, mas nem liguei. Não desconfiei justamente por causa da idade e do tamanho deles. Foi quando o menor passou bem rente a mim e puxou meu cordão de ouro, que ganhei há oito anos da minha mãe falecida, e entregou ao mais velho. Ele ficou muito nervoso e jogou em um bueiro. Imediatamente abordei uma viatura que passava na rua e em seguida os meninos foram pegos. Depois que eu os reconheci, fomos para a delegacia no carro da PM. O mais novo não falou nada, mas o mais velho estava arrependido e chorava muito. Estou muito assustada. Vou mudar meu caminho porque tenho receio que eles marquem a minha cara. Acho que o erro está na estrutura familiar deles, pois tenho 14 sobrinhos que, com certeza, não fariam nada parecido.
O envolvimento do menor de 6 anos chocou especialistas e reacendeu o debate sobre a redução da maioridade penal. Para o desembargador Siro Darlan, coordenador das Varas da Infância, Juventude e Idoso, a falta de políticas públicas nas comunidades acaba levando os jovens para o crime.
— Eles (os menores) estão habituados a nascer e crescer ouvindo sempre não — disse.
O desembargador Guaraci Vianna, ex-juiz da 2ª Vara da Infância e Juventude, acha que o envolvimento de crianças no crime é reflexo do ambiente, mas crê que rigor na punição é mais eficaz que redução da maioridade penal.
Para o coronel Milton Corrêa da Silva, especialista em segurança pública e defensor da redução da maioridade penal, o caso deve ser visto com cuidado. A certeza da impunidade, segundo ele, é o que atrai cada vez mais adolescentes e crianças ao mundo do crime.
O ex-secretário nacional de Segurança, Coronel José Vicente da Silva Filho, diz que esses casos são reflexos da formação e podem ser resolvidos com política social. Mas, para crime hediondo defende todo rigor para o menor, com redução penal.
Fonte: http://extra.globo.com/casos-de-policia ... z3TkgttLpD" onclick="window.open(this.href);return false;