Em conversas avançadas para ser o próximo treinador do Flamengo, Reinaldo Rueda acabou de passar uma semana na Alemanha. Lá, o colombiano de 60 anos participou do Congresso Internacional de Treinadores de Futebol, conheceu as instalações do Bayern de Munique, se encontrou com o técnico Carlo Ancelotti e assistiu a um amistoso do time, contra o Napoli.
A estadia resume bem o perfil estudioso do possível novo comandante rubro-negro. Frequentemente ele viaja à Europa para fazer cursos e se atualizar. E não é de hoje. Nascido em Cali, em 1957, formou-se em Educação Física na Colômbia e, no início dos anos 1990, fez pós-graduação na Escola Superior de Esportes da Alemanha, por isso é fluente na língua alemã.
Das sete finais que chegou em dois anos pelo clube, foram seis títulos. Foi campeão colombiano em 2015 e 2017, da Copa e da Superliga da Colômbia em 2016, da Copa Libertadores de 2016 e da Recopa Sul-Americana de 2017. A única final que não conquistou foi justamente uma que não chegou a disputar, a da Sul-Americana de 2016, devido ao trágico acidente com a delegação da Chapecoense, declarada campeã em um gesto honroso que partiu do próprio Atlético.
PONTOS FORTES - Agregador, disciplinador e tático
A jornalista brasileira Marina Granziera (TV Caracol), que trabalha há cinco anos na Colômbia, considera Rueda como o melhor técnico da Colômbia atualmente.
- O Reinaldo Rueda é um treinador com um preparo muito importante. Na minha opinião é o tecnico colombiano com melhor capacidade tática do pais. Ele vem estudando, aprimorando seus conhecimentos, estava na Alemanha fazendo um curso. Mas, além disso, é um gestor de time, sabe impor respeito, e monta o time de acordo as características dos seus jogadores - disse Marina.
Organizado e disciplinador, Rueda tem fama de agregador, destacou o jornalista Jhonsson Rojas, da Rádio Caracol, da Colômbia, primeiro veículo a noticiar o contato do Fla com o treinador. Seus grupos de jogadores costumam ser unidos, o que reflete positivamente no desempenho em campo.
- É um técnico com grandes números, os jogadores o adoram, é muito respeitoso. É muito tático, sabe analisar muito bem os seus rivais. Alcançou grande trabalho com sua disciplina, é muito próximo dos jogadores - disse Jhonsson.
Já o jornalista colombiano Santiago Cadavid, da rádio Munera 790, destacou o relacionamento com os jogadores e estilo de jogo. Seus esquemas táticos preferidos são o 4-2-3-1 e o 4-4-2.
- Seu ponto forte é sua capacidade de planejar as partidas. Sabe chegar ao jogador e convencê-lo. Taticamente adota um estilo de jogo de posse de bola bastante eficiente - analisou Satiango.
Duas Copas do Mundo no currículo
Rueda começou o trabalho como treinador em 1993, à frente da seleção sub-20 da Colômbia, classificando a equipe para o mundial daquele ano. O primeiro clube que assumiu foi o Cortuluá, modesto time colombiano que havia sido recém-promovido à primeira divisão em 1994. Por lá, fez campanhas de meio de tabela até seguir para o Deportivo Cali em 1997, onde fez uma boa campanha, chegando às semifinais do campeonato colombiano. Comandou o Independiente Medellin por quatro meses em 2002.
No início dos anos 2000, sua carreira mudou o foco dos clubes para as seleções, quando assumiu as equipes de base da Colômbia. O 3º lugar no mundial sub-20 de 2003 o fez ganhar uma promoção para o time principal no ano seguinte. Ele chegou com as Eliminatórias em andamento. A missão era levar a equipe, que havia marcado apenas um ponto em quatro jogos, para a Copa de 2006. Rueda deu outra cara para o time. Os resultados melhoraram, mas a vaga no mundial acabou escapando por muito pouco - ficou a um ponto da repescagem.
Curiosamente, a primeira seleção que o treinador conseguiu qualificar para uma Copa foi a modesta Honduras, país que não disputava o torneio desde 1982. A campanha no mundial de 2010, no entanto, não foi boa. Em um grupo complicado, com Espanha, Chile e Suíça, a equipe fez apenas um ponto e não marcou gols.
De 2010 a 2014, comandou o Equador. Superou um fracasso na Copa América de 2011, usou a altitude de Quito como trunfo e classificou a seleção para a Copa do Mundo, no Brasil. Terminou o torneio com uma vitória, um empate e uma derrota, em grupo com França, Suíça e Honduras, não avançando para as oitavas.