Cães do BJJF- Oficial
Re: Cães do BJJF- Oficial
Ah e força tartaruga e demais que perderam seus amigos. Feliz por saber que pegaram um novo cachorro.
Re: Cães do BJJF- Oficial
Porra, vi um video do cesar millan de curiosidade e no primeiro ja vejo ele chutando o cachorro pra ensinar como andar na coleira
Re: Cães do BJJF- Oficial
coloquei hoje em pratica esse video
meu cão andou extremamente bem, foi o melhor passei dele desde que começou
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- Zé Tempero
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Re: Cães do BJJF- Oficial
Spoiler:
Não foi descoberta a causa, pode ser doença do carrapato, vamos fazer exames específicos para isso. É foda.]]Mas confie no seu veterinário. Se disseram que vai dar certo, é porque vai. É o que estou pensando no meu caso também. Boa sorte.
- Zé Tempero
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Re: Cães do BJJF- Oficial
Com relação à questão à questão da relação de dominância com os cães e seus donos, segue abaixo um texto que achei muito interessante e muito didático sobre o tema.
____________________________________________________________________________
Alfa representa a primeira letra do alfabeto grego e é comumente utilizada para representar algo que vem primeiro. Daí a idéia de "alfa da matilha", que significa o líder da matilha.
Ao longo de décadas, este foi o conceito utilizado para compreender a forma como os lobos se estruturavam dentro da matilha. Mas como tudo em ciência depende de tecnologia, a tecnologia que possuímos hoje está muito a frente da tecnologia do início do século passado, e desta forma nos atualizamos a cerca dos estudos científicos refeitos com novas tecnologias.
Os primeiros estudos consistiram em capturar alguns lobos na natureza, colocá-los em cativeiro e observar como se estruturavam socialmente. Esta metodologia por si só já é falha, afinal, o cativeiro de forma alguma representa o habitat natural dos lobos, mas naquela época não existia rastreamento por GPS de forma que fosse possível acompanhar os lobos na natureza.
Dentro do cativeiro alguns lobos acabavam por se confrontarem e estabeleciam algumas relações baseadas em uma forma de dominância e submissão. Um lobo brigava com outro e ao se mostrar superior era “respeitado” pelo lobo mais fraco, que tornar-se-ia submisso.
Desta forma conclui-se que os lobos se estruturavam socialmente com base em dominância, e o termo alfa da matilha foi cravado de forma a entender que um lobo macho (ou um casal de lobos) seria o dominante e, portanto o alfa da matilha.
Com o advento da tecnologia de rastreamento via satélite e do mapeamento genético, novos estudos começaram a ser conduzidos de forma a observar a estrutura social dos lobos no seu habitat natural, e não mais em cativeiro.
Em meados da década de 90, os estudos mais precisos começaram a demonstrar que a estrutura formada pelos lobos na natureza não era como a observada anteriormente em cativeiro. Não existia tal dominância com base em agressão e medo.
O que se observou era que as matilhas formadas na natureza constituíam na verdade uma família. Um casal de lobos que gerou uma prole, e algumas vezes geravam ainda uma segunda prole.
Como os lobos, assim como os cães, crescem rápido fisicamente, certamente os filhotes com 1 ano já possuíam a aparência de lobos adultos, e talvez isto tenha causado algum desentendimento sobre a estrutura familiar, afinal, seria mais difícil identificar a idade dos lobos apenas observando-os de longe.
Portanto, assim como em uma família de humanos, existem os pais e os filhos, e os pais por serem mais velhos, podem ser considerados os “líderes” da família. Aqui, o termo alfa também poderia ser aplicado. Mas a verdade é que cientificamente a maior parte dos autores nunca usou este termo nos estudos com lobos. E as publicações menos científicas atrelaram o termo a uma espécie de dominância, de forma que até hoje as pessoas acreditem que o alfa da matilha significa um lobo que domina os demais através de força e medo.
O que ocorreu nos primeiros estudos feitos em cativeiros era que lobos de diferentes matilhas (famílias) eram colocados juntos, e por se estranharem acabavam por entrar em conflito, e neste caso acabava por vez gerando relacionamentos com base em dominância e submissão.
Aqui podemos fazer um paralelo com reality shows (ignorando que sejam atuações), pessoas de diferentes famílias (e culturas) são colocadas em uma casa para morarem juntas. Certamente algumas delas não se darão bem, o que sempre acaba em confusões. Diferente de uma estrutura familiar onde os valores são passados dos pais para os filhos.
O mesmo ocorre na matilha, os filhotes seguem os pais para que aprendam a sobreviver, até que se tornem adultos capazes de reproduzir com um lobo do outro sexo (de outra matilha) e formarem suas próprias famílias, dando continuidade à espécie.
Muitas vezes quando assistimos vídeos de lobos de uma mesma matilha que parecem brigar é, na verdade, uma forma de interação da própria espécie, algumas vezes são os próprios filhotes demonstrando uma forma de “respeito” aos pais, ou até mesmo um lobo mais velho informando um lobo mais novo para cessar com tal comportamento.
Diferente de nós, eles não possuem uma linguagem bem desenvolvida, de forma que boa parte de suas capacidades de se comunicar ainda sejam basicamente selvagem.
Um outro grande problema em todo esse conceito, que foi adotado para a forma de como lidar com cães, é que cães não são lobos. Tampouco evoluiu deste como muito se propaga.
Ainda que cães e lobos cinzentos sejam mais de 99% idênticos geneticamente (no que se refere ao seu genoma), o pouco de diferença genética que lhes resta é o suficiente pra fazer com que na prática existam muitas diferenças entre as duas.
A teoria mais aceita atualmente é de que há cerca de 30 mil anos atrás, uma espécie, na qual chamamos de lobo ancestral (originária da Península de Taimyr, ao norte da Sibéria), deu origem aos cães domésticos (Canis lupus familiaris) e ao lobo cinzento (Canis lupus). Acredita-se que tenha ocorrido, ainda, cruzamentos entre as três espécies, originando alguns cães específicos de algumas regiões frias.
Portanto nem tudo o que sabemos sobre lobos se aplica aos cães domésticos, e vice-versa.
No entanto, no que diz respeito a estrutura hierárquica (familiar), cães e lobos compartilham o mesmo modelo. Isso significa que a estrutura criada na mente do cão para os indivíduos com quem ele vive, é semelhante a de uma família. Pai, mãe e irmãos.
Evidentemente que o cão não nos confunde como indivíduos da mesma espécie, mas como estrutura hierárquica, os que criam o cão desde filhote representam os pais de alguma forma. Então não tenha vergonha de dizer que seu cão é seu filho, pois de certa forma, é assim que ele enxerga a estrutura da relação de vocês.
Ainda que o termo alfa tenha sido atrelado a uma compreensão equivocada, ele ainda pode ser utilizado, se empregado da forma correta. Afinal, o pai da matilha pode sim ser chamado de alfa, já que aqui significa que ele é o primeiro. Mas atualmente a ciência passou a adotar nomenclaturas mais claras como patriarca e matriarca para se referir aos pais da matilha.
Infelizmente leva-se muito tempo para o que é produzido cientificamente chegar a público (estima-se que leve em média 20 anos para que um consenso científico torne-se um senso comum para a população), e inúmeros adestradores ainda acreditam que a forma como o cão lida com a relação hierárquica é através de dominância, e que você precisa ser o líder da matilha no sentido de dominar o seu cão através de força e medo.
Na prática muitas vezes este tipo de método parece ser efetivo, mas na verdade ele apenas fez com que o cão ficasse com medo de ser punido e sentir dor, e por isso ele deixou de apresentar o comportamento indesejado. Mas o cão deixar de ter um comportamento por medo de ser punido e ele aprender outra formada desejável de comportamento são coisas completamente diferentes.
Cães “educados” na base da punição apenas aprendem a ter medo, de aprenderem coisas novas, de arriscarem se comunicar de alguma forma, e as vezes até mesmo da própria família. Eles não habitam o mundo para nos servirem, ou alguém ainda acredita que seria possível domesticar algum animal selvagem através do uso de punições dolorosas e medo?
Não abomino o uso da palavra líder na relação homem-cão, mas gosto de esclarecer que o significado é de você ser o exemplo que seu cão tenha vontade de seguir. Como se ele o admirasse tanto que gostaria de ser como você, e te seguirá porque você o ensina bons valores, e não porque você o obriga a fazer algo e ele obedece porque tem medo.
Referências:
Carlos Drews. The concept and definition of dominance in animal behaviour. Behaviour, 1993.
John Bradshaw. Cão Senso. Edicora Record, 1a Edição.
John W.S. Bradshaw et al. Dominance in domestic dogs - useful construct or bad habit? Journal of Veterinary Behavior, 2009.
L. David Mech. Alpha Status, Dominance, and dividion of labor in wolf packs. Canadian Journal of Zoology, 1999.
L. David Mech. Whatever happened to the term "alpha wolf?. International Wolf, 2008.
Meghan E. Herron et al. Survey of the use and outcome of confrontational and non-confrontational training methods in client-owned dogs showing
undesired behaviors. Applied Animal Behaviour Science, 2009.
Pontus Skoglund et al. Ancient wolf genome reveals an early divergence of domestic dog ancestors and admixture into high-latitude breeds. Current
Biology, 2015.
Wendy van Kerkhove. A fresh look at the wolf-pack theory of companion-animal dog social behavior. Journal of Applied Animal Welfare Science, 2004.
Fonte:
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Alfa representa a primeira letra do alfabeto grego e é comumente utilizada para representar algo que vem primeiro. Daí a idéia de "alfa da matilha", que significa o líder da matilha.
Ao longo de décadas, este foi o conceito utilizado para compreender a forma como os lobos se estruturavam dentro da matilha. Mas como tudo em ciência depende de tecnologia, a tecnologia que possuímos hoje está muito a frente da tecnologia do início do século passado, e desta forma nos atualizamos a cerca dos estudos científicos refeitos com novas tecnologias.
Os primeiros estudos consistiram em capturar alguns lobos na natureza, colocá-los em cativeiro e observar como se estruturavam socialmente. Esta metodologia por si só já é falha, afinal, o cativeiro de forma alguma representa o habitat natural dos lobos, mas naquela época não existia rastreamento por GPS de forma que fosse possível acompanhar os lobos na natureza.
Dentro do cativeiro alguns lobos acabavam por se confrontarem e estabeleciam algumas relações baseadas em uma forma de dominância e submissão. Um lobo brigava com outro e ao se mostrar superior era “respeitado” pelo lobo mais fraco, que tornar-se-ia submisso.
Desta forma conclui-se que os lobos se estruturavam socialmente com base em dominância, e o termo alfa da matilha foi cravado de forma a entender que um lobo macho (ou um casal de lobos) seria o dominante e, portanto o alfa da matilha.
Com o advento da tecnologia de rastreamento via satélite e do mapeamento genético, novos estudos começaram a ser conduzidos de forma a observar a estrutura social dos lobos no seu habitat natural, e não mais em cativeiro.
Em meados da década de 90, os estudos mais precisos começaram a demonstrar que a estrutura formada pelos lobos na natureza não era como a observada anteriormente em cativeiro. Não existia tal dominância com base em agressão e medo.
O que se observou era que as matilhas formadas na natureza constituíam na verdade uma família. Um casal de lobos que gerou uma prole, e algumas vezes geravam ainda uma segunda prole.
Como os lobos, assim como os cães, crescem rápido fisicamente, certamente os filhotes com 1 ano já possuíam a aparência de lobos adultos, e talvez isto tenha causado algum desentendimento sobre a estrutura familiar, afinal, seria mais difícil identificar a idade dos lobos apenas observando-os de longe.
Portanto, assim como em uma família de humanos, existem os pais e os filhos, e os pais por serem mais velhos, podem ser considerados os “líderes” da família. Aqui, o termo alfa também poderia ser aplicado. Mas a verdade é que cientificamente a maior parte dos autores nunca usou este termo nos estudos com lobos. E as publicações menos científicas atrelaram o termo a uma espécie de dominância, de forma que até hoje as pessoas acreditem que o alfa da matilha significa um lobo que domina os demais através de força e medo.
O que ocorreu nos primeiros estudos feitos em cativeiros era que lobos de diferentes matilhas (famílias) eram colocados juntos, e por se estranharem acabavam por entrar em conflito, e neste caso acabava por vez gerando relacionamentos com base em dominância e submissão.
Aqui podemos fazer um paralelo com reality shows (ignorando que sejam atuações), pessoas de diferentes famílias (e culturas) são colocadas em uma casa para morarem juntas. Certamente algumas delas não se darão bem, o que sempre acaba em confusões. Diferente de uma estrutura familiar onde os valores são passados dos pais para os filhos.
O mesmo ocorre na matilha, os filhotes seguem os pais para que aprendam a sobreviver, até que se tornem adultos capazes de reproduzir com um lobo do outro sexo (de outra matilha) e formarem suas próprias famílias, dando continuidade à espécie.
Muitas vezes quando assistimos vídeos de lobos de uma mesma matilha que parecem brigar é, na verdade, uma forma de interação da própria espécie, algumas vezes são os próprios filhotes demonstrando uma forma de “respeito” aos pais, ou até mesmo um lobo mais velho informando um lobo mais novo para cessar com tal comportamento.
Diferente de nós, eles não possuem uma linguagem bem desenvolvida, de forma que boa parte de suas capacidades de se comunicar ainda sejam basicamente selvagem.
Um outro grande problema em todo esse conceito, que foi adotado para a forma de como lidar com cães, é que cães não são lobos. Tampouco evoluiu deste como muito se propaga.
Ainda que cães e lobos cinzentos sejam mais de 99% idênticos geneticamente (no que se refere ao seu genoma), o pouco de diferença genética que lhes resta é o suficiente pra fazer com que na prática existam muitas diferenças entre as duas.
A teoria mais aceita atualmente é de que há cerca de 30 mil anos atrás, uma espécie, na qual chamamos de lobo ancestral (originária da Península de Taimyr, ao norte da Sibéria), deu origem aos cães domésticos (Canis lupus familiaris) e ao lobo cinzento (Canis lupus). Acredita-se que tenha ocorrido, ainda, cruzamentos entre as três espécies, originando alguns cães específicos de algumas regiões frias.
Portanto nem tudo o que sabemos sobre lobos se aplica aos cães domésticos, e vice-versa.
No entanto, no que diz respeito a estrutura hierárquica (familiar), cães e lobos compartilham o mesmo modelo. Isso significa que a estrutura criada na mente do cão para os indivíduos com quem ele vive, é semelhante a de uma família. Pai, mãe e irmãos.
Evidentemente que o cão não nos confunde como indivíduos da mesma espécie, mas como estrutura hierárquica, os que criam o cão desde filhote representam os pais de alguma forma. Então não tenha vergonha de dizer que seu cão é seu filho, pois de certa forma, é assim que ele enxerga a estrutura da relação de vocês.
Ainda que o termo alfa tenha sido atrelado a uma compreensão equivocada, ele ainda pode ser utilizado, se empregado da forma correta. Afinal, o pai da matilha pode sim ser chamado de alfa, já que aqui significa que ele é o primeiro. Mas atualmente a ciência passou a adotar nomenclaturas mais claras como patriarca e matriarca para se referir aos pais da matilha.
Infelizmente leva-se muito tempo para o que é produzido cientificamente chegar a público (estima-se que leve em média 20 anos para que um consenso científico torne-se um senso comum para a população), e inúmeros adestradores ainda acreditam que a forma como o cão lida com a relação hierárquica é através de dominância, e que você precisa ser o líder da matilha no sentido de dominar o seu cão através de força e medo.
Na prática muitas vezes este tipo de método parece ser efetivo, mas na verdade ele apenas fez com que o cão ficasse com medo de ser punido e sentir dor, e por isso ele deixou de apresentar o comportamento indesejado. Mas o cão deixar de ter um comportamento por medo de ser punido e ele aprender outra formada desejável de comportamento são coisas completamente diferentes.
Cães “educados” na base da punição apenas aprendem a ter medo, de aprenderem coisas novas, de arriscarem se comunicar de alguma forma, e as vezes até mesmo da própria família. Eles não habitam o mundo para nos servirem, ou alguém ainda acredita que seria possível domesticar algum animal selvagem através do uso de punições dolorosas e medo?
Não abomino o uso da palavra líder na relação homem-cão, mas gosto de esclarecer que o significado é de você ser o exemplo que seu cão tenha vontade de seguir. Como se ele o admirasse tanto que gostaria de ser como você, e te seguirá porque você o ensina bons valores, e não porque você o obriga a fazer algo e ele obedece porque tem medo.
Referências:
Carlos Drews. The concept and definition of dominance in animal behaviour. Behaviour, 1993.
John Bradshaw. Cão Senso. Edicora Record, 1a Edição.
John W.S. Bradshaw et al. Dominance in domestic dogs - useful construct or bad habit? Journal of Veterinary Behavior, 2009.
L. David Mech. Alpha Status, Dominance, and dividion of labor in wolf packs. Canadian Journal of Zoology, 1999.
L. David Mech. Whatever happened to the term "alpha wolf?. International Wolf, 2008.
Meghan E. Herron et al. Survey of the use and outcome of confrontational and non-confrontational training methods in client-owned dogs showing
undesired behaviors. Applied Animal Behaviour Science, 2009.
Pontus Skoglund et al. Ancient wolf genome reveals an early divergence of domestic dog ancestors and admixture into high-latitude breeds. Current
Biology, 2015.
Wendy van Kerkhove. A fresh look at the wolf-pack theory of companion-animal dog social behavior. Journal of Applied Animal Welfare Science, 2004.
Fonte:
Spoiler:
Re: Cães do BJJF- Oficial
excelente texto. Espero que já tenha alguma mudança nas próximas gerações com relação ao tratamento com nossos amigos caninosZé Tempero escreveu: ↑06 Nov 2017 15:45Com relação à questão à questão da relação de dominância com os cães e seus donos, segue abaixo um texto que achei muito interessante e muito didático sobre o tema.
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Alfa representa a primeira letra do alfabeto grego e é comumente utilizada para representar algo que vem primeiro. Daí a idéia de "alfa da matilha", que significa o líder da matilha.
Ao longo de décadas, este foi o conceito utilizado para compreender a forma como os lobos se estruturavam dentro da matilha. Mas como tudo em ciência depende de tecnologia, a tecnologia que possuímos hoje está muito a frente da tecnologia do início do século passado, e desta forma nos atualizamos a cerca dos estudos científicos refeitos com novas tecnologias.
Os primeiros estudos consistiram em capturar alguns lobos na natureza, colocá-los em cativeiro e observar como se estruturavam socialmente. Esta metodologia por si só já é falha, afinal, o cativeiro de forma alguma representa o habitat natural dos lobos, mas naquela época não existia rastreamento por GPS de forma que fosse possível acompanhar os lobos na natureza.
Dentro do cativeiro alguns lobos acabavam por se confrontarem e estabeleciam algumas relações baseadas em uma forma de dominância e submissão. Um lobo brigava com outro e ao se mostrar superior era “respeitado” pelo lobo mais fraco, que tornar-se-ia submisso.
Desta forma conclui-se que os lobos se estruturavam socialmente com base em dominância, e o termo alfa da matilha foi cravado de forma a entender que um lobo macho (ou um casal de lobos) seria o dominante e, portanto o alfa da matilha.
Com o advento da tecnologia de rastreamento via satélite e do mapeamento genético, novos estudos começaram a ser conduzidos de forma a observar a estrutura social dos lobos no seu habitat natural, e não mais em cativeiro.
Em meados da década de 90, os estudos mais precisos começaram a demonstrar que a estrutura formada pelos lobos na natureza não era como a observada anteriormente em cativeiro. Não existia tal dominância com base em agressão e medo.
O que se observou era que as matilhas formadas na natureza constituíam na verdade uma família. Um casal de lobos que gerou uma prole, e algumas vezes geravam ainda uma segunda prole.
Como os lobos, assim como os cães, crescem rápido fisicamente, certamente os filhotes com 1 ano já possuíam a aparência de lobos adultos, e talvez isto tenha causado algum desentendimento sobre a estrutura familiar, afinal, seria mais difícil identificar a idade dos lobos apenas observando-os de longe.
Portanto, assim como em uma família de humanos, existem os pais e os filhos, e os pais por serem mais velhos, podem ser considerados os “líderes” da família. Aqui, o termo alfa também poderia ser aplicado. Mas a verdade é que cientificamente a maior parte dos autores nunca usou este termo nos estudos com lobos. E as publicações menos científicas atrelaram o termo a uma espécie de dominância, de forma que até hoje as pessoas acreditem que o alfa da matilha significa um lobo que domina os demais através de força e medo.
O que ocorreu nos primeiros estudos feitos em cativeiros era que lobos de diferentes matilhas (famílias) eram colocados juntos, e por se estranharem acabavam por entrar em conflito, e neste caso acabava por vez gerando relacionamentos com base em dominância e submissão.
Aqui podemos fazer um paralelo com reality shows (ignorando que sejam atuações), pessoas de diferentes famílias (e culturas) são colocadas em uma casa para morarem juntas. Certamente algumas delas não se darão bem, o que sempre acaba em confusões. Diferente de uma estrutura familiar onde os valores são passados dos pais para os filhos.
O mesmo ocorre na matilha, os filhotes seguem os pais para que aprendam a sobreviver, até que se tornem adultos capazes de reproduzir com um lobo do outro sexo (de outra matilha) e formarem suas próprias famílias, dando continuidade à espécie.
Muitas vezes quando assistimos vídeos de lobos de uma mesma matilha que parecem brigar é, na verdade, uma forma de interação da própria espécie, algumas vezes são os próprios filhotes demonstrando uma forma de “respeito” aos pais, ou até mesmo um lobo mais velho informando um lobo mais novo para cessar com tal comportamento.
Diferente de nós, eles não possuem uma linguagem bem desenvolvida, de forma que boa parte de suas capacidades de se comunicar ainda sejam basicamente selvagem.
Um outro grande problema em todo esse conceito, que foi adotado para a forma de como lidar com cães, é que cães não são lobos. Tampouco evoluiu deste como muito se propaga.
Ainda que cães e lobos cinzentos sejam mais de 99% idênticos geneticamente (no que se refere ao seu genoma), o pouco de diferença genética que lhes resta é o suficiente pra fazer com que na prática existam muitas diferenças entre as duas.
A teoria mais aceita atualmente é de que há cerca de 30 mil anos atrás, uma espécie, na qual chamamos de lobo ancestral (originária da Península de Taimyr, ao norte da Sibéria), deu origem aos cães domésticos (Canis lupus familiaris) e ao lobo cinzento (Canis lupus). Acredita-se que tenha ocorrido, ainda, cruzamentos entre as três espécies, originando alguns cães específicos de algumas regiões frias.
Portanto nem tudo o que sabemos sobre lobos se aplica aos cães domésticos, e vice-versa.
No entanto, no que diz respeito a estrutura hierárquica (familiar), cães e lobos compartilham o mesmo modelo. Isso significa que a estrutura criada na mente do cão para os indivíduos com quem ele vive, é semelhante a de uma família. Pai, mãe e irmãos.
Evidentemente que o cão não nos confunde como indivíduos da mesma espécie, mas como estrutura hierárquica, os que criam o cão desde filhote representam os pais de alguma forma. Então não tenha vergonha de dizer que seu cão é seu filho, pois de certa forma, é assim que ele enxerga a estrutura da relação de vocês.
Ainda que o termo alfa tenha sido atrelado a uma compreensão equivocada, ele ainda pode ser utilizado, se empregado da forma correta. Afinal, o pai da matilha pode sim ser chamado de alfa, já que aqui significa que ele é o primeiro. Mas atualmente a ciência passou a adotar nomenclaturas mais claras como patriarca e matriarca para se referir aos pais da matilha.
Infelizmente leva-se muito tempo para o que é produzido cientificamente chegar a público (estima-se que leve em média 20 anos para que um consenso científico torne-se um senso comum para a população), e inúmeros adestradores ainda acreditam que a forma como o cão lida com a relação hierárquica é através de dominância, e que você precisa ser o líder da matilha no sentido de dominar o seu cão através de força e medo.
Na prática muitas vezes este tipo de método parece ser efetivo, mas na verdade ele apenas fez com que o cão ficasse com medo de ser punido e sentir dor, e por isso ele deixou de apresentar o comportamento indesejado. Mas o cão deixar de ter um comportamento por medo de ser punido e ele aprender outra formada desejável de comportamento são coisas completamente diferentes.
Cães “educados” na base da punição apenas aprendem a ter medo, de aprenderem coisas novas, de arriscarem se comunicar de alguma forma, e as vezes até mesmo da própria família. Eles não habitam o mundo para nos servirem, ou alguém ainda acredita que seria possível domesticar algum animal selvagem através do uso de punições dolorosas e medo?
Não abomino o uso da palavra líder na relação homem-cão, mas gosto de esclarecer que o significado é de você ser o exemplo que seu cão tenha vontade de seguir. Como se ele o admirasse tanto que gostaria de ser como você, e te seguirá porque você o ensina bons valores, e não porque você o obriga a fazer algo e ele obedece porque tem medo.
Referências:
Carlos Drews. The concept and definition of dominance in animal behaviour. Behaviour, 1993.
John Bradshaw. Cão Senso. Edicora Record, 1a Edição.
John W.S. Bradshaw et al. Dominance in domestic dogs - useful construct or bad habit? Journal of Veterinary Behavior, 2009.
L. David Mech. Alpha Status, Dominance, and dividion of labor in wolf packs. Canadian Journal of Zoology, 1999.
L. David Mech. Whatever happened to the term "alpha wolf?. International Wolf, 2008.
Meghan E. Herron et al. Survey of the use and outcome of confrontational and non-confrontational training methods in client-owned dogs showing
undesired behaviors. Applied Animal Behaviour Science, 2009.
Pontus Skoglund et al. Ancient wolf genome reveals an early divergence of domestic dog ancestors and admixture into high-latitude breeds. Current
Biology, 2015.
Wendy van Kerkhove. A fresh look at the wolf-pack theory of companion-animal dog social behavior. Journal of Applied Animal Welfare Science, 2004.
Fonte:Spoiler:
Re: Cães do BJJF- Oficial
Se alguem se interessar sobre a estrutura familiar de lobos, tem um livro chamado "Never Cry Wolf", dos anos 60 que ja foi republicado varias vezes. Li pela primeira vez la pelos anos 70 achei fascinante. Acho que deixei a minha copia no Brasil, pena.
O naturalista acompanha familias de lobos pelas paisagens geladas no norte do Canada, e documenta toda a interacao entre os membros das matilhas. Muitas das ideias erroneas sobre a especie da epoca ja eram desmanteladas naquele livro. Chequei agora e tem no Amazon. A capa do meu era bem diferente. Nao sei se houve mais material adicionado... As fotos, preto e branco na maioria, tambem eram muito boas (para a epoca).
https://www.amazon.com/Never-Cry-Wolf-F ... g=UTF8&me=
O naturalista acompanha familias de lobos pelas paisagens geladas no norte do Canada, e documenta toda a interacao entre os membros das matilhas. Muitas das ideias erroneas sobre a especie da epoca ja eram desmanteladas naquele livro. Chequei agora e tem no Amazon. A capa do meu era bem diferente. Nao sei se houve mais material adicionado... As fotos, preto e branco na maioria, tambem eram muito boas (para a epoca).
https://www.amazon.com/Never-Cry-Wolf-F ... g=UTF8&me=

All it takes for evil to prevail is for good men to do nothing -E.Burke
Re: Cães do BJJF- Oficial
Meu labrador fazia o mesmo. Nos pulverizamos os comprimidos e misturamos o po dentro de um pouco de carne moida. Engolia tudo.Ron escreveu: ↑08 Nov 2017 11:41Meu dog agora vai ter que tomar 5 comprimidos por dia, 2 de manhã e 3 a noite.
Tenho uma dificuldade muito grande para fazer ele engolir, vocês tem alguma dica para facilitar? Ele não morde nem nada minha mãe, mas simplesmente cospe quando eu tento colocar atrás da língua dele.

All it takes for evil to prevail is for good men to do nothing -E.Burke
Re: Cães do BJJF- Oficial
Compra patê ou carne moída e faz uma bolinha de patê ou de carne moída com o comprimido dentro. Se o dog for grande ou médio ele engole de boa, se for pequeno quebre o comprimido em partesRon escreveu: ↑08 Nov 2017 11:41Meu dog agora vai ter que tomar 5 comprimidos por dia, 2 de manhã e 3 a noite.
Tenho uma dificuldade muito grande para fazer ele engolir, vocês tem alguma dica para facilitar? Ele não morde nem nada minha mãe, mas simplesmente cospe quando eu tento colocar atrás da língua dele.
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Re: Cães do BJJF- Oficial
No meu eu coloco bem atrás na língua. Bem atrás mesmo. E fecho a boca é tranquilo.
Se for antibiótico não deve dar com pão ou com derivado de leite. A veterinária disse que influencia na absorção.
E disseram aí pra pulverizar. Mas às vezes o medicamento tem que ser utilizado inteiro, pra absorção ser gradativa e não de uma só vez.
Se for antibiótico não deve dar com pão ou com derivado de leite. A veterinária disse que influencia na absorção.
E disseram aí pra pulverizar. Mas às vezes o medicamento tem que ser utilizado inteiro, pra absorção ser gradativa e não de uma só vez.
- Raul Nutti
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Re: Cães do BJJF- Oficial
Eu costumo enfiar na boca dele, fechar o focinho e assoprar no nariz dele, acho que li essa dica uma vez e uso sempre, funciona.
"In wars, boy, fools kill other fools for foolish causes"


- Zé Tempero
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Re: Cães do BJJF- Oficial
Ron, tenta convencer as pessoas a darem a ele um petisco depois do comprimido. Como ele tem dificuldade de aceitar, ao menos veja se consegue fazer uma associação positiva desse momento.
Re: Cães do BJJF- Oficial
Enfia na goela mesmo, não tem como cuspir. Tipo, coloca atras da lingua e empurra para baixo.Ron escreveu: ↑08 Nov 2017 11:41Meu dog agora vai ter que tomar 5 comprimidos por dia, 2 de manhã e 3 a noite.
Tenho uma dificuldade muito grande para fazer ele engolir, vocês tem alguma dica para facilitar? Ele não morde nem nada minha mãe, mas simplesmente cospe quando eu tento colocar atrás da língua dele.
Aprendi esta técnica com um veterinário e com o tempo, pega o jeito. Mas sempre tento antes misturar na comida por achar este método meio "agressivo", mas a minha cadela consegue separar o remédio.
Daí tenho que colocar goela abaixo.
Re: Cães do BJJF- Oficial
Eu trituro o comprimido, dissolvo em agua, coloco em uma seringa e espirro na boca.
Seres pré-históricos, vivendo em instituições medievais, lidando com tecnologia avançada. Que resultado você espera disso?
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