joaotavares escreveu:Sou católico e tenho todo respeito pelos muçulmanos e islamismo. Adoramos o mesmo Deus (apesar dos diferentes "meios"*). Não cometo a injustiça de julgar os bilhões de muçulmanos por uma minoria intolerante e criminosa. Sim, minoria. Temos mais de um bilhão de muçulmanos no mundo. Se o islamismo fosse esse monstro que pintam, os números de atentados seriam muito, mas muito maiores e não entre apenas uma parcela diminuta dos fiéis.
Reconheço que há perseguição aos cristãos em vários países islâmicos (mas repito, minoria da população islâmica no mundo) . Mas nem por isso devemos odiá-los. Não disse o Cristo? "Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? (...) Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isto também os pagãos?
Enfim, o islamismo é sim uma religião de paz. Se não fosse, teríamos uma guerra mundial, pois essa gigantesca parcela da população do mundo tentaria subjugar e matar todos os "infiéis" através de inúmeros atentados e guerras. Talvez o islamismo sirva até como freio moral para atentados suicidas (os famosos homens-bombas), uma vez que o Alcorão condena o suicídio, além das pesquisas acadêmicas que apontam motivação secular (política e disputas territoriais) e não religiosas para aqueles odiosos atentados.
Não bastam passagens obscuras do Alcorão para generalizar o islamismo como algo ruim, da mesma forma que passagens obscuras do Antigo Testamento não são suficientes para menosprezar o Cristianismo.
Do fim das cruzadas (e dos conflitos decorrentes dela) até a queda do Império Otomano no início do século XX, houve séculos de convivência relativamente pacífica entre cristãos e muçulmanos. Nem havia entre os muçulmanos ódio ou rancor contra a época das Cruzadas (o livro do Stark sobre a história das Cruzadas chamado "God's Battallion" explica bem isso). Foi a queda do Império Otomano e a seguinte intervenção violenta do ocidente (por razões seculares e não religiosas) no "mundo islâmico" que gerou o radicalismo e o fundamentalismo islâmico atual. Temos como exemplo claro as situação no Afeganistão e do Irã. Após as intervenções do Ocidente (EUA e URSS), os países, antes liberais e acolhedores (procurem as imagens de como era o Afeganistão*2 antes do fundamentalismo), transformaram-se em forças retrógradas, opressoras e radicais. Deus, o Iraque era talvez o país mais liberal (com, por exemplo, direitos das mulheres estabelecidos e respeitados) do Oriente Médio até antes dessa Guerra do Iraque. E agora, pós invasão? O país se tornou berço de radicais fundamentalistas e está entre os piores no quesito respeito e direito das mulheres.
Fica fácil apontar o dedo e dizer como são malvados esses muçulmanos e sua religião atrasada. Mais fácil porque nos impede de reconhecer nosso papel (o do Ocidente) nessa radicalização dessa religião que criticamos. Ocupam seus países, matam seus filhos e depois reclamam que são "radicais" e "bárbaros". A cada terrorista morto por um drone do lobo em pele de cordeiro Obama (muito mais ataques de drones do que Bush), novos terroristas são formados revoltados com aquela morte.
Enfim, claro que não coaduno com os radicais islâmicos, como o do ISIS. Entender a razão de existirem não significa apoiar suas práticas. Devem ser combatidos. Da mesma maneira que entender por que existem tantos criminosos no Brasil não significa que apoio o crime, que não quero ver criminosos na cadeia ou que quero "levar um bandido para casa" como tanto falam.
Abraços.
*Claro que acredito que minha religião é a verdadeira, mas isso não elimina alguns aspectos comuns entre nossas religiões vindas do profeta Abraão, cristianismo, judaísmo e islamismo. Mas não quero entrar nesse assunto no tópico.
*2
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PS: Feliz natal e ano novo aos amigos. Volto no próximo ano.