Meu filho vai fazer 10 anos agora, e desde pequeno tentei estimulá-lo para que um dia pudéssemos repetir a experiência. Ele até gostava de chutar bolas quando era bem pequeno, mas aos poucos foi perdendo o interesse, ao ponto de um dia dizer que só jogava bola comigo porque eu gostava : )
Meu pai andava armado, e nunca treinou nenhuma arte marcial. Quando eu era criança, cheguei a fazer um ano de judô, mas achava aquilo chato e ineficaz. Não tinha confiança alguma para me defender. Foi quando conheci, no início da adolescência, um dos meus melhores amigos até hoje, que treinava na então Barra Gracie da academia Espaço Vital.
Logo que eles foram morar no condomínio, eu estranhei o saco de boxe pendurado na garagem da casa da família. O pai desse cara é um porradeiro das antigas, que treinava na academia Meier com o grande mestre Fernando Soares, que depois abriu um tatame na Vila Valqueire, aqui em Jacarepaguá. Foi lá que aprendi o básico da defesa pessoal, a trocar soco, e ganhei muita confiança pra enfrentar a selva que era o RJ na década de 90.
Com eles, assisti aos eventos de Vale Tudo do Grajaú, seletivas de judô, e foi na Barra Gracie que arrumamos as fitas VHS dos primeiros UFC. Acompanhei o vale-tudo até o início da década de 2000, quando comecei a trabalhar e tive minha primeira filha. Praticamente perdi a era Pride e voltei a assistir por volta de 2011, quando o MMA se popularizou. Foi nessa época que comecei a participar esporadicamente de fóruns, muito mais como leitor.
Num tópico antigo do PVT, li uma postagem do mestre Alm falando sobre um rola com o próprio filho. Um relato tocante, que eu imediatamente associei à relação que meu amigo tinha com o pai. Com sete anos, meu filho já gostava de assistir UFC comigo, e pediu para fazer Jiu-Jitsu. Sempre gostei da arte, sou um leitor ávido sobre lutas, e decidi buscar uma academia perto de casa.
Foi assim que, no início de 2016, eu e ele começamos a treinar na GB Jacarepaguá, aqui na Freguesia, com o mestre Villeem Coelho. O moleque mostrou que tem vocação, já passou da cinza e está na amarela, e foi vice-campeão no Compnet da Gracie Barra, ano passado. O único da categoria que venceu uma luta por finalização : )
E eu, com 40 anos nas costas, botei uma faixa branca na cintura e fui encarar uma molecada encardida que treina de manhã à noite, seis vezes por semana. Felizmente, é um “tatame família”, com outros coroas como eu tentando fazer o melhor, dentro das limitações. Nem preciso dizer que minha qualidade de vida ganhou muito, sem falar no reforço do elo de ligação com meu filho e com os novos amigos de tatame. Mês passado, após dois anos de treino, um dedo quebrado e várias contusões, ganhei minha faixa azul : )
Gosto de brincar de rolar com meu filho, e não vejo a hora de que o treino com ele deixe de ser uma “brincadeira”. O motivo de abrir esse tópico é compartilhar essa experiência de treino com os filhos, questões sobre idade, peso, maturidade etc. Sei que são muitas culturas de tatame diferentes (por exemplo, aquele meu amigo jamais finalizou o pai, mesmo quando se tornou mais forte... : ), mas acho que os relatos podem ajudar aqueles que estão começando essa trilha, como eu.

Um abraço e feliz 2018 para todos!
PS: Esse é o primeiro tópico que abro em fóruns, e provavelmente será o único.