Iron Man escreveu: ↑06 Fev 2018 08:24
Fé (do Latim fide)é a adesão de forma
incondicional a uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade
sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação,
pela absoluta confiança que se deposita nesta ideia ou fonte de transmissão.
rel no catolicismo, a primeira das três
virtudes teologais.
Por definição, fé é sim inimiga da razão.
E é tratada como uma virtude, já que a fé é essencial para manutenção da crença.
Fé e razão não são excludentes. A definição colocada pelo colega é a definição de Fideísmo ou está fora de seu contexto.
Isso porque se a fé é a absoluta confiança que se deposita numa proposição da verdade ou fonte de transmissão, segue-se que a própria fonte de transmissão e proposições não são objeto de fé. Explico:
- uma pessoa fala que Deus existe e Jesus é seu filho - esta é uma proposição da verdade que deve ser analisada tanto pela razão humana através das leis fundamentais da lógica quanto pela credibilidade da testemunha.
Nesse sentido as proposições bíblicas da verdade foram e devem ter esse arcabouço racional qual seja:
1. Fundacionalismo epistemológico: para negá-lo é preciso utilizá-lo, ele é auto-evidente, independente da percepção que se tem dele
2. Diferenciar linguagem unívoca de linguagem analógica
3. Verificar se as evidências propostas pelos judeus e posteriormente pelos cristãos se sustentam, e aqui lembro-me do exposto em Hebreus capítulo primeiro e versículo primeiro:
Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho.
A partir daí vemos que as proposições divinas receberam sua marca de credibilidade primeiro através de sinais, milagres e profecias feitas aos patriarcas, depois aos profetas, sacerdotes, reis, a toda a nação judaica e nos últimos dias pelo Filho, que também por meio de sinais, milagres e profecias (nunca negadas pelos céticos judeus, mas explicadas como sendo manifestação do poder de Belzebu - e seria útil a eles negá-las, mas não dava pois eram feitas as multidões e, portanto, inegáveis a época - restava dizer que eram artes mágicas, ilusionismo ou poder das trevas). Sendo o maior milagre ter ficado morto por três dias e aparecido vivo depois disso, com cicatrizes nas mãos e pés, comendo, bebendo, se comunicando e se manifestando a mais de 400 pessoas que foram depois usadas como testemunhas oculares do ocorrido pelo apóstolo Paulo a fim de corroborar a pregação. Além disso, vários escribas, fariseus e saduceus, além de soldados romanos, cidadãos gregos e romanos ricos e influentes também creram.
Portanto, a fé é a confiança que deposito em alguém devido esta pessoa ter dado provas de que é de confiança. E tais provas seriam milagres, sinais, curas, a própria ressurreição de Jesus, a natureza e o senso moral, assim como as escrituras sagradas (que também se baseiam nas provas citadas).
Qualquer tentativa de mudar isso não descreve a fé, mas sim o Fideísmo, que é a negação da razão como válida para a religião, baseando-se num pressuposicionalismo filosófico ou no coerentismo, tal e qual propuseram Cornelius Van Til, Clark Gordon, John Edward Carnell, Francis Schaeffer, Greg Bahnsen, Vincent Cheung ou John Frame e rejeitado pela maioria dos cristãos.
Iron Man escreveu: ↑06 Fev 2018 23:30
E, pra finalizar, ateu não tem fé. É descabida a ideia de que ateu tem fé pq não acredita em algo que não há nenhuma evidência de sua existência.
Fé é crer em algo incondicionalmente sem evidências.
Fé não é não crer em algo que não há evidências.
Muito cristão diz que ateu tem fé pela incapacidade de apresentar uma prova negativa válida para a inexistência de Deus, sendo que para dizer que Deus com certeza inexiste é preciso apresentar uma prova negativa ou ser onisciente, e portanto, impossível. Haverá objeções a esse raciocínio e contra-objeções, mas não quero discutir isso.
Quero apresentar outra razão para esse termo ser utilizado sem precisar pedir uma prova negativa aos ateus.
O raciocínio indutivo.
Como o conhecimento científico é probabilístico e indutivo, e o conhecimento dedutivo é apenas a sistematização daquilo que se observou indutivamente, ao colocarmos todas as evidências acerca da origem do universo, da vida, dos valores morais, das religiões, da ressurreição de Jesus e da Bíblia em perspectiva, que nível de probabilidade temos a respeito de tais evidências? Elas demonstram cada vez mais convincentemente a veracidade da fé cristã, ou convencem melhor da falha na fé cristã?
Uma vez apreciadas as evidências indutivamente, montamos um silogismo e deixamos que as duas primeiras premissas levem automaticamente a conclusão, sem fazer juízo de valor dessa conclusão antecipadamente, para que nossos valores morais e crenças pessoais não influenciem a conclusão.
No final do processo, há mais evidências corroborando o Cristianismo que inutilizando-o.
Nesse sentido, usando a Indução e posterior Dedução a partir dos fatos indutivamente observados concluímos que para o cristãos tem muita evidência e poucas lacunas (que por sua vez não são lacunas fundamentais, mas acidentais), já para o ateu tem pouca evidência em seu favor, em menor quantidade do que para o cristão, e evidências positivas e negativas invalidando sua cosmovisão. Logo, conclui-se que precisa mais fé para ser ateu que para ser cristão, utilizando o termo fé em seu uso popular.
Se tenho 70% de evidência a favor da fé e 30% contra, sendo esses 30 não-fundamentais, então tenho 30% de fé.
Se o ateu tem 70% de evidência contra ele e 30% de evidência a favor dele, então ele tem 70% de fé.
É nesse sentido que dizer que o ateu tem mais fé que o cristão aparece, porque enquanto o ateu exige uma prova absoluta para Deus (indução perfeita), negando o próprio critério da verdade usado pela ciência, o cristão vence a batalha no terreno do próprio naturalista, o método científico e forense, ou indutivo e dedutivo.
Em qualquer das duas formas o ateu está em apuros, primeiro porque não possui uma prova negativa válida (o que destrói o ateísmo e o leva ao agnosticismo) e segundo porque as provas teístas possuem mais evidências a favor delas que contra, evidências estas mais fortes e mais fundamentais, e terceiro porque as provas negativas contra o ateísmo também são mais fortes que aquelas a favor dele.
No final das contas, usando o critério naturalista, precisa mais fé para ser ateu, pois eles se baseiam mais eu seus pressupostos morais que nas provas empíricas.
E fé contra a razão é fideísmo, e não fé. A fé e a razão não são excludentes, são complementares.
A razão tem a ver com o intelecto, a fé tem a ver com a volição, isto é, com a vontade.
Em suma, a existência de Deus é auto-evidente, de modo absoluto, mas não de modo relativo. O intelecto atesta haver boas razões para crer em Deus e na Bíblia, mas apenas a volição se decide viver por elas. E como o homem é por natureza inimigo de Deus, em rebelião contra a soberania do Criador, morto em seus delitos e pecados, e deliberadamente apaga qualquer lampejo de luz lançada sobre suas trevas morais pela pregação do Evangelho, apenas pode aceitar a verdade bíblica como verdade pessoal a pessoa que uma vez iluminada pelo Evangelho, o aceita, num momento raro e único de entendimento pelo convencimento efetuado pelo Espírito Santo durante a pregação: convence do pecado, da justiça e do juízo.
A razão entende, mas o homem ofusca esse entendimento (por isso é inescusável diante de Deus), pois entende Deus pela natureza e pelo senso moral, mas os rejeita deliberadamente.
A fé, por outro lado, é assentir sem questionar, primeiro porque confiamos na fonte da mensagem (natureza, senso moral e milagres ao longo da história) e segundo porque o próprio Espírito de Deus confirma a veracidade das coisas nos dando convicção delas, a despeito de qualquer dúvida não-dirimida, entretanto sem ir contra a razão, sem desrespeitar as leis da lógica ou os critérios de verdade que podem ser utilizados.
Eu sei que a maioria de vocês não entenderá ou rejeitará cada palavra minha por pressuposição, mas entendo que essa atitude é natural e inevitável de quem está em rebelião contra Deus, na minha cosmovisão.
A cosmovisão de vocês pensa diferente, e respeito, mas na cosmovisão cristã, assim é.