Cristianismo tem futuro?

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DarkFallz
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por DarkFallz » 07 Fev 2018 20:05

Celão escreveu:
07 Fev 2018 19:37
Estudos recentes do MIT relacionados à neurociência apontam que TODAS as decisões que tomamos são emocionais. NÃO EXISTE A TAL DECISÃO RACIONAL. O que acontece é que, após tomarmos uma decisão com base na emoção, organizamos argumentos racionais para subsidiar a decisão.

O que isso quer dizer? Quer dizer, na minha opinião, que tanto crentes quanto ateus decidiram, primeiro, crer / não crer para, depois, racionalizar as coisas. Tanto é que a suscetibilidade à conversão / desconversão tem a ver com momentos críticos emocionalmente. Ex: Não crentes passam a pensar na possibilidade de Deus diante de um problema de saúde na família. Crentes passam a questionar Deus diante da perda de um familiar querido etc.

Como cristão, o que posso dizer é que essa exigência por uma evidência 'matadora' sobre a existência de Deus nunca será suficiente para alguns, ainda que estes sejam bem mais flexíveis em relação a aceitar certas questões bem pouco plausíveis.
Isso é real, concordo com essa parada.

Mas diria que mesmo isso sendo verdade, uma evidência "matadora" como você diz resolveria a questão sem grandes problemas, o problema é que não existe nem perto disso, todas as "evidências" na verdade são argumentos filosóficos e estes argumentos podem ser feitos tanto para um lado quanto para o outro, acabam por fim que não provam nada também.

eu particularmente quero acreditar que não me encaixo nessa pesquisa, já que eu gostaria que deus existisse.... vida eterna no paraíso me soa bastante legal uhauha... só não gostaria que o deus cristão descrito na bíblia existisse pois acho bem cuzão

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Tenente Murphy
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 20:17

Lenilson escreveu:
07 Fev 2018 17:56
Entendi. O evolucionismo teista ou deismo é aceito pelo cristianismo em sua maior parte ou não?

O evolucionismo teista é aceito como a ciência aceita ou tem algo muito diferente?

O deista é diferente do agnostico ou não?

Me desculpe, podem parecer duvidas bobas, mas estou longe de ser um estudioso no assunto, confesso que várias palavras usadas aqui tive que pesquisar, acho isso um tanto complicado quando se tem que falar ou explicar a uma pessoa comum.
Muitos cristãos são evolucionistas teístas, como Pierre Teilhard de Chardin, Ronald Fisher, Theodosius Dobzhansky, Kenneth R. Miller, John Haught, Michael Dowd e Francis Collins. Diz-se que a própria ideia é anterior a Darwin.

Já o deísmo é a base da Declaração de Independência americana e da ética jeffersoniana. Aceito amplamente por pessoas como Paine, Franklin, Hopkins, Adam Smith, Antony Flew, J.K. Rowling, John Locke entre outros, principalmente pela Maçonaria, de certa forma.

Em geral o cristianismo rejeita o deísmo por acreditar que milagres são possíveis e que toda crítica contra milagres não se sustenta.

O evolucionismo teísta se manifesta de duas maneiras: (1) exatamente igual ao da ciência e (2) quase igual, alegando que Deus guiou a evolução quando os organismos não podiam evoluir sozinhos e depois saiu fora.

O agnosticismo, do grego A: não; gnosis: conhecimento. Alega não conhecer. Quando aplicado a Deus, significa que:

1. ou que a existência de Deus e sua natureza não são conhecidas

2. ou que não podem ser conhecidas

Já o deísmo afirma que Deus fez o mundo (sem detalhar o como foi feito), e depois o deixou funcionar sozinho, sem nunca operar contra as leis físicas que ele próprio criou, ou seja, um teísmo sem milagres. Deus não interfere na criação, portanto existe uma lei moral gravada no coração humano, mas as alegações milagrosas na Bíblia ou são eventos naturais mal-interpretados ou alegorias que nunca ocorreram realmente, sendo vistos como as fábulas, mitos com uma lição de moral.

O teísta crê num Deus pessoal que criou o mundo e interfere nele.

O panteísta crê que Deus e o Universo são a mesma coisa.

O Acognosticismo diz que não podemos falar significativamente (cognitivamente) sobre Deus.

Qualquer dúvida só falar. As vezes respondo depois de dias devido a minha (não) rotina, mas sempre respondo.

Tartaruga
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tartaruga » 07 Fev 2018 20:24

Meu psicanalista me disse que o fato de eu brigar com Deus significa que eu acredito que ele exista, do contrário eu nem me daria ao trabalho.
Seres pré-históricos, vivendo em instituições medievais, lidando com tecnologia avançada. Que resultado você espera disso?

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Celão
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Celão » 07 Fev 2018 20:54

Tartaruga escreveu:
07 Fev 2018 20:24
Meu psicanalista me disse que o fato de eu brigar com Deus significa que eu acredito que ele exista, do contrário eu nem me daria ao trabalho.
Jacó também brigou com Deus. Tá em casa!

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Tenente Murphy
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 20:55

DarkFallz escreveu:
07 Fev 2018 18:01
Isso é um salto lógico foda, dizer que o universo teve um inicio meio e fim não automaticamente significa que foi criado por um ser transcendente e essa mesma lógica poderia se aplicar a deus... dizer que ele é eterno pra mim não passa de uma brecha pra livrar deus desse questionamento. E resolver isso simplesmente dizendo que ele sempre existiu, sem fornecer nenhuma explicação do pq ou como poderia vir a existir tal ser é preguiçoso.

Fora que o big bang demonstra apenas a evolução do universo a partir da singularidade, porém não explica o que veio "antes" disso, simplesmente parte do ponto que existia uma massa de energia do tamanho da cabeça de um alfinete e ele começou a se expandir a partir dai. Dizer que algo não pode vir do nada não faz nem sentido pq nós nem sabemos se o "nada" alguma vez existiu, ou "aconteceu" rs... e da mesma forma que pode ser dito que deus é eterno pq é e pronto, podemos dizer também que a energia que forma o universo também é eterna, o que é outra explicação preguiçosa.
O modelo padrão espaço-temporal exige uma causa para o universo que seja não-espacial e não-temporal. Devido a magnitude do universo precisa ser extremamente poderoso. Devido a imutabilidade inerente aquilo que é não-temporal, para sair da imutabilidade e gerar qualquer ocorrência que possa ser temporalmente especificada é necessário que seja uma causa pessoal, e não uma causa impessoal. Sendo assim temos uma pessoa extremamente poderosa, eterna e não-espacial.

A existência eterna de tal causa já é explicada quando percebemos que ela é imaterial e eterna, mais ou menos o que os ateus diziam do Universo antigamente, antes de descobrirmos a singularidade inicial. Mas como temos evidências de que o Universo não é eterno, e como toda alternativa cosmológica que fuja do modelo padrão espaço-temporal não se sustenta sem reconhecer a necessidade de um início espaço-temporal a partir do Nada Absoluto, segue-se que a causa do universo, exatamente por estar fora do espaço-tempo é, por si mesma, eterna, não-material e suficiente em si mesma.

O "antes" do big bang é o problema para os ateus. Toda e qualquer tentativa de escapar de uma causa imaterial, não-temporal, poderosa e pessoal falha. E isso é ao mesmo tempo intrigante (error 404) como também irritante, como Jastrow reconheceu. O Nada Absoluto é a conclusão da teoria padrão, e por ser um atestado de reconhecimento da existência de Deus, os cientistas fazem malabarismos para escapar dessa conclusão fatal.

Dizer que a energia que forma o universo é eterna esbarra num monte de dificuldades, mas as principais são a energia estar ficando inutilizável e que isso ainda não escapa da singularidade, falando bem porcamente. Teorema H, eternidade quântica, entre outros similares, defendidos por homens como James Hartle, Stephen Hawking, Alex Vilenkin, Sean Carroll e Andrei Linde e outros para referir-se a "criação do universo a partir do nada", por meio de um estado quântico evoluindo no tempo de acordo com a equação convencional de Schrödinger com um Hamiltoniano independente do tempo, chegando a um momento na história do universo antes do qual não havia quaisquer outros momentos, "antes" do qual não havia nada, nem mesmo uma função de onda quântica, além de ter pouca sustentação empírica, ainda acaba por admitir que o universo começou a existir. Acho mesmo que atingimos os limites físicos e observacionais possíveis para os seres humanos, e que essas teorias não vão (e não podem) ser derrubadas por quaisquer futuras descobertas científicas, uma vez que não podemos observar mais do que pudemos até hoje.

As implicações teológicas são óbvias. Robert Jastrow, astrônomo da Nasa e agnóstico comentou sobre essas implicações quando disse: "Os teólogos geralmente ficam encantados com a prova de que o universo teve um começo, mas os astrônomos ficam curiosamente chateados. O problema é que os cientistas se comportam como o resto de nós quando nossas crenças estão em conflito com a evidência." (Robert Jastrow, God and the Astronomers, 1978, p. 16.)

E também:

"Para o cientista que tem vivido pela sua fé no poder da razão, a história termina como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância e está prestes a conquistar o pico mais alto... Ao subir na rocha final, ele é cumprimentado por um bando de teólogos que têm sentado lá há séculos" (God and the Astronomers, p. 116).

Se a ciência é naturalista, e a evidência aponta uma causa não-natural para a criação, a ciência atingiu seu limite. Em resumo, a ciência descobriu que a origem do universo teve uma causa sobrenaturalista, e portanto, nada pode dizer sobre isso, a não ser admitir sua inevitabilidade.

Por esse motivo e outros motivos defendo que o ateísmo, agnosticismo, ceticismo, acognosticismo e panteísmo são insustentáveis. O máximo que podemos ir na negação de Deus é para o Deísmo, isto é, admitir que criou o mundo mas rejeitar que interfira no mundo atualmente.

Existe uma diferença entre mente aberta e mente vazia: a mente aberta aceita qualquer proposição da verdade e a testa para verificá-la, mas a mente vazia continua aberta mesmo após ter encontrado a verdade sobre algo.

Disso decorre que as objeções humanas contra Deus não são intelectuais, são volitivas. O homem tem uma recusa moral em aceitar a soberania de Deus em sua vida, fazendo de algo externo a si ou fazendo a si mesmo como a causa moral objetiva e absoluta para sua vida prática. Talvez por isso Kant tenha sustentado a crença em Deus da forma como fez. Infelizmente ele cometeu alguns erros básicos ao postular o teísmo, mas a conclusão é a que eu dei:

Deísmo Jeffersoniano. Existe um Criador e existe uma lei moral no coração dos homens colocada lá por esse criador. Nada abaixo disso se sustenta empiricamente.

Espero ter me feito entender de forma apropriada.

Abração.

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Celão
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Celão » 07 Fev 2018 20:56

Tartaruga escreveu:
07 Fev 2018 20:24
Meu psicanalista me disse que o fato de eu brigar com Deus significa que eu acredito que ele exista, do contrário eu nem me daria ao trabalho.
Jacó também brigou com Deus. Tá em casa!

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Tenente Murphy
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 20:56

DarkFallz escreveu:
07 Fev 2018 18:01
Isso é um salto lógico foda, dizer que o universo teve um inicio meio e fim não automaticamente significa que foi criado por um ser transcendente e essa mesma lógica poderia se aplicar a deus... dizer que ele é eterno pra mim não passa de uma brecha pra livrar deus desse questionamento. E resolver isso simplesmente dizendo que ele sempre existiu, sem fornecer nenhuma explicação do pq ou como poderia vir a existir tal ser é preguiçoso.

Fora que o big bang demonstra apenas a evolução do universo a partir da singularidade, porém não explica o que veio "antes" disso, simplesmente parte do ponto que existia uma massa de energia do tamanho da cabeça de um alfinete e ele começou a se expandir a partir dai. Dizer que algo não pode vir do nada não faz nem sentido pq nós nem sabemos se o "nada" alguma vez existiu, ou "aconteceu" rs... e da mesma forma que pode ser dito que deus é eterno pq é e pronto, podemos dizer também que a energia que forma o universo também é eterna, o que é outra explicação preguiçosa.
O modelo padrão espaço-temporal exige uma causa para o universo que seja não-espacial e não-temporal. Devido a magnitude do universo precisa ser extremamente poderoso. Devido a imutabilidade inerente aquilo que é não-temporal, para sair da imutabilidade e gerar qualquer ocorrência que possa ser temporalmente especificada é necessário que seja uma causa pessoal, e não uma causa impessoal. Sendo assim temos uma pessoa extremamente poderosa, eterna e não-espacial.

A existência eterna de tal causa já é explicada quando percebemos que ela é imaterial e eterna, mais ou menos o que os ateus diziam do Universo antigamente, antes de descobrirmos a singularidade inicial. Mas como temos evidências de que o Universo não é eterno, e como toda alternativa cosmológica que fuja do modelo padrão espaço-temporal não se sustenta sem reconhecer a necessidade de um início espaço-temporal a partir do Nada Absoluto, segue-se que a causa do universo, exatamente por estar fora do espaço-tempo é, por si mesma, eterna, não-material e suficiente em si mesma.

O "antes" do big bang é o problema para os ateus. Toda e qualquer tentativa de escapar de uma causa imaterial, não-temporal, poderosa e pessoal falha. E isso é ao mesmo tempo intrigante (error 404) como também irritante, como Jastrow reconheceu. O Nada Absoluto é a conclusão da teoria padrão, e por ser um atestado de reconhecimento da existência de Deus, os cientistas fazem malabarismos para escapar dessa conclusão fatal.

Dizer que a energia que forma o universo é eterna esbarra num monte de dificuldades, mas as principais são a energia estar ficando inutilizável e que isso ainda não escapa da singularidade, falando bem porcamente. Teorema H, eternidade quântica, entre outros similares, defendidos por homens como James Hartle, Stephen Hawking, Alex Vilenkin, Sean Carroll e Andrei Linde e outros para referir-se a "criação do universo a partir do nada", por meio de um estado quântico evoluindo no tempo de acordo com a equação convencional de Schrödinger com um Hamiltoniano independente do tempo, chegando a um momento na história do universo antes do qual não havia quaisquer outros momentos, "antes" do qual não havia nada, nem mesmo uma função de onda quântica, além de ter pouca sustentação empírica, ainda acaba por admitir que o universo começou a existir. Acho mesmo que atingimos os limites físicos e observacionais possíveis para os seres humanos, e que essas teorias não vão (e não podem) ser derrubadas por quaisquer futuras descobertas científicas, uma vez que não podemos observar mais do que pudemos até hoje.

As implicações teológicas são óbvias. Robert Jastrow, astrônomo da Nasa e agnóstico comentou sobre essas implicações quando disse: "Os teólogos geralmente ficam encantados com a prova de que o universo teve um começo, mas os astrônomos ficam curiosamente chateados. O problema é que os cientistas se comportam como o resto de nós quando nossas crenças estão em conflito com a evidência." (Robert Jastrow, God and the Astronomers, 1978, p. 16.)

E também:

"Para o cientista que tem vivido pela sua fé no poder da razão, a história termina como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância e está prestes a conquistar o pico mais alto... Ao subir na rocha final, ele é cumprimentado por um bando de teólogos que têm sentado lá há séculos" (God and the Astronomers, p. 116).

Se a ciência é naturalista, e a evidência aponta uma causa não-natural para a criação, a ciência atingiu seu limite. Em resumo, a ciência descobriu que a origem do universo teve uma causa sobrenaturalista, e portanto, nada pode dizer sobre isso, a não ser admitir sua inevitabilidade.

Por esse motivo e outros motivos defendo que o ateísmo, agnosticismo, ceticismo, acognosticismo e panteísmo são insustentáveis. O máximo que podemos ir na negação de Deus é para o Deísmo, isto é, admitir que criou o mundo mas rejeitar que interfira no mundo atualmente.

Existe uma diferença entre mente aberta e mente vazia: a mente aberta aceita qualquer proposição da verdade e a testa para verificá-la, mas a mente vazia continua aberta mesmo após ter encontrado a verdade sobre algo.

Disso decorre que as objeções humanas contra Deus não são intelectuais, são volitivas. O homem tem uma recusa moral em aceitar a soberania de Deus em sua vida, fazendo de algo externo a si ou fazendo a si mesmo como a causa moral objetiva e absoluta para sua vida prática. Talvez por isso Kant tenha sustentado a crença em Deus da forma como fez. Infelizmente ele cometeu alguns erros básicos ao postular o teísmo, mas a conclusão é a que eu dei:

Deísmo Jeffersoniano. Existe um Criador e existe uma lei moral no coração dos homens colocada lá por esse criador. Nada abaixo disso se sustenta empiricamente.

Espero ter me feito entender de forma apropriada.

Abração.

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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por SALINHO » 07 Fev 2018 21:00

Celão escreveu:
07 Fev 2018 19:37
Estudos recentes do MIT relacionados à neurociência apontam que TODAS as decisões que tomamos são emocionais. NÃO EXISTE A TAL DECISÃO RACIONAL. O que acontece é que, após tomarmos uma decisão com base na emoção, organizamos argumentos racionais para subsidiar a decisão.

O que isso quer dizer? Quer dizer, na minha opinião, que tanto crentes quanto ateus decidiram, primeiro, crer / não crer para, depois, racionalizar as coisas. Tanto é que a suscetibilidade à conversão / desconversão tem a ver com momentos críticos emocionalmente. Ex: Não crentes passam a pensar na possibilidade de Deus diante de um problema de saúde na família. Crentes passam a questionar Deus diante da perda de um familiar querido etc.

Como cristão, o que posso dizer é que essa exigência por uma evidência 'matadora' sobre a existência de Deus nunca será suficiente para alguns, ainda que estes sejam bem mais flexíveis em relação a aceitar certas questões bem pouco plausíveis.
É verdade, Celão. Como também para outros qualquer coisa será suficiente para ver nisso a ação de Deus, como um chuvisco ou um por do sol.
BÓ VOVÔ!!!!

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Tenente Murphy
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 21:04

Celão escreveu:
07 Fev 2018 19:37
Estudos recentes do MIT relacionados à neurociência apontam que TODAS as decisões que tomamos são emocionais. NÃO EXISTE A TAL DECISÃO RACIONAL. O que acontece é que, após tomarmos uma decisão com base na emoção, organizamos argumentos racionais para subsidiar a decisão.

O que isso quer dizer? Quer dizer, na minha opinião, que tanto crentes quanto ateus decidiram, primeiro, crer / não crer para, depois, racionalizar as coisas. Tanto é que a suscetibilidade à conversão / desconversão tem a ver com momentos críticos emocionalmente. Ex: Não crentes passam a pensar na possibilidade de Deus diante de um problema de saúde na família. Crentes passam a questionar Deus diante da perda de um familiar querido etc.

Como cristão, o que posso dizer é que essa exigência por uma evidência 'matadora' sobre a existência de Deus nunca será suficiente para alguns, ainda que estes sejam bem mais flexíveis em relação a aceitar certas questões bem pouco plausíveis.
Se isso for verdadeiro, apenas corrobora a doutrina cristã da rejeição humana contra Deus por motivos meramente morais e não intelectuais. Daí a diferença entre razão e fé dizer que a razão sustenta todas as doutrinas cristãs, mas não serve para fazer o homem nascer de novo, isso é dado por Deus durante a pregação ou análise do evangelho, e tem a ver com a volição, ou seja, com a vontade.

O médico e filósofo William James, considerado um dos fundadores da Psicologia há muito tempo cantou a bola. A neurociência, considerando que as coisas tenham sido concluídas assim, apenas corroboraria o que ele disse.

Como eu sempre digo: "Um homem rejeita a Deus não por causa de exigências intelectuais nem por causa da escassez de evidências. Um homem rejeita a Deus por causa de uma resistência moral que recusa admitir a sua necessidade de Deus." Ravi Zacharias.

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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 21:29

DarkFallz escreveu:
07 Fev 2018 19:58
Se a bíblia é fonte de tanta controvérsia e interpretações diferentes, criando assim inúmeras religiões e denominações diferentes, então ela já falhou com o seu propósito.

Se deus quisesse que sua palavra fosse disseminada pela terra mas ela é escrita de uma forma que nem os que creem chegam a um consenso, podemos dizer que ela esta longe de ser clara muito menos perfeita, portanto podemos dizer sim que ela falhou seja como uma fonte literal para os acontecimentos (estaria errada) ou como uma forma de disseminar a palavra de deus (não há consenso nem interpretação "correta").

para um deus onipotente eu esperava mais
A Bíblia não é fonte de controvérsia, o homem decaído que é. Na tentativa de aplacar seu desejo de poder, dinheiro, complexo de inferioridade, desejos moralmente questionáveis em controlar a crença de outros acabam distorcendo as coisas. Coloque aí uma minoria que realmente acredita na Bíblia e deseja compreendê-la melhor, mas comete erros filosóficos básicos e você tem esse caldeirão.

Ainda assim , sabemos que o núcleo no Cristianismo não existe controvérsia: Deus como criador e moralmente perfeito, homem rebelde e pecador, necessidade de expiação substitutiva e imputativa por Cristo, necessidade de arrependimento e conversão a Cristo e posterior julgamento final.

A controvérsia é apenas em doutrinas secundárias, o que esvazia qualquer crítica partindo das divisões cristãs e denominacionalismo.

Mesmo as várias vertentes e igrejas poderiam ser vistas como parte do propósito divino de expandir mais rápido o cristianismo e forçá-lo a refletir. Vejo isso na primeira perseguição contra os cristãos em Jerusalém, que os forçou a se dispersar pela Ásia, e onde iam acabavam pregando e abrindo igrejas. A perseguição foi um tiro no pé, ao invés de sufocar a religião nascente, ajudou em sua expansão. Cômico.

Outrossim Jesus avisou sobre trigo e joio, sobre falsos seguidores, falsos profetas, Paulo fala também que os homens não suportariam mais a sã doutrina e acumulariam para si mestres segundo seus próprios desejos. Igualmente Jesus é questionado sobre pessoas que pregavam mas não andavam com ele; ele diz: quem não é contra mim é por mim. E Paulo corrobora ao dizer que uns pregam por amor, outros por dinheiro, outros por facção, etc. O importante é que se pregue, pois a obra de cada um será julgada por Deus em relação ao sua motivação, e assim, a obra de Deus cresce, mas não implica na salvação ou galardão do próprio pregador (já que haverá o julgamento de pecadores e crentes falsos juto com os incrédulos e outro julgamento só para cristãos, para galardoar e não para salvar, pois o crente não é salvo pelas obras, mas recebe galardão por elas, mesmo sem merecimento).

Enfim, a doutrina da morte espiritual do homem, que diz estarem todos caídos, longe de Deus, com seu entendimento deturpado, obscurecido pela própria rebeldia, incapazes de buscar a Deus tanto pela volição quanto pela possibilidade de, buscando por si só, encontrá-lo, que diz que o homem natural não reconhece as coisas espirituais pois lhe parecem loucura ou que o homem está em trevas e Jesus, sendo a Luz do Mundo, com os cristãos sendo pequenas luzes, odeia a Deus, Jesus e cristãos moralmente falando, pois a luz alumia as más obras que eles fazem em suas trevas morais, e para aplacar a própria consciência e a voz do Espírito Santo os acusando eles rejeitam, refutam e distorcem tudo que se relaciona a Deus.

Portanto, a disparidade teológica não atinge doutrinas fundamentais entre as várias denominações, pode estar sendo usada para a expansão do cristianismo, assim como para sua auto-reflexão, foi prevista como sendo bodes no meio das ovelhas, e pode ser explicado pela recusa moral do homem rebelde em reconhecer a Deus.

Para finalizar, lembro-lhe que o método de interpretação é histórico-gramatical, e qualquer conclusão dispare é em função de erros na aplicação do método e não em função dele em si mesmo. E deixo a explicação do próprio Jesus para apreciação:

Na parábola da semente e dos solos, antes de interpretar essa parábola, Jesus chamou Seus discípulos para longe da multidão. “Os discípulos aproximaram-se dele e perguntaram: ‘Por que falas ao povo por parábolas?’ Ele respondeu: ‘A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não. A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado. Por essa razão eu lhes falo por parábolas: ‘Porque vendo, eles não vêem e, ouvindo, não ouvem nem entendem’. Neles se cumpre a profecia de Isaías: ‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão. Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos. Se assim não fosse, poderiam ver com os olhos, ouvir com os ouvidos, entender com o coração e converter-se, e eu os curaria’. Mas, felizes são os olhos de vocês, porque vêem; e os ouvidos de vocês, porque ouvem” (Mateus 13:10-17).

Jesus, deste ponto em diante no Seu ministério, sempre ensinava o sentido das parábolas apenas aos Seus discípulos. Entretanto, aqueles que continuamente rejeitavam a Sua mensagem foram deixados em sua cegueira espiritual se perguntando a respeito do que Jesus queria dizer. Ele fez uma distinção clara entre aqueles que tinham sido dados "ouvidos para ouvir" e aqueles que persistiam em descrença – sempre ouvindo mas nunca realmente entendendo e "sempre aprendendo, mas não conseguem nunca de chegar ao conhecimento da verdade".

Assim é a Bíblia toda: para quem busca de todo coração a verdade está oculta nela, mas para quem está em rebeldia contra Deus e tem interesse em que ele não exista, a melhor evidência e a melhor explicação ela não verá, ela racionalizará sobre o que viu. A Bíblia em sua suposta miríade interpretativa (que não se sustenta dado o método hermenêutico único aceito por todas as denominações) funciona como peneira, ao que ela própria se refere como Pedra de Esquina para quem crê (a principal pedra da construção antiga) e Pedra de Tropeço para quem não crê (porque esta pessoa conhece a verdade mas a rejeita baseado não nas evidências, mas em sua rebelião deliberada contra o Criador, o que fará que no final a Bíblia que deveria servir para salvar essa pessoa será usada para condená-lo).

Sendo assim, sua crítica não se sustenta em nenhuma frente, apenas demonstra seu estado de rebelião contra teu Criador. Rogo que se arrependa e se converta para que estas minhas palavras não sejam o motivo da tua condenação, ao passo que reconheço que "A quem tem será dado, e este terá em grande quantidade. De quem não tem, até o que tem lhe será tirado".

Abração, man.

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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 21:38

DarkFallz escreveu:
07 Fev 2018 20:05
Isso é real, concordo com essa parada.

Mas diria que mesmo isso sendo verdade, uma evidência "matadora" como você diz resolveria a questão sem grandes problemas, o problema é que não existe nem perto disso, todas as "evidências" na verdade são argumentos filosóficos e estes argumentos podem ser feitos tanto para um lado quanto para o outro, acabam por fim que não provam nada também.

eu particularmente quero acreditar que não me encaixo nessa pesquisa, já que eu gostaria que deus existisse.... vida eterna no paraíso me soa bastante legal uhauha... só não gostaria que o deus cristão descrito na bíblia existisse pois acho bem cuzão
Aqui confunde-se argumento dedutivo como se vê num silogismo com argumento indutivo no qual se baseia a ciência e também as premissas do silogismo.

Os argumentos filosóficos dedutivos, silogísticos, afirmam sempre duas ou mais premissas que podem ser empiricamente verificadas. Uma vez as premissas sendo verdadeiras para todos, a formação da conclusão nunca é arbitrária, mas sim feita baseado nas regras de formação silogística, e portanto, irrefutáveis caso as regras sejam bem aplicadas e os argumentos corretamente construídos, o que é fácil demonstrar.

A crítica ateísta nunca foi sobre a correção dos silogismos em sua montagem, mas sempre em alguma premissa ou mesmo contra a conclusão, deturpando as regras silogísticas. E mesmo quando rejeita alguma premissa, escolhe sempre aquela com menos evidência e mais improvável, deturpando o método indutivo.

A evidência matadora é a própria natureza e o senso moral intrínseco, entretanto ambos são rejeitados pelo descrente, por causa do seu próprio entendimento obscurecido pelo pecado.

Sobre o deus bíblico ser cuzão, você diz isso ou baseado num falso entendimento dos atributos divinos, o que gera raiva mesmo, ou baseado na sua vontade moral de que Deus inexista.

Maninho, quando se chega a esse ponto fica evidente que a rejeição é mais moral e volitiva que intelectual. Deus não é desejável, incomoda e seria melhor tudo, menos ele. Típico comportamento de alguém em trevas espirituais quando é iluminado pela luz da Palavra de Deus: ou abraça ou odeia.

Daí a Bíblia apelar para: arrependimento e conversão.

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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 21:40

Tartaruga escreveu:
07 Fev 2018 20:24
Meu psicanalista me disse que o fato de eu brigar com Deus significa que eu acredito que ele exista, do contrário eu nem me daria ao trabalho.
Não sei se ele te disse isso mesmo, mas é assim que é. Entretanto nem sempre funfa, tem gente que rejeita Deus e esquece. Apaga da memória qualquer pensamento sobre isso. Seu psicanalista chamaria de Mecanismo de Defesa: repressão.
Celão escreveu:
07 Fev 2018 20:54
Jacó também brigou com Deus. Tá em casa!
E Davi duvidou da própria existência de Deus.

E Tomé bateu o pé: quero provas. E recebeu: os sinais dos cravos nas mãos e pés (provando que era o mesmo morto e enterrado), Jesus comer (provando que não era fantasma) e Jesus realizar milagres durante 40 dias (o que fez Tomé crer e sair pregando até seu martírio).

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Tenente Murphy
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Tenente Murphy » 07 Fev 2018 21:46

VagabondMusashi escreveu:
07 Fev 2018 21:24
Tenente Murphy você tem que fazer mais esforço em aprender ciência e menos energia rebocando as paredes do teu forte teológico.
E você tem que aprender a refutar argumentos e usar menos a retórica para ganhar debate. Mas como percebi em outros tópicos uma dumoguização do teu discurso, nem perco tempo.

A verdade dói na tua consciência e meu santo não bate com o teu, já que tu acredita em espíritos. Logo, tua tentativa retórica além de ser sinal da tua rebeldia contra Deus é também seu santo combatendo o meu, já que são rivais. Uma dica: contigo é no espiritual que eu lido. Aguarde e verás.

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Batman
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por Batman » 07 Fev 2018 21:52

Celão pfv poste esses estudos do MIT

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SALINHO
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Re: Cristianismo tem futuro?

Mensagem por SALINHO » 07 Fev 2018 22:17

Sou descrente, mas obviamente minha moral é cristã. O que eu não entendo é como alguns conseguem conciliar esses textos do novo testamento com essa moral do "bandido bom é bandido morto".
p.s.: favor, sem política na discussão.
BÓ VOVÔ!!!!

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