The Trooper escreveu: ↑08 Fev 2018 14:38
Esse tipo de argumento pode ser usado pra justificar qualquer massacre ou assassinato feito em nome de religião.
Considerando que ele tenha falado besteira, isso não significa que ele só fala besteira. Um argumento errado em nove certos não faz os outros nove se transformarem em incorretos. Ele é o autor mais citado em publicações acadêmicas pelo Kalam e uma autoridade em NT, debate com qualquer um há décadas, é acadêmico atuante até hoje sem nunca terem conseguido demonstrar um erro. Portanto, desmerecer seu trabalho por conta de sua opinião aqui é incorreto. Por esse critério nenhum ser humano se salvaria, pois segundo a moral de outras pessoas todos cometemos erros inadmissíveis.
Na cosmovisão cristã o homem está eternamente perdido e precisa da morte expiatória de Cristo para ser salvo. A nação de Israel era uma nação sacerdotal, com a função de levar a mensagem de Deus, do pecado e de Jesus as outras nações. As nações ao redor dela queriam sua destruição, o que representava a destruição da possibilidade da humanidade ser salva. O que era mais importante?
Geralmente quem é contra o genocídio dos cananeus é ateu, o que significa que sua moralidade não tem base objetiva absoluta, e portanto é relativa. Se é relativa, cada um tem a sua e ninguém pode acusar ninguém de certo ou errado. Nesse caso a crítica ao genocídio se esvazia. Seria necessário justificar essa crítica pela própria moral cristã. Daí sim ela teria conteúdo. E teria de enfrentar a questão de um criador ter ou não razão em destruir as próprias criaturas perversas.
Mas em resumo, todo cristão acredita que Deus é o Criador, Soberano sobre a criação, que Israel deveria ser guardada e separada dos outros povos a fim de preservar a vinda do Messias que salvaria o mundo todo.
Todo cristão sabe que Israel desobedeceu e não exterminou ninguém totalmente, e depois essas mesmas nações tentaram exterminá-los na primeira tentativa de Holocausto que eles sofreram, tentaram erradicá-los por causa exatamente de sua religião.
Todo cristão acredita que Deus não ordenou o extermínio dessas pessoas por ser cruel, mas para evitar que um mal ainda maior ocorresse no futuro. Mesmo a morte de crianças justifica-se porque crianças não são inocentes, teriam crescido como adeptas das religiões e práticas perversas dos seus pais e ao acabar com suas vidas quando ainda pequenas, Deus lhes permitiu ter a entrada ao céu.
Sobre servir para justificar qualquer outro genocídio religioso, isso é falso. As religiões podem ser questionadas e verificadas. Por exemplo: Jericó era invencível, e após sua derrota alguns povos simplesmente deixaram de lutar por reconhecerem (segundo eles) que o Deus Hebreu era superior aos seus próprios. Faraó no Egito, onde cada praga foi contra um deus deles também teve evidência disso. Antes até, Moises fez alguns milagres, os magos deles repetiram, até chegar ao ponto de não poderem repetir e terem medo. Faraó liberou os escravos hebreus por medo do Deus deles após ter tido provas de sua superioridade. Os exemplos são inúmeros. Elias e os profetas de Baal. Israel e os cananeus que ofereciam sacrifícios infantis. Enfim.
Portanto, se as religiões podem ser postas a prova para verificar se tem fundamento real, se Deus é o criador e o homem pecador, se a vinda de Jesus é mais importante que uma nação oposta a Jesus, que queria destruí-lo e que fazia sacrifícios infantis, exatamente porque Jesus possibilita salvar a humanidade toda em detrimento dessa pequena nação perversa, se a moralidade do ateu carece de base objetiva absoluta para julgar a moralidade de quem quer que seja, segue-se que o genocídio dos cananeus é justificável.
Você pode discordar disso, mas daí para dizer que tudo que eu falo, ou o Craig fala, ou os cristãos falam é balela é falacioso de várias maneiras. A lógica transcende as religiões e os apologistas cristãos, e se um silogismo teve suas premissas empiricamente verificadas e foi corretamente montado, a conclusão é verdadeira independente de quem o defenda.