Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
As lições de heroísmo de Chris Kyle começaram na infância. À mesa de jantar, seu pai dividiu a humanidade em lobos, cordeiros e cães pastores. Kyle decidiu ficar com o terceiro papel, seria aquele que livra os inocentes do mal. Como um bom texano, tentou a vida de caubói, mas os tempos de glória dos vaqueiros estavam no passado. Foi no exército então que encontrou o caminho perfeito para assumir a sua vocação.
Dentro da força de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos, os Navy Seals, tornou-se uma lenda: nas suas quatro passagens pelo Iraque, somou 165 mortes confirmadas (de um total de 255). Dono de uma mira precisa, o atirador de elite era o pastor que protegia seus colegas de ameaças aparentemente invisíveis. Fazia com que os soldados acreditassem que alguém olhava por eles nos momentos de perigo.
Sniper Americano (American Sniper, 2014) conta essa história de habilidade e bravura, mas também mede o peso da responsabilidade de ser um herói. O filme roteirizado por Jason Hall, baseado no livro escrito pelo próprio Kyle ao lado de Scott McEwen e Jim DeFelice, coloca na balança a vida pessoal do atirador. Contrasta o “Velho Oeste do Oriente Médio”, como descreve um dos soldados, com a sua família nos EUA.
Clint Eastwood, que assumiu a direção depois que Steven Spielberg deixou a produção por conta do orçamento limitado, constrói o filme como um estudo psicológico do personagem-título. Desfaz o mito para entender não o guerreiro, mas o homem disposto a sacrificar tudo pelo seu país. Troca a grandiloquência da guerra pelas observações intimistas. Ao mesmo tempo, não abandona os elementos de entretenimento, contornando as possíveis restrições orçamentárias ao reproduzir a estrutura de um western no contexto do Iraque, com o encontro de dois atiradores rivais no deserto e os dilemas entre o mocinho e a família.
Bradley Cooper, que também produz o filme, atesta em cada cena seu comprometimento com a história. O ator mudou seu corpo (ganhou peso e músculos), aprimorou o sotaque texano, ganhou intimidade com rifles e estudou cada trejeito de Kyle. Ainda assim, não escancara o esforço. Sua atuação é natural, contida e explosiva nos momentos certos, retratando perfeitamente um homem que carregava consigo o peso do campo de batalha, mas era incapaz de dividir essas dores com a esposa.
Do outro lado da balança, Sienna Miller mostra como Taya Kyle acompanhou o processo de desumanização do marido. A ingenuidade dos sonhos heroicos desdobrada na incapacidade de abandonar a guerra. Chris Kyle voltava para casa, mas não saía do Iraque. Miller capta essa desolação, a consciência de estar em último no código que regia a vida do marido - “Deus. Nação. Família.” -, e seu entrosamento com Cooper torna crível a relação que é intrínseca à trama.
O filme também mostra um outro lado do patriotismo que leva homens e mulheres para a guerra. O amor à nação os acompanha até o alistamento, mas esse conceito abstrato não os sustenta no campo de batalha. A caveira do Justiceiro, que aparece na HQ lida por um soldado para depois ganhar os uniformes e o jipe do pelotão, simboliza essa transformação. A luta passa a ser pelos colegas. O símbolo não é mais a bandeira, mas aquilo que os une em torno do mesmo objetivo, a sobrevivência e a justiça pelo grupo. Se o filme foge da política, sem nunca realmente questionar a guerra, ao menos evita os velhos clichês norte-americanos.
Ao contrário do Vietnã, que rendeu títulos como Apocalipse Now e Nascido para Matar, os conflitos no Iraque e no Afeganistão tiveram até agora uma representação cinematográfica mais focada na "guerra ao terror" do que nos efeitos da batalha, com exceção de filmes como Entre Irmãos, O Mensageiro e (o ironicamente chamado) Guerra ao Terror. Envolvido pela responsabilidade de homenagear Kyle, Sniper Americano é conservador demais para levar à catarse como os clássicos sobre o conflito sessentista. No seu western de guerra, porém, Eastwood criou um retrato único sobre um dos grandes conflitos deste século.
Sniper Americano estreia no Brasil em 22 de janeiro.
critica do omelete.com.br
como fã do mestre Clint Eastwood to ansioso para assistir. se alguem tiver o torrent manda ae.
Dentro da força de operações especiais da Marinha dos Estados Unidos, os Navy Seals, tornou-se uma lenda: nas suas quatro passagens pelo Iraque, somou 165 mortes confirmadas (de um total de 255). Dono de uma mira precisa, o atirador de elite era o pastor que protegia seus colegas de ameaças aparentemente invisíveis. Fazia com que os soldados acreditassem que alguém olhava por eles nos momentos de perigo.
Sniper Americano (American Sniper, 2014) conta essa história de habilidade e bravura, mas também mede o peso da responsabilidade de ser um herói. O filme roteirizado por Jason Hall, baseado no livro escrito pelo próprio Kyle ao lado de Scott McEwen e Jim DeFelice, coloca na balança a vida pessoal do atirador. Contrasta o “Velho Oeste do Oriente Médio”, como descreve um dos soldados, com a sua família nos EUA.
Clint Eastwood, que assumiu a direção depois que Steven Spielberg deixou a produção por conta do orçamento limitado, constrói o filme como um estudo psicológico do personagem-título. Desfaz o mito para entender não o guerreiro, mas o homem disposto a sacrificar tudo pelo seu país. Troca a grandiloquência da guerra pelas observações intimistas. Ao mesmo tempo, não abandona os elementos de entretenimento, contornando as possíveis restrições orçamentárias ao reproduzir a estrutura de um western no contexto do Iraque, com o encontro de dois atiradores rivais no deserto e os dilemas entre o mocinho e a família.
Bradley Cooper, que também produz o filme, atesta em cada cena seu comprometimento com a história. O ator mudou seu corpo (ganhou peso e músculos), aprimorou o sotaque texano, ganhou intimidade com rifles e estudou cada trejeito de Kyle. Ainda assim, não escancara o esforço. Sua atuação é natural, contida e explosiva nos momentos certos, retratando perfeitamente um homem que carregava consigo o peso do campo de batalha, mas era incapaz de dividir essas dores com a esposa.
Do outro lado da balança, Sienna Miller mostra como Taya Kyle acompanhou o processo de desumanização do marido. A ingenuidade dos sonhos heroicos desdobrada na incapacidade de abandonar a guerra. Chris Kyle voltava para casa, mas não saía do Iraque. Miller capta essa desolação, a consciência de estar em último no código que regia a vida do marido - “Deus. Nação. Família.” -, e seu entrosamento com Cooper torna crível a relação que é intrínseca à trama.
O filme também mostra um outro lado do patriotismo que leva homens e mulheres para a guerra. O amor à nação os acompanha até o alistamento, mas esse conceito abstrato não os sustenta no campo de batalha. A caveira do Justiceiro, que aparece na HQ lida por um soldado para depois ganhar os uniformes e o jipe do pelotão, simboliza essa transformação. A luta passa a ser pelos colegas. O símbolo não é mais a bandeira, mas aquilo que os une em torno do mesmo objetivo, a sobrevivência e a justiça pelo grupo. Se o filme foge da política, sem nunca realmente questionar a guerra, ao menos evita os velhos clichês norte-americanos.
Ao contrário do Vietnã, que rendeu títulos como Apocalipse Now e Nascido para Matar, os conflitos no Iraque e no Afeganistão tiveram até agora uma representação cinematográfica mais focada na "guerra ao terror" do que nos efeitos da batalha, com exceção de filmes como Entre Irmãos, O Mensageiro e (o ironicamente chamado) Guerra ao Terror. Envolvido pela responsabilidade de homenagear Kyle, Sniper Americano é conservador demais para levar à catarse como os clássicos sobre o conflito sessentista. No seu western de guerra, porém, Eastwood criou um retrato único sobre um dos grandes conflitos deste século.
Sniper Americano estreia no Brasil em 22 de janeiro.
critica do omelete.com.br
como fã do mestre Clint Eastwood to ansioso para assistir. se alguem tiver o torrent manda ae.
- Jase Robertson
- Mensagens: 4419
- Registrado em: 16 Set 2014 07:39
- Contato:
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
CE geralmente faz coisa boa.
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
No aguardo desse filme. Alguém sabe o nome do livro que o cara escreveu?
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
American Sniper se não to enganadoRekiran escreveu:No aguardo desse filme. Alguém sabe o nome do livro que o cara escreveu?
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Vlw, vou procurar pra ler antes de lançarem o filmePHDookie escreveu: American Sniper se não to enganado
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
SNIPER - PÁTRIA E MORTE - A HISTÓRIA DE CHRIS KYLE
Chris Kyle matou, sozinho, comprovadamente, mais de 160 iraquianos (pelas contas dos colegas foram 255). E morreu sem entender nada da guerra, em que acreditava ter triunfado.
Nestes tempos de drones, como são chamados os aviões não tripulados capazes de matar à distância e anonimamente, sobra menos espaço para a glorificação individual de atiradores que se notabilizam pelo número de inimigos eliminados.
O texano Chris Kyle tem lugar garantido na história militar dos Estados Unidos. Como franco-atirador da tropa de elite Seal, da Marinha ( a mesma que desentocou e executou Osama Bin-Laden dois anos atrás), ele serviu quatro turnos na guerra do Iraque. Cumpriu como ninguém a missão para a qual fora treinado: garantir a proteção de seus companheiros na fase mais sangrenta dos combates. Matou, sozinho, comprovadamente, mais de 160 iraquianos (pelas contas dos colegas foram 255) e teve a cabeça colocada a prêmio de 20.000 dólares pelas milícias locais. Ao retornar para casa, em 2009, trazia no peito dezesseis condecorações — entre elas 2 Purple Hearts, 2 Estrelas de Prata, 5 Estrelas de Bronze.
Kyle foi a resposta americana à atuação de um inimigo mítico conhecido como “Juba”, cuja ubiquidade e pontaria haviam se transformado em assombração para os soldados yankees em Bagdá. Vídeos de propaganda islâmica postados na internet mostravam “Juba” eliminando soldados americanos, um a um, noite ou dia, em grupo ou sozinhos. Ninguém sabia quem era esse temido atirador islâmico que, além de matar, ainda narrava e filmava cada cena. Dependendo da fonte, seria um mercenário europeu ou um jihadista sírio. À época, a rede de notícias CNN chegou a submeter os vídeos a peritos, que concluíram não tratar-se de montagem. Fosse quem fosse, “Juba”, portanto, existia, e, à falta de sua eliminação física, sua lenda, pelo menos, precisava ser contida.
Os estragos que um franco-atirador é capaz de causar na moral de tropas inimigas são conhecidos e povoam a narrativa patriótica de vários países. Na Finlândia, há mais de meio século o nome Simo Häyhä é pronunciado com orgulho de geração a geração. Fazendeiro desconhecido quando a União Soviética invadiu seu país, em 1939, Häyhä, sozinho, eliminou uma unidade inteira de russos — mais precisamente 542, em menos de 100 dias. Entrou para a história com o apelido de “Morte Branca” por usar uma pelerine alvíssima que o camuflava na neve.
O americano Chris Kyle não alcançou os píncaros do finlandês matador, mas recebeu dos insurgentes o apelido de “Demônio” pelos estragos que provocou nas fileiras islâmicas na cidade de Ramadi. A destreza com que manuseava seu fuzil municiado de cartuchos .300 Winchester Magnum lhe rendeu feitos memoráveis. Gaba-se de ter acertado um alvo a 1,9 km de distância, em 2008, antes de o insurgente disparar um lançador de foguete que visava a um comboio americano.
Tudo isso e muito mais Kyle conta em suas memórias, “Atirador americano: a autobriografia do atirador mais letal da história dos Estados Unidos”, publicadas um ano atrás. Elas são preocupantes no tom e no conteúdo.
'Dever'
A narrativa é clara - "crua", até, como definiu um crítico literário americano - e deixa entrever a complexa e tensa psicologia da guerra. Kyle relata como ao longo da carreira deixou de hesitar ao mirar nas suas vítimas e passou a desempenhar melhor suas funções sob fogo cruzado.
Sua companhia Charlie foi uma das primeiras a desembarcar na Península de al-Faw no início da chamada Operação Liberdade, iniciada em 20 de março de 2003 pelo então presidente dos EUA, George W. Bush (2001-2009).
No fim daquele mês, na área de Nasiyria, os oficiais Seal aguardavam em um povoado iraquiano a chegada dos marines, fuzileiros navais americanos, que se aproximavam. No topo de um edifício, Kyle conta que ele e outros oficiais de seu pelotão tinham como objetivo oferecer cobertura para os fuzileiros.
Quase todos os moradores se trancaram em suas casas, de onde assistiam a tudo por detrás das cortinas. Apenas uma mulher e uma ou outra criança se movimentavam na rua. Quando os marines se encontravam a certa distância, a mulher tirou um objeto amarelado de sua bolsa e caminhou em direção aos militares.
"É uma granada! Uma granada chinesa", disse o chefe de Kyle. "Atire." Ao vê-lo hesitar, o chefe repetiu: "Atire!" Kyle puxou o gatilho duas vezes, a "primeira e única vez" em que matou uma pessoa no Iraque que não fosse homem e combatente.
"Era meu dever. Não me arrependo", escreve. "Meus tiros salvaram vários americanos cujas vidas claramente valiam mais que o daquela mulher de alma distorcida." "Posso me colocar diante de Deus com uma consciência limpa em relação ao meu trabalho."
“Não sou muito fã de política”, diz ele no livro, “gosto de guerra”. Seu mundo se divide entre “bons” e “maus”, sem nuances ou espaço para dúvidas. Os americanos são “do bem” pelo simples fato de serem americanos, enquanto os muçulmanos são “do mal” por quererem matar os americanos. “Odeio esses selvagens”, acrescenta, referindo-se aos iraquianos. Ao testemunhar perante uma comissão militar de inquérito, acusado da morte de civis, esclareceu: “Não atiro em quem tem um Corão na mão, mas bem que gostaria.”
Uma semana atrás, na tarde de um sábado ensolarado em Stephenville, Texas, Kyle foi morto a tiros pelo fuzileiro naval Eddie Rough, de 25 anos. Rough voltara da guerra com claros sinais de estresse pós-traumático e havia sido colocado sob vigilância por ter ameaçado explodir a cabeça do pai. Procurando ajudar o filho, a mãe de Rough buscou apoio na fundação Fitco Cares, montada por Chris Kyle ao retornar do Iraque e que proporciona assistência a veteranos com distúrbios decorrentes da guerra.
O atirador nº 1 da América morreu aos 38 anos, alvejado num campo de treinamento de tiro do Texas. Não foi abatido por “Juba” nem por nenhum dos “iraquianos selvagens” que combateu. Foi derrubado em solo pátrio por um americano.
Em entrevista concedida por ocasião do lançamento de seu livro declarara não sentir arrependimento por nenhuma das mortes de sua folha corrida. Assegurou também não sentir qualquer desajuste decorrente da brutalidade de tantos anos de combate. “Nenhum dos problemas que tenho deriva das pessoas que matei”, garantiu.
Chris Kyle morreu sem entender nada da guerra em que acredita ter triunfado.
Chris Kyle matou, sozinho, comprovadamente, mais de 160 iraquianos (pelas contas dos colegas foram 255). E morreu sem entender nada da guerra, em que acreditava ter triunfado.
Nestes tempos de drones, como são chamados os aviões não tripulados capazes de matar à distância e anonimamente, sobra menos espaço para a glorificação individual de atiradores que se notabilizam pelo número de inimigos eliminados.
O texano Chris Kyle tem lugar garantido na história militar dos Estados Unidos. Como franco-atirador da tropa de elite Seal, da Marinha ( a mesma que desentocou e executou Osama Bin-Laden dois anos atrás), ele serviu quatro turnos na guerra do Iraque. Cumpriu como ninguém a missão para a qual fora treinado: garantir a proteção de seus companheiros na fase mais sangrenta dos combates. Matou, sozinho, comprovadamente, mais de 160 iraquianos (pelas contas dos colegas foram 255) e teve a cabeça colocada a prêmio de 20.000 dólares pelas milícias locais. Ao retornar para casa, em 2009, trazia no peito dezesseis condecorações — entre elas 2 Purple Hearts, 2 Estrelas de Prata, 5 Estrelas de Bronze.
Kyle foi a resposta americana à atuação de um inimigo mítico conhecido como “Juba”, cuja ubiquidade e pontaria haviam se transformado em assombração para os soldados yankees em Bagdá. Vídeos de propaganda islâmica postados na internet mostravam “Juba” eliminando soldados americanos, um a um, noite ou dia, em grupo ou sozinhos. Ninguém sabia quem era esse temido atirador islâmico que, além de matar, ainda narrava e filmava cada cena. Dependendo da fonte, seria um mercenário europeu ou um jihadista sírio. À época, a rede de notícias CNN chegou a submeter os vídeos a peritos, que concluíram não tratar-se de montagem. Fosse quem fosse, “Juba”, portanto, existia, e, à falta de sua eliminação física, sua lenda, pelo menos, precisava ser contida.
Os estragos que um franco-atirador é capaz de causar na moral de tropas inimigas são conhecidos e povoam a narrativa patriótica de vários países. Na Finlândia, há mais de meio século o nome Simo Häyhä é pronunciado com orgulho de geração a geração. Fazendeiro desconhecido quando a União Soviética invadiu seu país, em 1939, Häyhä, sozinho, eliminou uma unidade inteira de russos — mais precisamente 542, em menos de 100 dias. Entrou para a história com o apelido de “Morte Branca” por usar uma pelerine alvíssima que o camuflava na neve.
O americano Chris Kyle não alcançou os píncaros do finlandês matador, mas recebeu dos insurgentes o apelido de “Demônio” pelos estragos que provocou nas fileiras islâmicas na cidade de Ramadi. A destreza com que manuseava seu fuzil municiado de cartuchos .300 Winchester Magnum lhe rendeu feitos memoráveis. Gaba-se de ter acertado um alvo a 1,9 km de distância, em 2008, antes de o insurgente disparar um lançador de foguete que visava a um comboio americano.
Tudo isso e muito mais Kyle conta em suas memórias, “Atirador americano: a autobriografia do atirador mais letal da história dos Estados Unidos”, publicadas um ano atrás. Elas são preocupantes no tom e no conteúdo.
'Dever'
A narrativa é clara - "crua", até, como definiu um crítico literário americano - e deixa entrever a complexa e tensa psicologia da guerra. Kyle relata como ao longo da carreira deixou de hesitar ao mirar nas suas vítimas e passou a desempenhar melhor suas funções sob fogo cruzado.
Sua companhia Charlie foi uma das primeiras a desembarcar na Península de al-Faw no início da chamada Operação Liberdade, iniciada em 20 de março de 2003 pelo então presidente dos EUA, George W. Bush (2001-2009).
No fim daquele mês, na área de Nasiyria, os oficiais Seal aguardavam em um povoado iraquiano a chegada dos marines, fuzileiros navais americanos, que se aproximavam. No topo de um edifício, Kyle conta que ele e outros oficiais de seu pelotão tinham como objetivo oferecer cobertura para os fuzileiros.
Quase todos os moradores se trancaram em suas casas, de onde assistiam a tudo por detrás das cortinas. Apenas uma mulher e uma ou outra criança se movimentavam na rua. Quando os marines se encontravam a certa distância, a mulher tirou um objeto amarelado de sua bolsa e caminhou em direção aos militares.
"É uma granada! Uma granada chinesa", disse o chefe de Kyle. "Atire." Ao vê-lo hesitar, o chefe repetiu: "Atire!" Kyle puxou o gatilho duas vezes, a "primeira e única vez" em que matou uma pessoa no Iraque que não fosse homem e combatente.
"Era meu dever. Não me arrependo", escreve. "Meus tiros salvaram vários americanos cujas vidas claramente valiam mais que o daquela mulher de alma distorcida." "Posso me colocar diante de Deus com uma consciência limpa em relação ao meu trabalho."
“Não sou muito fã de política”, diz ele no livro, “gosto de guerra”. Seu mundo se divide entre “bons” e “maus”, sem nuances ou espaço para dúvidas. Os americanos são “do bem” pelo simples fato de serem americanos, enquanto os muçulmanos são “do mal” por quererem matar os americanos. “Odeio esses selvagens”, acrescenta, referindo-se aos iraquianos. Ao testemunhar perante uma comissão militar de inquérito, acusado da morte de civis, esclareceu: “Não atiro em quem tem um Corão na mão, mas bem que gostaria.”
Uma semana atrás, na tarde de um sábado ensolarado em Stephenville, Texas, Kyle foi morto a tiros pelo fuzileiro naval Eddie Rough, de 25 anos. Rough voltara da guerra com claros sinais de estresse pós-traumático e havia sido colocado sob vigilância por ter ameaçado explodir a cabeça do pai. Procurando ajudar o filho, a mãe de Rough buscou apoio na fundação Fitco Cares, montada por Chris Kyle ao retornar do Iraque e que proporciona assistência a veteranos com distúrbios decorrentes da guerra.
O atirador nº 1 da América morreu aos 38 anos, alvejado num campo de treinamento de tiro do Texas. Não foi abatido por “Juba” nem por nenhum dos “iraquianos selvagens” que combateu. Foi derrubado em solo pátrio por um americano.
Em entrevista concedida por ocasião do lançamento de seu livro declarara não sentir arrependimento por nenhuma das mortes de sua folha corrida. Assegurou também não sentir qualquer desajuste decorrente da brutalidade de tantos anos de combate. “Nenhum dos problemas que tenho deriva das pessoas que matei”, garantiu.
Chris Kyle morreu sem entender nada da guerra em que acredita ter triunfado.
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
fonte: http://www.defesanet.com.br/ecos/notici ... ris-Kyle-/" onclick="window.open(this.href);return false;
- Vinicius SC
- Mensagens: 4581
- Registrado em: 14 Jun 2014 15:18
- Contato:
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Vi o trailer. ..parece muito bom...selo Clint Eastwood de qualidade
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Um velho amigo meu que conhecia e serviu com o Chris e eu estávamos conversando sobre ele neste último Thanksgiving... A nossa conclusão foi de que em combate há pessoas nas mãos das quais você continuamente coloca sua vida sem pestanejar... Mesmo que na vida normal você as achem uns idiotas. E pelo respeito que essa situação impoe, mudamos de assunto.

All it takes for evil to prevail is for good men to do nothing -E.Burke
- franxxisco
- Mensagens: 352
- Registrado em: 10 Out 2014 21:45
- Contato:
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Fiquei interessado, tb gosto muito do trabalho do Clint Estwood.
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
parece ser muito bom mesmo!
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Vou vê, parece ser bom pra kralho mesmo
"Christmas it's over, No more presents"
Lobov, Artem
Lobov, Artem
Re: Sniper Americano - novo filme do Clint Eastwood
Só pelo trailer ja valeu, verei com certeza
Quem está online
Usuários navegando neste fórum: Anom, Atibaia, Djair Ferreira, jigsaw.silva, Marcial, Tartaruga e 127 visitantes