
As manchas de petróleo em praias do Nordeste já atingiram 139 localidades em 63 municípios de 9 estados desde o início de setembro. A substância é a mesma em todos os locais: petróleo cru. O fenômeno tem afetado a vida de animais marinhos e causado impactos nas cidades litorâneas. A origem do material poluente está sob investigação.

1. Onde e quando o problema surgiu?
Inicialmente o Ibama divulgou que as primeiras manchas apareceram em 2 de setembro nas cidades de Ipojuca e Olinda, em Pernambuco. No entanto, em atualizações mais recentes, o instituto concluiu que as os primeiros registros surgiram ainda em 30 de agosto na Paraíba, nas praias de Tambaba e Gramame, no município de Conde, e na Praia Bela, em Pitimbu.
2. Quantos estados foram atingidos?
O balanço mais atualizado, de 9 de outubro, aponta que são 139 locais em 63 municípios de 9 estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
3. Quem investiga?
As investigações são conduzidas pela Marinha em coordenação com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Polícia Federal, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Força Aérea Brasileira. Participam ainda os governos de alguns estados e municípios afetados.
O Ibama e a Capitania dos Portos solicitaram apoio da Marinha e da Petrobras na elaboração de laudos sobre a substância. Há ainda pesquisas sobre o material em andamento na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
4. O que dizem os órgãos?
O presidente Jair Bolsonaro disse suspeitar de um incidente criminoso e que a investigação é "bastante complexa". Sem citar nome, afirmou que existe um país "no radar".
"Pode ser algo criminoso, pode ser um vazamento acidental, pode ser um navio que naufragou também. Agora, é complexo. Temos, no radar, um país que pode ser o da origem do petróleo e continuamos trabalhando da melhor maneira possível", disse Bolsonaro.
O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, não apontou hipóteses. "Nada é ou está conclusivo. Isso é importante. A causa não é isso, não é aquilo. Então, está sendo investigado. Já foi aberto o inquérito", disse Azevedo e Silva.
Já o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse que o petróleo é de origem, "muito provavelmente, da Venezuela", atribuindo a informação a um relatório elaborado pela Petrobras.
O relatório interno da Petrobras afirma que as manchas que estão poluindo praias do Brasil são uma mistura de óleos da Venezuela.
A empresa afirma não ter relação com o incidente: "A análise realizada em amostras atestou, por meio da observação de moléculas específicas, que a família de compostos orgânicos do material encontrado não é compatível com a dos óleos produzidos e comercializados pela companhia".
"Cada petróleo teria entre aspas um DNA específico. Então, esse conteúdo de moléculas que está em cada amostra é que me permite diferenciar um petróleo do outro e correlacioná-los, buscar semelhanças ou diferenças. Então a gente, grosseiramente, pode dizer que cada petróleo tem um DNA diferente", afirmou o geólogo Mário Rangel, gerente do laboratório de geo-química da Petrobras.
5. Quais as possíveis origens?
Até 8 de outubro, não havia conclusões sobre as origens do material. A Marinha está fazendo o monitoramento de navios para identificar a origem do petróleo.
O presidente da Petrobras, Castello Branco, disse que ainda não é possível dizer de onde o óleo veio, mas aponta três hipóteses:
um navio afundado;
um acidente durante a passagem de óleo de um navio para outro;
despejo criminoso.
A primeira hipótese levantada por especialistas é que a contaminação seja de navios petroleiros, que poderiam ter efetuado uma limpeza em tanques e descartado os rejeitos no mar.
Agora, diante do volume, que chegou a 130 toneladas recolhidas até quinta-feira (10), especialistas entrevistados pela BBC já descartam essa possibilidade inicial. Para eles, a principal hipótese para a origem do óleo é um descarte irregular, que podem ocorrer no caso de avaria no casco das embarcações com risco de naufrágio.
No dia 27 de setembro, o diretor da Agência Estadual de Meio Ambiente de Pernambuco, Eduardo Elvino, disse ao G1 que o órgão e as universidades federais do estado analisam imagens de satélite de uma área de 187 quilômetros do litoral dos estados de Pernambuco e Paraíba.
"Com essa varredura a gente identificou os pontos no mapa que podem ser navios, e aí estamos analisando a existência de pontos pigmentados ao lado desses possíveis navios. Esses pontos coloridos podem ser realmente manchas de óleo, mas também podem ser cardumes de peixe ou concentrações de alga, por exemplo. São várias possibilidades", explicou Elvino.
Em um relatório divulgado em 8 de outubro, a Petrobras disse que as manchas que estão poluindo praias do Brasil são uma mistura de óleos da Venezuela.
O professor Marcus Silva, do Departamento de Oceanografia da UFPE, aponta a hipótese de que o petróleo tenha relação com algum navio que passava pelo litoral pernambucano.

https://g1.globo.com/natureza/noticia/2 ... lema.ghtml