KRATOSCS 85 escreveu: ↑29 Ago 2020 14:14
Sobre IRB recebi em um grupo que participo
IRBR3 – Resultados do 2º Trimestre de 2020
Avaliei os números apresentados no balanço de sexta-feira à noite e gostaria de compartilhar a minha visão com os colegas investidores. Lembrando apenas que não estou fazendo qualquer tipo de sugestão de investir ou não em ações desta empresa.
Vamos lá...
1º - A “FALSA SURPRESA” COM OS NÚMEROS APRESENTADOS
Vamos começar contrapondo os alarmistas de plantão, que se mostraram surpresos” com os números ruins.
Início de agosto deste ano a IRB Brasil divulgou os números de abril e maio à Susep: “...prejuízo somado de 392,5 milhões de reais, conforme dados preliminares e não auditados...” ...A companhia acrescentou que, para junho, espera "efeitos semelhantes ao bimestre em resultados".
Ou seja: R$ -392.500,00 (abril e maio) - R$ 392.500,00 (resultado semelhante de junho) = R$ - 785.000,00 (prejuízo estimado pelo comunicado do início de agosto).
NA REALIDADE, o que a empresa apresentou foi um prejuízo MENOR: R$ -685.100,00. Ou seja, R$ 100 milhões menor do que o prejuízo sugerido e esperado. OK?
2º - SINISTROS TOTALMENTE FORA DA CURVA ESTATÍSTICA
De forma bem simples: como uma resseguradora ganha dinheiro?
Do total de prêmios de seguros (valor recebido daqueles que contratam o seguro) se subtraí os sinistros (indenizações) ocorridos no período e custos operacionais. Certo?
A taxa de sinistros é muito importante, pois se ela extrapola a média estatística, mostra que o risco é maior que o estimado pela empresa e esta terá que gastar mais ao indenizar um número maior de segurados.
Foi exatamente isso que aconteceu neste trimestre com a IRB Brasil: provavelmente pela má gestão anterior querendo fazer negócios e crescer a qualquer custo, os antigos gestores concederam seguros para clientes que não deveriam, ou pelo menos cobraram pouco pelo real risco de o sinistro acontecer.
Por isso, os sinistros cresceram de R$ 798 milhões (2t/2019) para R$ 2,339 bilhões (2t/2020). Foi uma alta de 193% equivalente a R$ 1,54 bilhões de reais a mais pagos em sinistro. Absurdo!
É claro que os prêmios ganhos também subiram, de R$ 1,37 bilhões (2t/2019) para R$ 1,72 bilhões (2t/2020). Más não cobriram a diferença com gastos pagos a mais em indenizações!
Agora imaginem que os sinistros ficassem na mesma média do ano anterior: a empresa teria tido um resultado de pelo menos R$ 1 bilhão “melhor” do que realmente foi – apresentando um lucro em torno de R$ 400 milhões.
A boa notícia que com uma boa gestão e controles estatísticos apurados, a IBR Brasil está voltando a curva média, cancelando ou não renovando contratos ruins. Essa doença é pontual e já está sendo tratada! Para isso de usa matemática e estatística!
3º DOLAR NA ALTURAS
Esse é um problema CAMBIAL e Macroeconômico. Muitos contratos internacionais foram celebrados em 2019 com os segurados pagando os prêmios com um dólar próximo a R$ 4,00 (barato se comparado a hoje). Aqueles segurados internacionais que receberam indenizações neste segundo trimestre de 2020, foram pagos considerando um dólar próximo a R$ 5,50. Ou seja, um custo 37,5% mais alto que na época da contratação de seus seguros no ano anterior.
A visão da maioria dos especialistas é que a nossa moeda (REAL) deve valorizar-se ou pelo menos se estabilizar em relação ao dólar até o final do ano – se não acontecer mais nenhuma mudança drástica no cenário econômico. Com nossa moeda estável, os próximos seguros internacionais não terão essa dissonância entre valor do prêmio X valor da indenização. Simples assim!
4º INSUFIUCIÊNCIA REGULATÓRIA COM A SUSEP
Depois da capitalização de R$ 2,3 bilhões, estamos “quase” fora desse problema. Em março tínhamos 79% de ativos garantidores para atender a regulação. Ao final do aumento de capital, estamos com 96% de ativos garantidores. Ou seja, precisamos “remar” mais 4% para atingir o target de 100%. Essa diferença necessária poderá vir principalmente de:
- Venda de ativos não relacionados diretamente ao negócio (como imóveis);
- Lucros na operação de julho e agosto – ainda não sabemos como foi;
- Queda do dólar;
O relatório do 2° trimestre de 2020 apresentado ontem tem 166 páginas e está muito bem detalhado para não deixar margem que fundos especulativos apontarem problemas onde não existem! Não se pode dizer que a cotação da IRBR3 não sofrerá oscilações no curto prazo, más entendo que estão presentes todas as condições necessárias para a empresa recuperar a credibilidade, ter balanços saudáveis nos próximos trimestres e recuperar sua trajetória de valorização no mercado!
Estamos passando por um ano atípico e muitas empresas sofreram, más as maiores oportunidades sempre acontecem em momentos de incertezas.
Bom final de semana aos colegas investidores e vamos acompanhar os próximos capítulos na sequência!
Roberto Krause