Tiago, compreendo sua reflexão, mas para que isso ocorra ( granjear uma postura mais analítica frente coisas importantes da vida) não seria necessário uma reformulação intima de cada um em detrimento de uma experiência coletiva organizada?Tiago de Paula escreveu: ↑14 Nov 2020 17:55Muitos veneram astros da música, outros do cinema, etc...
Não precisa venerar político, mas buscar conhecer mais, se inteirar mais, escolher um e apoiar, acreditar que vai dar certo que as coisas vão melhorar, isso pra mim não é venerar.
E preferir um político ao invés somente de artistas ou músicos é muito melhor, pois um político tem o poder de mudar a vida das pessoas literalmente, ele que decide sobre o futuro de uma nação inteira.
Acho que esse papo de não ligo pra política, não gosto de nenhum desses políticos, é o que os corruptos e os maus políticos colocaram na cabeça de muitos para continuarem se mantendo no poder, para se perpetuarem no poder o quanto puderem.
No Brasil pouco se busca conhecer mais, já viram o que sempre está em alta no YouTube? Ou são músicas de funk, ou são do tipo; operei o nariz veja como ficou, ou, enchi a piscina da mansão com slime veja o que aconteceu, etc e etc... Um monte de futilidades para um povo acostumado com infantilidades.
Dificilmente tem algo que agregue valor de ensino, de moral, de honra, valores de vida mesmo, pois não dão visualizações, infelizmente.
Liev Tolstói afirmava: " Todos querem mudar o mundo, mas poucos estão dispostos a mudar a si mesmos". Para Aristóteles, o que difere o homem de outros animais é sua capacidade política, no sentido que toda relação humana é uma relação política, não apenas a relação profissional com a Polis ( o político de carreira, representante por sufrágio)
Nesse sentido, ser depositário de esperança, algo inerente a uma convicção pessoal de fé intimista ou crença em uma concepção maior e metafísica ( a vezes enxergando o político de carreira como um "salvador" da nação) não seria abster de um animo pessoal e intransferível de responsabilidades com a sociedade para a figura de um "avatar público"? Reclamamos de corrupção dentro de uma coletividade que se identifica com "jeitinho brasileiro", o cara que acha vantagem quando recebe troco com valor superior ao que devia ter recebido e não volta ao comercio para devolver, outro que estaciona em vaga preferencial sem estar adequado aquelas necessidades, aqueles que ao presenciar um idoso no coletivo finge estar dormindo...são tantos exemplos que isso aqui ficaria longo demais.
Referente ao You Tube, se por um lado temos esse conteúdo questionável, bem pontuado onde você dissertou, também temos canais de incentivo a cultura. Canais de matemática, história, biologia, química, outros dedicados a música ( há exemplos de canais dedicados as músicas de câmara e concerto como o "Halidon Music", "Essencial Classic" e outros de conteúdo excelente. Para leitura há dezenas de sites que arregimentam conteúdo de domínio público para ser baixado em PDF, a biblioteca do Senado é um bom exemplo, você pode baixar o poema mitológico "Theogonia" do grego Hesíodo sem pagar nada.
Não posso dizer por sua experiência de vida, mas pela minha o que presencio é a constante briga de egos...pessoas vivem em suas bolhas e toda e qualquer possibilidade de dialogo ou debate saudável cai no terreno da infertilidade. Se não há como concatenar a dicotomia de opiniões o diálogo vira xingamentos e trocas de ofensas, um é o fascista, outro é o comunista e por ai vai.
Conheço gente de esquerda e de direita, que em seus extremos, parecem gêmeos siameses. Gente na esquerda que acha música de concerto é "cultura burguesa e efêmera" e gente de direita de não enxerga a beleza em literatura de cordel por ser produção popular.
Nesses aspectos a figura pública do político de carreira, ao meu entender, não possui capilaridade para transmutar toda a gama de um tecido social acostumada aos seus vícios nacionais, nosso caso o "jeitinho brasileiro", que se bem usado seria sinônimo de engenhosidade, adaptação e criatividade, mas usamos apenas para levar vantagens espúrias sobre outros brasileiros.