Sagramor escreveu:
Fácil falar, difícil fazer, brother.
É claro que o cara não vai fez eu me achar um bosta pra sempre, tenho amigos, família pra apoiar, fui bem criado. Mas é impossível não se abalar no momento e mais impossível ainda pensar que isso pode acontecer com outras pessoas. E aí imagino o neguinho pobre da favela, que passa por isso direto e não tem estrutura familiar nem formação para lidar com isso. Você chegar para esse cara e dizer que racismo não existe é de gerar ódio, é desrespeitoso pra caralho.
Sagra, que existe, é óbvio. Aqui no fórum mesmo se vê muito disso com lutadores na crista da onda, com pessoas que idolatram russos e Che Guevara. Quer racismo maior do que o que atletas negros sofrem na Rússia? É foda. Quanto ao "neguinho pobre da favela", irmão, não me leve a mal, coitadismo puro hoje em dia. Eu sou branco, filho de mulato com nordestina, e quando meus pais passaram por maus bocados morando na Cidade de Deus, eu era bolsista na extinta Colégio Instituto Nossa Senhora de Nazareth, na Freguesia. Ouvia todo tipo de apelido e de piada. E isso ainda por volta de 1993, 1994... O negro sofre sim com racismo, mas preconceito com pobre, passa longe de ser por cor da pele. Realmente, eu acho que falar é fácil, porque sempre acabava discutindo e saindo na porrada, mas cada pessoa tem um tipo de reação. Eu sigo seguindo a teoria do Carlson para algumas situações.
Sagramor escreveu:Compreendo a galera dizer que o ativismo é exagerado, porque todo ativismo exagera em algum momento. Mas o ativismo não é o negro que tá procurando emprego, o ativismo não é o cara que é humilhado pela cor da pele. Então dizer que o fato do ativismo ser chato mostra que não existe racismo, apenas vitimismo, é uma falácia tremenda.
Cara, ano passado uma senhora de Niterói me ligou, querendo alugar uma casa de 35 mil mensais. Marquei a visita pra coroa, peguei o proprietário num dia ruim, a mulher atrasou, eu liguei, ela disse que já estava chegando... Pois bem, ficamos na porta do Condomínio para que ela o identifica-se pelo carro, visto que a mesma disse que não conhecia o local, por morar desde sempre em Niterói e etc... Beleza. Eis que me descem uma senhora e uma jovem, ambas negras, de um ônibus, e perguntam: "você é o Raphael?", eu ouvi do proprietário o seguinte: "só vou deixar você entrar com elas, porque senão corro risco de aparecerem com acusações de racismo, mas pode tirar meu imóvel da sua lista depois de hoje". Mostrei a casa, nunca mais o telefone da cidadã sequer deu sinal nas chamadas, e eu perdi um excelente imóvel para negociar. Conheço N corretores que diriam na cara: "Quer morar nesse tipo de imóvel e não tem dinheiro pro táxi? Porra, desculpe, não vai dar". Mas fui lá, na maior educação, apesar de me sentir um idiota e ficar rindo da situação. Não por serem negras, amarelas, azuis, verdes e etc... Não por ser preconceituoso, racista e quaisquer outras denominações que queiram dar nos dias de hoje. Mas porra, se vc anda de ônibus, vc não mora na orla da Barra, muito menos pagando 35 mil mensais! Porém, dependendo do tato que vc tem pra lidar com certas situações hoje em dia, vc se fode grandão.
Ainda pela coluna...
Sério mesmo que todo mundo aqui para no sinal, vê uns seis moleques vindo no carro, e abre a janela pra dar um trocado? Menos hipocrisia, pessoal.