História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fechadas

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armlock
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por armlock » 27 Mar 2015 19:30

Crono_M escreveu:
Mestre o senhor também é preta de Karate? Impressionante como a Universidade Takushoku(takudai) formou grandes artistas marciais os clubes de Karate e Judo de lá eram fortíssimos, essa mentalidade antiga tanto no Karate, Judo quanto no Jiu Jitsu faz muita falta hoje em dia, os artistas marciais de antigamente eram forjados a ferro e fogo.
Karate hoje em dia em 95% das academias é um pula pula danado quase sem contato, ''esportivizo'' demais perderam totalmente o foco de arte marcial, para defesa pessoal, combate real, e vejo o mesmo acontecendo com o judo e jiu jitsu :mf_depressed:
Qual a opinião do senhor a cerca desse assunto?
Hehe... deixei no finado algumas entrevistas com um pessoal que treinou em Takushoku, incluindo alunos do Enoeda Sensei. Se alguem ainda quizer ler, alguns dos relatos sao... err.. divertidos e trazem boas memorias (descendo um pouco na pagina do link): http://forum.portaldovt.com.br/forum/in ... try2907386" onclick="window.open(this.href);return false;
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Crono_M
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por Crono_M » 28 Mar 2015 17:23

armlock escreveu:
Hehe... deixei no finado algumas entrevistas com um pessoal que treinou em Takushoku, incluindo alunos do Enoeda Sensei. Se alguem ainda quizer ler, alguns dos relatos sao... err.. divertidos e trazem boas memorias (descendo um pouco na pagina do link): http://forum.portaldovt.com.br/forum/in ... try2907386" onclick="window.open(this.href);return false;

Excelente os relatos, li todos :fear: :fear: :fear:
Rapaz treinar na Takudai parecia o inferno, ali não tinha jeito ou você cria o espirito guerreiro ou vai embora....
Hoje em dia deve ter dado uma aliviada boa, imagina o cara passar 4 anos naquele regime de porradaria infernal, tem que ter muita convicção e vontade :2handed: :2handed:
O meu Sifu de Wing Chun também tem umas historias de treinos violentíssimos em SP quando o Sifu dele voltou dos EUA após treinar com o Sifu Augustine Fong, mas nada comparado a brutalidade da Takudai.
_____________________________________________________________________________________________
Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível.
Albert Einstein

Once a man has seen society's black underbelly, he can never turn his back on it. Never pretend, like you do, that it doesn't exist.
Rorschach.

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Thiago Marques
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Re: Rivalidades, histórias e causos do Jiu Jitsu e afins.

Mensagem por Thiago Marques » 30 Mar 2015 18:58

Hall escreveu:Do baú: Um dia de cão, por Saulo Ribeiro

Redação Graciemag
13 de março de 2010

A espera pelas lutas, a análise dos adversários, o relato dos combates. O texto a seguir, produzido e editado para a GRACIEMAG #67, conta o Mundial de Jiu-Jitsu de 2002 na visão de Saulo Ribeiro, maior recordista em títulos até então, com seis medalhas de ouro e duas de prata acumuladas em sete anos de competição.


Todo dolorido. Foi assim que eu acordei no domingo, 28, último dia do VII Mundial. Peguei o meu kimono para ir para o Tijuca Tênis Clube pensando o seguinte: se hoje fosse um dia normal, a possibilidade de eu ir treinar era zero. Ia fazer um rango no Guaranamania e depois deitar e descansar. Tava na maior lombra.

Ao mesmo tempo, eu tinha que ir trabalhar, correr atrás do título que ainda não possuía, o de campeão absoluto. Fiz a minha parte ontem, venci três lutas e estou classificado para a final, mas não foi fácil. Na verdade, depois da minha segunda luta, contra o [Roberto Corrêa] Gordo, sentei no chão ao lado do tatame muito puto. Fiz preparação física nos últimos meses, achava que estava numa forma ótima, mas no meio da luta eu tava morto.

Eu sabia que a minha luta com o “Careca” ia ser difícil, sempre é. Ao contrário da garotada nova que tem por aí, ele não erra, não dá esgrima e a gente se equivale tecnicamente. Mas quando eu abri vantagem no início, e quando ele me deu a perna direita e tomou um kouchi-gari, achei que a luta tava ganha. De repente, ele tinha trancado as pernas nos meus joelhos, e eu fui raspado. Puxei o ar e não veio nada, e me segurei para não transparecer meu desespero. Fechei a guarda e, antes do fim, quando fui para a minha raspagem, ele cresceu o olho no crucifixo, como sempre, e fiz mais dois pontos.

Não adianta se preparar, você só sabe o que vai acontecer com o seu corpo ali dentro se você esteve ali antes” Saulo Ribeiro

Tinha vencido, mas estava revoltado com o meu mau condicionamento. E fiquei me perguntando o porquê. Remoí isso durante o resto do dia, e só hoje de manhã achei a explicação: falta de ritmo de competição. No meu melhor ano, 98, eu lutava campeonato quase todos os finais de semana. De Jiu-Jitsu ou judô, pequeno ou grande, não queria saber. Desde 99, só tenho lutado o Mundial e o ADCC. É isso. Não adianta se preparar, você só sabe o que vai acontecer com o seu corpo ali dentro se você tiver estado ali antes. E quanto mais você competir, mais você vai conhecer o seu corpo.

Chegar no ginásio do Tijuca é sempre bom. Foi lá que, desde 96, venci cinco campeonatos mundiais. Claro que é problemático lembrar que ano passado – único ano em que fui derrotado –, nessa mesma hora, eu estava na mesma situação: tinha chegado à final do absoluto, mas ia tentar lutar o meio-pesado para ser campeão. A experiência tinha me ensinado que eu não podia cair no mesmo erro, partir para dentro dos caras do peso feito um louco e ficar no bagaço para as finais.

Até hoje ainda acho que eu não perdi o campeonato para o [Fernando Pontes] Margarida, durante a final. Eu perdi antes. Para o [Flávio Almeida] Cachorrinho, na semifinal. Apesar de ter vencido a luta, ele me matou. Que cara forte! Se ele não desse a esgrima, ia ser o cara mais difícil de ser vencido de todos. Eu não sei como ele perde para o Margarida, se ele é muito mais forte.

Esse ano, meu plano era outro: vencer o peso sem me cansar muito. E, na área de aquecimento, como tava de baia, ia poder ver todo mundo antes de eu lutar. O Erik [Wanderley] foi chamado. Era hora de olhar o inimigo contra um cara mais fraco. Ele certamente vai usar todas as suas armas mais fortes para acabar logo o serviço. No meio da luta, alguém chega e pergunta: “Vai de moto para casa?”. “Claro, trouxe até o capacete”, brinco, sem deixar claro que, na verdade, aquela Honda Biz de prêmio para o campeão era o que menos importava.

Continuo prestando atenção. Ele mete a mão direita por cima, é candidato a tomar um ipon-seoi. Tomou uma queda. É outro cara bom e forte, mas, por baixo, dá a esgrima. Eu sei que ele vai vencer, provavelmente chegar à final, então reparo mais. Em pé, outro trejeito. Ele finge que vai puxar para a guarda e coloca a perna direita na frente para atacar. Pode tomar um ouchi-gari. Essa vai ser a estratégia.

11:00. Já estou há quase uma hora esperando, e minha luta se aproxima. De repente, noto um movimento na entrada do ginásio. Corro os olhos à procura do motivo e me surpreendo. É o Rickson. Veio fazer uma visita surpresa. A responsabilidade aumentou. O homem vai ver se tenho feito direito o dever de casa. Acompanho o bicho e penso alto: “O cara é foda. Dá para sentir a sua energia”.

A presença de Rickson, Royler, Renzo no estádio e alguns erros que vejo os caras cometendo nas lutas me faz refletir no suporte que esses caras me deram, me poupando de muitos desses erros. A versatilidade do Royler, sempre apto a fazer qualquer tipo de jogo; por cima, por baixo, em pé, no chão. O Renzo, que mesmo quando morre no gás nas lutas, ninguém consegue fazer nada com ele, o que prova ainda mais a sua técnica. E o Rickson, que quando treina contigo parece que tem 200kg. Procuro aprender o que cada um deles tem de melhor, adaptar isso no meu jogo.

Volto a prestar atenção nas disputas. No ringue mais próximo, o da esquerda, [Ricardo] De la Riva vai lutar. É uma incógnita. Só dará para saber como ele vai se sair depois da primeira bufada. Voltar após nove anos é complicado. Depois de um [ano] já é foda. Uma torcida grande grita para ele. Maneiro o cara ter um carisma assim. Ele vence bem, e volta para a área de aquecimento. Vou cumprimentá-lo, e ele me parabeniza, aproveitando para elogiar o Royler. Dá para sentir que não é falsidade, esse cara é gente fina mesmo. Tem uma humildade muito grande. Mesmo se perder, continua sendo campeão.

Vejo a luta do Fábio Nascimento, o cara que vou enfrentar de primeira. Ele raspa o outro na meia-guarda. Ontem, na primeira luta do absoluto, ele me levantou assim. Mas eu pensei: “Me recuso a ir nessa”, e atochei o peso.

A minha hora não chega e por mais que queira me concentrar, fiquei mais é vendo as outras categorias, analisando os caras que estão aparecendo. Não sei porque, penso numa luta do Pé de Chumbo com o “Jaca”. Essa ia ser boa de ver. Os caras são muito preparados e fazem força sem cerimônia… No ringue que o De la Riva lutou, agora o [Marcelo] Pupo tava vencendo uma luta da categoria leve. Reparo como ele melhorou. Antigamente ele era fraco, mas agora, não perde posição, distribui o peso melhor. Pode surpreender e ser campeão.

Ele me deu a esgrima já no início da luta. Pensei: ‘Assim ele facilita o trabalho da diretoria’”

Fiz a minha primeira luta, e venci por pontos. Ele me deu a esgrima já no início da luta. Pensei: “Assim ele facilita o trabalho da diretoria”. Com esse erro, eu sabia que ia ser difícil perder. E venci. No meio da luta, ele fez uma pegadinha chata na minha perna, me prendeu na meia-guarda. Depois eu estudo isso melhor, penso. Vou lá cumprimentar meu pai, minha mulher, o pessoal que veio torcer por mim. Por mais que eu esteja focado na competição, tenho que dar uma atenção para quem tá sempre comigo.

Voltei então para a área de aquecimento, mas agora o tempo passava mais rápido. Quando Frédson e De la Riva se preparavam para lutar a semifinal do pena, eu já estava voltando para o outro lado, onde ia lutar a semifinal. Pensei na luta deles: meu coração está com o Frédson, que é de Manaus e da Gracie Barra, mas acredito na vitória do De la Riva. É mais técnico. E, nessa hora, se eu não acreditar mais na técnica, vou acreditar em quê?

Na espera para a semifinal, vejo o Pé de Pano – meu adversário na decisão do absoluto – chegando na área de luta. Com um tamanho desse, um peso desse e umas pernas dessas, não dá para pensar boa coisa. Ele vem falar comigo, porque a gente tinha meio que se comprometido de não lutar. Mas em um caso desses não tem jeito, e eu sei disso. É o título que os dois tão querendo, e qualquer pacto agora fica de lado. Os dois vão dar tudo, sem cerimônia.

Entro para lutar com o [Marcel] Louzado, do Godói. No início da luta, eu faço os dois pontos que vão me garantir a vitória, com uma ida para as costas em pé. Novamente, minha tática funciona. Eu tinha visto na luta anterior, contra o [mineiro Vinícius Antunes] Wallid, que ele entra de o-chi-gari. Deixei então minha perna direita na frente, de isca, e quando ele entrou, tirei a perna, agarrei na dele e fui para as costas. Ele tentou correr atrás, mas eu tava na final, e sabia disso. E a situação dele foi piorando no decorrer da luta.

Mal o juiz levanta o meu braço, uma surpresa de merda. Enquanto eu tava lutando, meu irmão tinha se machucado no ringue ao lado, e me avisaram. Chorando, ele era atendido pelos médicos e tava fora da briga.

Faltavam três horas para o início das finais. A única coisa que vinha na minha cabeça era o seguinte: comer ou não comer?

Intermissão
17:00. Chegou a hora. Eles anunciam a ordem das finais. O absoluto primeiro. Pensei bem, coloquei a realidade na balança e pedi para trocar. Era arriscado demais. Posso cansar muito, perder para o Pé e fazer uma luta ruim no meio-pesado, perigando ficar sem os dois títulos. Lutando o meio-pesado primeiro eu teria mais chances de garantir ao menos um título. E podia ganhar mais confiança para a final do absoluto.

A luta contra o Erik foi dentro do previsto. Ele colocou a perna na frente, eu usei o ouchi-gari. Saí na frente, e era o que eu precisava. Lá para as tantas, ele me deu a esgrima. Cheguei na meia e consegui mais uma vantagem. Ele ainda tentou um ezequiel, mas eu sabia que não existia ângulo para apertar, já que eu tava jogando o meu peso para frente. Passei a guarda e garanti o título. Mas depois da força que eu fiz, deu até fraqueza pensar que ainda tinha o Pé de Pano.

Descansei enquanto rolaram as finais de todos os outros pesos. E entrei com uma tática definida na luta contra o Pé de Pano. O negócio era jogar por cima mesmo. Essa história de que ele não sabe passar [a guarda] é besteira, ele é pesado e passou a guarda de todo o mundo por aí. Eu ia obrigar o cara a mudar o tipo de guarda, jogar com os ganchos por dentro. Conseguir umas vantagens e quem sabe uma passagem e vencer. O plano foi indo bem, mas ele é tão longo que até a guarda de gancho me complicou, e eu acabei sendo raspado. Ainda dava para correr atrás, mas me descuidei e ele botou na [guarda] fechada. Foi quando eu senti o seu peso. Não dava para abrir de qualquer jeito, era capaz de ele cair montado. Tentei abrir sem ficar em pé, mas ele levantava o quadril e, com aquelas pernas longas, minha mão ia da canela para o joelho. Não tinha jeito, aquela era dele.

Após a premiação, enquanto dava uma entrevista, meu pai me jogou uma latinha da gelada. Era tudo que eu precisava, fazia um mês que não tomava uma cerveja. Mas a análise dos meus erros não saía da cabeça. E pensei em duas resoluções. Número um: tenho que competir tudo, Jiu-Jitsu e Judô, e estar em um ritmo bem melhor. Número dois: no fim das contas, disputar o meio-pesado novamente diminuiu minhas chances no absoluto. Ano que vem vou arriscar só o aberto. “Ano que vem”, eu pensei, e essa é a melhor parte: a vontade de estar aqui de novo. Isso eu ainda não perdi.

O card de Saulo: 26-4 (até 2002)*

2002
absoluto
Márcio Cruz (d)
Gabriel Gonzaga (v)
Roberto Corrêa (v)
Fábio Nascimento (v)

meio-pesado
Erik Wanderlei (v)
Marcel Louzado (v)
Fábio Nascimento (v)

2001
absoluto
Fernando Pontes (d)
Márcio Cruz (vc)
Leandro Borgo (v)
Marcos Scheffer (v)

meio-pesado
Fernando Pontes (d)
Flávio Almeida (v)
Murilo Rupp (v)
Roger Coelho (v)

2000
super-pesado
Daniel Simões (v)
Gabriel Gonzaga (v)
Adílson Lima (v)
Roberto Ferreira (v)

1999
meio-pesado
Roberto Magalhães (v)
José Marcelo (v)
Givanildo Santana (v)
Marcelo Hertz (v)

1998
pesado
Fabio Gurgel (v)
Murilo Bustamante (v)
Anderson Xavier (v)

1997
médio
José Mario Sperry (d)
Antônio Schembri (v)
Rony Rústico (v)
Guilherme Santos (v)

1996
leve
Marcio Feitosa (v)

*v – vitória; d – derrota; vc – vitória por contusão

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Inspirador! ^:)^
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por Gardenal_JJ » 01 Abr 2015 14:32

saulo foi um monstro do JJ q venceu qs tds os tops de seu tempo.

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Thiago Marques
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por Thiago Marques » 02 Abr 2015 15:59

"O placar está 1 a 1, mas eu tenho um braço de vantagem!"
– Roger Gracie, em 2004, depois de perder para Jacaré a mais polêmica final de absoluto dos mundiais.

Mais frases famosas da história dos mundiais de Jiu-Jitsu [old]: https://graciemagmundial.wordpress.com/ ... s-eternas/
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por PHDookie » 02 Abr 2015 18:17

Copiando a ideia do Thiago:

Muita gente me chamou de louco por criar o Mundial de Jiu-Jitsu em 1996. Diziam que o esporte ainda estava engatinhando e que precisava crescer muito antes de ter uma competição assim, mas eu sabia que o Mundial ia puxar o crescimento do Jiu-Jitsu – Carlos Gracie Jr, presidente da CBJJ / IBJJF.


Até que enfim! – Vitor “Shaolin” Ribeiro, em 2000, após vencer Leo Vieira depois de três derrotas em três lutas.

Eu estou de cueca e não tenho culpa se ele está sem – Daniel Simões, em 2000, comentando a polêmica derrota para Saulo Ribeiro, no super-pesado.

Tenho que bater no peito. Sou o único pentacampeão do mundo. Pelo menos até o ano que vem – Robson Moura, em 2000, ao colocar sua quinta medalha de ouro no peito em cinco mundiais.

Estou amarradão! Agora é festa na favela! – Fernando Tererê, em 2000, ao se sagrar campeão do médio em vitória sobre Nino Schembri.

Para não dizerem que eu estava correndo, resolvi botar na reta, mas lutei com o tornozelo esgarçado – Márcio Pé de Pano, em 2001, após abandonar absoluto na semifinal.

Sou um puta vendedor! – Vitor Shaolin, em 2001, apos ser bicampeão e vender o kimono a um japonês por 200 dólares.

Ainda tem outra! – Saulo Ribeiro, em 2001, depois de perder a final do meio-pesado para Margarida, avisando que os dois se encontrariam também na final do aberto.

Fiz meus dois pontos e segurei, o que no final já estava pegando mal para caramba – Fredson Paixão, em 2001, confessando que amarrou a luta final do pena.



Assisti tanto às lutas dele que a fita até quebrou – Fredson Paixão, em 2002, reverenciando Ricardo De La Riva, a quem derrotou na final do pena.

O Jacaré amassa os adversários, finaliza e sai com a mesma cara que entrou, sem nenhum suor no rosto. Pode reparar – Ryan Gracie, em 2002, impressionado com o então faixa-marrom Ronaldo Souza.

Ele tem muito peso e muita perna! – Saulo Ribeiro, em 2002, revelando as armas de Pé de Pano, depois da final do absoluto.

Eu estava com 30% da minha forma, mas isso é o suficiente para o Jiu-Jitsu de hoje
– Márcio Pé de Pano, em 2003, ao conquistar o bi

Saulo x Pé, em 2002

absoluto.

Olha lá, agora tem ele também! – Márcio Pé de Pano, em 2003, ao ver Jacaré pegar a faixa-preta no pódio

Eu ainda quero o Pé de Pano. Ele é o melhor e eu quero ser o melhor ganhando dele – Fabrício Werdum, em 2003, ao se sagrar campeão pesadíssimo.

Bati o maior pratão de arroz, feijão e frango na casa do Tererê. Tava bonzão e lutei meio estufado – Ronaldo Jacaré, em 2003, explicando porque começou meio devagar o show na faixa-marrom.

Eu perdi para o campeão, pelo menos. Ou vocês acham que alguém vai ganhar desse monstro?
– Roberto Traven, em 2003, prevendo que Jeferson Moura não daria chances aos adversários no pesado.

Tererê x Marcelinho, em 2003

Pobre está acostumado a dormir embaixo do ventilador. Peguei um ar-condicionado brabo no ônibus de sampa para o Rio e peguei a maior gripe
– Fernando Tererê, em 2003, sobre a fria em que entrou antes do bi no médio.

Quando acabou, tive vontade de chorar e de abraçar todo mundo na arquibancada, de tão feliz
– Felipe Costa, em 2003, ao ser campeão do galo.

Nunca tive o dom, mas ralei muito
– Felipe Costa, em 2003.

O placar está 1 a 1, mas eu tenho um braço de vantagem – Roger Gracie, em 2004, depois de perder para Jacaré a mais polêmica final de absoluto dos mundiais.

Não me arrependo de nada!
– Ronaldo Jacaré, em 2004, sobre não ter batido no braço esticado por Roger.

O famoso armlock

Não vou parar! Não vou parar! – Jacaré, em 2004, depois de livar o braço do armlock de Roger.

Ele não deu espaço nenhum, eu só mexia os olhos!
– Fernando Tererê, em 2004, sobre a derrota para Roger no absoluto.

Ele não tem braço nem pescoço, fica difícil atacar
– Marcelo Uirapuru, em 2004, elogiando Marcelinho depois de derrota no absoluto.

Queria mostrar que a formiga pode ganhar da barata – Fernando Tererê, em 2004, ao disputar o pesadíssimo com 80kg.

Tererê x Werdum, em 2004

Só porque lutei todos os mundiais, o pessoal tá me chamando de velho. Mas tenho 30 anos – Caássio Werneck, em 2004

Se bobear, finalizo muito homem faixa-roxa. Tenho força para caramba – Mirella Cortes, em 2004

Não fui ao pódio porque não perdi. Pegar a medalha de prata seria reconhecer a derrota – Roger Gracie, em 2005, após nova derrota polêmica para Jacaré.

Se eu tivesse perdido, ninguém da minha equipe iria reclamar do resultado – Jacaré, em 2005, reclamando do chororô do time de Roger.

Jacaré deu um tiro só, mas foi na testa! – Saulo Ribeiro, em 2005, sobre a estratégia de Jacaré contra Roger.

Jacaré é bi em 2005

Queria finalizar o Roger e ele queria me finalizar. Por isso a luta foi tão boa – Xande Ribeiro, em 2006, sobre a final do absoluto.

Nem sei o que fiz. Apenas usei o Jiu-Jitsu do meu avô e do meu pai, que eu treino desde cedo – Kron Gracie, em 2006, aos 18 anos, o então faixa-roxa já atraia atenção.

Viu minha luta? Tomei um carrossel! – Marcinho Feitosa, em 2006, bem humorado após derrota para Cobrinha.

Xande comemora o absoluto

Foi digno de Rocky Balboa. Apanhou a luta toda e no final, “pow”!
– Saulo Ribeiro, em 2006, comentando a estratégia de Xande na final do absoluto.

Parece que tem um carro em cima de você. – Robert Drysdale, em 2006, sobre a pressão de Roger Gracie.

Tira a mão de mim! – Luiz Theodoro “Big Mac”, em 2007, ainda revoltado com a apertada decisão em favor de Rafael Lovato Jr, no pesadíssimo.

Defesa do triângulo é em pé! – Saulo Ribeiro, em 2007, ensinando como não bateu para Rômulo Barral, no meio-pesado

São sete! – Robson Moura, em 2007, ao chegar ao hepta mundial.

Robinho hepta, em 2007

Essa medalha tira o peso de quatro anos das minhas costas
. – Roger Gracie, em 2007, aliviado com o ouro absoluto.

Vou parar de ser bonzinho!
– Xande Ribeiro, em 2008, reclamando de lance polêmico com Gabriel Vella, que negou ter batido num armlock.

Para lutar com ele, é preciso uma escada. – André Galvão, em 2008, após enfrentar Roger no absoluto.
Puxa para a guarda, Rojão! – Renzo Gracie, em 2008, prevendo que o jogo em pé seria ruim para o sobrinho na final do absoluto contra Xande.

Essa vitória foi pelo respeito no Jiu-Jitsu. A torcida da Gracie Barra me ofendeu! – Xande Ribeiro, em 2008, logo após se sagrar bicampeão absoluto.



Essa queda não tem nome ainda, bota xandeguruma! – Xande Ribeiro, em 2008, batizando a queda que lhe deu o bi absoluto.

Japonês é sempre difícil. Eles não batem!
– Samuel Braga, em 2008, campeão do pluma.

Eu vim para ser campeão! – Mário Reis, em 2008, reclamando da arbitragem.

Eu bati! – Kron Gracie, em 2008, ainda sem acreditar no desfecho da sua estréia na faixa-preta, contra Serginho Moraes.

Com muito treino, estou chegando ao nível do Tererê, mas ele era natural – André Galvão, em 2008, homenageando o eterno mestre depois de ganhar o meio-pesado.

Subi de peso para fugir do Roger e quando olho a chave, quem eu vejo? O Roger – Eduardo Telles, em 2008, às gargalhadas ao olhar o emparelhamento do pesadíssimo.

Eu não imaginava que ele era tão melhor que os outros – Guy Richie, em 2009, sobre o professor Roger Gracie.

Esse é o tal Jiu-Jitsu invisível – Saulo Ribeiro, em 2009, sobre o desempenho de Roger.

Ôôôô, lá vem o cobertor! – Torcida da Gracie Barra, em 2009, nas lutas de Roger Gracie.

Roger bicampeão, em 2009

Quando eu não tomo uma queda, perde até a graça – Roger Gracie, em 2009, brincando com seu “ponto fraco”.

Ano que vem volto para a gente dar aquele show de novo – Xande Ribeiro, em 2009, saudando Roger pelo bicampeonato absoluto.

Tinha vontade de chorar de tanto treino – Bruno Malfacine, em 2009, sobre a preparação na Alliance.

Estamos incomodando! – Guilherme Mendes, em 2009, para a torcida da Alliance.

A cobra tinha duas cabeças! – Rubens Charles Cobrinha, em 2009, respondendo às provocações ouvidas dos Mendes em Abu Dhabi, um mês antes.

Cobrinha é tetra em 2009

Só ganhei da Kyra porque sou grandona – Lana Stefanac, em 2009, após se sagrar campeã absoluto faixa-preta.

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Thiago Marques
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por Thiago Marques » 03 Abr 2015 11:31

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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por PHDookie » 07 Abr 2015 13:27

Há 20 anos, luta mais longa do UFC foi o começo do fim do vale-tudo



Em 7 de abril de 1995, Charlotte, nos Estados Unidos, recebeu a quinta edição do Ultimate Fighting Championship. E não foi apenas a inclusão de uma “superluta” com a aguardada revanche entre o já consagrado Royce Gracie e Ken Shamrock que ficou marcada na história do vale-tudo. O evento foi fundamental no que podemos considerar como o começo do fim do vale-tudo e sua evolução para o MMA. E quem concorda com isso são os próprios lutadores – veja mais abaixo o que Royce e Ken falaram ao blog sobre o UFC 5.

O MMA, com regras mais restritas e lutadores misturando artes, chegaria depois da semente plantada no duelo entre eles, o primeiro usando um limite de tempo no UFC, mas ainda assim o mais longo da história da organização.
Royce Gracie ficou com o rosto amassado por cabeçadas. Apesar da rivalidade, os lutadores se abraçaram após o empate, enquanto parte do público vaiava, e parte aplaudia

Royce Gracie ficou com o rosto amassado por cabeçadas. Apesar da rivalidade, os lutadores se abraçaram após o empate, enquanto parte do público vaiava, e parte aplaudia

A rivalidade de Royce e Shamrock data do primeiro UFC, quando o brasileiro lutou três vezes na mesma noite e, na última delas, precisou apenas de 57 segundos para finalizar o norte-americano e ser o primeiro campeão do evento. O reencontro foi o trunfo da quinta edição, mas eles não fariam outras lutas na noite, reservando a revanche para ser o ponto principal da noitada em Charlotte.

O polêmico limite de tempo implementado pela organização teve como pano de fundo problemão no UFC 4. Naquele evento, Royce fez a final com Dan Severn, e o combate durou 15min49s. O problema é que o espaço de pay-per-view comprado pelo Ultimate não bastou. O sinal foi cortado, e os espectadores não viram o triângulo dado por Royce, finalizando Severn. Portanto, o Ultimate não podiam se arriscar a comprometer os espectadores que estavam pagando para ver as lutas novamente.

Assim, quartas de final e semifinal do GP durariam 20 minutos, e a final, 30. A superluta de Royce e Ken teve 30 minutos de combate, mais uma “prorrogação”. E o UFC ainda comprou uma hora a mais de transmissão. O curioso é que o cuidado não se fez necessário no fim. Os nove combates que precederam a superluta somaram apenas 17min15s, somados! O limite de tempo foi aplicado só à luta principal.

Para fechar a noite, foram 36min06s de um combate pra lá de amarrado. Ken Shamrock deitado em cima, Royce Grace segurando forte por baixo, e muito pouca ação, apesar de um soco em pé do norte-americano e algumas cabeçadas no chão deixarem o rosto do lutador de jiu-jítsu bastante castigado. O combate chegou a ser interrompido, com pouco mais de 30 minutos de luta. O árbitro “Big” John McCarthy anunciou então uma prorrogação. O desenrolar foi o mesmo de todo o restante da luta e, esgotados os cinco minutos finais, foi declarado o empate, já que não havia pontuação.


Resultado parcial

Todo esse entorno do combate entre Royce e Ken ainda gera discussão. Eles dizem que podem se encontrar tranquilamente hoje em dia, sem desentendimentos. Mas a verdade é que cada um ainda puxa a sardinha para o seu lado ao falar do empate e mesmo sobre a implantação do limite de tempo.

Shamrock, por exemplo, jura que a delimitação da duração do combate foi colocada para beneficiar Royce. “Eu não queria. Era uma vantagem para Royce. Quanto mais longe fosse, melhor para mim, que era mais forte, melhor condicionado. Eu estava preparado para lutar 3h. Mas, dois dias antes colocaram essa regra sem nem avisar. Teve muitas coisas ruins nos bastidores naqueles tempos, quando os Gracie controlavam o UFC”, acusou ele, em entrevista ao blog por telefone, dizendo que Rorion protegia Royce.

Royce pensa exatamente o contrário. Também contrário ao limite de tempo, o brasileiro afirmou ao blog que o norte-americano se apegou à regra para segurar o empate e não perder.

“No UFC 1, o Ken veio para lutar, para me vencer. No UFC 5, ele veio para amarrar. Ele estava lutando contra o relógio, para acabar o tempo. Ele ficou me segurando o tempo todo. O único soco que me acertou foi em pé. Mesmo a pancada mais forte que ele pôde dar, não me fez nada”, retrucou o brasileiro. “No UFC 1, ele veio lutar comigo e finalizei ele rápido.”

Royce Gracie disse até que o pai de Shamrock, técnico do lutador, reclamou. “O pai dele ficava falando: ‘faz alguma coisa, você veio para ficar segurando ele?’. Comigo é: eu dou a vantagem de peso, mas ele tem que me dar tempo. A luta sem tempo, ele não tem condição comigo. O que faltou para ganhar dele foi tempo. A estratégia dele foi jogar contra o relógio.”

Falando em estratégia, outra polêmica de Shamrock ultimamente é dizer que ele inventou, neste combate, o ground and pound. O ataque no solo, com socos e cotoveladas da guarda, tem como pai reconhecido Mark Coleman, a partir do UFC 10. Mas o norte-americano diz que ele desenvolveu a técnica depois do UFC 1, para a revanche – e com a vantagem de poder usar cabeçadas à época.

“No UFC 1, foi uma total surpresa, eu não sabia o que Royce ia trazer. O quimono era a surpresa. Aquilo tirou o poder que eu tinha contra ele”, conta Shamrock. “Na época, ninguém fazia o ground and pound. Então, desenvolvi uma técnica para evitar que ele me prendesse com o quimono. Em vez de me equiparar a ele na técnica, eu precisava derrotar sua guarda. Então, eu podia ficar por cima dele, prender seus quadris, fazer postura e golpear: corpo e cabeça, cansar o corpo e golpear, para tentar finalizar”. Na verdade, Shamrock pouco atingiu Royce, e teve sucesso só com as cabeçadas – tanto que sua versão como “pai do ground and pound” costuma ser ignorada.


Nisso eles concordam

Se Royce e Ken ainda rivalizam para tentar provar quem “venceu” aquele empate, eles concordam em outro assunto. Ambos são defensores da época do vale-tudo e gostariam de ver algo mais próximo dos primórdios do UFC, e não o atual MMA.

“Até o UFC 5, foi um negócio puro, um estilo de luta contra o outro. Depois, já não era mais isso, virou um atleta contra o outro”
, reclama Royce.

“Agora é entretenimento, não é mais aquele estilo puro”, acrescenta Shamrock. “Principalmente com as luvas, que dificultaram para finalizar. Mas não tenho problemas com isso, é o progresso, é o que acontece quando se quer ser mais comercial. Mas muitas coisas são estúpidas. As regras são melhores para quem?”.

20 anos depois, Royce Gracie está aposentado, tendo fechado seu cartel com 14 vitórias, duas derrotas e três empates. Seu último combate foi a vitória contra Kazushi Sakuraba em 2007, mas ele foi pego em um antidoping. Shamrock está na ativa. Com 28 vitórias, 15 derrotas e dois empates, ele se prepara para encarar Kimbo Slice no Bellator, aos 51 anos. Curiosamente, ambos estão longe do Ultimate, com Royce como garoto-propaganda do Bellator e Ken voltando a lutar justamente no mesmo evento.

fonte: uol.com.br

Leinad
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por Leinad » 15 Abr 2015 15:53

Rapaz, arrepiante essas histórias do Karatê das antigas...

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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por malaca » 20 Abr 2015 11:14

Paschoal Duarte (Oswaldo Alves) x Sylvio Behring (Barreto Behring)
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"Onde a força de vontade é grande, as dificuldades não podem sê-lo."
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por RDSANTOS » 20 Abr 2015 12:15

Round 2 dessa luta do Mestre Sylvio Behring x Paschoal Duarte

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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por malaca » 20 Abr 2015 12:24

obrigado!
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por malaca » 28 Abr 2015 11:27

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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por PHDookie » 12 Mai 2015 19:48

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George applying Kani-basami (Scissors throw) on Carlos in the training against Omori, 1933.
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Carlos and Helio training in 1934
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Helio Gracie draw with Yassuiti Ono
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George training with Hélio in 1934. Before fight of Hélio with Zbyszko.
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George training with Helio (applying a leg lock).
November 3, 1932.
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fonte: https://www.facebook.com/gatoruivo/photos_stream" onclick="window.open(this.href);return false;

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Hall
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Re: História do Grappling-Rivalidades, treinos a portas fech

Mensagem por Hall » 15 Mai 2015 09:35

Loguei no finado só para copiar o post do mestre armlock, vai q some? :d
armlock escreveu: Bom, tendo passado a luta do Anderson, resolvi coletar algumas entrevistas de grandes karatekas que treinaram no infame club de Takushoku university.

Como o Lawyer ja esta fazendo um excelente servico contando dos treinos pelo Brasil, achei que valeria a pena o relato de alguns outros lutadores aqui fora com experiencias similares as nossas, porem diretamente em Takushoku ou com outros senseis de la.

Tomei a liberdade de extrair alguns trechos de entrevistas, as vezes nao continuos, e traduzi-los nem sempre escolhendo as palavras mais apropriadas, por falta de tempo. Mas voces sempre terao acesso aos links para os textos completos. Acho que para quem fala ingles e tem interesse em ler um pouco sobre a cultura de treinos antigamente no Japao, vale a pena checar os textos originais. Lembrem-se que Takushoku tambem tinha club de Judo e Kimura andou por la.

Enfim, espero que acabem com uma ideia de como era a formacao de Karatekas no Brasil e em em outros lugares onde alunos de Takushoku foram ensinar, nos primordios da expansao do Karate.

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De uma entrevista com Sensei Vince Morris, Oitavo Dan - expoente do Karate Ingles ( Retirado daqui:

http://www.theshotokanway.com/interview ... orris.html




(Entrevistador) Voce eh um estudante antigo de Asano Sensei. Como voce descreve suas aulas quando voce foi introduzido ao Karate?

(Sensei Morris) Minhas primeiras palavras seriam: assustadoras, muito, muito duras, e confrontacionais... Asano Sensei, ha pouco tempo fora do Japao, incumbido de estabelecer um dojo respeitavel, ensinava exatamente da mesma forma que havia sido ensinado em Takushoku University e JKA. Ele tinha estabelecido uma fantastica reputacao no Japao como lutador,
ganhando duas vezes o campeonato unversitario de todo o Japao, e duas vezes sendo eleito capitao de Takushoku.

Ele era uma homem grande, maior que eu, e a primeira vez que eu treinei com ele, ele me nocauteou com um Mawashi Geri na cabeca. E parece que esse se tornou o padrao para alguns dos anos que se seguiram.

A atmosfera de suas sessoes de treino - especialmente as aulas de sexta feira a noite, era tao intensa que muitos dos faixa
pretas mudavam de ideia sobre treinar quando ouviam os passos do sensei chegando, e se escondiam no banheiro ate ele ir para o dojo. Alguns ate ficavam dentro de seus carros no estacionamento, e se viam o carro do sensei chegar, iam embora.

Pessoalmente, eu abominava toda noite de sexta feira, e sabia que sensei me escolheria para Kumite, e me manteria la ate eu ter
um acesso de asma e ficar incapaz de me mover. Eu poderia, claro, pedir para parar, ou simplesmente tentar ficar mais afastado,
mas nao fazia nenhum dos dois, porque caso tivesse feito, ele me daria uma surra.

(Entrevistador) E como era seu metodo extremo visto pelos seniors do Asano sensei? E voce assistiu esse tipo de treinamento
extremo em outros lugares no Karate?

(Sensei Morris) ... Eu certamente acredito que Enoeda Sensei estabeleceu um sistema igualmente severo durante os primordios (do Karate). Eh minha percepcao que como esses instrutores eram pioneiros, especialmente em novos paises, eles nao tinham opcao alem de desenvolver um dojo cheio de lutadores fortes, que pudessem estabelecer as suas reputacoes. Entao, pelo menos inicialmente, tinham muito pouca preocupacao com aqueles que nao conseguissem acompanhar o ritmo e fossem caindo pelo caminho.

(Entrevistador) Como Asano sensei instigava o espirito de luta nos seus estudantes? Quais os metodos usados?

(Sensei Morris) Se Asano sensei instigava o espirito de luta nos seus estudantes? Sim, com certeza em alguns, mas ele tambem destruiu o espirito de varios outros no caminho. Como ele conseguia? Ele continuamente recusava a ceder um centimetro sequer no seu treinamento. Se voce aparecesse no dojo, voce era esperado dar 100% toda e cada vez. Ele o forcava a fazer um compromisso fisico e mental de perseverar atravez de qualquer coisa. Talvez por isso, com 63 anos, continuo treinando..



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Forjando o espirito de Budo - Michael R. Berger : http://www.theshotokanway.com/forgingthespirit.html

"Quando estava treinando em Takushoku university nos anos 80, nao era incomum ficarmos procurando os dentes de alguem no chao, ter seu cabelo puxado enquanto wrestling no chao, ser chutado na virilha, levar joelhada no rosto, encurralado em um canto, ou ser acertado na garganta. No meu primeiro dia la, meus punhos estava cobertos de sangue de socar outros nos dentes. Nao estou adovcando este tipo de treino, mas foi de imenso valor. Me transformou de forma que transcende qualquer explicacao possivel.

Existe algo em se sentir no limite entre a vida e a morte que faz voce se sentir extremamente vivo e presente. Nao foi por acidente que acabei atraido pelo estudo de Zen.

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O desenvolvimento do carater pela pratica: Michael Berger: http://www.theshotokanway.com/anintervi ... erger.html

"Um de meus amigos do Shotojuky dojo onde eu treinava era membro de Takudai (outro nome para takushoku) e arranjou um encontro para irmos juntos. Quando contei a meu amigo Leon que eu ia a Takushoku ele me disse " Nao va. Eles vao tentar "te matar". Ele treinava em Komazawa e me disse que Takudai era pior. ...

Shoji Sensei me disse com antecedencia que, quando eu estivesse la, nunca recuasse, ou eles tentariam "me matar" ainda mais e nao me respeitariam. Nao preciso dizer que o meu primeir dia foi uma experiencia impar...

... Eu soh sabia que (takushok) era onde todas as lendas do JKA tinham treinado, e que era duro. Eu queria o treino mais duro...
Para isso eu tinha ido.... mas nao tinha ideia de quao duro e brutal realmente era. Lembrem-se tambem que ha muitos sentimentos ambiguos quando voce eh um estrangeiro no japao.

Nos, iniciantes no clube tinhamos que chegar uma hora antes e limpar e deixar o dojo e o banheiro imaculado. Apos limpar tudo tinhamos que esperar em fila ao longo da parede ate o capitao chegar e comecar a inspecao, nossa e do dojo. Esperamos em silencio por 30 minutos. Um dos seniors achou uma pequena mancha no espelho e perguntou quem havia limpado. Ele levou o "culpado" ao centro da area e disse "jyu kumite", chutando-o na cabeca e o nocauteando. Ficou lhe dizendo para levantar-se e disse "Mo ikkai", chutando-o novamente na cabeca com um mwashi geri. E desta vez o camarada caiu e nao mais se moveu.

Depois ele veio na minha direcao, me olhou e comecou a rir... Nesse momento fiquei pensando em que havia me metido. Fizemos kihon por 30 minutos e depois kumite por duas horas e meia. Em um intervalo de 10 minutos no meio do treino, Suzuki, um dos capitaes, me levou a um canto do quarto e pegou uma caixa de madeira de primeiros socorros. Pensei que estava me mostrando onde estava, mas ele comecou a passar pomada nos meus punhos que estava cortados em pedacos por socar outros nos dentes. O treino era uma verdadeira briga, sem limitacoes.

Apos o primeiro dia, raspei meu cabelo para nao poderem puxa-lo. A luta era "suja" e todos eram muito, muito fortes, e muito rapidos. Nenhum deles tinha dentes frontais. Com excessao dos sempais Naka e Suzuki.

Todo dia era puro exercicio em sobreviver. Eu preparava minha mente por uma hora antes do treino. Eu ainda tenho meus dentes, mas alguns foram rachados e quebraram mais tarde. E fiz varias visitas ao hospital.

Todo dia eu pensava que podia morrer. Cansei de ver alunos sendo arrastados para fora desacordados.E tornou-se uma atitude de matar ou morrer...Usava-se todos os golpes baixos imaginarios.. Raspei o cabelo para nao poderem agarra-lo. Chutar a virilha nao era incomum. Voce nao podia perder treino por estar machucado, mas se voce enfaixasse um machucado, todos tentariam acerta-lo exatamente la, entao voce tentava engana-los enfaixando o braco oposto.


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De uma entrevista com Sensei Shinji Akita (Retirado daqui: http://www.theshotokanway.com/akitainterview.html )


(Entrevistador) ... Treinano la deve ter sido duro, voce pode elaborar sobre os treinos?

(sensei akita) ... Treino eram todos os dias menos Domingos, duas vezes por dia. De manha comecava as 6h com alongamentos e
corrida por 3 milhas. Paravamos no campo ou templo para treino de velocidade. Subiamos a toda velocidade as escadas do templo, o que nos matava. Frequentemente vomitavamos.

Depois mais 2 milhas ate os dormitorios e treinavamos Makiwara mais 30 minutos. Cafe e iamos estudar.

A sessao da tarde comecava as 5h. 30 minutos aquecendo e alongando e depois treino dos movimentos basicos por 40 minutos.
Pequeno intervalo e depois Kihon Kumite, Gohon Kumite primeiro( 5 ataques), Ippon Kumite( 1 ataque), e depois Jiyu Ippon (1
ataque livre). Nessa altura estavamos nos matando nesses exercicios. A ultima hora entao era usualmente Kumite para competicoes e o treino de potencia no final. Ou seja 3 horas de treino... E faziamos isso por 4 anos (enquanto estudantes da universidade).

Nao mudava nunca, mas aprendiamos muito... Nao era facil, talvez devesse dizer que era muito duro.

(Entrevistador) ... O regime era duro, alguma vez passou dos limites?

(sensei akita) ... Pode ter passado dos limites, mas eu ganhei algo muito importante e valioso, que nao teria ganho se o treino
tivesse sido mais facil. Para ser honesto, eu sempre queria desistir e fugir daquele lugar...
.
.
(Entrevistador) ... Voce diria que havia brutalidade desnecessaria ?

(sensei akita) ... O que quer que acontecesse la, era como as coisas eram, e eh dificil falar sobre o assunto. Prefiro nao
comentar sobre isso.
.
.
(Entrevistador) ... Enquanto em Takushoku, voce treinou com alguns karateka muito talentosos, como Naka Sensei, Murakami
sensei... pode nos dizer como era treinar com esses karateka excelentes?

(sensei akita) ... Como disse anteriormente, estavamos nos matando... O que quero dizer eh que que nos desafiavamos e isso era
uma forma de aumentar nossa tecnica e sentidos. Uma pequena perda de concentracao podia custar seus dentes, ou possivelmente sua vida. Nao havia meio termo no Dojo... mas era otimo treinar com essa elite e manter seus padroes altos. Fora do Dojo, eramos sempre grandes amigos, e ainda somos.

(Entrevistador) ... O medo de perder seus dentes o ensinava a estar sempre "ligado"? Eh isso algo que sempre permaneceu com voce no seu karate, e voce acha que uma atmosfera de medo no dojo pode melhorar o desenvolvimento de karateka?

(sensei akita) ... Cada instrutor cria diferentes niveis de medo no dojo, e cada estudante sente diferentes niveis de medo.
Medo pode aumentar o foco da mente, e aumentar o desenvolvimento de fortitude mental. Mas medo nao eh sempre bom, e pode
enfraquecer certas pessoas. Porem, quando voce conquista seu medo, voce desenvolve confianca e o converte em poder.

==================================================================

Da historia de Nakayama (Instrutor e coordenador do programa em Takushoku) : http://www.dckarate.com/nakayama.html

... Mas o sangue jovem dos estudantes corria muito quente para se satisfazerem com algo tao "domesticado" (falando das
combinacoes ataque/defesa/contra ataque)... Nao podiam resistir a tentacao de testar ao maximo as tecnicas aprendidas e o poder obtido atraves dos treinos diarios. Haveriam 5 ou 6 competidores em cada universidade nesses treinos de randory.

Ao sinal dado por um grito, os pares comecavam a lutar. Se uma "briga" resultasse, era responsabilidade do "juiz" interceder e interroper. Mas a verdade eh que juizes raramente tinham tempo de exercer suas funcoes.

Tudo acabava em 30 segundos. Alguns dos lutadores tinham dentes quebrados e narizes tortos. Outros tinham as cartilagens das orelhas quase arrancadas ou estavam paralizados por algum chute no abdomem. Os feridos ficavam quietos, agachados aqui e ali pelo dojo - era uma cena sanguenta. Karate naqueles dias nao tinha regras, embora a regra de "cavalheiros" era nao atacar orgaos vitais. ....

=============================================================


An Interview With Hirokazu Kanazawa ( a entrevista eh interessante e grande e vale a pena ler)

http://seinenkai.com/articles/noble/noble-kanazawa.html



... Na epoca Takushoku era a universidade com o Karate mais forte do Japao. Eram famosos. Tinham karateka como Nihiyama,
Arai,Yanese,, Monoda, Kurosawa, Okazadi, Irie, Onoue,.... todos estudantes muito fortes.
.
Como era o treino? Muito Kihon, repeticoes, sem muita explicacao?

- Sim, kihon, e expecialmente Makiwara... , makiwara todos sos dias, antes do treino, depois do treino. Seus punhos ficavam em
carne viva. A noite eu ficava removendo palha do meu punho.

-Nakayama sensei era diferente.. Ele nos dava explicacoes cientificas. Ele vinha uma vez por semana, mas os outros seniors
vinham todo dia e gostavam de nos exigir nos treinos. Eles nunca davam explicacoes. Nos forcavam nos alongamentos, e nos nossos pulos as vezes atacavam nossas pernas com uma Bo (vara de bamboo)..
.
.
Durante meus treinamentos para competir no primeiro campeonato de todo o Japao, ele foi treinar kumite em Takushoko. Quatro dias antes do campeonato eu estava treinando.. o treino normal, 1 1/2 ou 2 horas e depois de terminar, eu fiz kumite com sete
estudantes. Eles eram muito bom treino para mim. Eu acabei e agradeci, quando meu senior disse, "Kanazawa, voce acabou?" Eu
disse "sim", e ele disse... "Nao, voce nao acabou. Voce tem que treinar mais", e eu tive que fazer mais seis lutas. Na ultima eu
quebrei minha mao.

JKA disse que eu nao podia competir. Dois dias depois, minha mae veio a Tokyo para me ver competir, e eu disse que nao podia
porque havia quebrado a mao.

Minha mae disse "Ohh, em Karate voce so pode usar a mao direita?"...

Eu disse "Nao, em Karate voce pode usar ambas as maos e ambas as pernas".

"Entao poque voce nao pode competir, se voce so quebrou a mao direita?"...perguntou minha mae....

Eventualmente Nakayama escreveu uma carta se responsabilizando e ele competiu, e ganhou todas as lutas, sem usar a mao direita, quebrada . (a descricao das lutas esta no web site - estou sem tempo de traduzir, mas vale a pena ler...)

============================================================

Acho que vou usar esse caso para encerrar o post, pois ilustra bem qual era o espirito de treinar Karate em takushoku, espirito esse que os seus melhores alunos trouxeram para o ocidente nos anos 60/70.

E talvez ajudem voces a compreenderem um pouco melhor a mentalidade imbuida nos dinossauros daqueles dias, que ainda andam sobre a terra e que vos falam neste topico... 2handed
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