Mensagem
por Bluetauro » 18 Jun 2015 15:53
Por que será que não engulo o Neymar?
Pode ser que, um dia, ele venha a caminhar sobre as águas. Há quem crê que venha transformar, um dia, sei lá, pães em gols. Da capacidade de fazer chover os comentaristas ufanistas e parlapatões não duvidam nem um pouco. Os videntes de alma canarinho profetizam que ele será o melhor de mundo. Nem assim eu hei de ter um pingo que seja de simpatia pelo Neymar.
Um amigo meu diz que minha bronca – e persistente rancor – vem de um episódio específico: aquele chapéu que ele deu o Chicão, do Corinthians, quando a bola já estava parada. Os cretinos da Vila Belmiro deliraram com a molecagem. O Chicão, homem de bem, zagueiro de firmeza pero sin perder la ternura, implacável marcador do bufão, teria o direito de lhe acertar um jab no maxilar. Mas o Chicão apenas sorriu, com a indulgência rara conferida por sua própria superioridade.
Neymar continua espalhando pelo mundo suas palhaçadas, seus saltos ornamentais, sua irritante vocação de cai-cai, suas provocações sorrateiras e covardes. Os arautos da patriotada dizem: os
adversários massacram o Neymar. Replico: o Neymar convida ao massacre.
Faz uns golzinhos, tabela com os companheiros, trata a bola com certa intimidade, mas se esmera mesmo é na firula inútil, no drible que busca a humilhação do adversário, não que explicite a arte do virtuose.
Há quem queira compará-lo ao Garrincha. Eu vi o Garrincha jogar. Aqueles dribles do Mané eram demonstração intuitiva de uma alegre molecagem. Ele não visava ofender o marcador, buscava a surpresa do improviso. Já o Neymar é óbvio, manjado em sua estudada malícia.
Mais importante: Garrincha, gênio da raça e pobre diabo, tinha caráter.
PS: Queria ter postado isso ontem, antes que a epifania em louvor ao Neymar se transformasse, depois do papelão que ele fez contra a Colômbia, num réquiem. De todo modo, que ele descanse em paz.
Nirlando Beirão
O socialismo é a filosofia do fracasso, a crença na ignorância, a pregação da inveja. Seu defeito inerente é
a distribuição igualitária da miséria. Winston Churchill