(Cliquem na PORRA DO LINK!!!!!
)Batemos um papo com Caio Terra, bi campeão mundial de kimono, hepta campeão mundial sem kimono, e o único peso galo até hoje a vencer absolutos masculinos em torneios da IBJJF. Confire aí!
Caio, muito obrigado por reservar um tempo para conversar com a gente. Você poderia nos falar um pouco sobre seu começo no Jiu Jitsu? Seus primeiros treinos foram meio contra sua vontade, mais por pressão da sua mãe do que por interesse próprio no Jiu Jitsu, certo? Aliás, sua mãe inclusive chegou a entrar no Jiu Jitsu junto com você, e acabou treinando até hoje. Como foi essa fase?
No começo minha mãe me fez treinar para eu aprender a me defender. Já que eu era muito pequeno e leve, eu não gostava muito já que nunca conseguia vencer.
Lembro de ler em uma entrevista em que você dizia ser “o pior faixa azul do mundo”. Até onde isso era verdade? E o que levou o pior faixa azul do mundo a virar um dos faixas pretas mais técnicos e vencedores do esporte?
Na verdade quando eu ganhei a faixa azul eu era o pior do mundo, rs. Eu não sabia nada, e não acreditava que jamais ganharia a faixa, mas isso me forçou a tentar aprender porque eu quis merecer a faixa.
E como eram os treinos dos Mestres Strauch e Reyson Gracie? Eles ensinavam um Jiu Jitsu mais conservador, por serem faixas pretas “das antigas”, ou eram antenado nas mudanças e atualizações do chamado Jiu Jitsu de Competição?
Eles me ensinaram muita defesa pessoal. Também tinha Jiu-Jitsu normal, mas o mais importante era que tinha sempre a parte filosófica do jiu-jítsu, a parte que vc vê que vc pode usar jiu-jítsu para resolver problemas diários na sua vida, coisa que acho q falta em muitas academias.
Você levou aproximadamente 3 anos para chegar à faixa preta, muito menos que a grande maioria. Em uma outra entrevista, você diz que levou um ano da faixa azul para a preta, entre o meio de 2005, quando ainda era azul, e o meio de 2006, quando recebeu sua faixa preta. A que você atribui uma evolução técnica tão grande em tão pouco tempo? E que dicas daria aos praticantes que encontram dificuldades em evoluir, e se sentem estagnados nos treinos?
Eu estudei e estudo muito o jiujitsu. Muitas pessoas não gostam de estudar o jiujitsu ou só querem aprender truques. O problema é que com o passar do tempo, o jiujitsu sempre evolui e as pessoas que não estudam acabam ficando para trás. As pessoas sempre tem esse sentimento que estagnaram, quando isso ocorre é importante abrir o jogo. Se vc sempre fizer as mesmas coisas, uma hora elas não vão funcionar ou você será dependente de um certo jogo, o que complica muito pois quando vc não está à vontade acaba usando muita energia desnecessária e assim cansando mais rápido.
Logo no seu primeiro campeonato, ainda como faixa azul, você encarou o Bruno Malfacine na final. Talvez ninguém imaginasse que essa rivalidade fosse crescer tanto e se tornar uma das maiores da história do Jiu Jitsu. Na faixa preta vocês fizeram 8 lutas, sendo 7 finais de Pan ou Mundial, com 4 vitórias pra ele, 4 pra você e uma finalização pra cada lado. Depois de tantas lutas, imagino que um já conheça muito bem o outro. Como é entrar para lutar mais uma vez com um adversário que já se mostrou tão duro e que te conhece tão bem? A melhor estratégia é tirar algo da cartola, um movimento novo, e tentar surpreender, ou apostar no que você já faz bem há muito tempo e tentar não errar?
O complicado de lutar com ele é que ele é muito pequeno, e como não existe ninguém do tamanho dele com nem 1/10 do jiu-jítsu que ele tem é impossível de treinar pra lutar contra ele. Contra ele ou qualquer um eu nunca vou pensando em estratégia, na verdade eu acho q estratégias nunca funcionam.
Quem acompanha suas entrevistas e postagens nas redes sociais sabe que você não deixa de dar sua opinião com medo de polêmicas, então gostaria de trazer para debate alguns temas espinhosos que rodeiam o Jiu Jitsu:
a) Você sempre foi um dos primeiros e maiores críticos ao doping no Jiu Jitsu, chegando a dizer após a final do Pan de 2011 contra o Malfacine que “eu vim aqui para mostrar para todos que a técnica pode vencer os esteroides”. Alguns anos depois, a IBJJF iniciou um programa de testes para esteroides, testando os Campeões na faixa preta apenas no Mundial e no Pan. Você acha que esses testes já são suficientes? Recentemente tivemos casos em que o Campeão foi pego no doping, e o segundo lugar não se tornou campeão apenas pelo fato de ele não ter sido testado na época (como o André Galvão entre os pesados ano passado, após o doping do Preguiça).
O teste é incompleto e muito fácil de ser burlado. Não tem como dar o ouro para o segundo colocado se ele não tiver feito os testes.
b) Semana passada você compartilhou no seu Facebook um vídeo do Keenan Cornelius, no qual ele explica a “Guarda Louva Deus”, que seria sua nova criação após a Worm Guard, criticando o fato de atletas fazerem pequenos ajustes em posições que já existem há tempos e venderem como uma invenção própria. Qual sua opinião sobre essa forma de marketing?
Na verdade os ajustes que ele faz na posição eu já tinha no meu programa on-line e além de mostrar em seminários eu já fiz em campeonatos. No entanto acredito que o Keenan não sabia disso e ele não fez por mal.
c) Gracie Academy e o ensino de Jiu Jitsu exclusivamente pela Internet. Você acha possível alguém aprender algo de Jiu Jitsu apenas por meio de vídeos, sem se testar no tatame contra outros colegas?
Uma das principais coisas que faz do jiu-jítsu melhor do que as outras artes marciais de defesa pessoal é que vc pode treinar todos os dias sem se machucar ou prejudicar o seu cérebro. Se você corta o rola é impossível de saber se vc realmente saberia usar o que vc aprendeu. Acho que os programas online são muito bons para o aprendizado mas é necessário de treinar na academia também.
d) Que nota você daria hoje para o nível da arbitragem do Jiu Jitsu mundial? E que sugestões teria para melhorá-la?
Acho que a arbitragem melhorou demais nos últimos anos mas ainda está a dever. No Brasil o curso era feito durante dias e tem provas teóricas e praticas ao final. Hoje em dia o curso dura 4 horas e temos muito mais regras do que antigamente. Precisamos de cursos mais sérios e que os professores que arbitram continuem sempre estudando as regras. No entanto hoje já temos vários árbitros qualificados.
Você é o maior vencedor do Mundial NOGI, com 7 ouros, mas nunca participou do ADCC. Existe algum motivo para você nunca ter entrado nas Seletivas e não ter aceitado o Convite para lutar o ADCC 2013? Vencer o ADCC faz parte dos seus planos?
O ADCC me convidou muito em cima da hora em 2013 e não iria ter tempo de treinar. Quero muito um dia lutar o ADCC e me testar contra o pessoal mais pesado.
Com sua ausência nos últimos dois mundiais, o João Miyao assumiu seu lugar entre os galos como finalista contra o Malfacine, sendo derrotado duas vezes, em ambas após interpretações polêmicas da arbitragem (em 2014 na decisão, e em 2015 após ter retirada pelos laterais uma vantagem que lhe daria o ouro). Você concordou com as decisões dos árbitros? E o que você acha do Jiu Jitsu dos irmãos Miyao?
Concordei com os árbitros mas eu não assisti ao vivo, por replay é muito mais fácil de julgar. Tanto o João quanto o Paulo são muito bons e ainda vão vencer muitos campeonatos, mas é sempre importante lembrar que vencer não é o mais importante, mesmo porque ninguém vai vencer pra sempre.
Você acha que é possível um lutador das categorias galo, pluma, pena ou leve vencer um absoluto de um grande torneio de Jiu Jitsu (Pan, Mundial ou Mundial Pro)? E o que acharia da criação de um Absoluto leve contemplando essas categorias?
Tudo é possível, mas é bem complicado disso acontecer um dia. Acho q absoluto só tem um. Se o absoluto tem um limite de peso não é um absoluto de verdade.
Para finalizar, você gostaria de agradecer a alguém ou aos seus patrocinadores? Muito obrigado pela atenção!
Gostaria de agradecer a Gameness por me proporcionar viver fazendo o que eu amo.
