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Tretas Históricas do Jiu Jitsu: Parte 1 – Wallid Ismail x Edson Carvalho
Posted by: Bruno Fugazza in Colunas, Destaques, Entrevistas e Relatos, Jiu Jitsu, Top News 3 horas ago 0 19 Views
Nos dias de hoje, com o profissionalismo dando a tônica dos treinamentos, dietas, comportamentos e atitudes dos atletas desde as faixas coloridas, houve uma mudança radical na cultura dos praticantes de jiu-jitsu no mundo todo. Acontecimentos como o de semanas atrás, em que feras como Bráulio Estima, Rodolfo Vieira, Leandro Lo e Marcus Buchecha, todos eles ídolos do esporte e cada um oriundo de uma equipe, viajando num clima de descontração e grande parceria para ministrarem juntos um camp de jiu-jitsu na Europa, seriam impensáveis há alguns anos atrás.
A rivalidade que hoje existe restringe-se quase que exclusivamente entre as quatro linhas. Fora delas, impera o respeito, e em muitos casos, uma forte amizade. No entanto, nem sempre foi assim. Numa época em que o mundo do jiu-jitsu gravitava em torno do Rio de Janeiro, com campeonatos esporádicos, lutava-se acima de tudo para defender as cores da sua bandeira contra os inimigos, ou seja, todos os que não fossem da sua equipe. As rivalidades que existiam entre os lutadores, por vezes extrapolavam os campeonatos, com os contendores indo às vias de fato, em ringues de vale tudo ou mesmo na rua.
Algumas dessas tretas ficaram famosas entre a galera da orelha estourada e entraram pra história. O BJJ Fórum separou algumas delas e fará uma série de postagens com alguns dos quebra-paus mais famosos entre praticantes do Jiu Jitsu. Pra iniciar, uma das brigas mais clássicas e controversas: Wallid Ismail x Edson Carvalho>
Wallid x Edson
“Nossa briga foi assim: imagine um combate entre um leão e uma hiena!”.
A treta a seguir ocorreu em 1995, entre Wallid Ismail e Edson Carvalho. Wallid, muito conhecido no meio do jiu-jitsu, já tinha vencido Renzo e Ralph Gracie, foi um dos pioneiros no trash talking, e também o primeiro lutador a viver exclusivamente do jiu-jitsu, sem depender de outros empregos ou de dar aulas para viver.
Edson Carvalho era faixa preta de judô e jiu-jitsu, e era duríssimo. Ficou famoso o episódio em que invadiu a Confederação Brasileira de Judô e promoveu uma pancadaria generalizada, onde espancou o então presidente da CBJ, famoso por suas falcatruas no meio do judô. Quando estava no Rio, treinava jiu-jitsu no Carlson e judô na academia de George Medhi, em Ipanema, onde também treinavam grande parte dos melhores lutadores de jiu-jitsu na época.
Tempos depois Edson se envolveu com o auto intitulado “último samurai vivo”, o obscuro Mestre Lacerda, que também era conhecido como “Mestre da Morte”, praticante de uma arte marcial chamada iawara. Lacerda ficou famoso por suas demonstrações da iawara onde dominava gigantes apenas com a força dos dedos. Edson tinha tanta convicção na técnica da iawara que anos depois da confusão com Wallid, topou lutar com Igor Vovchanchyn, estrela do Pride e considerado na época o melhor peso pesado do mundo. Mesmo sendo uns 15 kg mais leve, Edson entrou no ringue. A iawara, no entanto, não se mostrou tão eficiente em combate, e Edson foi nocauteado em poucos minutos, não sem antes demonstrar sua já famosa raça, saindo do combate com o rosto desfigurado após ter levado impressionantes 7 knockdowns.
Quanto a briga em si, as versões divergem. De acordo com Wallid, este chegou para treinar judô no Medhi, e lá estavam Edson e seu irmão, Ricardo Carvalho. Cumprimentou Ricardo e não falou com Edson, pois tinha cortado relações desde que este tinha ido treinar com Marco Ruas. Edson teria dado um soco na cara de Wallid na crocodilagem, que segundo sua versão, levantou, cinturou e colocou Edson para baixo. Medhi tirou Wallid de cima de Edson e botou os dois e mais Ricardo Carvalho para fora da academia e trancado a porta. Wallid continuou a briga com Edson, que agora tinha a ajuda de Ricardo. Wallid então gritou: “Porra Medhi, dois contra um, o Ricardo está ajudando o Edson!” Nessa hora, conforme Wallid, começou o massacre. Enquanto um segurava Wallid no chão, outro o chutava na cabeça e costelas. Enfiavam o dedo no nariz e puxavam, e quiseram esticar o braço para quebrar. Medhi apareceu lá fora e falou: “Pede pra parar Wallid!”, que respondeu: “Nem morto!”. Depois da briga, Wallid ficou muito machucado, e teve que ficar 3 dias no hospital internado.
A versão de Edson Carvalho é um pouco diferente. Segundo este, “foi um ajuste de contas entre um homem de conduta contra um fanfarrão, e não o matei porque não quis. Ele é cachorro pequeno, sei esperar”. Edson diz que a briga foi mano a mano, e que ninguém entrou para interferir. “Wallid fala em selva total. Imagine um combate entre um leão e uma hiena”.
George Medhi confirmou à época a versão de Edson, de que Ricardo Carvalho não tinha interferido. Confirma também a parte em que Wallid fala que não ia pedir para parar “nem morto”. E disse ainda que chegou a receber ameaças por telefone de amigos de Wallid, dizendo que iam quebrar sua academia.
Crocodilagem ou não, o fato é que Wallid era louco para dar uma revanche para Royce Gracie, a quem tinha finalizado com relativa facilidade, mas nunca procurou resolver essa situação com Edson. Estranhamente, muito embora ambos serem lutadores de MMA, Wallid nunca se interessou em promover esse acerto de contas, ainda que alegasse ter sido vítima de uma covardia.
