Diário de um Faixa Branca

[Heisenberg]

Passando pra registrar mais um treino. Fui no último horário, terminando agora às 23h. Como é tarde, vai muito menos gente pro treino, então a atenção do mestre acaba sendo maior para cada indivíduo.

Quando você vai com a expectativa lá em baixo pro treino, parece que o aprendizado é maior. Cada posição que você acerta é uma vitória. Diferente dos dias que você vai muito empolgado pro treino... Qualquer coisa ruim que acontece (não acertar posições, ser finalizado demais, cometer erros bestas) acaba te deixando muito pra baixo.

Meus melhores treinos foram aqueles que fui descansado, sem dor, e com a expectativa baixa.

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[Alexandre Ribeiro]

Fala Pessoal, participei ontem do meu primeiro campeonato depois de 6 meses de jiu e levei uma sapecada histórica, nada que abale minha fé e amor pelo Jiu. Só cheguei a participar de uma luta, lutei com uma cara que tinhas as pernas quase do meu tamanho (kkkkkk), consegui sair de 4 triângulos sinistros mas o pessoal me falou que sempre que saia esquecia de puxar o braço e segurar uma das pernas do cara e ele sempre me puxava de volta, vou voltar aos treinos hoje e se Deus quiser vou participar do proximo camp que é agora em janeiro, perdi nos pontos 7x0...parecia a alemanha!!! Grande abraço, Osss!!

euehuehueh sei como é (1,60 aqui)... O negócio é não se intimidar!
Boa sorte nos próximos!

[Eduardo Castro]

euehuehueh sei como é (1,60 aqui)... O negócio é não se intimidar!
Boa sorte nos próximos!

kkkkkkkkkkkkk, tmj...um dia de cada vez! Oss

[PRFOX]

É uma caminhada de humildade.

Hoje apanhei de uma criança faixa laranja. Uns vinte kg a menos. Tenho 29 e ele devia ter uns 14.

Sei lá, é assustador o abismo de diferença que sinto de mim pros outros.

Você apanha dos mais graduados, dos velhos (caras de cinquenta anos), de meninas, e de crianças.

Fico pensando se em três anos treinando continuarei apanhando assim... Não é possível.



E o pensamento contrário é verdadeiro. Não consigo imaginar o faixa marrom da academia começando na branca, anos atrás, e sendo finalizado por todos exatamente como acontece comigo hoje.

Queria ouvir dos marrons e roxas como foi essa fase branca deles.

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Sou branca lisa, tenho quase 30 anos, falta pouco para eu completar um mês de treino, devo ter feito uns 15 treinos e me identifiquei muito com seu comentário. Estou bem desanimado tbm. Até hoje não consegui raspar ninguém. Finalizei duas vezes um branca q começou junto comigo, mas ele tava bem na boa também na hora do rola. De resto, só apanho, seja pra mulher ou criança. Tento fazer as técnicas q aprendi no dia, mas daí o colega já sabe bem a defesa e fudeu. Esses dias entrei no youtube, vi uma variação da raspagem tizorinha, fiquei animado pra caralho que talvez em conseguiria raspar alguém, pegaria alguém de surpresa. Treinei em casa, fiquei pensando o dia todo na porra da técnica e antes de dormir. Chegou no rola, fui fazer a "variação" todo pakitão, o colega simplesmente pulou e desviou na boa, e a passagem de carro que seria na boa, foi violenta kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Jiu-jitsu é muito bom, com certeza é viciante e apaixonante. Admiro muito quem consegue evoluir em tão pouco tempo. Infelizmente eu sou ruim demais. Comecei bem "cruzão", não tenho base em nenhuma luta. Mas o esquema é esse: não desistir, persistir.

[Heisenberg]

Sou branca lisa, tenho quase 30 anos, falta pouco para eu completar um mês de treino, devo ter feito uns 15 treinos e me identifiquei muito com seu comentário. Estou bem desanimado tbm. Até hoje não consegui raspar ninguém. Finalizei duas vezes um branca q começou junto comigo, mas ele tava bem na boa também na hora do rola. De resto, só apanho, seja pra mulher ou criança. Tento fazer as técnicas q aprendi no dia, mas daí o colega já sabe bem a defesa e fudeu. Esses dias entrei no youtube, vi uma variação da raspagem tizorinha, fiquei animado pra caralho que talvez em conseguiria raspar alguém, pegaria alguém de surpresa. Treinei em casa, fiquei pensando o dia todo na porra da técnica e antes de dormir. Chegou no rola, fui fazer a "variação" todo pakitão, o colega simplesmente pulou e desviou na boa, e a passagem de carro que seria na boa, foi violenta kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk. Jiu-jitsu é muito bom, com certeza é viciante e apaixonante. Admiro muito quem consegue evoluir em tão pouco tempo. Infelizmente eu sou ruim demais. Comecei bem "cruzão", não tenho base em nenhuma luta. Mas o esquema é esse: não desistir, persistir.

Quando conhecemos algo que nos traz prazer é normal perseguir aquilo da maneira que pudermos. Eu já passei horas (e ainda passo, mas não tanto como no primeiro mês) no youtube procurando por raspagens e saídas de golpes que levo na academia. Sem contar as lutas que assisti por curiosidade, mesmo.

Comigo acontece igual. Fico pensando na técnica que li e vi na Internet, ai chega na academia e o negócio não funciona. Mas eu cheguei a um raciocínio. O negócio não funciona por falta de prática nossa, e não porque a técnica é ruim. Os golpes começam a funcionar melhor depois de muita repetição dos movimentos (semanas/meses de treino).

E vou te dizer uma coisa. Com pouco tempo já dá pra ver alguma evolução. Você começa a perceber que comete sempre os mesmos erros, e começa a se preocupar em não repeti-los. E de repente você começa a ser finalizado menos.

Na faixa branca a única maneira de ver evolução, na minha opinião, é no quanto você consegue sobreviver (lutar e não dar raspagens pro adversário, não dar brecha pra te finalizarem, se protegendo melhor). Nem adianta achar que a gente consegue finalizar alguém, pois estamos na base da "cadeia alimentar". Se você finalizou um branca em algum treino é mais provável que tenha sido erro dele, e não mérito seu.

Essa é a sensação que tenho.

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[RZCJJ]

"não ha dia perdido" .... isso foi demais, perfeita tradução do jj. Lawyer é um mestre nos tatames e nas palavras...

[LAWYER]

Há algum tempo houve um importante campeonato de Jiu-Jitsu. Um jovem faria sua estréia na faixa-preta e era grande a expectativa, pois até então, o jovem despontava como um fenômeno invicto.

Mas.... se a vida não tem uma rota precisa, o Jiu-Jitsu muito menos. O invicto lutador perdeu na sua estréia na faixa-preta, diante da torcida americana, diante de seu pai, um ícone do Jiu-Jitsu, para um lutador até então desconhecido, com um golpe simples, um ezequiel pelas costas.

Na segunda-feira, pós campeonato, o clima na academia do jovem derrotado era desolador. Foi nesse clima que o pai chegou ao treino. O filho, sem olhá-lo nos olhos, mal pronunciando as palavras, falou com o pai.

Você está desapontado comigo...
Não, filho, não estou.
Eu te conheço, sei que você está chateado porque eu perdi!
Eu não estou chateado porque você perdeu, eu estou chateado porque você não sabia a defesa do golpe, e a defesa é simples!

E neste dia, o pai mostrou a defesa, várias e várias e várias vezes, um simples movimento com o braço, travando o braço do oponente, que perde a força da alavanca, do arroxo. Depois de aprendida a defesa, nem o mais novo faixa-branca da academia era pego no golpe.

A aula terminou. O filho se levantou e foi até o computador da academia. Baixou uma foto do campeão, que havia lhe vencido, e colocou como tema de fundo no computador. Os alunos se entreolharam.

Um instrutor chegou perto e perguntou, sussurrando:

- Bicho, precisa disso?

- Ninguém mexe nesse computador! Essa foto agora é o tema da minha vida! Todos os dias eu vou olhar para ela, vou pensar em como perdi, em como posso melhorar, no tanto que eu ainda tenho que aprender para ser um vencedor!

A foto ficou na tela do computador por um bom tempo.


A vida reserva surpresas não reveladas aos mais teimosos, aos mais persistentes, aos mais aguerridos. Pouquíssimos são gênios natos, fenômenos incompreensíveis em suas áreas de atuação. Para 99%, o aprendizado virá de forma dura e lenta, mas progressiva. O guerreiro vai passar por um deserto de provações: lesões, dificuldades na execução dos movimentos, desânimo, ataques de colegas que só fazem te desanimar (sempre tem um), campeonatos perdidos, derrotas infligidas por juizes, desconfiança da família, às vezes, quando a jornada é muito longa, você se pergunta como começou tudo isso, o que te deu na cabeça...

E não há uma única resposta. É o cheiro do kimono, é a sua faixa que olha pra você (sim, ela olha!), são as suas mãos que te lembram, são os amigos que agora são irmãos, é a saudade do Mestre, é a resenha, é o riso franco, é aquela finalização que você conseguiu, é a arquibancada em dia de campeonato, é a adrenalina que te chama, são os fenômenos que te inspiram e os carregadores de pedra que vencem, é um treino no sábado, é o zap-zap da galera, é o seu corpo que mudou e você sente isso, é aquele coroa que te ensina tanto no treino, são aqueles que se foram, é o ar que você respira, é o ar, é o ar, é o ar.
Persistir é viver! Construam a sua lenda pessoal!

Um Natal de Guerreiro pra vocês!

Um Ano Novo de Treinos, Conquistas, Faixas e Vida!


Agora eu vou pra roça. Montei um tatame grande lá e alguns galerosos do inferno vão me visitar. Vai dar merda, do jeito que eu gosto!

Um grande abraço a todos e até a próxima.

[RZCJJ]

Lindo texto!!!! A história é conhecida, o personagem é conhecido, mas é narrado de uma forma tão impressionante....MESTRE LAWYER , obrigado por motivar a todos com suas postagens!!!!!

[Thiago Marques]

Sou fã do estilo Kron Gracie de lutar, parabéns pelas palavras Mestre.

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[Maverick]

Mestre Lawyer inspirando a gente sempre!

[Eduardo Castro]

Lawyer, brigadão por sempre inspirar nós brancas, fica com Deus!

[RZCJJ]

Sobre a frase de "não há dia perdido", ontem fui um dia desses...Tenho 35 anos , 2 filhas lindas, rotina de trabalho desgastante e ontem particularmente estava muito cansado, mas tava afim de desestressar e nada melhor que treinar, fui na academia de um colega( meu dia de treino é segunda,quarta e sexta), chegando lá não tinha aparecido ninguem e eu ja ia embora quando surge um azul e um branca pra treinar, pediram para eu mostrar algumas posições, mas já nessa hora meu corpo dava sinais de algo não tava legal, nenhuma posição encaixava, sentia a musculatura como estivesse pesada e dolorida, mas mesmo assim resolvi fazer com o azul, sou levinho ( 67kg) e o cara por volta de 75kg, saúde pura, surfa todo dia, garoto no auge dos seus 21\23 anos....bom com 2 minutos de treino o meu joelho bichado deu uma torcida, demos uma parada e mesmo assim quis continuar , começamos com ele no 100kg e meu gás foi pro saco, o restante do rola passei mal de quase vomitar, o garoto não me pegou mas tive que pedir pra parar quando voltamos a posição de frente a frente com 5 minutos de rola...aprendi uma lição, RESPEITAR os sinais que o corpo mandam!!!! aprendizado 2, no jiu jitsu, dentro do tatame, somos iguais, e um aperto de um menos graduado nos mostra que não sabemos tudo, aliás que temos muitas falhas e que precisamos continuar treinando para evoluir....É aquela coisa, o preta é apenas um branca que não parou!!!

[Antônio de Lima]

Foi tipo eu ontem... Fui ao dentista e passei por uma pequena cirurgia gengival pra pôr bloco... O dentista, que também é jiujiteiro, disse que eu deveria ficar uns 2 dias sem treinar pq senão poderia doer e sangrar muito... Quase que eu não aguento... Mas no último instante fiquei com medo e resolvi seguir a recomendação... Rssss! Fiquei em casa de molho assistindo "Polaris" no YouTube.

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[Grappler]

Mais um a louvar o grande post do Lawyer! Foda!

[cicero]

Que mensagem forte, parabéns pelas palavras mestre Lawyer. Tocaram lá dentro, bem no fundo.