- Eu aceitei vir aqui, conhecer a cidade, o time e não pedi nada demais. Fiz muitas coisas no passado, que não vêm ao caso falar sobre isso agora, e não tenho como pedir muita coisa não. A única coisa que estou pedindo é o carinho do clube, que para mim é mais importante do que o dinheiro, do que qualquer outra coisa – disse o Imperador em entrevista ao GloboEsporte.com no hotel onde ficou hospedado no último fim de semana em Le Havre, no Alto da Normandia.
Além de conhecer o clube que deverá defender a partir de janeiro, Adriano ainda passeou por Deauville no domingo. Uma cidade de praia, frequentada pela elite francesa, com exposições de carros de luxo, casinos, lojas de grife e belos restaurantes como principais atrativos. O futuro presidente do Le Havre, Christophe Maillol, quis mostrar a cidade ao jogador e o brasileiro gostou. Apesar do frio e da distância do Rio de Janeiro, o Imperador disse se sentir bem na França e se mostrou cada vez mais íntimo do dirigente que fala fluentemente português e também é torcedor do Flamengo.
Depois do passeio, Adriano aceitou conversar com o GloboEsporte.com sobre esta nova oportunidade para recomeçar a carreira. O atacante abordou aspectos menos cômodos do passado, admitiu erros, negou ser alcoólatra e afirmou que precisa perder peso, mas recusou mais do que uma vez fazer qualquer tipo de promessas neste quase certo regresso aos gramados.
- Com certeza vai haver cobrança, mas não vou prometer aqui nada, porque às vezes acontecem coisas que não dão para você explicar. Quero ter uma responsabilidade maior do que eu que tive nos últimos anos, claro que sim, mas vamos ver. Eu não estou aqui para calar a boca de ninguém.
Dos vários erros que admitiu ter cometido no passado, ainda sublinhou um que acredita ter mudado o rumo da sua carreira de forma negativa: a saída do Flamengo para o Roma em 2010. E revelou uma conversa recente com o presidente Eduardo Bandeira de Mello.
- Foi uma escolha menos acertada ir para o Roma. Eu acho que deveria ter continuado no Flamengo. Eu decidi regressar à Itália pela maneira que eu tinha saído do Inter de Milão. Não era para eu ter saído do Brasil, era para eu ter ficado, porque de repente teria tido um caminho diferente. Conversei com o presidente recentemente, enfim... Foram faladas uma série de coisas que não eram cômodas nem para mim nem para o Flamengo e não chegamos a um denominador comum.
Nesta segunda-feira, Adriano viajou com o empresário Luca e Christophe Maillol para Paris. Os três vão passear pela capital francesa, encontrar alguns brasileiros do Paris Saint-Germain e participar de um programa do canal esportivo Beinsport. O acordo de seis meses entre o Imperador e o Le Have deverá ser anunciado nos próximos dias, mas o contrato oficial só poderá ser assinado em janeiro, na reabertura da janela de transferências e, sobretudo, após Maillol ter tomado posse do clube.
Confira a entrevista completa de Adriano ao GloboEsporte.com:
GLOBOESPORTE.COM: Podemos dizer que o Le Havre já é o seu atual clube?
ADRIANO: Estamos definindo as últimas coisas. Conversei com o meu empresário (Luca), que é meu grande amigo acima de tudo, uma pessoa que vem me ajudando bastante nos últimos anos. Ele conversou com o presidente (NR: futuro presidente Christophe Maillol) e a gente ainda vai ter uma conversa para chegar ao acordo final. Mas acho que está bem encaminhado, o presidente é uma pessoa maravilhosa, uma pessoa boa, está tudo certo. Falta pouco e acho que o meu “sim” deve vir antes de eu regressar ao Brasil, porque gostei muito da proposta, do projeto. Está bem próximo, falta pouco.
Quais são as suas condições e exigências para jogar aqui?
Acho que a minha prioridade é voltar a jogar, não tem muito que pedir. Hoje eu tenho de dar prioridade a voltar a jogar, voltar a mostrar o bom futebol e por isso venho dizendo que fora do Brasil você tem mais tranquilidade para trabalhar, focar no trabalho. Eu aceitei vir aqui, conhecer a cidade, o time, não pedi nada demais, porque também fiz muitas coisas no passado, que não vêm ao caso dizer agora, e não tenho como pedir muita coisa não. A única coisa que estou pedindo é o carinho do clube, que para mim é mais importante do que o dinheiro, do que qualquer outra coisa.
Adriano, qual é o seu objetivo agora em regressar à Europa. Qual é o caminho que você quer seguir?
Se eu assinar pelo time, eu vou voltar ao Brasil, ficar uma ou duas semanas para depois voltar para cá o mais rápido possível, para que eu possa estar em janeiro já no nível dos jogadores e tentar jogar. O objetivo é esse, chegar e treinar o mais rápido possível para ajudar o time a subir à Primeira Divisão.
Você ainda pensa representar um grande da Europa?
O objetivo é chegar a um grande time de novo, é isso. Mas a caminhada ainda está começando, tenho de trabalhar bastante para que eu possa, no futuro, ir para um grande clube ou ficar mesmo por aqui. Eu não me importo com isso. Se eu estiver bem num lugar, eu fico. O importante é a felicidade, que sempre importou e importa muito para mim. Eu sei que tenho de batalhar bastante, já tem três meses e meio que eu saí do Atlético-PR. Não é que eu esteja parado como estava antes, mas não estou treinando.
Você está preocupado com a sua forma física?
Agora eu não estou tão preocupado como antes de ir para o Atlético-PR. Porque realmente naquela época eu estava parado há quase dois anos e tinha de ter um pouco mais de paciência, mas hoje estou mais tranquilo, porque tenho feito várias coisas no Brasil.
O seu peso é sempre motivo de dúvidas e preocupações. Como é que está o seu peso agora?
Sempre tenho que perder. Quando eu saí do Atlético-PR, eu estava bem fisicamente. Mas o pessoal tem de entender que manter peso não é só ir para a academia. Treinando em um clube, com uma equipe, é completamente diferente. Todo o mundo pega nesse calo. Eu fiquei alguns meses parado e é claro que não estou no meu peso ideal. Mas eu estou me sentindo muito bem, não estou pesado como estava antes, há cerca de dois anos. Agora, eu engordei uns quatro quilos, mas vou perder isso fácil com treinamento, não vai me impedir de nada.
A sua imagem ficou muito desgastada nesses últimos anos da sua carreira no Brasil?
Olha, eu não tenho que prometer nada para ninguém. Dentro de campo todo o mundo sabe o que eu posso fazer. Fora de campo, eu cometi alguns erros, mas não esquento para o que os outros falam. Estou aqui. E agora daqui para a frente vai ser a minha vida. Espero poder fazer o melhor, não importa o passado. Se eu tive erros, todo o mundo já teve e eu tenho de aprender para não fazer mais. É dessa forma que eu estou pensando e espero que o pessoal pense dessa forma também. Nunca neguei nada para ninguém, sempre tive coragem de dizer tudo o que já fiz na minha vida, nunca menti, por isso estou tranquilo para seguir em frente.
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