
PARIS - Excluído das últimas convocações do técnico Dunga, o meia-atacante Lucas, do Paris Saint-German, afirmou neste domingo, em entrevista ao GLOBO, no Centro de Treinamento de Ooredoo, que a seleção brasileira peca falta de organização tática e admitiu que o padrão de jogo está aquém das seleções mais competitivas do planeta.
Alçado à titularidade do PSG, na vaga antes ocupada pelo uruguaio Cavani, Lucas acredita que sobra qualidade técnica, mas falta compactação e jogo coletivo.
- O que mais se cobra na seleção brasileira é esta formulação coletiva. Eu acho que o Brasil deixa um pouco a desejar, na minha opinião. O futebol evoluiu muito, o Brasil tem muita qualidade técnica, individual. Mas acho que a gente está pecando um pouco na qualidade coletiva. A gente vê as outras equipes muito compactas, muito bem montadas dentro de campo. E o Brasil, às vezes, fica perdido, não encontra a sua melhor maneira de jogar. Mas com a qualidade que os jogadores têm, dá pra voltar a jogar um bom futebol.
Lucas, que atuou no sábado na goleada de 4 a 1 do PSG contra o Nice, em jogo morno contra o terceiro colocado na competição (o PSG já é o campeão antecipado), foi além: a seleção não tem uma identidade desde a Era Ronaldo/Rivaldo/Cafu, campeã do mundo em 2002.
- O Brasil vive grande crise. Crise política, crise no futebol, e isso acaba refletindo na seleção. Eu não sei porquê. Nao sei o motivo, difícil explicar porque não vai para frente. O Brasil não tem identidade desde que acabou aquela safra de Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e Cafu. Aquela era a nossa identidade, da nossa seleção. Está dificil encontrar uma nova identidade. A gente está à procura da identidade que a gente sempre teve. É preciso retomar essa qualidade.
Questionado se via no comando da CBF a raiz dos problemas da seleção, Lucas se esquivou. Acredita que é preciso entrosamento, que demanda "tempo e paciência". E falou que, no futebol de hoje, é impossível se destacar somente com o jogo individual.
- o Brasil precisa do coletivo, o mais importante é o coletivo. Não é o individual, o coletivo é bem mais forte que o individual. Se a gente achar esse coletivo bem treinado, bem montado, vai decolar. O Dunga tem uma vontade muito grande de vencer, tenta tirar o melhor de cada jogador, mas tem que melhorar urgentemente.
O meia francês Matuidi, titular e um dos líderes da seleção francesa, também falou neste domingo com o GLOBO e destacou sua surpresa com a ausência do zagueiro Thiago Silva no time de Dunga.
- É dificil compreender porque ele não está na seleção. É um dos melhores zagueiros do mundo. Claro que a escolha é do técnico, mas é dificil de entender. Ele tem feito jogos muito bons. São opções, mas, aqui, ele mostra toda a semana que ele merece estar na seleção brasileira. A gente não entende. É um dos melhores - disparou o craque do PSG.
Já o zagueiro Marquinhos, colega de Lucas e Matuidi, que vem sendo relacionado por Dunga nas últimas convocações, acredita que a palavra de ordem é retomar a confiança.
- Creio que o momento hoje é de buscar de novo a confiança , buscar o equilibro para viver um bom momento de novo. Quando tem esse equilibrio e essa confiança, tudo flui mais rápido.
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