Valdez escreveu:Obrigado, Leandro.
Evidente que existem n fatores que contribuíram para o atual momento, esses sao apenas os referentes aos atletas oriundos do Jiu Jitsu. Praticamente todos os aspectos apontados pela galera aqui no topico têm a sua parcela de contribuição, ressalto a questao dos eventos nacionais destacada pelo No Fun.
Eu pessoalmente também acho - e agora me refiro à minha experiência pessoal, pode nao ser uma verdade absoluta - que os gringos em geral sao mais humildes e incansaveis em aprender seus pontos fracos, o lutador brasileiro é muito porradeiro, e o paternalismo de alguns treinadores mais atrapalha do que ajuda. Esse negócio de entre rounds dizer pro cara que ele ganhou, quando muitas vezes o round foi apertado, ou o lutador perdeu mesmo, tem que acabar. Cada caso é um caso, o Dedé é um dos poucos que passam aspectos técnico -táticos do que viu no round. Eu acho que esse intervalo tem de ser melhor aproveitado pelo treinador e compreendido e seguido pelo lutador.
O Cordeiro é outro que passa algo no sentido técnico mencionado acima, mas agora vou fazer uma crítica direta e dizer, porra, falar que o Werdum "tava ganhando" e que "nao errou" contra o Miocic é zombar da inteligência de um piá leigo de 9 anos de idade! Como que um atleta que não tem nível pra bater em deslocamento me tenta um troço daqueles contra um adversário que é um boxeur superior e muito preciso como o Miocic. Voce repara que os nocautes do Miocic sao bem cirúrgicos. Ai o treinador me larga um paternaliamo desses? Nao precisa descascar o atleta mas po, diz entao "Erramos, vamos treinar e voltar melhor".
Acho isso prejudicial.
Valdez,
A análise que você fez sobre os gringos tem fundamento sim, eu acredito que o background que eles tem nas artes marciais desde cedo, tendo como base modalidades que exigem uma disciplina muito rigorosa, pode ter uma influência nisso, é uma mentalidade bem trabalhada muito cedo, aí surge um atleta bem mais propenso a expandir esse aprendizado, a desenvolver novas habilidades, não existe resistência. O atleta brasileiro, como você bem colocou, é muito porradeiro, tem muita raça, vontade, mas eu percebo que temos negligenciado muito nos fundamentos básicos em algumas modalidades.
Você foi atleta, é treinador de MMA, também tem experiência como professor de Jiu Jitsu, e sabe o quanto é difícil incutir no atleta alguns fundamentos básicos de determinada arte, existe uma certa resistência em treinamentos onde o foco é apurar a técnica, aperfeiçoar os fundamentos, o atleta brasileiro de uma forma geral não gosta muito, eu me refiro aos atletas de MMA, é claro que existem as exceções. Vou fazer uma comparação com o futebol brasileiro, é como se fosse aquele jogador que se tornou profissional, tem raça, tem vontade, corre bastante, mas não aprendeu fundamentos básicos como dar um passe correto, dominar uma bola, se posicionar corretamente, ter uma leitura tática correta, ou seja, uma série de detalhes que esse jogador deveria aprender na sua formação. Eu sei que a comparação é bem simples, mas acredito que estamos assim no MMA brasileiro, temos que reavaliar e repensar muitas coisas. Estava conversando com um treinador esses dias, e a conversa foi basicamente sobre esse tema, fizemos esse paralelo.
Com relação ao paternalismo dos treinadores, eu entendo a sua crítica, e especialmente quando esse paternalismo é manifestado num momento fundamental que é entre os rounds, é prejudicial demais ao atleta, e por vezes, contribui na sua derrota. Agora, o paternalismo que é evidenciado nas entrevistas, quando um determinado atleta sofre uma derrota, acabou virando quase que uma cultura de vários treinadores, de fato, nesses momentos o lado emocional/paternalista do treinador toma conta na maioria das vezes. Não vou dizer que isso é correto, as vezes como você mesmo disse, até mesmo um leigo de 9 anos de idade sabe que houve um erro, mas isso é uma cultura que acho difícil de mudar em alguns treinadores haha. O Dedé tem esse lado paternalista também, por ter um vínculo muito grande com os atletas, ser realmente um “pai” para todos, e em alguns momentos ele deixa escapar o lado paterno dele, agora nos treinamentos e entre os rounds ele é bem direto, bem sincero quanto aos erros, as falhas, quanto a realidade das coisas.
O Miocic é muito preciso mesmo, a minha preocupação era que eu sabia que seria muito difícil o Werdum quedar o Miocic, e em pé se ele encurtasse a distância o risco era grande, justamente pela precisão do Miocic que você mencionou, e peso pesado se o golpe entra é complicado. O pior é que ele literalmente correu em direção ao Miocic, aí facilitou o trabalho dele.
Abraço irmão.