Cabeça vazia, oficina do diabo
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
war codematrix .. mandou bem ! tu é um cara vitorioso ..abs
"Nós somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito."
Aristóteles
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Reconstruindo o Dream TeAM do MMA! Junte-se a nós, deixe sua sugestão!
SHOGUN DE SUNGA BRANCA 100% - BJ MOTIVADO - Royce "Quando estava lá" - CIGANO CASADO - ARONA DE CAPACETE E SEM DENGUE - GSP DE CAMISINHA - ANDERSON SEM DANCINHA - CERRONE ENDIVIDADO - MINOTAURO NA 1ª CLASSE DE AVIÃO - SONNEN DE CALÇA JEANS E HAVAIANAS
Aristóteles
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Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Não entendi o título do tópico, primeiro que a moça tinha sua ocupação, tinha um bom emprego e parece nunca ter causado problemas onde vc mora, tb não entendi a relação com o diabo, enfim, só quem era próximo que pode saber o que ela tinha, nosso cérebro é muito complexo e podemos sofrer de várias formas diferentes, diversos fatores podem comprometer nossa sanidade mental e ter o apoio de outras pessoas é fundamental para uma recuperação, penso que precisamos sempre ter um objetivo a seguir na vida, as vezes achamos que não tem mais o que buscar e acaba achando que a vida não tem mais graça. O que pode acontecer tb é problemas amorosos, muitas pessoas não aceitam ser rejeitadas e se sentem um lixo quando isso acontece, entram em depressão profunda e muitas vezes não deixa transparecer e se afundam sozinhas, hj tem muitos profissionais capacitados para ajudar e medicamentos bem efetivos e que não pode é desistir.
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Code, tu já é um vencedor brother
Sei que não é nada fácil, mas a vida é bela meu amigo e tu merece a felicidade
Abs !!
Sei que não é nada fácil, mas a vida é bela meu amigo e tu merece a felicidade
Abs !!
SÃO PAULO FC
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
É apenas uma frase popular... na real é 'mente vazia, oficina do diabo', que basicamente o ato de uma pessoa não estar ocupando a mente com coisas realmente importantes como família, trabalho, lazer, amizades... dando espaço para pensamentos ruins, muitas vezes paranóicos e no caso do tópico, auto destrutivos... sacou?alexvozao escreveu:Não entendi o título do tópico, primeiro que a moça tinha sua ocupação, tinha um bom emprego e parece nunca ter causado problemas onde vc mora, tb não entendi a relação com o diabo (...)
Luo=-_
Online
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Força, Code! Parabéns! E de fraco você não tem nada... só de vir aqui e falar sobre você de peito aberto, isso já demonstra muita força!
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
e tanto nego ai achando q vai passar num concurso, ganhar dinheiro e ser feliz... é foda
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Você vir aqui, admitir seus problemas e demonstrar como os supera a cada dia, ainda que protegido pelo anonimato, no meu livro, faz de você o Conan.codematrixbr escreveu:Acho que por ter sofrido uma tentativa de abuso sexual no período da infância (não foi meu amado pai, nem ninguem da família, alias nesse aspecto fui muito feliz, e amado por todos, tenho meus primos como verdadeiros irmãos) creio que desenvolvi alguns problemas psicologicos, achava que aquilo ocorreu por minha culpa, o vagabundo maldito dizia que eu tinha olhos de boneca (por conta dos meus cílios grandes na epoca) e por isso comecei a arranca-los, e acabei desenvolvendo Tricotilomania, e até hoje sofro com isso, ademais desenvolvi tb uma depressão muito forte, sempre me senti um verdadeiro fracassado, achava que tinha nascido para ser infeliz (mesmo tendo pais maravilhosos, que sempre demonstraram todo amor do mundo) e que nunca acharia ninguém e que morreria muito cedo, desenvolvi um negocio com fogo, no qual eu tinha prazer em queimar as coisas, ursinho de pelúcia e tudo mais, e estava querendo desenvolver algo muito ruim relacionada a maltratar animais, principalmente gatos.
Enfim, parei de beber, e de ficar de fuleiragem com as mulheres, tive uma aproximação com Deus muito forte, quando minha mãe descobriu que tinha cancer, fiquei morando sozinho durante um tempo, mesmo tendo 15 anos, pois tinha ficado na casa da minha tia haja vista que minha mãe estava fazendo um tratamento de saúde em outra cidade, por não ter na epoca recursos adequados para um perfeito tratamento da enfermidade supracitada.
Graças a Deus melhorei muito da depressão e da timidez, porem da tricolomania não consigo me livrar, ja fiz tratamento, mas os remedios me acabaram por completo, não tinha animo para nada, muito menos para estudar.
Hoje penso bem menos em suicidio, não posso me dar ao luxo de deixar meus pais, e nem a minha esposa desamparada, sei que sou um homem fraco, e nem inteligente, não tenho uma boa saúde, mas decidi dar a volta por cima, estou fazendo atividades funcionais e dieta, já perdi 6kg, preciso recuperar a minha saúde, quero criar meus filhos com os valores no qual fui criado (tradição isso é importante para mim), enfim vira e meche tenho que me policiar, e pedir intervenção divina para ter força para continuar esta caminhada.
E com relação a animais, sou extremamente apaixonado por eles, tenho 4 cachorros vira-latas, são a alegria da casa, não consigo nem viajar em paz se deixo eles sozinhos, por mim podem roubar tudo da casa, desde que não matem eles.
Abraços.
Bem hoje consigo falar com certa naturalidade acerca de algo que me trouxe bastante dor no passado,
Parabéns, você é um cara muito forte!
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Também passei por problemas relacionados alguns anos atrás.
Fui o primeiro filho e primeiro neto. Como é de costume, a família criou uma grande expectativa. Para contribuir, aprendi a ler bem cedo e tive um desenvolvimento meio precoce. Durante todo o Ensino Fundamental eu correspondi, tirando notas altas na escola e sendo um exemplo de bom comportamento. No entanto com o passar do tempo a coisa toda desandou.
Por pressão dos meus pais fui fazer o Ensino Médio em uma escola técnica com um ensino bem puxado. Sempre tive uma excelente memória e habilidade de leitura, mas matemática - que costuma ser a base de um curso técnico - não era meu forte. Tive algumas dificuldades com o conteúdo, que foram causadoras de problemas no 1º ano e se estabeleceram definitivamente no 2º. Acabei reprovando no final do ano e não tinha coragem para contar aos meus pais. Ao ver meus colegas seguirem adiante, bateu um desespero que se tornou uma bola de neve cada vez maior. Não tive pique para fazer o 2º ano novamente. A ideia foi fugir do problema, simplesmente parando de ir à aula. Consegui manter a mentira por cerca de um mês, até ligarem para minha casa devido a infrequência nas aulas.
Quando minha mãe me confrontou, desabei chorando e contei tudo. Ao invés de me apoiar, minha família surtou. Meu pai (que nunca fora muito carinhoso) me chamou várias vezes de vagabundo e inútil. Minha mãe disse que eu era uma vergonha. Não culpo eles pelo que falaram no calor do momento ao serem pegos de surpresa, mas foi algo pesado para ouvir quando recém se completou 15 anos.
Fui parar no fundo do poço. Não tinha vontade de fazer nada. Me afastei dos meus amigos. Passava os dias trancado no quarto, no escuro, chorando e lamentando que eu havia me tornado um fardo para minha família. Pensamentos de suicídio eram recorrentes. Passei uns 3 meses nessa situação. Estava um trapo, tanto no físico quanto mental. Um alento surgiu quando um tio abriu um mercado e me ofereceu emprego. Aceitei, com o pensamento que iria mudar o conceito que meus pais tinham de mim.
Nesse emprego eu me fodi lindamente durante 4 meses. Acordava as 6h, começava as 7h, trabalhava sem intervalo até 21h e ia pra casa. De segunda à segunda (exceto domingo, em que o horário ia até 12h). Não recebia dinheiro algum, apenas promessas, pois o "negócio estava engrenando" e "logo ia dar lucro". Mas não desisti, já que faltavam meses até começar o próximo ano letivo e eu não poderia decepcionar minha família.
Apesar do meu pessimismo, conforme o tempo passava as coisas foram melhorando. Tive culhão para chutar o balde e mandar meu tio à merda. Voltei pra escola, fiz novos amigos e voltei para as lutas (que havia parado alguns anos antes dessa treta toda).
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Quase 7 anos depois, hoje posso dizer que estou "estável". Digo estável porque não acredito que depressão tenha cura. Ela é como o alcoolismo e outros vícios em drogas. Eventualmente tenho algumas recaídas, mas essas passam na mesma velocidade com que surgem. O alento é que minha namorada entende o que a depressão é, pois também passou e passa por situações semelhantes. Diria que ela é uma das poucas pessoas que me compreendem.
Nunca falei que sofri (e eventualmente sofro) com crises de depressão. O motivo principal é a vergonha, por observar pessoas passando incólumes por situações deploráveis (fome, miséria, morte, doenças, etc) sem jamais perder o sorriso enquanto eu, que sempre tive uma vida relativamente confortável de classe média estou aqui de "frescura". O outro motivo é que tenho medo que minha família preconceituosamente me considere afetado, ou simplesmente maluco.
Fui o primeiro filho e primeiro neto. Como é de costume, a família criou uma grande expectativa. Para contribuir, aprendi a ler bem cedo e tive um desenvolvimento meio precoce. Durante todo o Ensino Fundamental eu correspondi, tirando notas altas na escola e sendo um exemplo de bom comportamento. No entanto com o passar do tempo a coisa toda desandou.
Por pressão dos meus pais fui fazer o Ensino Médio em uma escola técnica com um ensino bem puxado. Sempre tive uma excelente memória e habilidade de leitura, mas matemática - que costuma ser a base de um curso técnico - não era meu forte. Tive algumas dificuldades com o conteúdo, que foram causadoras de problemas no 1º ano e se estabeleceram definitivamente no 2º. Acabei reprovando no final do ano e não tinha coragem para contar aos meus pais. Ao ver meus colegas seguirem adiante, bateu um desespero que se tornou uma bola de neve cada vez maior. Não tive pique para fazer o 2º ano novamente. A ideia foi fugir do problema, simplesmente parando de ir à aula. Consegui manter a mentira por cerca de um mês, até ligarem para minha casa devido a infrequência nas aulas.
Quando minha mãe me confrontou, desabei chorando e contei tudo. Ao invés de me apoiar, minha família surtou. Meu pai (que nunca fora muito carinhoso) me chamou várias vezes de vagabundo e inútil. Minha mãe disse que eu era uma vergonha. Não culpo eles pelo que falaram no calor do momento ao serem pegos de surpresa, mas foi algo pesado para ouvir quando recém se completou 15 anos.
Fui parar no fundo do poço. Não tinha vontade de fazer nada. Me afastei dos meus amigos. Passava os dias trancado no quarto, no escuro, chorando e lamentando que eu havia me tornado um fardo para minha família. Pensamentos de suicídio eram recorrentes. Passei uns 3 meses nessa situação. Estava um trapo, tanto no físico quanto mental. Um alento surgiu quando um tio abriu um mercado e me ofereceu emprego. Aceitei, com o pensamento que iria mudar o conceito que meus pais tinham de mim.
Nesse emprego eu me fodi lindamente durante 4 meses. Acordava as 6h, começava as 7h, trabalhava sem intervalo até 21h e ia pra casa. De segunda à segunda (exceto domingo, em que o horário ia até 12h). Não recebia dinheiro algum, apenas promessas, pois o "negócio estava engrenando" e "logo ia dar lucro". Mas não desisti, já que faltavam meses até começar o próximo ano letivo e eu não poderia decepcionar minha família.
Apesar do meu pessimismo, conforme o tempo passava as coisas foram melhorando. Tive culhão para chutar o balde e mandar meu tio à merda. Voltei pra escola, fiz novos amigos e voltei para as lutas (que havia parado alguns anos antes dessa treta toda).
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Quase 7 anos depois, hoje posso dizer que estou "estável". Digo estável porque não acredito que depressão tenha cura. Ela é como o alcoolismo e outros vícios em drogas. Eventualmente tenho algumas recaídas, mas essas passam na mesma velocidade com que surgem. O alento é que minha namorada entende o que a depressão é, pois também passou e passa por situações semelhantes. Diria que ela é uma das poucas pessoas que me compreendem.
Nunca falei que sofri (e eventualmente sofro) com crises de depressão. O motivo principal é a vergonha, por observar pessoas passando incólumes por situações deploráveis (fome, miséria, morte, doenças, etc) sem jamais perder o sorriso enquanto eu, que sempre tive uma vida relativamente confortável de classe média estou aqui de "frescura". O outro motivo é que tenho medo que minha família preconceituosamente me considere afetado, ou simplesmente maluco.
Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
É complicado bro.. A gente bota muita expectativa em cima dos familiares mais próximos, e muitas vezes tomamos a opinião deles como verdade absoluta. Eu amo meus pais, mas não deixo a opinião deles guiar a minha vida. É muito difícil ter essa maturidade aos 15 anos, deve ter sido uma barra pra você. Como eles reagiram quando viram que tu surtou?Lucafs escreveu:Também passei por problemas relacionados alguns anos atrás.
Fui o primeiro filho e primeiro neto. Como é de costume, a família criou uma grande expectativa. Para contribuir, aprendi a ler bem cedo e tive um desenvolvimento meio precoce. Durante todo o Ensino Fundamental eu correspondi, tirando notas altas na escola e sendo um exemplo de bom comportamento. No entanto com o passar do tempo a coisa toda desandou.
Por pressão dos meus pais fui fazer o Ensino Médio em uma escola técnica com um ensino bem puxado. Sempre tive uma excelente memória e habilidade de leitura, mas matemática - que costuma ser a base de um curso técnico - não era meu forte. Tive algumas dificuldades com o conteúdo, que foram causadoras de problemas no 1º ano e se estabeleceram definitivamente no 2º. Acabei reprovando no final do ano e não tinha coragem para contar aos meus pais. Ao ver meus colegas seguirem adiante, bateu um desespero que se tornou uma bola de neve cada vez maior. Não tive pique para fazer o 2º ano novamente. A ideia foi fugir do problema, simplesmente parando de ir à aula. Consegui manter a mentira por cerca de um mês, até ligarem para minha casa devido a infrequência nas aulas.
Quando minha mãe me confrontou, desabei chorando e contei tudo. Ao invés de me apoiar, minha família surtou. Meu pai (que nunca fora muito carinhoso) me chamou várias vezes de vagabundo e inútil. Minha mãe disse que eu era uma vergonha. Não culpo eles pelo que falaram no calor do momento ao serem pegos de surpresa, mas foi algo pesado para ouvir quando recém se completou 15 anos.
Fui parar no fundo do poço. Não tinha vontade de fazer nada. Me afastei dos meus amigos. Passava os dias trancado no quarto, no escuro, chorando e lamentando que eu havia me tornado um fardo para minha família. Pensamentos de suicídio eram recorrentes. Passei uns 3 meses nessa situação. Estava um trapo, tanto no físico quanto mental. Um alento surgiu quando um tio abriu um mercado e me ofereceu emprego. Aceitei, com o pensamento que iria mudar o conceito que meus pais tinham de mim.
Nesse emprego eu me fodi lindamente durante 4 meses. Acordava as 6h, começava as 7h, trabalhava sem intervalo até 21h e ia pra casa. De segunda à segunda (exceto domingo, em que o horário ia até 12h). Não recebia dinheiro algum, apenas promessas, pois o "negócio estava engrenando" e "logo ia dar lucro". Mas não desisti, já que faltavam meses até começar o próximo ano letivo e eu não poderia decepcionar minha família.
Apesar do meu pessimismo, conforme o tempo passava as coisas foram melhorando. Tive culhão para chutar o balde e mandar meu tio à merda. Voltei pra escola, fiz novos amigos e voltei para as lutas (que havia parado alguns anos antes dessa treta toda).
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Quase 7 anos depois, hoje posso dizer que estou "estável". Digo estável porque não acredito que depressão tenha cura. Ela é como o alcoolismo e outros vícios em drogas. Eventualmente tenho algumas recaídas, mas essas passam na mesma velocidade com que surgem. O alento é que minha namorada entende o que a depressão é, pois também passou e passa por situações semelhantes. Diria que ela é uma das poucas pessoas que me compreendem.
Nunca falei que sofri (e eventualmente sofro) com crises de depressão. O motivo principal é a vergonha, por observar pessoas passando incólumes por situações deploráveis (fome, miséria, morte, doenças, etc) sem jamais perder o sorriso enquanto eu, que sempre tive uma vida relativamente confortável de classe média estou aqui de "frescura". O outro motivo é que tenho medo que minha família preconceituosamente me considere afetado, ou simplesmente maluco.
- viniciusfs
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Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Depressão é complicado, quem vê de fora sempre pensa que 'é só mudar' ou 'não era pra estar assim' como se a pessoa estivesse fazendo aquilo propositalmente com ela mesma. E o pior é que tudo que a pessoa precisa pra melhorar na depressão é exatamente tudo que ela não quer ou consegue fazer enquanto deprimida.

Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Mudar é necessário...
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Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Acho foda como um ambiente esculhambado como esse, que na maioria das vezes se presta a putaria e zoeira consegue prestar um papel importante também.
Acho que o mais importante desses relatos, e parabéns a quem tem coragem de fazê-los, é que as pessoas vejam que seus semelhantes também têm problemas semelhantes.
E aí fica o recado de cada um que faz um relato desse pra os outros: não, você não é o único que sofreu rejeição e injustiça, você não é o único que não sabe que escolhas tomar na vida, você não é o único que perdeu uma pessoa muito querida... E esse sentimento de grupo ajuda o cara a encontrar forças, e superar, principalmente vendo histórias de sucesso como essas. É isso que essa histórias são.
Acho que o mais importante desses relatos, e parabéns a quem tem coragem de fazê-los, é que as pessoas vejam que seus semelhantes também têm problemas semelhantes.
E aí fica o recado de cada um que faz um relato desse pra os outros: não, você não é o único que sofreu rejeição e injustiça, você não é o único que não sabe que escolhas tomar na vida, você não é o único que perdeu uma pessoa muito querida... E esse sentimento de grupo ajuda o cara a encontrar forças, e superar, principalmente vendo histórias de sucesso como essas. É isso que essa histórias são.

Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Por um bom tempo eles mantiveram a posição de que eu estava de frescura. O fato de ficar recolhido no quarto só reforçava a minha propensão à vagabundagem.jitsunaja escreveu: É complicado bro.. A gente bota muita expectativa em cima dos familiares mais próximos, e muitas vezes tomamos a opinião deles como verdade absoluta. Eu amo meus pais, mas não deixo a opinião deles guiar a minha vida. É muito difícil ter essa maturidade aos 15 anos, deve ter sido uma barra pra você. Como eles reagiram quando viram que tu surtou?
Depois de um tempo naquele poço minha mãe percebeu que algo não estava certo e se prestou a perguntar. Por retração e timidez não quis me abrir e falar sobre o assunto. Para testar comentei que estava "meio deprimido", no sentido de sentimento momentâneo e não de doença. Minha avó materna religiosa saiu logo dizendo que eu estava com encosto e queria me arrastar para igreja

Já o meu pai nunca mudou a postura. Foi criado friamente pela minha avó paterna e transmitiu o mesmo tratamento de maneira mais branda para os filhos. Durante alguns anos qualquer deslize era motivo para lembrar que eu tinha abandonado o curso técnico (garantia de sucesso e emprego em sua opinião). Até hoje sinto que ele guarda ressentimento de eu ter abandonado o curso, apesar de eu estar me formando no Ensino Superior. Talvez pense assim por ter trabalhado desde cedo e não ter muito estudo.
- Queixodevidro
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Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Lucafs escreveu:Também passei por problemas relacionados alguns anos atrás.
Fui o primeiro filho e primeiro neto. Como é de costume, a família criou uma grande expectativa. Para contribuir, aprendi a ler bem cedo e tive um desenvolvimento meio precoce. Durante todo o Ensino Fundamental eu correspondi, tirando notas altas na escola e sendo um exemplo de bom comportamento. No entanto com o passar do tempo a coisa toda desandou.
Por pressão dos meus pais fui fazer o Ensino Médio em uma escola técnica com um ensino bem puxado. Sempre tive uma excelente memória e habilidade de leitura, mas matemática - que costuma ser a base de um curso técnico - não era meu forte. Tive algumas dificuldades com o conteúdo, que foram causadoras de problemas no 1º ano e se estabeleceram definitivamente no 2º. Acabei reprovando no final do ano e não tinha coragem para contar aos meus pais. Ao ver meus colegas seguirem adiante, bateu um desespero que se tornou uma bola de neve cada vez maior. Não tive pique para fazer o 2º ano novamente. A ideia foi fugir do problema, simplesmente parando de ir à aula. Consegui manter a mentira por cerca de um mês, até ligarem para minha casa devido a infrequência nas aulas.
Quando minha mãe me confrontou, desabei chorando e contei tudo. Ao invés de me apoiar, minha família surtou. Meu pai (que nunca fora muito carinhoso) me chamou várias vezes de vagabundo e inútil. Minha mãe disse que eu era uma vergonha. Não culpo eles pelo que falaram no calor do momento ao serem pegos de surpresa, mas foi algo pesado para ouvir quando recém se completou 15 anos.
Fui parar no fundo do poço. Não tinha vontade de fazer nada. Me afastei dos meus amigos. Passava os dias trancado no quarto, no escuro, chorando e lamentando que eu havia me tornado um fardo para minha família. Pensamentos de suicídio eram recorrentes. Passei uns 3 meses nessa situação. Estava um trapo, tanto no físico quanto mental. Um alento surgiu quando um tio abriu um mercado e me ofereceu emprego. Aceitei, com o pensamento que iria mudar o conceito que meus pais tinham de mim.
Nesse emprego eu me fodi lindamente durante 4 meses. Acordava as 6h, começava as 7h, trabalhava sem intervalo até 21h e ia pra casa. De segunda à segunda (exceto domingo, em que o horário ia até 12h). Não recebia dinheiro algum, apenas promessas, pois o "negócio estava engrenando" e "logo ia dar lucro". Mas não desisti, já que faltavam meses até começar o próximo ano letivo e eu não poderia decepcionar minha família.
Apesar do meu pessimismo, conforme o tempo passava as coisas foram melhorando. Tive culhão para chutar o balde e mandar meu tio à merda. Voltei pra escola, fiz novos amigos e voltei para as lutas (que havia parado alguns anos antes dessa treta toda).
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Quase 7 anos depois, hoje posso dizer que estou "estável". Digo estável porque não acredito que depressão tenha cura. Ela é como o alcoolismo e outros vícios em drogas. Eventualmente tenho algumas recaídas, mas essas passam na mesma velocidade com que surgem. O alento é que minha namorada entende o que a depressão é, pois também passou e passa por situações semelhantes. Diria que ela é uma das poucas pessoas que me compreendem.
Nunca falei que sofri (e eventualmente sofro) com crises de depressão. O motivo principal é a vergonha, por observar pessoas passando incólumes por situações deploráveis (fome, miséria, morte, doenças, etc) sem jamais perder o sorriso enquanto eu, que sempre tive uma vida relativamente confortável de classe média estou aqui de "frescura". O outro motivo é que tenho medo que minha família preconceituosamente me considere afetado, ou simplesmente maluco.
codematrixbr escreveu:Acho que por ter sofrido uma tentativa de abuso sexual no período da infância (não foi meu amado pai, nem ninguem da família, alias nesse aspecto fui muito feliz, e amado por todos, tenho meus primos como verdadeiros irmãos) creio que desenvolvi alguns problemas psicologicos, achava que aquilo ocorreu por minha culpa, o vagabundo maldito dizia que eu tinha olhos de boneca (por conta dos meus cílios grandes na epoca) e por isso comecei a arranca-los, e acabei desenvolvendo Tricotilomania, e até hoje sofro com isso, ademais desenvolvi tb uma depressão muito forte, sempre me senti um verdadeiro fracassado, achava que tinha nascido para ser infeliz (mesmo tendo pais maravilhosos, que sempre demonstraram todo amor do mundo) e que nunca acharia ninguém e que morreria muito cedo, desenvolvi um negocio com fogo, no qual eu tinha prazer em queimar as coisas, ursinho de pelúcia e tudo mais, e estava querendo desenvolver algo muito ruim relacionada a maltratar animais, principalmente gatos.
Enfim, parei de beber, e de ficar de fuleiragem com as mulheres, tive uma aproximação com Deus muito forte, quando minha mãe descobriu que tinha cancer, fiquei morando sozinho durante um tempo, mesmo tendo 15 anos, pois tinha ficado na casa da minha tia haja vista que minha mãe estava fazendo um tratamento de saúde em outra cidade, por não ter na epoca recursos adequados para um perfeito tratamento da enfermidade supracitada.
Graças a Deus melhorei muito da depressão e da timidez, porem da tricolomania não consigo me livrar, ja fiz tratamento, mas os remedios me acabaram por completo, não tinha animo para nada, muito menos para estudar.
Hoje penso bem menos em suicidio, não posso me dar ao luxo de deixar meus pais, e nem a minha esposa desamparada, sei que sou um homem fraco, e nem inteligente, não tenho uma boa saúde, mas decidi dar a volta por cima, estou fazendo atividades funcionais e dieta, já perdi 6kg, preciso recuperar a minha saúde, quero criar meus filhos com os valores no qual fui criado (tradição isso é importante para mim), enfim vira e meche tenho que me policiar, e pedir intervenção divina para ter força para continuar esta caminhada.
E com relação a animais, sou extremamente apaixonado por eles, tenho 4 cachorros vira-latas, são a alegria da casa, não consigo nem viajar em paz se deixo eles sozinhos, por mim podem roubar tudo da casa, desde que não matem eles.
Abraços.
Bem hoje consigo falar com certa naturalidade acerca de algo que me trouxe bastante dor no passado,
Parabéns aos dois pela coragem em se expressar aqui. Confesso que dei uma suada pelos olhos. Abraços.
Eu acho muito válido quando a barra estiver pesando de qualquer forma a gente dar um pulo aqui, seja no "Fala Tu" no da insônia ou seja num tópico novo pra dar uma desabafada. Às vezes, uma única resposta, ou palavra de conforto que se ouve (lê) pode ser muito importante pra pessoa.
Quanto à PRF que se suicidou é uma tragédia que, infelizmente, se repete muito no meio policial. Eu trabalho numa área que coleta informações de vários tipos e não é muito raro ocorrer suicídio de policiais. O ambiente é muito carregado e muitos não conseguem separar o trabalho de sua vida particular e acabam sendo vítimas da depressão Falta acompanhamento psicológico de qualidade em todas as instituições policiais.
Lembrando, a depressão é como o codematrixbr disse, não depende apenas de problemas materiais, financeiros, tenho uma irmã que toma remédios fortíssimos há anos e não consegue se livrar dela. Ela tem uma condição financeira excelente, família ideal, tem um esposo que a ama declaradamente, filhos e netos maravilhosos, mesmo assim sofre com depressão. Isso é problema médico mesmo e mais complicado do que se pensa. Acho que família e amigos de verdade são fundamentais pra ajudar quando as crises acontecem.
A felicidade não é um prêmio ao final do caminho, ela é o caminho. TEAM TIGER
- RodrigoSilva
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Re: Cabeça vazia, oficina do diabo
Depressão é a doença que vai destruir o mundo!
"O Sport será um autêntico campeão, pois nasceu sob o signo da valentia e dele jamais se apartará."
— Guilherme de Aquino Fonseca, fundador do Sport
✰ 1987 ✰ 2008

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