
Depois de anos de calmaria, a política do Palmeiras passa por um momento conturbado. Desde a resolução de Paulo Nobre contra a candidatura ao Conselho de Leila Pereira, proprietária da Crefisa, a oposição se move para cobrar os envolvidos. Grupos de conselheiros opositores cobram punição severa no 'caso Crefisa' e estudam como agir nas próximas semanas.
A cobrança de um castigo passa pela exclusão de Mustafá Contursi, ex-presidente responsável direto pela polêmica entre Leila Pereira, Paulo Nobre e até Maurício Galiotte, recentemente eleito para o cargo mais alto do executivo do clube campeão brasileiro.
É importante ressaltar que mesmo entre os opositores ainda não há consenso entre as ações que serão tomadas. Líderes do maior grupo de oposição, a UVB, são contra qualquer ação contra Maurício antes de qualquer parecer jurídico confirmando as fraudes e pedem rigor na investigação nas ações de Nobre e Mustafá. Dentro do próprio grupo, no entanto, encontram conselheiros que pedem a revisão da última eleição.
Outros grupos menores de oposição também conversam sobre qual o foco que precisa ser atacado. Conselheiros acusam Mustafá Contursi de falsidade ideológica por indicar a associação de Leila Pereira ao clube em 1996, quando, na visão deste grupo, a proprietária da Crefisa entrou para o quadro associativo apenas no ano passado. Nenhum dos consultados pelo UOL Esporte, que defendem a exclusão do ex-presidente, se dispôs a apresentar uma comprovação da manobra.
Caso comprovada a ação ilegal – alteração da data de entrada de Leila Pereira no quadro de sócios -, as consequências atingiriam diversos grupos políticos do Palmeiras; inclusive a situação, presidida por Galiotte, se encontra na mira dos conselheiros.
Sob a acusação de se inserir nas alamedas palestrinas apenas em 2015, Leila Pereira, por exemplo, não poderia votar na eleição ocorrida em novembro e vencida por Maurício Galiotte – um associado precisa se estabelecer três anos no quadro para ter direto a voto.
O grupo oposicionista trabalha para impugnar a eleição de Maurício Galiotte por intermédio do voto de Leila; o braço direito de Paulo Nobre, candidato único, venceu o pleito pela enorme margem de 1.639 votos de 1.733 possíveis. Segundo eles, Leila funcionou como cabo eleitoral de Galiotte.
Uma sindicância para apurar o 'caso Crefisa' não é descartada por parte de um grupo de conselheiros. Mesmo na oposição, no entanto, há um grande receio de não tratar mal a presidente da instituição financeira, uma vez que ela tem injetado milhões como a principal patrocinadora do clube.
Até Paulo Nobre, ex-presidente e responsável por vetar a candidatura de Leila ao Conselho Deliberativo, se encontra na mira. Oposicionistas enquadram o pedido de uma penalização pela demora na ação sobre a candidatura de Leila Pereira.
O último mandatário, na visão de membros ouvidos pela reportagem, sabia do problema na época de eleição de Maurício e revelou o problema apenas com o pleito definido, em uma manobra eleitoral.
Procurado pela reportagem, Maurício Galiotte declarou que o Palmeiras 'tratará do tema internamente e não se manifestará sobre o assunto', em comunicado enviado pela assessoria de imprensa do clube.
Clube começa a virar potência, e as brigas de bastidores recrudescem ainda mais.